24. O Dia de Los Muertos
Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, os mortos permaneciam no submundo, separados do mundo dos vivos. No entanto, havia um único dia especial no ano, conhecido como o Dia de Los Muertos, em que os mortos recebiam permissão para retornar ao mundo mortal e confraternizarem com seus entes queridos.
Nesse dia, os mortos podiam assumir várias formas, como fantasmas, múmias, zumbis ou até mesmo aparecer em seus próprios corpos. Embora estivessem presentes fisicamente, havia uma característica marcante que os diferenciava dos vivos: eles não podiam tocar em ninguém ou interagir fisicamente com a matéria de forma tangível.
Os assassinatos cometidos no período entre o Dia de Los Muertos de um ano para o outro eram resolvidos em até um ano, já que os mortos voltariam à vida nessa data e seriam capazes de revelar seus algozes. Essa permissão do conselho mágico do céu foi concedida para reduzir o número de assassinatos, já que apenas aqueles que não temiam ser descobertos ousavam cometer tais delitos.
Uma semana se passou desde que Dog morreu. A cidade faroeste de Fantasia estava naquele momento adornada com inspiração no México. Ruas e praças ganharam vida com a presença de homens e mulheres vestidos como calaveras e catrinas, suas fantasias coloridas e elaboradas encantavam os olhos dos moradores e visitantes. Enquanto isso, bardos talentosos da distante ilha de Comodo tocavam habilidosamente o ritmo contagiante do guitarrón mexicano, enquanto usavam sombreiros em suas cabeças. Por todo o ambiente, as flores de marigoldas, com suas pétalas douradas e vibrantes, espalhavam-se em uma profusão de cores, preenchendo o ar com seu perfume doce e reconfortante. No coração da festividade, várias mesas retangulares foram montadas no meio da rua, exibindo uma deliciosa variedade de aperitivos típicos, como os saborosos tamales, envoltos em folhas de milho e recheados com sabores tentadores, o pão dos mortos, com sua forma redonda e decoração em forma de ossos, e as adoráveis calaveras de açúcar, que encantavam a todos com suas decorações minuciosa.
Independentemente de onde estavam enterrados, os espíritos dos falecidos sempre encontravam o caminho para à cidade faroeste. Por conta disso todas as disputas e rivalidades entre reinos, que normalmente moviam o mundo, eram momentaneamente suspensas. Nesse período especial, turistas de todos os lugares chegavam ansiosos para rever seus entes queridos.
Enquanto aguardavam o meio-dia para a chegada dos mortos, Regina, trajada em um encantador vestido florido, com detalhes bordados e uma fita vermelha, direcionou seu olhar para o píer que ornamentava a cidade. Com uma coroa de flores de marigoldas em torno de seus cabelos e uma maquiagem de catrina em seu rosto que realçava seus traços, a jovem ficou surpresa ao avistar a presença de sereias na boca do mar as margens do píer.
Até recentemente, todas temiam ousar sair das Páginas em Branco, aterrorizadas pela perspectiva do Autor e do desconhecido que existia além. Com o fracasso de sua missão de retornar para casa, Regina acreditou que as sereias jamais voltariam a ter coragem de saírem do local e verem novamente a radiante luz do sol. No entanto, a ardente vontade de reencontrar o pai de Iara sobrepujaram o medo, nutrindo uma coragem inaudita que as impulsionou a finalmente deixarem para trás as seguras Páginas em Branco.
— O que houve, Ossudo? — Regina se aproximou do esqueleto que estava sentado cabisbaixo em uma cerca.
A caveira, envolta em uma fantasia de calavera, ostentava um sombreiro perfeitamente equilibrado sobre sua cabeça desprovida de carne, enquanto trajava um terno preto com uma rosa no bolso. Seus olhos tristonhos encontraram os de Regina.
— Essa é a primeira vez que participo do Dia de Los Muertos. Durante todos os anos fui a Morte e escolhi assistir tudo de longe. Agora que não sou mais a Morte, temo que os mortos guardem rancor de mim. Igual foi na mansão da Feiticeira. Se lembra? Aqueles fantasmas me culparam pela morte deles! E se todos os que morreram também me desprezarem?
Com um sorriso genuíno, Regina encontrou um lugar na cerca, sentando-se bem ao lado de Ossudo.
— Não vai me dizer que logo você está com medo dos mortos, vai? — Regina balançava as pernas, enquanto permanecia sentada. — Eu não tive a oportunidade de dizer isso, mas te achei muito corajoso quando tentou me salvar dos fantasmas na mansão da Feiticeira.
— Mas não fui eu quem te salvei. Bridge quem fez isso. Além disso, eu estava tremendo da cabeça aos pés!
— Por isso mesmo. Se é valente o bastante de enfrentar algo para defender quem você gosta, mesmo com medo, isso é mais do que o suficiente. Então não fique com receio de ser rejeitado pelos mortos. Se eles não gostarem de você, eles que se lasquem. Você não estará sozinho de toda forma, você tem os vivos ao seu lado. E eu sou sua amiga.
Um sorriso cúmplice se formou nos rostos de ambos, trocando um olhar cheio de significado. Era como se aquelas palavras fossem o incentivo e coragem que Ossudo precisava para enfrentar aquele evento.
Enquanto Regina se mantinha sentada na cerca de madeira, seus olhos se fixaram no delegado Cello, que seguia Lemoy com uma expressão de fúria estampada em seu rosto. Era evidente que o Fauno não compartilhava do mesmo desejo de cessar as disputas com seus inimigos e vinha logo atrás do pirata, proferindo xingamentos e palavras ofensivas em sua direção.
— Seu bandidinho, sem vergonha. Como tem coragem de pisar em nossas terras? Você sequer tomou banho antes de vir? Se sim, aposto que tomou banho no esgoto, porque você está fedendo — O Fauno o seguia, enquanto Lemoy tampava os ouvidos com os dois dedos fazendo pouco caso de sua braveza.
De igual forma, Regina observou com encanto e alegria a cidade faroeste se encher gradualmente de vida e energia. Seu sorriso se alargou ao avistar Bridge caminhando ao lado de suas novas companheiras, as bruxas que haviam a perdoado por tudo o que ela aprontou outrora. Bridge segurava em seus braços a sua adorável gata Christie.
A jovem caminhou em direção à imponente torre do relógio da cidade, onde Bárbara Zaira, a personificação da Morte, aguardava pacientemente, vestida com uma túnica branca. Esperavam ansiosas pelo momento em que os ponteiros do relógio se encontrariam ao meio-dia.
Contudo, quando esse tão esperado momento chegou e os ponteiros se cruzaram, um silêncio desapontador pairou sobre a multidão que aguardava ansiosamente. Nenhum espírito dos mortos emergiu para se reunir com seus entes queridos. Regina e Bárbara Zaira olharam ao redor, buscando alguma presença, mas nada se manifestou. O minuto seguinte se seguiu, trazendo consigo um suspiro de tristeza da senhora ao lado de Regina, como se ela já soubesse que isso fosse ocorrer.
— Eu disse, não? Sabia que não era uma boa ideia termos nos animado com a possibilidade de os mortos virem nos visitar hoje.
— Temos que dar um jeito nisso! — Regina se mostrou relutante com a ideia de deixar o Autor vencer. — O que motiva os mortos a virem para a Terra, Bárbara? Além é claro de verem quem eles amam.
— Bom — Bárbara se pôs a pensar —, eles gostam de comida. Coisa que temos de sobra por aqui. Gostam também de flores. E, é claro, de música.
Como um lampejo, Regina teve uma ideia que a impulsionou a se dirigir apressadamente ao cemitério da cidade. Era ali, naquele lugar sagrado, que uma grandiosa antena se erguia, conectando-o espiritualmente a todos os outros locais onde os mortos repousavam. Regina avançou em direção ao cemitério, seguida pela Morte, que tentava entender o que a mais nova planejava. Logo, um grupo de pessoas, cientes da sabedoria e cargo atual de Bárbara Zaira, juntou-se a ela, com esperanças de que encontrasse uma solução para o não aparecimento dos mortos.
O cemitério da cidade faroeste se estendia diante de Regina e dos demais abaixo de uma inclinação. À medida que avançavam pelo caminho de terra batida, podiam observar uma infinidade de lápides que se erguiam em diferentes tamanhos e formatos.
Faltava apenas uma coisa para concretizar o plano e estimular os mortos a ressurgirem: música. De repente, como por um toque mágico, uma melodia envolvente preencheu o ar, como se enormes caixas de som estivessem estrategicamente espalhadas nas redondezas. Graças ao Autor, a música "Thriller" de Michael Jackson ecoava pelos recantos da cidade faroeste.
https://youtu.be/rLMr9CsJHME
É quase meia-noite
E algo maligno está te espreitando na escuridão
Sob a luz da lua 🎶
Regina sorriu, aliviada ao constatar que a música escolhida pelo Autor ao menos não se tratava de Golimar¹. Sentindo-se encorajada, a jovem assumiu a liderança diante de seu grupo e, recordando-se de um filme de sua infância, decidiu recriar uma cena icônica. Embora um tanto constrangida no início, Regina começou a balançar a cabeça de um lado para o outro, imitando o movimento característico que havia visto na tela.
Você tem uma visão que quase para seu coração
Você tenta gritar 🎶
Ela ergueu suas mãos para o alto, e começou a sacudi-las animadamente no ar, exatamente como Jenna² fez no filme. Conforme a música tocava, ela balançava os ombros para os lados. No início, sentiu uma pontinha de timidez, mas à medida que a música fluía em seu corpo, essa inibição foi se dissipando. Os olhares perplexos ao seu redor logo se transformaram em sorrisos e admiração pela jovem.
Mas o terror toma o som antes de você fazê-lo
Você começa a congelar 🎶
O primeiro se juntar a ela e a imitar seus gestos foi Larry — a criança que trajava uma bermuda e regata da mesma cor de seu cabelo platinado. Ossudo, contagiado pelo clima, juntou-se ao grupo, formando um trio que dançava como se o amanhã não existisse. Até mesmo Bridge, sem perceber, começou a bater o pé no ritmo da música, enquanto observava Lemoy dançar desajeitadamente junto a eles.
Enquanto o horror te olha bem nos olhos
Você está paralisado 🎶
Aos poucos, mais e mais pessoas foram se unindo ao grupo, dançando próximas à entrada do cemitério. Todos davam passos para os lados e para frente, balançando as mãos no ar. Erguendo as mãos para os lados, eles marchavam para os lados como se fossem zumbis, e depois faziam o mesmo para o lado oposto. Com a energia envolvente da música e com todos dançando, até mesmo Bridge, superando sua vergonha inicial, permitiu que seus quadris se movessem no ritmo. O ambiente se encheu de sorrisos e alegria, com aquela dança envolvente unindo a todos.
Porque isto é terror
Noite de terror 🎶
De repente, uma mão esquelética emergiu da terra úmida diante de uma antiga lápide de mármore. Num movimento lento e sinistro, o zumbi "Rusbé" se ergueu de seu repouso eterno. A melodia contagiante já não emanava mais das enigmáticas caixas de som invisíveis, mas sim do próprio microfone que o zumbi segurava em suas mãos decompostas. Sua voz rouca ecoava pelo cemitério enquanto ele entoava a música com ardor.
E ninguém vai te salvar
Da fera prestes a atacar 🎶
Uma a uma, as lápides começaram a se abrir e outros zumbis emergiam das profundezas, iluminados pela energia da canção. Num cortejo macabro, múmias solenes carregavam uma cama dossel adornada com tecidos exóticos, onde a figura imponente de Cleópatra repousava com majestosidade, mantendo seu estilo de vida luxuoso mesmo após a morte.
A atmosfera se enchia de uma energia sobrenatural quando inúmeros fantasmas, atraídos pela música, atravessavam os portões dos cemitérios vizinhos e voavam em direção à cidade faroeste. Os mortais e os mortos-vivos, então, retornaram às ruas festivas e enfeitadas da cidade.
Você sabe que é terror
Noite de terror 🎶
Em meio à festividade, Edward Lemoy se encontrava diante de Penny, a pirata de cabelos rosados que outrora tentou promover um motim em sua tripulação.
— Então quer dizer que você morreu por conta do ataque do Kraken ao nosso navio? — Lemoy questionou a mais alta, pois por mais que parecesse como uma mortal, algo em sua aura deixava evidente que ela já se encontrava morta. — Viu só? O mal não compensa.
— Não exatamente — Penny disse, meio emburrada e envergonhada. — Após ser arremessada do navio pelo Kraken, cai em direção ao mar e fui atropelada por tartarugas aladas que levantavam voo. Depois disso, fui engolida por uma baleia. Imagine só, minha vida não acabou no fundo do oceano! Por sorte, consegui escapar da baleia cortando seu estômago com minha espada e nadando de volta à superfície. Porém, na ilha deserta em que naufraguei, um coco caiu de um coqueiro em minha cabeça, e então eu morri.
— Seria trágico se não fosse cômico — Lemoy não conseguiu conter a risada da forma como sua primeira-imediata acabou falecendo.
Penny o fulminou com o olhar, mas então seus olhos se desviaram para mais adiante, onde avistou Regina conversando amigavelmente com Larry, o aprendiz de Lemoy. Um sorriso sacana brotou no rosto da pirata enquanto ela voltava a fitar seu ex-capitão.
— Ainda está andando com essa garota? Não vai me dizer que está interessado nela, Edward?
— Ah, a Regina? — Lemoy olhou para o mesmo lado que Penny tinha direcionado o olhar. Ele voltou o olhar para a pirata, com um sorriso sincero no rosto. — Ela é apenas uma amiga.
— Aham, sei — Penny falou, cruzando os braços e desacreditando na palavra do seu ex-capitão.
Você está lutando pela sua vida
Em uma mortal
Noite de terror 🎶
O fantasma da perversa Cuca seguia o ritmo contagiante da música e realizava um impressionante moonwalk no meio da rua. Seus passos deslizantes e sincronizados cativavam a atenção de todos ao redor, enquanto os súditos Orcs, também transformados em mortos-vivos, aplaudiam entusiasmados a jacaroa.
Você ouve a porta bater
E percebe que não há para onde correr 🎶
Tristan ficou surpreso ao avistar o rapaz diante dele, cujos cabelos curtos e encaracolados exibiam um brilho hidratável. O sorriso alegre estampado em seu rosto era contagiante, e o ex-cavaleiro não pôde deixar de notar a ausência dos acessórios característicos de Hermes: o pétaso mágico em sua cabeça e as sandálias da velocidade. Hermes, por sua vez, irradiava contentamento por reencontrar o homem que havia salvado sua vida, mesmo que isso tivesse significado sacrificar a sua própria. Cheio de entusiasmo, ele mal podia esperar para compartilhar as últimas novidades com Tristan.
— Uau, então finalmente deixou de ser vagabundo e arrumou um emprego? Só eu morrendo mesmo para isso acontecer — O finado falou entre risadas.
— Nem depois de morto estará livre de mim, meu caro. Afinal, meu novo emprego é do ladinho do submundo. Sou responsável por levar os mortos de jangada pelo rio Styx até os portões de Hades, depois que a Morte purifica suas almas. Veja só, dá para eu te visitar com frequência. E lá poderemos competir. Não é demais? — Hermes quase saltitava de alegria.
— Sorte a minha — Tristan falou de forma irônica, enquanto sorria de forma forçada.
O cavaleiro fantasma desviou momentaneamente o olhar e avistou Bárbara Zaira agachada diante de dois cachorros um pouco mais além. Ao notar o olhar vago do cavaleiro, Hermes, com toda a intenção de confortá-lo, estendeu a mão para tocar seu ombro, mas sua mão atravessou o corpo etéreo do fantasma, reforçando a natureza imaterial de sua existência.
— Você vivia falando que queria superar o legado da mulher que te antecedeu em seu cargo, mas, no fundo, você também era um fã dela, não é mesmo? Vá falar com ela, é sua chance de conhecê-la — Hermes incentivou o morto.
Era verdade. Tristan sempre nutriu uma profunda admiração pelos feitos da idosa enquanto ocupava o cargo de cavaleira. Foi graças a essa admiração que ele se tornou um cavaleiro, buscando seguir os passos de sua antecessora. Em circunstâncias normais, ele hesitaria em seguir os conselhos de Hermes, mas agora que estava morto, sentiu que não tinha mais nada a perder. Flutuando suavemente, Tristan se aproximou da idosa, que permanecia agachada em meio aos dois cachorros.
Assim que Bárbara notou a presença de Tristan ao seu lado, seu rosto iluminou-se com um sorriso reconfortante. Com um movimento, ela ergueu-se, deixando para trás a postura agachada. Enquanto isso, o fantasma de Dog, acompanhado pelo novo companheiro de quatro patas da idosa, o cachorro azulado chamado Costelinha³, giravam alegremente ao redor de Bárbara. Os dois animais pareciam se dar extremamente bem, como se tivessem uma conexão especial além dos limites da vida e da morte.
— Senhora Bárbara? Desculpe interrompê-la, só queria me apresentar... — Tristan começou a falar, um tanto quanto tímido.
— Oh, você é o Tristan, certo? — A senhora de sorriso afetuoso o interrompeu, o deixando surpreso que ela o conhecesse. — Soube dos seus feitos. Que você sacrificou sua vida para que seu amigo não morresse em seu lugar. Nunca conheci alguém disposto a algo assim. É uma pena nos conhecermos somente agora. Mas, ainda bem que tenho a oportunidade de te conhecer e dizer que sou uma grande admiradora sua. É uma honra conhecê-lo.
Tristan ficou atônito. Ele havia ido até ali com a intenção de expressar sua profunda admiração por Bárbara, mas o que encontrou foi uma verdadeira troca de sentimentos e admiração mútua. As lágrimas inundaram seus olhos, transbordando de felicidade incontida, enquanto seu coração transbordava de gratidão e realização. Era um momento de completa plenitude para ele. Diante dele, a Morte sorria afetuosamente, compreendendo e compartilhando a profundidade das emoções que permeavam aquele encontro. Ali, naquele momento singular, as duas gerações de líderes da cavalaria de Fantasia se encontravam, unidas pelo amor à causa e ao serviço nobre que desempenharam em vida. Tristan teve a certeza de que havia cumprido sua meta de vida.
Você sente uma mão fria
E se pergunta se verá o amanhecer 🎶
O homem de longa barba branca, conhecido como Merlin, irradiava uma expressão de alegria ao receber as notícias de seus sete discípulos. Saber que eles estavam finalmente livres do domínio da Feiticeira encheu seu coração de satisfação.
Enquanto isso, o Chupa Cabra saltitava de ombro a ombro dos sete magos, tentando em vão drenar o sangue deles. A criatura, apesar de sua persistência, era incapaz de causar qualquer mal aos magos, pois estava morto e desprovido de poder para realizar tais ações. Sua presença quase fazia parecer normal o fato de Amarelo estar apenas com uma folha de bananeira cobrindo as partes baixas. Os magos, conscientes da inofensividade da criatura, seguiam com suas conversas junto a Merlin, com um sorriso nos lábios e um olhar de gratidão pelo poderoso mago que os guiou em sua jornada.
Você fecha os olhos
E espera que seja tudo imaginação 🎶
Uma vez morto, Drácula não via mais necessidade de se esconder da luz do sol, diferente dos dois vampiros em sua frente. Moria e Katherine conversavam com ele com túnicas os protegendo da luz solar.
— Estou muito orgulhoso do homem que você se tornou, Moria. Pelo que percebo, é evidente o quanto os vampiros te admiram e respeitam sua liderança. E olha que achei que você nunca fosse tomar juízo — Enquanto Drácula o elogiava, Moria ficava levemente avermelhado. — E, veja só, ainda arrumou uma bela namorada.
Katherine ficou igualmente tímida diante do lendário fundador do castelo da Transilvânia, por mais que sua afirmação sobre ela ser namorada de Moria não fosse de todo o errado... Ela então optou por desviar o assunto sobre seu recente relacionamento com seu descendente:
— O seu tatatatataraneto está sendo um ótimo líder mesmo, Conde Drácula. Conseguiu até mesmo convencer todos os vampiros a se tornarem veganos — Katherine disse com entusiasmo, querendo "puxar sardinha" para cima do seu amado. O que ela não poderia imaginar era o olhar de espanto de Moria diante da fala dela.
— Veganismo? O que é isso? É uma nova forma de torturar nossas presas antes de tomarmos o sangue delas? — Drácula ergueu as sobrancelhas curioso.
— Nã... — Antes que Katherine pudesse responder, Moria a interrompeu colocando a mão em sua boca, e inclinando seu corpo para trás.
— É quase isso mesmo. O sangue deles fica uma delícia quando estão com medo — Moria mentiu nervoso, temendo que seu tatatatataravô percebesse por trás de seu fingimento. Mas, para sua surpresa, Drácula sorriu orgulhoso.
Moria soltou um suspiro de alívio, sentindo seu suor quase respingando da testa. Ele se inclinou em direção à sua amada, os olhos mudando para um tom amarelo enquanto retirava a mão que cobria sua boca a fim de fazê-la compreender. Seu antepassado distante jamais aceitaria o veganismo, chegando ao ponto de deserdá-lo, mesmo depois de morto. Ele não precisava de mais esse problema para lidar em sua mente.
Meu bem, mas enquanto isso
Você ouve uma criatura se aproximando por trás
Você está sem tempo 🎶
A Feiticeira estava sentada solitária em um banco, observando todos com frieza. Enquanto a celebração transcorria, a mulher vestida de lilás estava repleta de desolação. Tão perto de conquistar a imortalidade, ela havia falecido antes de alcançá-la. Enquanto todos tinham razões para festejar, ela era quem menos desejava estar presente.
Quando jovem, ela sobreviveu à quarta e última grande guerra bruxa, uma disputa sangrenta entre clãs de bruxas que se enfrentavam. Essa experiência a fez desprezar sua própria raça, testemunhando as atrocidades que cometiam por ambição. Confrontada com a inevitabilidade da morte enquanto buscava refúgio em meio a corpos sem vida, ela nutriu um desejo fervoroso de alcançar a imortalidade ao longo de sua vida.
Enquanto se lamentava por ter falhado em obter a Pedra Filosofal e perdido sua chance de conquistar a vida eterna, a mulher se viu imersa em profundos devaneios. Porém, em um instante, alguém se aproximou e interrompeu seus pensamentos sombrios.
— O que quer? — Perguntou em tom de desprezo e de superioridade ao vampiro diante dela.
O outro morto diante dela era Drake Van Helsing, que a observava através de seus óculos de meia-lua. Seus olhos fixavam-se na mulher que um dia foi sua superiora.
— Por que ainda age como se estivesse acima de mim? Agora que morremos, estamos todos juntos no mesmo barco. Ou melhor, acho que você está até mesmo em uma situação pior do que eu. Afinal, Hades não anda pegando leve contigo pelo fato de ter roubado Cérberos do submundo, não é mesmo?
A Feiticeira mantinha seu olhar fixo em Drake, seus olhos transmitindo uma intensidade capaz de perfurar a alma.
— Eu também não estou nada contente em ter sido derrotado — Drake prosseguiu, avistando bem ao longe Moria interagindo com Drácula. — Nós dois dedicamos nossas vidas pelas nossas próprias ambições. E, no fim, de que adiantou? Morremos sem termos conquistado o que queríamos. Dediquei minha vida a matar todos os vampiros, e no fim das contas, eles quem me mataram.
"Dito isso, acho que deveríamos nos unir novamente. Não igual a outrora, mas dessa vez em um acordo igualitário. Como fracassamos em nossos objetivos de vida, deveríamos ao menos almejar um novo propósito. Um novo propósito de morte".
— Aonde quer chegar com isso? — A Feiticeira perguntou impaciente. Adoraria se ainda possuísse o dom da telepatia para saber o que ele planejava, mas, para seu desgosto, todos os seus poderes foram perdidos depois da morte.
Inesperadamente, Drake estendeu sua mão esbranquiçada em direção à mulher diante dele, que arregalou os olhos em surpresa.
— Quer dançar?
Ainda chocada, a Feiticeira encontrava-se em uma encruzilhada emocional. O convite de Drake despertava sentimentos desconhecidos em seu ser. O amor nunca havia sido uma prioridade em sua vida enquanto estava viva, mas agora, como morta, ela se sentia inclinada a explorar essa nova experiência. Com um sorriso contido nos lábios, ela assentiu com a cabeça e ergueu sua mão, tocando na de Drake, aceitando o gesto. No entanto, para sua surpresa, assim que suas mãos se encontraram, ele a puxou com força para fora do banco, assumindo seu lugar. A Feiticeira ficou momentaneamente atônita, processando a inversão de papéis.
— Ótimo. Então vá, que eu quero sentar — Drake disse. Em resposta, a Feiticeira arregalou os olhos em uma expressão que estava prestes a cometer o primeiro homicídio de uma criatura que já estava morta. — É brincadeira! Brincadeira! Você sabe, lá no submundo não tem muita coisa para fazer, então foi apenas algo que vi no tiktok...
Depois de acalmar as hesitações da Feiticeira, Drake se ergueu e posicionou-se diante dela. A alquimista ainda mantinha um olhar desconfiado, mas suas defesas começavam a ceder à presença reconfortante de Drake. Ele estendeu seus braços em um convite silencioso, e, mesmo relutante, ela permitiu que seus corpos se entrelaçassem. Os dois mortos começaram a dançar em meio à rua.
Sem perceber, sorrisos se formaram nos lábios de ambos. A mulher, mais alta do que Drake, repousava sua cabeça em seu ombro, enquanto dançavam juntos, movendo-se suavemente de um lado para o outro. Naquele momento, uma improvável união se desenhava, prometendo um romance arrebatador. Apenas os confins do submundo poderiam testemunhar o que o destino reservava a dupla de vilões.
— "É melhor criar algo que resistirá ao tempo do que viver como um humano" — O vampiro sussurrou no ouvido dela, recitando uma frase de seu ídolo Júlio César.
Porque isso é terror
Noite de terror 🎶
A sereia Iara ficou completamente atônita quando seu pai lhe deu a notícia. O ex-rei Netuno estava presente no mesmo lago em que ela e as outras sereias, mas, surpreendentemente, o homem de proporções gigantescas ocupava muito mais espaço do que todas elas juntas, mesmo estando morto.
— Espera, deixa eu ver se entendi. O senhor está me dizendo que você não morreu afogado como pensamos esse tempo todo, mas sim engasgado com um sanduíche?! — Iara perguntou em indignação ao seu pai. O homem de barba longa e áspera apenas assentiu com a cabeça, com um sorriso leviano no rosto.
A rainha dos mares fixou seu olhar na direção de Medusa. A figura feminina com serpentes em lugar de cabelos estava ereta à beira do lago, ao lado do Boto-Cor-De-Rosa, que assumira sua forma humana. Ela acompanhava atentamente o diálogo entre sua enteada e seu falecido marido.
— Medusa, você estava presente quando ele morreu. Você sabia disso tudo e ainda assim me deixou acreditar que ele morreu afogado, fazendo eu fritar os neurônios para entender como isso tinha ocorrido!
— Eu sinto muito, Iara, mas foi o último pedido que seu pai fez a mim, enquanto estava entalado com o sanduiche na garganta. Ele me fez prometer que não diria como ele morreu para ninguém.
— Minha reputação estaria manchada se meus súditos soubessem que morri de uma forma tão banal como engasgado com um sanduiche de presunto — Com uma voz de serenidade Netuno se explicou para sua filha.
— Ora, morrer afogado para o rei dos mares é muito mais humilhante para sua reputação do que morrer entalado. Cada uma, viu — Iara falou, ainda irritada. Seu pai deu uma longa risada, enquanto a sereia olhava mais uma vez para Medusa. — Você me deixou acreditar que tinha sido coisa desse tal Autor. Ficamos escondidas esse tempo todo nas Páginas em Branco temendo-o, achando que ele tinha matado meu pai.
— Calma lá, a morte do seu pai pode não ter a ver com ele. Mas ainda assim esse Autor existe e está a solta por aí. Estava te protegendo mantendo-a segura nas Páginas em Branco — Medusa se defendeu, enquanto o homem de chapéu ao seu lado assentia com a cabeça.
Com um olhar penetrante, o falecido rei Netuno fixou seus olhos na sua viúva e no homem que possuía a habilidade de se transformar em um boto. Desde antes da sua morte, rumores já circulavam sobre a estreita relação entre os dois. Agora, parecia que estavam mais conectados do que nunca, revelando uma intimidade intensa entre eles.
— Vocês dois não estão próximos demais? — Ele reverberou sua suspeita. Imediatamente o homem ao lado de Medusa deu três passos para o lado a fim de se afastar dela, começando a assobiar a fim de disfarçar.
Não há segunda chance
Contra o monstro de quarenta olhos, meu bem 🎶
Com um sorriso radiante no rosto, Regina se aproximou de Bárbara Zaira, observando com alegria o divertido espetáculo de Dog e Costelinha brincando ao redor da idosa. No entanto, logo percebeu que a mais velha estava imersa em pensamentos distantes, com os olhos fixos na direção ao lago, onde as sereias e o falecido rei dos mares estavam.
— Algum problema, senhora Bárbara?
— Ah, Regina. Não, não. Não é nada — A Morte lhe deu atenção, tentando disfarçar e fingir que há pouco não estava olhando para o lago.
Apesar disso, Regina não estava convencida da resposta. Havia uma certa melancolia em seu olhar, uma sensação de desconfiança pairando no ar. Intrigada, a garota direcionou seu olhar em direção ao lago, buscando respostas para os mistérios que pareciam envolver aquela cena.
Foi então que uma lembrança veio à sua mente: os quadros de sereias que adornavam a casa da senhora Bárbara. De repente, tudo se encaixou. Regina percebeu a verdade oculta que se escondia por trás daquelas imagens. A ex-cavaleira, Bárbara, havia tido um caso com o rei dos mares em sua juventude. E a filha que ela havia abandonado, era ninguém menos que a atual rainha dos mares, a sereia Iara.
— É a Iara, não é? A sua filha — Regina perguntou, recebendo como resposta um olhar assustado da idosa por trás de seus óculos. O silêncio dela foi como uma confirmação para a loira. — Você deveria ir falar com ela. Agora é um bom momento.
— Isso já faz muito tempo, minha querida. Já se passaram muitos anos. Esse é um vespeiro que não devo mexer — Bárbara disse, entretanto, olhando cabisbaixa para os próprios pés em tom melancólico.
Regina desviou brevemente o olhar em direção à sua pulseira de prata, fixa em seu pulso esquerdo. As lembranças de sua falecida mãe vieram à tona, invadindo sua mente com saudade. Ao voltar os olhos para a mulher diante dela, um olhar decidido e resoluto se formou em seu rosto.
— Senhora Bárbara — A entonação de Regina foi tão forte que fez a senhora erguer a cabeça e olhar para sua direção —, no meu mundo não existe isso do Dia de Los Muertos. Pelo menos não no mesmo conceito que aqui em Fantasia. Os mortos não voltam a vida em momento algum. Eu daria tudo para ter a oportunidade de ver minha mãe mais uma vez, nem que fosse por apenas cinco minutos.
"A senhora quase morreu semana passada, quase perdeu a chance em vida de se desculpar com sua filha. Se a Iara vai ou não te perdoar, isso eu não sei. O que eu sei é que a senhora cometeu um erro. E vai cometer mais um se não se desculpar com ela e tentar uma reaproximação. Com todo respeito, senhora Bárbara, mesmo não sendo da minha conta, não acho que a senhora tenha direito de ter receio ou orgulho. A Iara merece uma satisfação, e a senhora precisa fazer isso para perdoar a si mesma".
Regina sentiu um breve temor de ter ido longe demais, de ter extrapolado os limites da situação. No entanto, para sua surpresa, um sorriso iluminou o rosto de Bárbara. A senhora parecia genuinamente impressionada com a sabedoria que alguém bem mais nova do que ela demonstrava.
Enquanto os dois cachorros de Bárbara observavam a figura da Morte se afastando e se dirigindo ao lago, Regina sorriu, sentindo-se gratificada. Ao contemplar o entusiasmo de Iara e das outras sereias ao avistaram a aproximação da ex-cavaleira, a garota se encheu de esperança, acreditando que tudo se resolveria da melhor maneira possível.
(Terror)
(Noite de terror) 🎶
Regina possuía uma certa curiosidade em acompanhar a conversa entre Bárbara e sua filha, entretanto seu olhar foi desviado ao notar a presença de uma figura morta se alimentando à mesa, enquanto enchia seu prato com comida. Era uma visão peculiar e curiosa, pois durante o festival, os mortos eram capazes de interagir apenas com os alimentos, sendo os únicos objetos que podiam tocar e saborear. Regina se dirigiu em passos determinados em direção a Carmen, a vidente que morreu na ilha de Comodo.
— Veja só, está aqui diante de mim pois se sente culpada pela minha morte. E agora alimenta sua angústia e carrega em seus ombros essa alto-piedade para consigo mesma — Carmen falou ao avistar Regina, porém sem lhe dirigir o olhar enquanto permanecia enchendo seu prato de comida.
— A senhora ainda tem seus poderes de vidente mesmo depois de morta?
— Não. Consegui deduzir tudo isso pois você é bem previsível mesmo.
Regina permanecia imóvel, seu olhar carregado de remorso ao encarar a figura da defunta. A mulher ruiva, captando a angústia da jovem, desviou seu olhar para a frente e soltou um suspiro prolongado. Em seguida, ela finalmente olhou para a garota.
— Escuta, durante toda minha vida fui capaz de ler o futuro de incontáveis pessoas. Porém, tinha alguém da qual eu não conseguia ler o futuro. Eu mesma. Foi uma frustação que carreguei por toda a vida. Queria ao menos uma vez fazer algo que influenciasse meu futuro baseado em uma "visão".
"Quando você disse que eu morreria aquela noite, era o que eu precisava. Você me deu o que busquei a vida toda, o vislumbre de algo que ainda iria ocorrer em minha vida. Então não se sinta culpada pela minha morte. Sinto que foi um espetáculo, inclusive. Eu escolhi isso, e diria até que sou grata por ter me contato. Além do mais, o submundo não é nada mal. Exceto pelo fato de que a comida lá é sem tempero".
Enquanto Carmen continuava a acumular montanhas de comida em seu prato, um sentimento de alívio gradualmente se dissipava das costas de Regina. No entanto, mesmo com essa sensação, um novo problema emergia diante dela, impedindo-a de sorrir. A presença daquela mulher desencadeava uma inquietação, uma preocupação adicional que a jovem não podia ignorar.
— Tem uma outra coisa que me incomoda. Eu reuni todos que você disse que seriam responsáveis para meu retorno para casa. As bruxas, a Morte e o príncipe do reino de Fantasia. Porém, ainda assim, eles não conseguiram me mandar de volta para o meu mundo.
— Está duvidando dos meus poderes? — Carmen olhou para ela de sobrancelha franzida. — Minhas visões nunca falharam. Se eu vi que eles serão responsáveis por te mandar embora, é porque serão — Após dizer isso, seus olhos fitaram uma tigela cheia de nachos e guacamole do outro lado da mesa, de forma que ela se afastou de Regina para pegá-los.
Regina ficou parada, pensativa. Se a vidente nunca errava suas premonições, então somente o Autor poderia tê-la impedido de voltar para casa. No entanto, antes que ela pudesse surtar em devaneios sobre a possibilidade de a ver um traidor entre seus amigos, alguém gritou pelo seu nome.
Ao olhar para frente, Regina deparou-se com Ossudo dançando limbo com vários fantasmas ao som da música, inclinando seu corpo sob uma barra horizontal. A loira sorriu animada ao ver que o receio do ex-Morte de não conseguir fazer amizade com os fantasmas era infundado. Todos estavam se dando bem com ele. Regina juntou-se ao grupo, com Larry e Lemoy logo atrás. O pirata bebia de uma caneca de rum enquanto todos dançavam animados, esquecendo-se dos problemas da vida mundana.
O pior odor está no ar
O cheiro abafado de quarenta mil anos 🎶
O pôr do sol chegou em um piscar de olhos, pintando o céu de tons alaranjados enquanto o momento de os mortos retornarem ao submundo havia chegado. À medida que os fantasmas se despediam e voltavam para seus caixões e tumbas, Regina acenava para eles, desejando-lhes uma despedida calorosa. O ano seguinte parecia distante, mas todos mal podiam esperar para se reunirem novamente, ansiosos por mais uma celebração no mundo dos vivos.
Após o fim do Dia de Los Muertos, Regina sentia uma sensação de reconforto e renovação fluindo por todo o seu ser. O Autor não havia tramado nada maligno, e o dia tinha sido repleto de alegria e contagiante diversão. A jovem estava começando a se adaptar e aceitar, de maneira mais amistosa, a ideia de viver para sempre em Fantasia.
Entretanto, logo após todos os mortos retornarem ao submundo, Regina percebeu que havia uma grande quantidade de água abaixo de seus pés, quase encharcando completamente seus calçados. Com uma expressão de surpresa, ela levantou um pé e depois o outro, pulando de um para o outro para evitar ficar totalmente molhada. Curiosa para descobrir a origem dessa água, ela decidiu olhar para trás, e o que viu a deixou assustada.
E os sarcófagos velhos de cada tumba
Estão se fechando para selar seu destino 🎶
Todos ao seu redor haviam se transformado em estátuas de gelo. A água que se acumulava sob seus pés era resultado do lento derretimento dessas estátuas. Regina ficou pasma diante daquela cena, seu olhar percorrendo cada pessoa petrificada em desespero. Ela sentia o coração apertado, sem saber o que havia acontecido e como reverter aquela situação.
— Lemoy? — Ela correu em direção a estátua do pirata, mas ele permanecia imóvel com uma expressão de impotência.
Com exaltação, Regina correu de estátua em estátua em meio as ruas, tentando se comunicar com algum de seus amigos. Glória estava congelada no ombro de Tolkien, ambos transformados em estátuas de gelo. Bárbara Zaira e Costelinha estavam imóveis, presos pelo gelo próximo ao lago, junto com as sereias. Até mesmo o imponente dragão Vilgax estava paralisado, incapaz de se mover devido ao gelo que o aprisionava.
E embora você lute para sobreviver
Seu corpo começa a tremer 🎶
Foi então que, em meio à angústia, Regina notou um rastro de água que se estendia pela rua, criando pegadas irregulares ao longo do caminho. Sequer pareciam pegadas humanas. Sem hesitar nem por um instante, ela se lançou em uma corrida frenética, seguindo as pegadas de água que pareciam apontar para uma possível solução ou resposta.
Nenhum mero mortal consegue resistir
Ao mal do terror 🎶
Enquanto o som dos atritos de seus calçados ecoava nas ruas compostas de pessoas congeladas, Regina sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao se lembrar das suspeitas de traição que pairavam em sua mente. Seria possível que um informante do Autor estivesse por trás daquele acontecimento? Com esses pensamentos inquietantes reverberando em sua mente, a garota avançou para dentro do local onde as pegadas de água chegavam ao fim.
Em meio ao silêncio gelado que envolvia a delegacia da cidade faroeste, Regina parou abruptamente ao avistar o Fauno Cello diante da mesa, suas mãos entrelaçadas e seus cotovelos apoiados com seriedade no móvel. Diferente dos outros, ele não estava congelado. Seus olhos fitavam a garota com uma expressão intrigante, como se já esperasse por sua chegada. A euforia tomou conta de Regina, misturada com confusão e desespero, enquanto ela tentava compreender o que estava ocorrendo.
Hahahahaha 🎶
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¹ Golimar: Versão indiana da música Thriller.
² Jenna: Personagem protagonista do filme "De Repente 30".
³ Costelinha: Referência ao cachorro do personagem Doug Funnie no desenho animado de mesmo nome.
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