13. Lollipop Psicodélico
— Então quer dizer que no seu mundo também existem bruxos como esse tal de Nino¹ que você citou que mora nesse castelo chamado "Rá-Tim-Bum"? E eles vivem por séculos iguais as bruxas daqui de Fantasia? — Questionou Larry para a mais velha. Regina balançou a cabeça negativamente, afinal ele havia entendido tudo errado.
Regina comentou sobre um programa de televisão que assistia quando mais nova com sua mãe. Mas como o menino rato entenderia o que era uma televisão? Livros tudo bem, mas televisores não faziam parte daquele universo, o que fez com que Larry acreditasse que todos aqueles relatos que ela fazia eram parte do mundo da mais velha. Como um menino que andava com uma panela na cabeça, ou um garoto em forma de fantoche que falava com os animais da fazenda de seus avós. Achou um tanto ameaçador o relato sobre uma garota dentuça que atacava um menino com um coelho azul de pelúcia sempre que ele a irritava².
Ambos estavam sentados em um tronco de madeira em frente a uma fogueira. Conforme prometido a eles, o Urso-Polar os guiou até a saída do Reino do Himalaia, os conduzindo até a entrada do Pântano da Calamidade, local no qual seu grupo decidiu acampar naquela noite estrelada. Estavam na única parte fértil daquele terreno, onde por todo o resto do percurso era composto de lodo, deixando a área inundada quase de forma totalitária com aquela água suja e rasa.
Lemoy e Bridge estavam um pouco mais atrás deles, tentando montar as barracas para que pudessem acampar ali. A bruxa odiava ter que fazer trabalhos manuais, ainda mais ao lado daquele homem detestável, segundo ela. Glória sobrevoava ao redor deles, tanto para iluminá-los com uma luz semelhante — Porém bem mais florescente — aos vagalumes, ao mesmo tempo que ficava vigiando sua arqui-inimiga. Ossudo e Moria adentraram o pântano com o objetivo de conseguirem mais alimento para o seu grupo.
Larry balançava os pés de cima do tronco enquanto escrevia em um pequeno livro de capa azul com a ponta de uma pena e um tinteiro ao seu lado. Contou a Regina que se tratava de seu diário, no qual todo dia ele relatava ali parte dos eventos diários de sua curta vida. Regina Monroe tinha muita curiosidade em ler o diário do mais novo, mas jamais que pediria permissão ou tentaria fazer isso sem sua autorização. Aos poucos ela foi criando uma proximidade com o garoto, de forma que atualmente era quase como se fosse um irmão mais novo, por mais que ela não tivesse um de fato; afinal sempre foi filha única.
Regina, por sua vez, estava lendo um livro que trouxe consigo do mundo real. Os Sete Paladinos³ era o nome desse livro, sendo uma história sobre um grupo de sete pessoas que eram suspeitos de terem assassinado o presidente dos Estados Unidos. Ainda estava nas primeiras páginas daquele livro, quando virou a página seguinte e se deparou com o nome do "culpado" bem destacado ainda no começo do livro. Piscou algumas vezes, virou e desvirou a folha. Ela acabara de tomar spoiler do livro, através do próprio livro!
Claramente o Autor quis estragar mais essa experiência dela, alterando a ordem das páginas do livro. Fazia tanto tempo que ele não interferia no enredo que Regina estava vivenciando em Fantasia que até havia esquecido sobre sua onipresença. Furiosa com o spoiler que tomou a garota arremessou o livro para longe que caiu no lodo lamacento atrás deles, afundando lentamente.
— H-Hey, está tudo bem? — Larry perguntou, mediante a atitude inesperada da menina. Regina balançou os ombros de forma desoladora.
Além das claras interferências do Autor, outras coisas pairavam sobre a cabeça da menina. Mistérios quase tão intrigantes quanto o livro de romance policial que estava lendo: Quem era a pessoa que gritou quando ela estava passando de carroça na floresta Esmeralda no momento em que foi presa e estava sendo levada em direção ao castelo Alvarez? A pessoa em questão citou sobre as páginas em branco, antes mesmo de Regina saber sobre a existência de tal lugar. Falando nela, por que Medusa demonstrou que já conhecia Regina e o que ela ocultava escondido sobre aquela redoma de vidro nas páginas em branco? Como o rei dos mares, Netuno, conseguiu a proeza de morrer afogado? E a vidente de Comodo, quem a teria matado e como evadiu-se do local sem que Regina visse a pessoa em questão? Aquele espelho que sumiu com seu próprio reflexo na mesma loja também a intrigava. E ainda mais, quem resgatou ela e Jasmine do incêndio do castelo Alvarez? O Autor? Dog?
— Me conta mais sobre você, Larry. A única coisa que sei ao seu respeito é que o Lemoy salvou sua vida de um navio que estava em naufrágio há alguns dias. O que aconteceu antes disso? — Regina tentou desviar o assunto.
— Se eu soubesse — O menino olhou cabisbaixo para os próprios pés, ficando em silêncio por um tempo. — Não lembro de nada. Quando Lemoy e sua, até então, tripulação me resgataram eu estava sozinho na embarcação. Eu havia me afogado, e quando despertei após o choque aquele grupo de piratas me explicou sobre a situação. Uma tempestade desoladora atingiu a região. Acabei perdendo a memória, mas, mesmo que eu tenha uma família, não tenho como sentir falta de quem não me lembro. Lemoy é minha família agora — O garoto forçou um sorriso, levantando a cabeça e olhando nos olhos castanhos da loira.
Enquanto prestava atenção na triste história do menino rato, fincado ao tronco ao seu lado surgiu um grande pirulito psicodélico em aspirais coloridas. Regina se surpreendeu com a aparição mágica do doce, porém não tardou para se recordar do poder do Autor. Ainda assim estava morrendo de vontade de provar um doce, de forma que tirou o graveto do tronco e passou a lamber o pirulito que possuía o tamanho de sua mão, sem refletir nas consequências do ato.
Antes que tivesse tempo de oferecê-lo ao amigo, os efeitos colaterais do doce começaram: a pele de Regina acabara de ficar totalmente azul, parecendo um Avatar. Ela se deu conta do que havia ocorrido assim que olhou para as próprias mãos e viu a reação de perplexidade estampada no rosto do menino ao seu lado. Ainda irritada com o Autor, deu um longo suspiro para se acalmar. Se essa era a maior consequência de provar o doce, ela "tacaria o foda-se", voltando a lamber o pirulito.
— Err... Bem, e você "Gina"? Como era sua relação com os seus pais? — Larry perguntou, tentando desviar o assunto sobre a mutação dela.
Regina ficou levemente cabisbaixa. Voltou o olhar para o metamorfo para respondê-lo quando mais um susto o afligiu: o rosto de Regina tomou a forma de um rosto de crocodilo. Agora com seu corpo azul e fisionomia verde, com um focinho bem avantajado em sua face.
— Minha mãe faleceu há alguns anos. Carrego essa pulseira que era dela comigo para nunca me esquecer dela. Me sinto horrível em só conseguir me lembrar do rosto dela ao olhar para alguma fotografia. Ela partiu quando eu era bem criança — Regina levantou seu braço azul com escamas em direção ao garoto. Uma pulseira de prata maciça se fazia presente em seu pulso esquerdo.
"Em relação ao meu pai, bom... Nós não temos a melhor das relações. Sabe, Larry, antes de chegar em Fantasia eu já fantasiei muito em vivenciar as aventuras dos personagens daqui do livro. Mas, assim que botei os pés aqui me dei conta que era tudo bobagem da minha cabeça. Eu não preciso, nem quero isso. Acho que fui eu quem criei essa distância com meu pai, ficando o tempo todo lendo e não lhe dando atenção. Eu não paro de pensar nele, e o quão preocupado deve estar com meu sumiço".
O rosto da Regina voltou a feição normal, exceto pelos seus olhos que se esbugalharam de tamanha forma que ela agora parecia um personagem de anime.
— Isso significa que...? — Larry tentou, fazendo um esforço para compreender qual lição a garota havia tirado de sua jornada.
— Nada de livros, de sair com garotos ou de sair por aí com minhas amigas! Assim que eu voltar para o meu mundo vou aproveitar cada momento que tiver com meu pai. Posso não ter mais minha mãe, mas tenho a ele. Então tenho que aproveitar.
Larry abriu a boca para falar, mas optou por fechá-la, sem querer induzi-la sobre sua opinião a respeito da ideia da qual ela tinha. Ele então fechou o diário que estava consigo. Nesse momento o pirulito desapareceu da mão da Regina, e ela finalmente voltou a aparência habitual dela.
Alguns instantes depois, Ossudo retornou trazendo consigo uma vaca viva! Lemoy e Bridge estavam o indagando quanto ao animal junto a si, quando Regina decidiu se juntar aos demais. O fato de existir uma vaca em um pântano já era estranho o suficiente para não se ter suspeitas que o Autor estava tramando algo.
— O que é isso?! — Bridge questionou, apontando para o mamífero.
— Não reconhece sua própria irmã gêmea? — Lemoy provocou, fazendo a bruxa sacar sua varinha e a apontar para o rosto do pirata de forma ameaçadora e de sobrancelhas franzidas. Regina interveio, entrando na frente dos dois adultos, impedindo que se matassem. Eles aparentavam serem mais crianças do que a própria menina de dezessete anos.
— Encontrei vários cadáveres de animais pelo pântano. Vacas, cabras, ornitorrincos... Todos com algo em comum: marcas de dentes e de chupam em alguma parte de seus corpos. Trouxe a Mimosa comigo para que ficasse segura — Ossudo explicou, demonstrando que já havia se apegado ao animal ao fazer carinho sobre sua cabeça.
— Cadê o vampiro? — Glória perguntou, sobrevoando acima deles.
— Nos separamos há bastante tempo. Temo que meu bom amigo possa ter tido uma recaída no seu "veganismo" e pirou na batatinha, sendo o responsável pelos ataques dos animais.
Regina sugeriu que todos fossem em busca de Moria pelo pântano. Se ele realmente havia perdido o juízo eles tinham o dever de ajudá-lo. Então parte do grupo caminhou pisando sobre a água lamacenta do pântano, sujando suas botas com aquele lodo. A densa vegetação e o ambiente nublado tornavam a visão demasiada obstruída, de forma que Larry; transformado em rato, tentou farejar o herdeiro do trono da Transilvânia; enquanto Lemoy, Regina e Ossudo (junto a Mimosa) o seguiam.
Seguindo lados opostos, Glória e Bridge vasculharam de cima a região sobrevoando o pântano. A fada se vangloriou ao ter localizado o vampiro antes de sua arqui-inimiga. Voou de encontro ao grupo terrestre apontando para a direção onde ele estava. Após correrem por cerca de cinco minutos, passando por várias árvores altas de eucaliptos, o grupo chegou ao vasto lago que havia naquele local ao mesmo tempo que Bridge, de cima de sua vassoura, chegava a mesma localidade.
Uma sensação ruim tomou conta de Regina ao avistar dezenas de animais mortos próximos do lago, desde cabras até capivaras. Todos com marcas de dentes em seus pescoços, conforme Ossudo havia mencionado. Ao centro do lago escuro, sentado em um grande rochedo com a cabeça apoiada sobre os joelhos, o vampiro de olhos azuis se encontrava.
— Hey, Moria! Não precisa se sentir mal. Acho que é normal pessoas veganas terem recaídas. Venha para cá, não vamos te julgar — Regina gritou para que sua voz chegasse até ele, tentando animá-lo. — Falta tão pouco para chegarmos na sua cidade natal. Você logo vai recuperar o seu trono...
— Não é nada disso... — O vampiro, com agora olhos verdes, falou com sua voz fraca e esganiçada. Nenhum dos presentes conseguiu escutá-lo.
Nesse momento todos avistaram algo emergir da água, bem próxima do rochedo no qual Moria estava sentado. O vampiro foi o primeiro a avistar aquelas três cabeças gigantescas de serpentes surgirem em meio ao lago. As três cabeças dividam um mesmo corpo feito de escamas de dragão. A Hidra de Lerna mantinha o vampiro como prisioneiro, enquanto direcionava olhares ameaçadores para o grupo de Regina.
— Não a machuquem — Moria solicitou, ficando em pé em cima do rochedo.
Bridge não deu ouvidos ao vampiro "bonzinho" que se recusava a ferir até mesmo um inimigo. De forma que pegou sua varinha de seu manto e a apontou em direção ao monstro no lago enquanto voava ao redor dela:
— Raios e Trovões! ⁴ — A magia proveniente da bruxa causou uma onda eletrostática nas três cabeças da serpente monstruosa, a fazendo ser eletrocutada como se tivesse sido atingida de fato por um raio.
Bridge se sentiu satisfeita, acreditando que havia derrotado o monstro no lago facilmente. Porém, após a fumaça se dissipar, as três cabeças se mantiveram intactas. Na realidade, elas se multiplicaram! Agora eram seis cabeças olhando ferozmente para a bruxa.
Com o forte abanar de sua cauda no lago uma gigantesca quantidade de água voou em direção ao seu grupo. Glória tomou frente rapidamente, erguendo suas mãos e fazendo com que a água desviasse seu caminho, impedindo que Regina e Lemoy fossem molhados. A água caiu ao lado deles, como se um escudo invisível os tivesse protegido. Bridge, porém, não teve a mesma "sorte". De forma que ficou encharcada com aquela água suja após ser molhada. A fada claramente não fez questão de protegê-la.
— Vocês nunca ouviram falar da Hidra de Lerna?! — Regina questionou perplexa, alternando o olhar entre a bruxa e o pirata. Ambos balançaram os ombros. — Vocês não leem livros por aqui, não? A Hidra é um monstro mitológico, que ao cortar uma de suas cabeças outras duas surgem no lugar. Além do mais, elas podem matar um homem com apenas o seu mal hálito.
— Ouviu isso, bruxa? — Lemoy colocou a mão em forma de cone sobre a boca para gritar e ter a certeza que Bridge escutaria lá do céu. — O bafo desse monstro pode matar. Acho que só alguém com um bafo maior pode derrotá-la. Então boa sorte, você é nossa melhor arma.
— Chega de palhaçada, Lemoy. Temos que levar a sério a situação — Regina o advertiu, levemente irritada.
Nesse instante, passos foram ouvidos vindos de trás deles. Mimosa foi a primeira a avistar a criatura que se esgueirava pela escuridão. Ela mugiu, se escondendo trêmula atrás de Ossudo. A caveira foi a segunda criatura a notar a presença assustadora daquele ser os encarando. O monstro bípede tinha cerca de um metro de altura, possuía sua pele da cor verde-escuro com mancha pretas ao redor do corpo e enormes olhos esbugalhados. Em suas costas haviam enormes espinhosas dorsais, e nas suas mãos longas garras. A criatura corcunda, que se assemelhava a uma mutação de sapo com Alien, se tratava na realidade do Chupa-Cabra, sendo esse o responsável por matar e drenar o sangue dos animais mortos no pântano.
A Hidra deu um grande chiado no mesmo momento em que o monstro bípede apareceu em frente ao lago. Lemoy removeu sua espada da bainha, apontando-a para o monstro terrestre.
— Eu cuido dele! — O pirata correu em direção ao monstro mitológico, com sua espada erguida. O Chupa-Cabra de defendeu do golpe, mordendo a lâmina da espada com os seus dentes pontiagudos.
— Larry! Você pode se transformar em um rato gigante e segurar a Hidra, certo? — Regina questionou ao menino temeroso ao seu lado. O garoto balançou a cabeça negativamente.
— Sinto muito, mas essa água lamacenta e o lado do lago me enfraquecem. É uma das minhas "criptonitas".
"Maldito Autor com suas conveniências de roteiro!", pensou Regina frustrada. Bridge voou em direção a fada, falando para ela assim que chegou ao seu lado:
— Use seus poderes para remover toda a água do lago. Até mesmo para uma criatura tola e incompetente como você isso não será tão difícil com os seus poderes — O pedido de Bridge mais se assemelhava a uma ordem. A fada bufou, cruzando os braços e passando a assobiar. Mais uma vez seu instinto de não se envolver em conflitos humanos se fez presente.
Ossudo recuava para trás cada vez mais, puxando a corda de Mimosa e levando-a consigo.
— Com licencinha, a Mimosa pelo visto quer cagar, e ela é muito tímida para ir sozinha. Então eu irei levar ela — Ossudo não fez questão de transparecer que estava falando a verdade, afinal estava tão longe que mais nenhum dos demais poderiam o escutar. Recuando cada vez mais para longe da batalha, a fim de poupar sua própria "vida".
Lemoy acabou tendo uma ideia de como fariam para resgatar o vampiro e distrair a Hidra. Enquanto o Chupa-Cabra permanecia semi-levantado, ao ter seus dentes fixados na sua espada sem querer soltá-la de jeito algum, o pirata chegou próximo de Larry e sussurrou em seu ouvido o seu plano.
O menino rato entendeu de imediato, transformando-se em um rato gigante de quinze metros, mas permanecendo nas margens do lago. A Hidra envolvia seu longo corpo de dragão cada vez mais para junto do rochedo, quase como se estivesse prestes a esmagar o vampiro. Moria, por sua vez, permanecia parado em cima da pedra, observando atentamente o desenrolar da situação.
Uma vez com seu tamanho aumentado, Larry usou suas patas para pegar alguns dos cadáveres e arremessá-los em direção à Hidra. O primeiro animal jogado por Larry foi um boi, que foi engolido por uma das cabeças do monstro marinho assim que chegou até ele. Larry repetiu o ato, cada vez mais rápido, jogando vários e vários animais em direção ao ser aquático, distraindo assim todas as seis cabeças.
Reparando que Moria permanecia preso no rochedo — possivelmente por ter medo de nadar —, Regina Monroe decidiu que dessa vez dependeria dela para o resgate. Tirou sua bota afrouxando os calcanhares e então se jogou no lago lamacento, tampando o nariz para não sentir aquele enorme fedor e passando a nadar em direção ao rochedo.
Mesmo sendo muito corajosa, ver aquela enorme criatura com corpo de dragão e seis cabeças de tão perto fazia os pelos de seu corpo se arrepiarem. Mas ela tinha que se manter firme! Chegou até a borda do rochedo. O monstro marinho não percebeu sua presença, estando com suas cabeças ocupadas demais se alimentando dos cadáveres de animais jogados em sua direção por Larry.
A menina escalou o rochedo, ficando em pé ao lado do vampiro que observava o monstro marinho que os cercava.
— Moria, perdão por ter duvidado de você. Não fazia ideia de que os ataques tinham partido do Chupa-Cabra — Regina se desculpou. Moria fez um simples balançar de cabeça, como se dissesse: "está tudo bem".
A menina agarrou a mão gélida dele e se preparou para saltar de volta ao lago lamacento, aproveitando-se do fato das cabeças da Hidra permanecerem ocupadas devorando os animais mortos jogados por Larry. Porém, enquanto Regina estavam saltando; do ar para a água, seus corpos caíram em cima de uma vassoura. Bridge aproximou sua vassoura, de forma que eles aterrissaram atrás dela. Agora os três estavam voando, montados na vassoura da bruxa.
Entretanto; justo nesse momento, os animais mortos se esgotaram, de forma que todas as seis cabeças da Hidra se voltaram para as três criaturas que voavam na vassoura. As serpentes estavam prestes a dar uma baforada em direção a eles.
Lemoy decidiu arriscar tudo de uma vez. O pirata jogou com toda sua força o Chupa-Cabra, que estava fixado em sua espada, empurrando-o em direção ao lago. A força aplicada do pirata — quase musculoso — foi tão grande que os dentes da criatura se quebraram, fazendo-o voar em direção a Hidra. Uma das cabeças do monstro marinho avistou o pequeno monstro, que parecia muito com um Alien, voando em sua direção.
Ao abrir sua boca a Hidra engoliu com uma de suas bocas aquele monstro aterrorizador que estava causando a morte dos animais do pântano. As demais cabeças passaram a admirar a cabeça central, com olhares de admiração. Bridge usou dessa distração delas para voar de volta a parte terrestre em frente ao lago, aterrissando com Regina e Moria ao lado de Lemoy e Larry. A loira, agora com os pés no chão, avistou na outra margem do lago um vulto de um animal branco de quatro patos. Acreditando ser Dog, que estava ali para fazer a travessia da alma do Chupa-Cabra para o mundo dos mortos.
O roedor voltou a tomar a forma humana, se aproximando da beira do lago. A Hidra emitiu alguns sons em forma de chiado, de forma que eram incompreensíveis para Regina. Após compreender a mensagem do monstro, Larry se virou para traduzir aos seus amigos:
— A Hidra disse que estava atrás do Chupa-Cabra há um bom tempo. Ele vinha desbalanceado o ecossistema da região, matando os animais de forma indiscriminada. Uma vez que nós a ajudamos a capturá-lo, a Hidra sendo grata por nosso auxilio, irá poupar nossa vida. Pelo menos dessa vez.
Após a fala de Larry, o monstro marinho afundou seu corpo de dragão submergindo dentro do lago. Aos poucos cada uma das seis cabeças da Hidra de Lerna foi sumindo, até que sua presença desaparecesse em meio aquele lago do pântano nublado.
Regina se admirou com o fato de Larry conseguir conversar com os animais. Se bem que, até então, quase todos os animais que ela esbarrava em Fantasia falavam o seu próprio idioma, de forma que foi só dessa vez que essa habilidade do metamorfo se tornou necessária.
— Pelo visto tudo está bem quando termina bem. Yohohoho⁵ — Ossudo surgiu de repente atrás deles, trazendo Mimosa consigo. Regina lhe lançou um olhar de fúria, afinal o ex-Morte havia fugido com medo da própria morte. — Iremos ficar com a vaquinha, né?
Ossudo parecia uma criança pedindo para a mãe deixar que ele ficasse com um animal exótico que encontrou em seu próprio quintal. Antes que Regina pudesse negar seu pedido, Glória chamou a atenção de todos ao reparar que Mimosa estava lambendo um grande pirulito vermelho que surgiu no chão.
Os efeitos colaterais do doce logo surtiram efeito: Um enorme par de asas, feitas de plumas brancas, surgiram no corpo da vaca. Mimosa começou a voar, indo cada vez mais para o alto e cada vez mais longe.
— Au revoir, minha amiga. Jamais me esquecerei de você — Ossudo se despediu do animal em francês, abanando um lenço branco que Regina não fazia ideia de onde surgiu. O esqueleto chorava e seu nariz escorria catarro, em decorrência da despedida da sua melhor amiga que partira para sempre.
Mimosa voou, cada vez se distanciando mais do pântano onde o grupo de Regina estava. Para a vaca era visível, bem no horizonte, há algumas milhas de distância, enormes muros feitos de chocolate. Muros esses que cercavam o Reino da Romênia, que abrigava nele a cidade da Transilvânia. Sendo esse o reino onde estava localizado o castelo de Drácula, do qual Moria em breve chegaria para tentar reaver o seu trono.
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¹ Nino: Protagonista do programa infantil da TV Cultura Castelo Rá-Tim-Bum. Sendo ele um bruxo jovem de "apenas" 300 anos de idade.
² Citações: O parágrafo faz referência a diversas programas e HQs nacionais. Sendo eles respectivamente: Um menino maluquinho, Cocoricó e Turma da Mônica.
³ Os Sete Paladinos: Livro de minha autoria, já finalizado. Estando disponível de forma completa aqui mesmo na plataforma.
⁴ Raios e Trovões: Bordão do personagem Dr. Victor, também do Castelo Rá-Tim-Bum, interpretado pelo ator Sérgio Mamberti, falecido em 2021. Ficando aqui uma homenagem ao ator que fez parte da infância de muitas crianças.
⁵ Yohohoho: Risada do personagem Brook de One Piece, sendo ele um esqueleto vivo, assim como Ossudo.
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