Capítulo 49 - Não mesmo
❤️▫️BRUNNA▫️❤️
Assim que entrei no apartamento da Ludmilla percebi que ela continuava organizada como antes, a mais bagunceira da relação era eu, Ludmilla adorava ver as coisas bem arrumadas, inclusive a cozinha, ela organizava as panelas por tamanho. Como eu não percebi que ela não era a Michelle, Michelle era um desastre na cozinha, já Ludmilla parecia um chefe profissional, até a comida de um restaurante francês perto da minha casa não chegava aos pés no dela, Ludmilla é sem comparação. Por que estou pensando nela tanto assim? todos os dias ela me perturba, o que deu em mim? eu tenho que conseguir esquecer ela.
Procurei o cartão da tal loira pela cozinha e pela sala mas não encontrei, procurei até em baixo do sofá e ali nem poeira tinha, até no banheiro fui procurar.
- Mas que merda Ludmilla- falei assim que fechei o armário do banheiro.
- Onde foi que você colocou esse cartão - sai do banheiro porque lá de jeito nenhum estava o cartão. O único lugar que restava era o quarto, entrei no mesmo sentindo o cheiro dela, era tão bom que eu queria dormir aqui, faz mais de uma semana que durmo sem sentir esse cheiro, e assim que entrei meu coração bateu mais rápido, ele sente a falta dela.
Me sentei na cama e suspirei já estava cansada de procurar esse cartão, mas pode ter certeza, só saio daqui com esse infeliz em mãos, quero picar ele, não deixar nenhum rastro dele pra Ludmilla nunca perceber que estive aqui. Olhei ao redor e sorri ao ver vários porta retratos no quarto, eram fotos dos gêmeos e algumas eram fotos da gente juntas, fotos de viagens e até mesmo no nosso apartamento, eram tão lindas as fotografias e era mais lindo ainda a sua atitude de deixar essas fotos aqui. Peguei um porta retrato desses e fiquei olhando a foto e me lembrando da viagem que fizemos pra Paris, Ludmilla disse que íamos fingir ser uma lua de mel que eu poderia escolher o lugar, e como eu amo a França escolhi logo a capital.
Passei tempo demais ali naquele quarto olhando aquela foto que acabei esquecendo o que eu vim fazer aqui, sai do quarto e fui até a lavanderia já que no quarto eu não encontrei nada. Procurei na roupa suja da Ludmilla e acabei encontrando um cartão de uma clínica com o nome de uma mulher, só pode ser essa, e ainda tinha um nome ridículo se chamava Sandra, se fosse em outra pessoa esse nome seria bonito mas nela ficou feio e ela deve ser ridícula também, diz a Luna que ela é bonita, mas pra mim sem ver ela é feia, eu devo ser mais bonita, mas qual das duas a Ludmilla acha mais bonita?
Sai da lavanderia com o cartão em mãos, fui até o lixo da cozinha e rasguei o papel em vários pedaços, picotei todo com muita raiva, joguei o papel no lixo e fechei a tampa, peguei a minha bolsa em cima do sofá e fui em direção a porta, e antes de sair a porta se abriu, meu coração se agitou o frio na barriga se fez presente eu quase caí pra trás.
- Brunna? o que faz aqui? - ela perguntou com um misto de surpresa e alegria no rosto.
- Eu que te pergunto, o que você! tá fazendo aqui? - como ela ousa entrar assim quando eu estou saindo, esperasse eu sair primeiro antes de entrar, e não estava na academia? o que faz aqui tão cedo?
- Aqui é a minha casa? ou eu entrei errado?
- E daí se eu tô na sua casa? você não foi pra academia, tá aqui muito cedo, era pra você estar lá, passar a noite toda lá.
- E eu estava, mas a energia acabou por lá, e não teve como eu correr na esteira, e nem levantar pesos porque por lá tava uma escuridão. Então voltei pra casa, mas ainda não sei o que você faz aqui, não era eu que teria que pedir explicações? já que você está aqui na minha casa, entrou sem eu saber, ou seja escondido, você está tramando um furto por aqui? saiba que a parte mais cara de toda a casa é esse coração aqui - apontou pro peito - mas não sei o motivo de você querer roubar o que já é seu - fiquei alguns segundos sem piscar e respirar, não sabia como agir naquele momento, e em outros tempo pularia no seu colo e a beijaria com muito amor e carinho, estava com tanta saudade.
- Não te devo satisfação, e já estava de saída - me direcionei até a porta mas antes Ludmilla me puxou pelo braço e me abraçou e escondeu o rosto no meu pescoço, e quando nos separamos eu olhei pra ela sem entender - Mas o que foi isso?
- Nada não, só quis sentir seu cheiro. - respirei fundo e soltei pela boca, estava me controlando pra não acabar pulando nos braços dela.
Finalmente sai daquele apartamento se eu ficasse mais um segundo se quer ali eu não iria me segurar, a minha segurança contra a Ludmilla está sendo quebrada a cada vez que ela me trata tão bem assim, a cada vez que ela dá aquele sorriso tão lindo e a cada vez que a vejo. Está difícil me segurar pra não me jogar nos braços e dizer que a única pessoa que quero ter pelo resto da vida é ela, a cada dia que passa está mais difícil enganar a mim mesma. Mas o que se passa comigo? eu tenho que ignorar ela, eu tenho que ficar longe dela, mas o que eu faço pra conseguir fazer isso? tenho que perguntar ao Tom Cruise porque isso é uma missão impossível.
Sai do prédio e fui até a lanchonete que ficava de frente ao prédio, encontrei Patrícia saboreando um sorvete.
- Patrícia! - bati na mesa fazendo ela se assustar.
- Nossa Brunna, que baita susto você me deu, estava tão distraída.
- Deu pra perceber! - me sentei na cadeira com raiva.
- Rasgou o papel? vai pedir mais um lanche porque eu vou tomar mais um sorvete.
- Rasguei mas eu quero saber o motivo por você não ter me ligado quando a Ludmilla chegou.
- Foi porque ela não chegou.
- Chegou sim, ela me pegou lá dentro, quando ela tava entrando eu estava saindo - ela se assustou e manteve os olhos arregalados por um certo tempo.
- Sério? Brunna eu não vi, eu juro que não vi - pela reação dela ela não deve ter visto mesmo.
- Mas que droga Patrícia, ela me pegou lá dentro e me perguntou o que eu tava fazendo lá, tava tão nervosa que não sabia inventar uma história, isso não me passou pela minha cabeça já que eu estava confiando na minha amiga que iria me ligar assim que a Ludmilla chegasse, mas pelo visto ela tá mais preocupada com o sorvete do que com qualquer outra coisa.
- Brunna, eu te juro que não vi a Ludmilla entrando, eu vi uma mulher tomando esse sorvete e fiquei com vontade, sabia que é sorvete de amendoim com chocolate branco, eu nunca imaginei nessa dupla, imaginei ser horrível mas a moça estava comendo com tanto gosto que tive que provar, sozinhos é uma delícia e como será juntos. E quando eu comi esse sorvete eu fui ao céu e voltei, essa é a minha segunda taça, senta aí e me acompanha, a merda já foi feita mesmo, agora é só relaxar.
- Diz isso porque não foi com você. Mas tem razão, agora o leite já foi derramado porque a Ludmilla já me pegou lá dentro, vou pedir um desses, dose dupla e com bastante cobertura de morango - Patrícia riu.
- Agora eu sei quem o Theo puxou - Ri com o que ela disse, chamei o garçom e pedi um sorvete igual o da Patrícia só que dessa vez era pra colocar dose dupla e podia ser até mais caro, mas queria caprichado. Eu adoro chocolate branco e adoro amendoim também, essa combinação pode até valer a pena ainda mais com cobertura de morango em cima.
- Patrícia, você não vai acreditar no que eu encontrei no quarto da Ludmilla.
- Outra mulher?
- Vira essa boca pra lá, e se eu encontrasse algo assim jogaria ela de lá de cima, só não jogaria a Ludmilla porque ficaria sem ela. Encontrei várias fotos nossas, tinha umas com nós duas e as crianças mas outras só tinha eu e ela apenas, assim sozinhas.
- Sério? então ela não tirou? isso não me surpreende já que ela diz que te ama e dessa vez ela está falando a verdade, ela me contou a história dela e me indentifiquei.
- Com a parte da mentira?
- Não né Brunna, eu não minto, estou falando da fase que ela passou por ser como eu, intersexual.
- Então é por isso que você acha que ela não errou.
- Não Brunna, olha a Ludmilla errou muito com você, mentir por 4 anos não foi a melhor coisa que ela fez, mas tenta reconsiderar, ela não é como a infeliz da Michelle quando eu descobri toda essa farsa eu pensei igual a você, pensei que ela também não valia nada que ela era como a Michelle - fez uma pausa pra tomar mais um pouco de sorvete.
- Mas eu parei pra pensar e vi que não tinha sentido isso que eu estava pensando já que elas não tinham nada haver, e eu não deduzi isso porque ela passou momentos difíceis como eu, e sim pela firma na qual ela te tratava - Patrícia anda me dizendo que eu devo perdoar a Ludmilla pelo o que ela fez, naquela semana difícil que eu descobri tudo ela me ajudou como sempre mas dessa vez defendeu quem me fez chorar.
- Ela me fez chorar.
- Mas te fez sorrir durante 4 anos, sorriso no qual você só foi dar de verdade quando ela cruzou o seu caminho - ela tinha razão, por que ela sempre tinha razão? Ludmilla trouxe o sorriso de volta nos meus lábios, me trouxe alegria, eu nunca fui tão feliz nesses 4 anos.
- Não importa, ela mentiu e essa é a única coisa que está me importando no momento.
Depois de terminar o sorvete fui pra casa do meu pai e Patrícia foi pra casa onde está morando com a Emilly, peguei os meus filhos e fui pra casa, eles já estavam dormindo, demorei muito pra chegar em casa por conta de ficar esperando a Ludmilla sair de casa, ficar um tempão na casa dela vendo as fotos e além disso ficar conversando com a Patrícia na lanchonete. Meus filhos estavam caindo de sono, nem quiseram jantar já que havia jantado na casa do meu avô deles, e por falar nos gêmeos Theo está estranho, o motivo disso é ele não querer jantar, e não querer jantar logo lasanha. Alice também disse que Theo parecia estar doente, estava meio enjoado e muito quieto, não quis brincar com a irmã e com a tia, amanhã converso com ele pra ver o que está acontecendo, meu filho é muito alegre e adora comer.
No dia seguinte Ludmilla me ligou perguntando como é que estava as crianças, ignorei o que estava acontecendo com Theo porque pensei que era só um dia ruim que ele estava tendo e que hoje iria acordar bem, então disse que estava tudo bem com eles. Perguntei o que ela iria fazer hoje, e Ludmilla disse que não seria nada demais, só queria fazer um almoço com algo diferente já que Patrícia iria almoçar lá, sim! Patrícia iria almoçar na casa da Ludmilla. E quando ela disse que iria ir ao mercado logo veio aquela loira na cabeça, ela deve estar lá que a Ludmilla conheceu ela lá, tenho que ir com ela. Então pedi pra Ludmilla passar aqui e me levar pro mercado junto com ela, e cá estou eu olhando pra todos os lados tentando achar aquela loira maldita.
- O que você tanto olha? - Ludmilla perguntou, estávamos em um corredor de frios. - Tá procurando frango? porque ele está aí bem do seu lado, e nossa que frango grande, vai ser ótimo pra rechear - ela pegou o frango enquanto olhava pra mim se aproximou tanto que nossos lábios se cruzaram um pouco e eu quase fui pra frente pro atrito ser maior.
- Tem certeza que não vai ficar pra almoçar? vou fazer esse frangão aqui, fazer um risoto de queijo também, não é de camarão mas o de queijo você também adora - só de pensar nesse frango recheado com risoto de queijo a minha boca enche de água.
- Não, eu vou almoçar lá em casa mesmo.
- Tá bom, mas se mudar de ideia as portas estão abertas - falou voltando a andar pelo corredor.
- E aliás, o que você veio fazer aqui? não pegou nada até agora.
- Vim comprar o leite das crianças que tá faltando - inventei qualquer coisa e isso é mentira porque um dia antes da Ludmilla me contar tudo fomos ao mercado e fizemos uma grande compra que daria pra pelo menos dois meses.
- Por que não me pediu? mas aquilo tudo de leite já acabou? se tivesse me pedido eu compraria e levaria pra sua casa.
- Você não iria saber qual leite era, a Luna tem que tomar um outro tipo de leite, desnatado.
- Eu sei qual leite a Luna toma, e saberia comprar pra ela - e o que eu falo agora? ela me pegou desprevenida.
- Só queria reforçar o armário.
- Só vou passar no corredor de vinhos e já vamos embora, quer ir pegando o leite enquanto isso?
- Não! - praticamente gritei - vou ficar do seu lado, até posso te ajudar a escolher o vinho - não vou ficar longe dela nenhum segundo, não vou deixar aquela loira pegar o que é meu, não mesmo.
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