Capítulo Dois
"Eu sou um nome que você vai lembrar
Eu sou mais do que apenas uma emoção
Eu vou ser o maior de todos os tempos"
— The Score
Narração por: Lewis Hamilton
Circuito de Fiorano, Itália
10 de fevereiro de 2025
Assim que coloquei os pés na pista, senti o vento frio se chocar contra meu corpo, me fazendo tensionar os músculos e fechar os olhos, aproveitando a sensação gélida em meu rosto.
O clima estava fechado, com muitas nuvens e probabilidade de chuva.
Um ótimo dia para fazer testes, para não dizer outra coisa.
Eu e Charles ficamos cerca de três horas fazendo treinos no simulador da Ferrari em Maranello e quando saímos da sala, um engenheiro avisou que os ajustes nos carros já tinham sido feitos e que agora iríamos para a pista de testes.
E é onde estamos agora.
Continuei olhando para o céu por alguns minutos, pensando em tudo que aconteceu e o que está me esperando para o futuro.
Foram muitos anos na Mercedes, mais de uma década, na verdade, e tudo acabou de uma forma que eu não esperava.
Eu e meu antigo time sempre mantivemos uma relação de companheirismo e carinho grande, eu me sentia em casa e fazendo parte de uma família, uma família que me acolheu durante onze anos, uma família que fez história comigo, uma família que eu amei durante muito tempo, e ainda tenho muito carinho.
Mas...
Toto Wolff, que sempre me respeitou e foi meu amigo, começou a me desmerecer como piloto e a falar coisas desagradáveis ao meu respeito em coletivas de imprensa e outras entrevistas, algo que eu nunca imaginei que ele faria comigo.
Eu entendo que ele quer priorizar talentos jovens, e não julgaria ele colocar alguém jovem no meu lugar, mas ele favorecer alguém e me colocar como reserva dessa pessoa, sendo que ele sabia que eu queria continuar correndo, é loucura.
E então, apareceu a Ferrari, me oferecendo uma vaga de titular, um bom salário e mais importante: um sonho.
Eu quero mais um título e eles querem mais um título.
Então, eu não precisei pensar muito antes de aceitar, vermelho sempre foi uma cor que eu gosto e eu tenho vontade de pilotar na Ferrari desde criança.
Toto, que já pretendia desfazer de mim, não pareceu gostar muito da minha decisão, especialmente quando ele disse que queria ver como eu ficaria usando um macacão vermelho e vendo a lataria do carro deles do lado de trás do grid.
Eu preferi ficar quieto e resolver tudo que tinha pra resolver com ele e o resto da Mercedes em privado e em reuniões, afinal de contas existe uma afirmação que nem o Toto Wolff, nem ninguém pode contrariar.
Eu fui fiel àquela equipe até o último minuto da última temporada.
E agora eu serei fiel a minha equipe.
Senti um braço abraçar o meu pescoço e me puxar para perto, quando olhei para o lado, vi um Leclerc sorridente colado em mim, me segurando firmemente.
— Vamos? Temos carros para testar.
Eu sorri e assenti — Sim, vamos.
Já estava usando os fones para me comunicar no rádio, a balaclava branca e terminava de ajeitar a gola do macacão vermelho da minha nova equipe, quando senti alguém cutucar minhas costas, e quando me virei, vi Julie, minha nova engenheira.
Dei uma olhada rápida nela, percebi que ela usava uma roupa diferente agora, em Maranello ela estava com uma blusa fechada e vermelha, agora está com uma jaqueta da Ferrari, com um tom diferente de vermelho.
A jaqueta é justa e estava um pouco aberta, mostrando que ela não usava outra blusa por baixo, mas evitei olhar demais, voltando a olhar nos olhos dela, dando um pequeno sorriso.
Ela também deu um pequeno sorriso e me estendeu um capacete — Toma.
— Obrigado. — Peguei o capacete, sentindo um leve choque quando meus dedos tocaram os dela, porém ignorei — Você... Trocou de roupa.
Ela olhou para baixo, olhando a própria jaqueta e deu uma risadinha, voltando a olhar para mim — Sim, eu troquei. Aquela blusa estava molhada... Então o Bryan falou pra eu pegar uma dessas, pra não ficar gripada.
Assenti levemente, dando uma boa olhada nela.
Julie e eu nos conhecemos hoje, eu não sei nada sobre ela e ela não sabe tudo sobre mim, mas ela me parece ser uma pessoa boa, com quem eu realmente vou gostar de trabalhar e manter uma amizade.
O fato dela ter se importado em fazer um bolo, completamente vegano – e muito gostoso, a propósito – só para me dar boas vindas, sem ninguém nem ter mandado ela fazer isso, mostra que ela realmente se importa em me deixar o mais confortável aqui.
E eu gosto disso.
Sorri levemente para ela, que retribuiu o sorriso, e então coloquei o capacete, ajeitando ele em minha cabeça.
Percebi Cavatti engolir seco enquanto me encarava em silêncio, parecendo raciocinar algo, e então ela passou a língua pelos lábios que estavam ressecados.
— Você... Fica muito bem usando vermelho. — Ela apertou os lábios e me olhou.
Eu sorri por dentro do capacete, e ela deve ter percebido pelo meu olhar.
— Obrigado.
"Você também fica." Eu pensei em acrescentar.
E não seria mentira, caso eu fizesse isso.
Julie é realmente muito bonita, e eu seria louco ou cego se não achasse isso.
Ela tem uma imensidão azul nos olhos, que mais pareciam ser os da Medusa de tão hipnotizantes que eram, o cabelo era longo e sedoso era preto como a noite e sua pele era macia e quente, sendo bem convidativa a ser abraçada, levando em consideração o clima frio, porém, eu obviamente me conti.
Ela realmente é muito bonita e educada, e além disso, ela não me parece ser super extrovertida com pessoas que acabou de conhecer, e eu não me sentiria confortável se uma pessoa que mal sabe quem eu sou me cantasse assim, então acho que ela também não gostaria.
Sem contar que somos colegas, precisamos manter o profissionalismo em primeiro lugar sempre.
— Você precisa ir agora... — Ela falou — Eu vou estar no rádio, tudo bem? Fale comigo caso qualquer coisa.
— Claro.
— Tudo certo, Lewis? — Niccolo, um dos engenheiros, me perguntou quando eu entrei no carro, e como resposta, eu apenas mostrei o polegar, fazendo um sinal positivo, então ele assentiu e se distanciou do carro.
Terminei de me ajeitar direito no carro e alguns minutos depois, ouvi uma chamada no rádio.
— Lewis? Tá na escuta? — Julie me perguntou no rádio.
— Sim.
— Ótimo. Vamos começar dando algumas voltas de instalação para aquecer os pneus e checar o sistema, tudo bem?
— Entendido.
Pressionei o botão para ligar o motor e senti o carro ganhar vida ao meu redor, então sorri quando ouvi o ronco do motor e empurro o acelerador suavemente enquanto deixo a garagem. O volante vibra levemente nas minhas mãos, e cada movimento meu é traduzido instantaneamente para as rodas. As primeiras curvas são lentas, apenas para sentir o carro e checar se tudo está funcionando.
— Como está o balanço? – Cavatti perguntou
— O carro está estável, mas a traseira parece um pouco solta nas mudanças rápidas de direção. Vou testar nas curvas rápidas agora.
Na segunda volta, comecei a acelerar mais. Aperto o volante com força enquanto me aproximo da curva de alta velocidade. Aperto os freios no limite, sinto o carro se comprimindo contra o asfalto e giro o volante. A traseira balança levemente, mas segura. Respiro fundo. Esse carro tem potencial.
— Lewis, teste o ajuste do diferencial. Queremos saber como ele responde na saída da curva 6.
— Entendido. — Ao sair da curva, percebo que o carro escorrega um pouco — O diferencial está jogando o peso para o lado errado. Preciso de mais estabilidade.
— Vamos melhorar a estabilidade. — Julie falou outra vez — Vamos testar o DRS na sua próxima volta, tudo bem?
— Certo.
Com o carro aquecido e a pista limpa à frente, chega a hora de buscar um tempo rápido. Aperto o botão do volante para ativar o modo de classificação. O motor ganha um rugido mais agressivo, o DRS abre, e o carro parece mais vivo.
Enquanto acelero pela reta principal, sinto a velocidade aumentar rapidamente. O vento sopra forte contra o carro, e a adrenalina toma conta de mim. Chego na curva fechada antes da reta dos boxes e freio no limite, reduzindo as marchas enquanto contornava a curva com precisão.
— O DRS está funcionando perfeitamente. O carro está mais ágil nas retas. — Comento pelo rádio, sentindo a emoção da performance aprimorada.
Ao sair da curva, acelero com determinação, sentindo a força G me pressionar contra o banco. Cada curva é uma dança entre o carro e a pista, buscando o equilíbrio perfeito entre velocidade e controle. A cada volta, me aproximo mais do limite, testando os limites do carro e aprimorando minha conexão com a máquina.
— Como está a configuração? — Julie perguntou no rádio.
— O carro está mais estável nas curvas rápidas, e o DRS está proporcionando um impulso significativo nas retas. Ainda podemos ajustar um pouco mais o diferencial para melhorar a saída das curvas mais lentas. Mas, no geral, estou impressionado com o desempenho.
— Então, só precisamos melhorar na estabilidade, certo?
— Sim. — Respondi — E como está Charles?
— Ele está atrás de você, o tempo dele também é bom.
— Certo, como estão os meus pneus?
— Ainda aguentam mais uma volta.
Sorri — Entendido.
Enquanto me preparava para mais uma volta rápida, senti a pressão da competição aumentar à medida que Charles se aproximava por trás. Concentrei-me na pista à frente, buscando extrair o máximo do carro. No entanto, ao entrar em uma curva fechada, sinto um leve toque vindo da parte traseira do carro.
O impacto repentino me faz perder momentaneamente o controle, e o carro derrapa ligeiramente para o lado. Instintivamente, contrastei o volante para corrigir a trajetória, mas o dano já estava feito. A sensação de desequilíbrio era evidente, e o carro parecia instável.
— Lewis? Consegue me ouvir? — A voz de Julie soou no rádio.
— Sim, consigo ouvir. — Senti a minha garganta seca — Ele tocou em mim.
— É, ele tocou, você está bem?
— Estou, eu estou bem.
— Você acha que consegue trazer o carro para a garagem? Vamos avaliar os danos causados e ver o que conseguimos fazer.
— Eu... Eu acho que consigo sim.
Com a tensão aumentando e a preocupação com os danos no carro, mantive a calma e continuei a percorrer a pista, agora sentindo a diferença no comportamento do carro a cada curva. Cada movimento do volante revelava a influência do toque de Charles, e a necessidade de ajustes tornava-se mais presente a cada instante.
Enquanto completava a volta comprometida, minha mente já estava pensando nas possíveis consequências do incidente.
Assim que entro na reta dos boxes, já é possível observar a fila de engenheiros à minha espera, demonstrando nada mais do que expressões de pura preocupação.
Sinto minha garganta fechada, uma batida em um dia simples de testes não é o tipo de impressão que gostaria de passar no meu primeiro dia de trabalho para a Ferrari, porém, não posso controlar a direção de Charles.
Julie, está ao lado de Niccolo. Ela segura sua prancheta com certa força, os dedos destacados pelas unhas vermelhas – estão brancos, devido à força, os fones foram abandonados na garagem.
Conforme me aproximo ainda mais, estaciono o carro, desencaixei o volante e, finalmente, saí do cockpit. Um grupo de mecânicos passa por mim, esbarrando em meu ombro no processo, como se eu não existisse.
Eles apalpam o carro, conversando uns com os outros, avaliando os danos feitos e as possíveis estratégias de reparação. Respiro fundo, me livrando do capacete e da balaclava, que, a essa altura, parecem estar me sufocando.
Alguns engenheiros e membros da equipe passam por mim, batendo em meu ombro, perguntando se eu estou bem, interessados em meu bem estar. Já outros, me ignoram completamente, correndo até Charles, que estacionou o carro logo atrás do meu.
Em contrapartida, o monegasco é recebido por praticamente todos os funcionários presentes. Até mesmo os antigos mecânicos de Sainz correm até ele, preocupados, aflitos.
Confesso que não esperava uma festa de recepção. Havia passado mais de uma década na Mercedes, ganhando títulos para a equipe rival, já era de se imaginar que não seria acolhido com grande louvor. Porém, jamais imaginei ser ignorado pela minha própria garagem.
Carlos Sainz era um mérito para eles, entendo essa conexão, o laço que vai muito além do profissionalismo. Desde a reunião, pude perceber os olhares, as expressões – a forma como me julgavam, mesmo que involuntariamente, afinal, eu não era o espanhol que estavam acostumados.
A dona dos lindos olhos azuis, estava aflita, encarando milimetricamente cada detalhe do meu rosto. Não era capaz de desvendar sua expressão, não sabia se estava brava, decepcionada ou preocupada.
Julie e Niccolo trocaram algumas palavras, parecendo concordar em algo, antes de caminharem até mim.
— Tudo bem, Lewis? — Niccolo pergunta.
— Sim, estou bem. — Ele concordou, dando dois tapinhas em meu ombro.
— Vou checar com os mecânicos como podemos reverter a situação. — Apenas assenti, observando-o se afastar.
Cavatti passa a me encarar, após ter escrito algumas coisas em sua prancheta.
— O equilíbrio do carro está comprometido, teremos que consertar...
— Quero saber como você está, Lewis. Se machucou? — Ela me interrompeu.
Me tornei o centro de sua atenção, ela sequer olhava para o caos ao nosso redor – a correria da equipe, o discurso de Charles, como sua expressão revelava o mais puro desgosto.
Julie estava preocupada comigo.
Ela me analisava como se tentasse decifrar se minhas palavras realmente condiziam com meu estado físico e emocional. Havia algo em seus olhos que transmitia genuína preocupação, algo que eu não sentia há algum tempo. Respirei fundo e sorri de forma quase imperceptível, tentando aliviar a tensão.
— Estou bem, de verdade. Só um susto. — Respondi com um tom tranquilo, mas firme o suficiente para tentar convencê-la.
Ela permaneceu em silêncio por alguns instantes, avaliando minhas palavras, até finalmente assentiu levemente.
— Tudo bem. Vou garantir que o carro esteja pronto para os próximos testes. Mas, por favor, me avise se algo não estiver certo. — Sua voz era serena, mas carregava um peso de autoridade que eu não esperava.
— Prometo que aviso.
Julie deu um meio sorriso e voltou sua atenção para a prancheta, anotando algo enquanto murmurava instruções para si mesma. Eu aproveitei o momento para observar o restante da equipe. Charles estava cercado por uma multidão, falando com os engenheiros e mecânicos. Ele gesticulava enquanto explicava o que havia acontecido, claramente tentando suavizar a situação.
Senti uma pontada de frustração, mas rapidamente empurrei o pensamento para longe. Era o meu primeiro dia; eu sabia que precisaria ganhar o respeito e a confiança de todos. Isso não aconteceria de uma hora para outra.
Depois de alguns minutos, Julie retornou com um semblante mais calmo.
— Estamos trabalhando nos ajustes, mas você terá que esperar um pouco antes de voltar para a pista. Vamos revisar a suspensão traseira e recalibrar o sistema.
— Entendido. — Respondi.
— Enquanto isso, talvez você devesse descansar um pouco. O simulador e o bolo de boas-vindas foram só o começo do dia, e ainda temos muitas horas pela frente.
Ri baixo, apreciando sua tentativa de aliviar o clima.
— Vou considerar isso.
Julie deu uma última olhada para mim antes de voltar à sua rotina, deixando-me sozinho por um momento. Aproveitei para respirar fundo e observar o ambiente ao meu redor.
Eu estava na Ferrari. O vermelho ao meu redor simboliza mais do que uma simples mudança de equipe. Era a reinvenção de quem eu era como piloto e como pessoa.
Esse era apenas o começo de uma nova jornada. E, apesar dos desafios, eu sabia que tinha algo especial aqui. Seja na forma de um carro que podia ser ajustado até a perfeição ou nas conexões que estavam começando a se formar.
Quando Julie olhou de volta para mim, de relance, percebi que havia algo em seu olhar. Talvez fosse apenas a preocupação de uma profissional dedicada ao seu trabalho. Ou talvez, algo mais.
O tempo diria.
— Eu... Vou descansar um pouco.
Cavatti me deu um pequeno sorriso — Claro, pode ir.
Retribui o sorriso e me afastei dela, indo até um pequeno sofá que eu havia visto antes no canto da sala e sentando ali.
Passei a mão pelo meu cabelo e em seguida encostei a nuca na parede, soltando o ar entre os lábios, pensando a respeito de tudo que havia acontecido.
Eu sabia que não seria todo mundo que ia gostar de mim no começo, mas eu nunca imaginei que seria no nível de me ignorarem quando eu tive um acidente, e só irem falar com a pessoa que justamente causou o acidente.
Suspirei outra vez.
Eu não sou bem-vindo aqui.
Ninguém, além da moça dos belos olhos azuis, parece gostar de mim aqui.
Enquanto eu fico reconsiderando minhas ações, uma garrafa de água é estendida em minha direção e quando eu olho para cima, vejo Leclerc, sorrindo para mim.
Sorri também e peguei a garrafa da mão dele, abri e bebi um gole — Obrigado.
— De nada. — Ele falou e apontou para o lugar vazio ao meu lado — Posso?
Não falei nada, apenas assenti e bebi outro gole da água em minha mão, e então ele se senta ao meu lado, fazendo a mesma coisa.
— Desculpa. — Ele falou e eu olhei para ele — Pelo toque naquela hora, desculpa. — Ele fez uma pausa para beber outro gole de água — Não foi de propósito, mas mesmo assim, desculpa por aquilo.
Assenti e terminei de beber minha água, evitando falar algo, com medo que eu seja mais rude do que gostaria de ser.
Eu sei que ele não tem culpa de nada e admiro ele ter vindo me pedir desculpas pelo toque, levando em consideração que não foi proposital e o carro dele também saiu prejudicado pela batida.
Mas eu não vou mentir, eu estou bravo.
Não com ele, mas eu estou bravo com algo. Talvez comigo mesmo, por ter mudado de equipe depois de tanto tempo, talvez com a atitude do time de mecânicos, de terem me ignorado como se eu não fosse nada e terem ido só falar com ele.
Eu sei que o Charles é o predestinado da Ferrari, eu sei que ele é o príncipe de Maranello e sei que ele é querido por todo mundo aqui, mas eu também trabalho aqui, porra!
Eu não quero brigar, nem com ele, nem com ninguém, mas eu acho que tenho o direito de ficar com raiva.
Talvez eu não devesse ter saído da Mercedes, ou talvez eu devo provar o meu valor na equipe vermelha e fazer o pessoal daqui ter respeito por mim.
Passei a língua pelos lábios — Tá tudo bem, de verdade. Eu sei que você não fez de propósito.
Ele sorriu e assentiu — Fico feliz que você entenda.
Assenti e quando olhei para frente, vi Julie caminhando na nossa direção, ela deu um sorriso pequeno e parou em nossa frente.
— Vocês estão liberados por hoje. — Ela disse.
Franzi as sobrancelhas, confuso — Por quê?
— Os danos no carro vão demorar para serem reparados. A gente vai ficar aqui pra consertar, mas vocês já podem ir. — Ela explicou e mexeu no cabelo, jogando ele para um dos lados do pescoço — Aproveitem para descansar, amanhã nós continuamos.
Ela piscou para nós dois e se afastou, indo até os carros e eu observei ela se afastar, prestando atenção em cada passo que Julie dava, e então voltei a prestar atenção em Leclerc ao meu lado.
Charles estendeu os braços, relaxando no sofá como se estivesse em casa, um sorriso cansado mas genuíno surgindo em seu rosto.
— Eu acho que vou sair pra beber hoje. Depois de tudo isso, mereço pelo menos uma taça de vinho. Quer vir?
Pensei na proposta por um momento. Sair, espairecer, talvez até melhorar a relação com o "Príncipe de Maranello". Mas algo dentro de mim ainda estava inquieto, como se essa batida tivesse simbolizado mais do que um simples acidente.
— Não sei, Charles. Talvez outro dia. Acho que vou ficar por aqui mesmo.
Ele assentiu com a cabeça, sem parecer ofendido.
— Tudo bem. Só não deixe de aproveitar essa fase, Lewis. Sei que é difícil no começo, mas... Vai melhorar.
Seu olhar era genuíno, como se estivesse falando de experiência própria. Ele se levantou, ajustou a jaqueta da Ferrari e me deu um leve tapa no ombro antes de se afastar.
Enquanto ele saía, eu voltei a olhar ao redor. O clima da garagem parecia mais calmo, mas ainda havia um ar de tensão no ar. Os engenheiros estavam ocupados, mecânicos iam e vinham, e Julie continuava debruçada sobre os relatórios, concentrada, mas ainda com uma expressão gentil.
Respirei fundo e decidi que precisava clarear a mente antes de ir para casa. Me levantei, peguei meu capacete e fui até Julie, que estava distraída digitando algo em um tablet.
— Julie. — Chamei, e ela ergueu os olhos azuis para mim, claramente surpresa por eu ter me aproximado.
— Sim, Lewis?
— Obrigado por hoje. Por se preocupar... — Fiz uma pausa, sentindo o peso das palavras — Comigo e com o carro.
Ela sorriu, um sorriso que parecia carregar mais do que simples profissionalismo.
— É meu trabalho. Mas, mesmo assim, fico feliz que você tenha notado. — Ela respondeu, sua voz suave, mas firme.
Houve um momento de silêncio entre nós. Por um instante, pensei em convidá-la para um café ou algo assim, mas achei que não seria apropriado. Não no primeiro dia.
— Nos vemos amanhã, então. — Disse, finalmente.
Julie assentiu, e antes que eu me afastasse, ela acrescentou:
— Lewis... Não se preocupe tanto com o que os outros pensam. Você está aqui por uma razão. Eles só precisam de tempo para perceber isso.
Assenti e suas palavras ficaram na minha mente enquanto eu caminhava para fora da garagem, sentindo o frio da noite italiana envolver meu corpo novamente.
Charles estava certo. Julie estava certa. Tudo isso era uma nova fase, e a Ferrari não seria apenas um desafio profissional, mas também pessoal.
Enquanto saía do circuito, olhei para o céu estrelado e senti uma centelha de determinação para reacender dentro de mim.
Era apenas o começo.
E eu faria cada segundo valer a pena.
E faria o vermelho parecer muito certo em mim.
OIEEEEEEE!!!
Sentiram minha falta amores? Provavelmente sim, devido aos surtos no Twitter.
Enfim, FELIZ ANO NOVOOOOOO, feliz 2025 pra todo mundo e esse ano teremos Lewis Hamilton usando um macacão vermelhooooo.
Antes de qualquer coisa: não me matem por ter feito o LH ter ficado todo borocoxô, tudo vai ser necessário para o avanço da história, e no futuro, vocês conseguir entender tudo.
Espero que tenham gostado do capítulo (até porque eu demorei pra fazer e ele ficou GIGANTE), e em breve chega o próximo (assim espero)
Tchau gente! Até depois.
Lembrem de me seguir no Twitter, sou @MIZYWINGS lá, BEIJÃO 💋💋💋
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro