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09. Grandes decisões sempre vão nos provocar algo

Uma breve história de amor

I.

Henry caminhava apressado em direção à cafeteria, teria que encontrar Alicia para organizarem um trabalho da faculdade, porém ela havia marcado para um domingo de manhã e aquele era o melhor horário para continuar na cama, segundo o Hart. Apertou a alça da mochila e dobrou a esquina da rua da cafeteria, esperava que sua amiga não estivesse muito irritada por ele estar quase uma hora atrasado, ela era incrivelmente paciente, mas para tudo havia um limite e Henry esperava não ter ultrapassado o dela.

Sorriu aliviado quando avistou a pequena cafeteria a alguns metros de distância, apertou o passo para chegar mais rápido e viu a amiga sentada na mesa em frente a janela, os cabelos ruivos e encaracolados caíam por cima dos livros enquanto ela deitava sobre os braços cruzados olhando para frente. Não parecia zangada, mas com toda a certeza a expressão em seu rosto não era de alegria. Estava tão absorto em Alicia que não notou quando outra pessoa caminhava apressada na direção oposta à sua. O esbarrão teve como resultado numerosas folhas de papel espalhadas e duas pessoas caídas ao chão.

- Desculpa, desculpa, desculpa. - Henry logo se recompôs do susto e se ajoelhou para recolher os papéis que se encontravam ao seu redor.

- Eu não vi você, me desculpa. 

O Hart levantou a cabeça para encontrar uma garota nervosa que apertava algumas folhas na mão como se o gesto aliviasse alguma frustração. Ela o encarou e Henry não conseguiu desviar o olhar por alguns segundos, os olhos dela pareciam pequenos universos castanhos que o sugavam sem resistência, porém ele logo se recompôs e levantou-se com alguns papéis em mãos.

-Também sou culpado, estava distraído.

Informou, olhando por cima do ombro dela para encontrar Alicia na mesma posição, retornou a atenção à garota e esticou os papéis para ela, em uma rápida olhada viu que se tratavam de currículos.

-Estou atrasada para uma entrevista de emprego, a dona da loja havia dito que não iria tolerar atrasos e acho que perdi minha chance, mas não custa nada ir lá tentar a sorte. - contou, rindo nervosa e arregalando os olhos após a fala. - Me desculpe por ainda estar tomando o seu tempo, eu não paro de falar quando estou nervosa e continuo até que me peçam pra parar e, nossa, estou fazendo novamente, não estou? Desculpa.

Henry riu ao vê-la sem jeito, o que a fez ficar ainda mais envergonhada e desviar o olhar para os próprios pés. Ela parecia ter a sua idade e estava curioso para saber que curso ela estava fazendo ou que outro assunto a teria levado até o Campus.

-Mais na frente você vai encontrar uma loja de doces chamada Zonkos, os donos são bem legais e estão precisando de ajuda. - apontou para o caminho de onde estava vindo. - Caso a sua entrevista não der certo, acho que eles vão gostar de você.

-Obrigada. - agradeceu, com um sorriso animado. Começou a caminhar na direção que ele havia dito, mas antes virou-se para ele. - Aliás, me chamo Charlotte.

- Henry.

Informou seu nome, trocando mais um sorriso com ela antes de vê-la se afastar, o Hart então retomou seu caminho em direção à cafeteria. Como previra chegou atrasado, Alicia não estava tão irritada e o perdoou assim que ele contou sobre a garota em que havia esbarrado e os inúmeros papéis que tinha derrubado, a ruiva riu e disse que causar uma pequena confusão era realmente a cara dele. Começaram o trabalho e passaram horas debruçados nos livros, quando perceberam já era mais de meio-dia e ainda não haviam tirado algum descanso. Resolveram que estava na hora de encerrar a manhã e irem para casa a fim de aproveitar o resto do dia.

-Você tem algo para fazer agora? - perguntou Henry, segurando a porta para a amiga e tentando controlar seu nervosismo quando a sentiu passar quase colada ao seu corpo.

-Meus planos para hoje se constituem em assistir minhas comédias românticas abraçada a um pote de pipoca. - respondeu, virando-se para ele que a encarava com olhos inquietos. - Possui outros planos, garoto do tempo?

Henry riu ao escutar o apelido, Alicia o havia chamado daquela forma desde que se encontraram pela primeira vez. O Hart estava perdido no seu primeiro dia na faculdade e ficou ainda mais quando encontrou a garota ruiva e animada que praticamente pulava pelos corredores, quando foi falar com ela não conseguira pensar em nada para dizer e quando Alicia perguntou se ele precisava de ajuda, tudo o que Henry conseguiu verbalizar foi a previsão do tempo para aquela tarde. Ele nunca havia se sentindo tão envergonhado quando a escutou soltar uma pequena risada antes de enrolar um braço ao seu e enfrentarem o início dessa nova fase juntos.

-Talvez eu tenha se você aceitar. - resolveu que naquele momento iria ser corajoso, não importasse qual seria a resposta de Alicia.

Os olhos dela brilharam e ela o encarou como se estivesse esperando por aquela resposta desde sempre. Henry sentiu seu coração acelerar, sua garganta apertar e suas mãos suarem, as escondeu dentro dos bolsos da calça jeans e esperou por uma resposta. Estava se sentindo dentro de um imenso clichê e só queria que tudo terminasse como nos filmes que Alicia adorava, com eles dois juntos quando os créditos subirem.

-Sabe que eu não vou mais te soltar depois disso, não sabe? - indagou divertida, com um sorriso provocador brincando em seus lábios.

Henry aproximou-se um passo e retirou as mãos dos bolsos, Alicia cruzou os braços nas costas e deu um passo à frente, os dois ficaram cara a cara e o Hart inclinou a cabeça para ficar mais próximo dela.

- Então por todos esses anos você estava me dando espaço? 

Perguntou irônico a vendo revirar os olhos dramaticamente, então Alicia ficou na ponta dos pés e Henry poderia jurar que sentiu o tempo parar ao redor deles. Se perdeu nos olhos cor de mel que brilhavam travessos, nas claras sardas do nariz delicado e nos lábios rosados que se entre abriram à espera de uma decisão. Acabou com a distância que os separava, esquecera quantas vezes sonhara com aquele momento, quando finalmente sentiria Alicia entre seus braços e teve a certeza de que a realidade explodira suas expectativas. 

Quando passou um braço ao redor da cintura dela, a puxando para mais perto, esqueceu de onde estava e até de quem era, se perdeu no toque de Alicia, nas mãos carinhosas e delicadas que seguravam seu rosto, passavam por sua nuca, apertavam seus braços. Entregou seu corpo à ela assim como seu coração já havia se entregado há dois anos antes quando se encontraram pela primeira vez. Henry Hart mal poderia esperar para saber quais seriam as consequências daquele beijo. Estava feliz e torcia para que os créditos demorassem a subir, para que ele e Alicia ainda terem muito tempo de tela.

II.

Charlotte batia as unhas contra a bancada com a mão esquerda enquanto com a direita rolava o feed de uma rede social em seu celular. A loja de doces estava parada, era uma quarta-feira a tarde normal, ou seja, poucas pessoas passavam por ali e provavelmente o maior movimento que o local teria ao fim do dia seria o grupo de crianças que passara pela manhã após um passeio escolar. O som ritmado que suas unhas provocavam a distraía um pouco do que atormentava sua mente, Jackie não havia dado notícias desde o dia anterior, o que era um grande sinal vermelho já que ele fazia questão de falar com ela todos os dias.

Seu namorado estava viajando com a banda da qual fazia parte, sua vida virara de cabeça para baixo após um caça talentos os ouvir tocar em um festival organizado pelo campus. Jack então largara tudo, seu curso em administração, a casa que alugava com outros dois amigos da banda e Charlotte. Sendo sincera, ela entendia a felicidade do namorado e a apoiava, e também sendo justa com ele, Jack a convidou para acompanhá-lo. A garota parou de bater as unhas e baixou a tela do celular contra o balcão de madeira, a vontade de estar com o Swagger a dominava, porém não iria deixar para trás a bolsa que lutou tanto para conseguir e sua família, simplesmente não conseguiria.

O tilintar dos sinos da porta de entrada a tirou de seus pensamentos e a avisou da chegada de um cliente. Um garoto alto e um pouco desastrado entrou, ela sabia desse detalhe por ele ter derrubado uma pilha de barrinhas ao passar por uma prateleira. Ele estava com o capuz puxado sobre o rosto, o que a deixou prontamente alerta. Charlotte tateou a prateleira que ficava abaixo do balcão sem tirar os olhos do garoto estranho, ele andava de cabeça baixa analisando todos os doces por quais passava, parecia a procura de algo e aquilo a fez fechar a mão ao redor do taco de beisebol que sempre mantinha por perto.

- Posso ajudar?

Perguntou em alto e bom som, ele se assustou e levantou a cabeça, assim que seus olhares se encontraram ela sentiu que o conhecia de algum lugar. Os olhos que continham um ar brincalhão sem ele precisar sorrir, o rosto fino e os fios claros que escapavam pelo capuz a fizeram lembrar alguém. 

- Eu aceitaria, para ser sincero. - respondeu, aproximando-se dela enquanto Charlotte ainda mantinha a mão firmemente apertada ao redor do taco. - Hoje é aniversário da minha sogra e ela é louca por doces, só que eu não faço a menor ideia do que comprar pra ela.

- Por isso você parece perdido. - murmurou meio aliviada.

- Hum? 

- Nada. - abanou a mão, que finalmente soltara do taco, como se não fosse grande coisa. Apoiou os cotovelos no balcão e o encarou animada. - Primeiro aniversário dela como sogra?

Ele riu sem jeito, levando a mão à nuca, Charlotte somente o encarava curiosa, amava uma boa história e ela estava entediada.

- Na verdade sim, todos os outros haviam sido como amigo da filha dela. 

Ficou feliz por ele querer conversar, algumas das pessoas que passavam por ali não paravam um segundo para falar com ela. A Page gostava de pessoas e das histórias que vinham com elas, por isso se dava tão bem no curso de Jornalismo e sua coluna no jornal oficial do campus crescia em reconhecimento a cada mês. Nunca imaginou que alguém iria se interessar por relatos pessoais de desconhecidos, mas estava fazendo sucesso e a trazia um grande orgulho.

- Pois você deve levar algo não muito exagerado, porém nem simples de mais. - aconselhou, afastando-se do balcão para dar a volta até ele. - Que tal uma cesta de trufas? Ou um café da manhã doce? Temos também uma mini cesta de barrinhas com licor ou de chocolates sortidos? Quem sabe ela pode gostar de bolinhos!

Segurou um pequeno pacote nas mãos, sorrindo alegremente para ele que a observava surpreso. Charlotte se encolheu um pouco, sempre ficava animada quando pediam sua opinião sobre qualquer assunto possível e às vezes exagerava na dose. Jack dizia que ela atravessava uma linha para o mundo da loucura, o que a fazia desacelerar um pouco seus pensamentos e tentar ficar mais centrada.

- Desculpe, eu falo de mais quando me empolgo.

- Mais uma situação para a lista então.  

Ele riu, mas não foi de maneira debochada. Charlotte franziu a testa confusa tanto pela fala quanto pela reação dele, inclinou a cabeça como se assim conseguisse lembrar da onde o conhecia, pelo visto aquela técnica havia funcionado já que um nome veio claramente em sua mente.

- Henry! - arregalou os olhos após o nome dele ter saído alto de sua boca, ele riu novamente e Charlotte sentiu suas bochechas esquentarem. 

- Oi, Charlotte. - saudou animado, apoiando as costas no balcão e a encarando com um sorriso divertido, era como se ele estivesse adorando suas reações.

- E você me fazendo acreditar que era um ladrão. - guardou o pacote de bolinhos no lugar e caminhou até ficar mais perto dele. - Eu quase te bati com um taco. - informou, cruzando os braços impaciente, mas logo lembrou de onde estava e abriu um sorriso agradecido. - Obrigada pela dica de emprego.

- Você com toda a certeza combina com esse lugar. - garantiu, ela sentiu que tinha mais por trás das palavras, mas resolveu deixar para lá. - Agora sobre o presente.

- Ah, claro. - bateu palmas, sentindo sua energia inicial voltar. - Você precisa arrasar nesse aniversário, causar uma primeira impressão é tudo. Os pais do Jack me amam mais do que amam ele.

- E ele sabe disso? - indagou, com um ar de riso.

- Não precisa ser dito, está no ar. - balançou os dedos em frente ao rosto, provocando uma gargalhada de Henry. Ela gostou do som da risada dele, era calma e contagiante.

- Estou nas suas mãos, Charlotte. 

- Então vamos impressionar uma sogra.

O puxou pela manga do moletom para um corredor à direita. Mudou seu pensamento, Henry estava sendo mais interessante que as crianças pela manhã.

III.

Henry andava de um lado para o outro sem saber se entrava dentro da igreja ou não, Alicia estava sendo madrinha em um batizado da filha de uma prima naquele exato instante, os dois haviam discutido e o Hart tinha decidido não ir para não criar um clima. Porém ele não conseguia ficar tanto tempo longe de Alicia, estavam há quase dois dias sem se falarem direito, nada além de frases educadas seguidas de uma polidez que o deixava ainda mais irritado e se sentindo mal.

Tamborilava a ponta dos dedos na lateral da coxa, a igreja simples e pintada de um branco que refletia a luz do sol estava a alguns metros à sua frente, só bastava ele dar alguns passos e estaria ao lado dela novamente. Mas o que dizer para alguém que se ama que não queria realmente dizer que morar com ela era precipitado, que ele realmente não queria ter dito que ela era imprudente em relação à certos assuntos e que ele faria de tudo para que conseguissem passar por isso juntos. 

- Parece que você está a ponto de ser executado.

Virou o rosto para a esquerda, encontrou Charlotte o encarando com o olhar curioso de sempre, em seus braços estava uma caixa de papelão fechada. Não a via há muito tempo, desde que ela pedira demissão da Zonkos e ela também não atualizava suas redes sociais com frequência, então eles praticamente não se falavam.

- O que você está fazendo aqui?

- Eu que deveria fazer essa pergunta.

Afirmou, o dando as costas para caminhar em direção à um banco que estava próximo. Henry a seguiu e sentou ao seu lado, a caixa de papelão fechada entre eles.

- Vai para onde?

- Levar essa caixa para dar uma volta, ela estava tão triste, coitada. - respondeu em um tom melancólico, acariciando a caixa e arrancando uma risada anasalada dele. - Na verdade estou de mudança.

- Como assim?

- Vou morar com o Jack, meu namorado, em outra cidade.

- Um grande passo. - comentou, a olhando surpreso.

- Um muito grande. - um suspiro resignado saiu de seus lábios. - Mas às vezes temos que nos jogar de cabeça em algumas situações.

Henry olhou para a igreja, estava hesitante entre ir atrás de Alice ou esperar que ela desse o primeiro passo. Não poderia mentir para si mesmo e negar que o medo dela seguir em uma direção contrária à sua não o dominava.

- E como se tem certeza de quando é a hora certa de se jogar?

- Não se tem, na verdade acho que nunca vai parecer ser a hora certa. - afirmou, capturando novamente a atenção dele. - Se fazemos tudo sem sentir nada quer dizer que o que estamos fazendo não tem importância. Sentir medo, receio, nervosismo é normal; todas as nossas grandes decisões vão provocar algo na gente.

- Então você está se jogando com medo, mas torcendo para que ele a pegue?

Charlotte riu, uma risada suave e meio divertida.

- Eu não preciso que alguém me pegue, Henry. Só preciso de alguém que segure minha mão e pule comigo. - garantiu, levantando-se lentamente do banco. - Se você ama alguém, não deixe que a chance de estar com essa pessoa escape por entre seus dedos.

- Não depende só de mim, Charlotte. - falou meio abatido.

- Em um relacionamento nunca vai depender só da gente. Não podemos tentar fazer tudo, lutar por tudo se o outro não se esforçar também. Mas podemos dar o primeiro passo quando soubermos que está na hora de pular. - levantou a caixa que estava em suas mãos como um exemplo. - Até depois, Henry.

- Espero que dê tudo certo, Charlotte. - desejou sincero.

- Eu também. 

A viu se afastar em direção ao outro lado da rua, mas logo voltou seu olhar para a pequena igreja. Ficou um pouco aliviado quando viu Alicia parada à porta lateral, ela estava de braços cruzados e um pequeno sorriso triste enfeitava seu rosto. Henry se levantou rapidamente, dando o primeiro passo em direção à ela.

IV.

Charlotte inspirou fundo, a mão esquerda sobre o estômago e a cabeça tombada para cima. Piscava rapidamente tentando impedir as lágrimas de caírem, sabia que se começasse a chorar não iria conseguir parar tão cedo. Sentia um gosto forte em sua boca e seu estômago embrulhar, não sabia se iria vomitar ou ter uma dor imensa de estômago.

- Por que sempre nos encontramos em situações difíceis pelo menos para um de nós?

Escutou a voz grave e risonha à esquerda, virou o rosto e encontrou alguém que não via há muito tempo. Ele sorria para ela de uma maneira tão calma que Charlotte se sentiu relaxar automaticamente.

- Não faço ideia de como responder a essa pergunta.

Admitiu, abrindo um leve sorriso. Desceu alguns degraus para se aproximar dele, a barra de seu vestido laranja claro balançando ao vento suave que passava entre eles.

- O que você está fazendo do lado de fora do cartório?

Mordeu o lábio inferior, olhando sobre o ombro para a construção imponente de onde entravam e saíam algumas pessoas. Encarou Henry, dando de ombros ao dizer:

- Estou tentando me casar.

- Tentando?

- Ainda não sei se quero. 

- Casar?

Revirou os olhos infantilmente para a expressão confusa que tomou conta do rosto dele. Não estava irritada com Henry, estava na verdade impaciente consigo mesma por ainda não ter entrado. Não sabia o que a estava impedindo.

- Eu quero me casar, só não sei se quero que seja hoje.

- Seu noivo sabe disso?

- Ele está lá dentro esperando a minha decisão. - informou, olhando para o degrau da escadaria e decidindo se sentar.

Henry seguiu seu gesto e colocou as sacolas que trazia nas mãos de lado, sentando-se perto dela.

- Sabe, há muito tempo atrás alguém me disse que as grandes decisões sempre vão nos provocar algo.

- Deve ter sido uma pessoa muito sábia que lhe disse isso. 

Henry riu antes de continuar.

- Essa pessoa extremamente sábia. - a empurrou com seu ombro conseguindo um sorriso dela. - Ela estava certa. Grandes decisões são assustadoras, Charlotte, mas nem por isso deixam de ser incríveis. Se temos alguém ao nosso lado, alguém que segure nossa mão, dar o primeiro passo em direção ao novo não é tão assustador assim.

Ela parou para pensar a respeito do que ele falava. Jack queria pular com ela, se jogar nesse novo desconhecido se não, não teria feito o pedido no meio de um show lotado para inúmeras pessoas presenciarem. Charlotte queria estar com ele, queria construir uma vida ao lado do Swagger, escrever um novo capítulo de uma história só deles. Por isso havia se mudado para outra cidade, trocado de faculdade e retornado somente para que sua família não perdesse esse passo tão importante de sua vida.

Soltou o ar lentamente e se levantou, limpando a parte de trás do vestido e encarando Henry de maneira decidida. Ele ficou a sua frente, a olhando em uma clara expectativa.

- Acho que está na hora de pular.

- Estou torcendo para que dê tudo certo. 

- Eu também. - sentiu um pequeno dejavu ao falar, mas balançou a cabeça para levar para longe o sentimento de hesitação que ainda estava lá no fundo de sua alma.

- Parabéns, Charlotte.

- Eu ainda nem casei. - fez uma careta que arrancou outra risada dele.

Gostava de ver que Henry não havia perdido o riso fácil que ela tanto gostava. Se sentia mal por não terem mantido contato, mas iria dar um jeito nisso mais tarde.

- Mas vai.

- Mas vou. 

Concordou, se despedindo dele antes de subir correndo a escadaria. Estava na hora de se casar. Parou com a mão ao redor da maçaneta, nunca pensou que falaria aquilo, mas ela realmente iria se casar. Abriu a porta em um impulso e seguiu em direção ao seu destino.

V.

Uma garotinha de seis anos rodava no gira-gira, seu cabelo acobreado preso em duas tranças, alguns fios se soltaram e grudavam em seu rosto úmido de suor. Ela tomava impulso e depois corria para sentar e rodar, seu rosto enfeitado por sardas claras e um sorriso enorme. Ao longe seu pai observava tudo atentamente, mas por vezes se pegava preso em seus próprios pensamentos e encarava o céu pintado em um tom de aquarela do fim de tarde.

Um garotinho de quase cinco anos correu em direção à menina, ele vestia um suéter cinza e parou um pouco afastado do brinquedo. A garotinha esperou o brinquedo parar e logo o chamou para brincar também. O garotinho de cachos escuros abriu um sorriso que mostrou suas covinhas, ele deu alguns pulinhos para se aproximar dela e aceitou a ajuda para sentar no gira-gira.

A mãe da criança observou encantada e sem perceber sentou na ponta do banco que estava sendo ocupado pelo pai da garotinha. Ela riu quando ouviu a gargalhada de seu filho, o som de sua risada chamou a atenção do homem ao seu lado. Ele olhou para ela e depois para as crianças, mas logo retornou sua atenção à ela e inclinou a cabeça surpreso quando a reconheceu.

- Charlotte.

O nome saiu de seus lábios com facilidade, ela virou o rosto e só demorou alguns segundos para reconhecê-lo. O sorriso em seu rosto aumentou e ela se aproximou alguns centímetros dele.

- Henry.

Não se viam há muito tempo, ela havia prometido a si mesma que iria manter contato; porém os anos passaram e mesmo se seguindo nas redes sociais, os dois não conversavam com frequência e o contato que tanto queriam manter acabou se perdendo no meio do caminho.

- Ele está enorme, a última foto que vi dele, ele não parecia tão grande.  

- Eles crescem muito rápido. Já está com quase cinco anos. - comentou, observando a menina que girava o brinquedo e logo pulava para sentar perto de seu filho. - Ela ainda tem o mesmo sorriso das fotos, mas faz tempo que não vejo nada em seu perfil.

- É, faz anos que não posto nada. Mais precisamente dois. 

Charlotte notou como o semblante de Henry ficou fechado, queria perguntar o que havia acontecido, mas estava com medo de parecer ser muito intrometida.

- Como está a Alicia? - lembrava que esse era o nome da namorada dele e se não estivesse enganada, a menininha ruiva se chamava Amélia. 

Henry soltou um suspiro triste e coçou a nuca sem jeito.

- Ela faleceu há alguns anos.

- Sinto muito. - pediu apressada, não poderia imaginar que algo assim teria acontecido. - Pode soar vazio, até porque faz anos que não nos vemos, mas eu realmente sinto muito, Henry.

Ele não recuou a mão quando ela a cobriu com a sua, nem desviou o olhar do chão quando falou.

- Obrigada. - agradeceu, a voz em um sussurro. - Fez dois anos na semana passada, as vezes sinto que já tem uma eternidade, em outros dias parece que foi ontem. É estranho como nossa vida é tão frágil que pode mudar em um piscar de olhos.

Assentiu e permaneceu calada, até porque não sabia o que dizer. Nunca havia sido boa em prestar condolências e temia abrir a boca e começar a falar sem parar sobre assuntos aleatórios.

- E o Jack, está tudo bem? 

Retirou sua mão de cima da dele, cruzando os braços e encarando as crianças. Henry notou a mudança da linguagem corporal e sentou de lado para ficar de frente para ela.

- Nós nos separamos faz um pouco mais de um ano, voltei pra cidade porque estava sendo bem difícil criar o Jason sozinha. - confessou, notando que era a primeira vez que realmente admitia aquilo. - Sempre esperam que a mãe saiba o que fazer, que pode com tudo e nunca reclame. Mas eu estava sozinha, em uma cidade estranha, com uma criança pequena e um emprego estressante. O Jack viaja em turnê direto e não fica muitos dias com o Jason, estava bem difícil antes mesmo da gente se separar. Então eu dei um fim, tentei ficar um tempo lá, mas estava tudo ficando muito pesado e aqui eu tenho a minha família e os meus amigos. A ajuda é diferente.

O encarou, aliviada por encontrar cumplicidade em seu olhar. Henry entendia como ter a ajuda de quem realmente se importava com você era importante, principalmente no cuidado de uma criança.

- Entendo o que você quer dizer. Não sei se conseguiria passar por tudo após a morte da Alicia sem a ajuda da minha família. - soltou um suspiro trêmulo. - Minha irmã, a Piper, sempre diz que eu daria conta de tudo, mas sendo sincero, eu prefiro ter eles ao meu lado.

- Super compreendo. - afirmou, trocando um sorriso com ele. - Meu amigo Jasper fala que sou extremamente forte e tiro de letra lidar com tudo, só que às vezes eu não quero ter que lidar com tudo. Só quero poder reclamar sem me olharem torto, falar em voz o quanto estou cansada, brigar com o Jack por esquecer os passeios do Jason, não escutar julgamentos quando falar que ser mãe é difícil e muitas vezes estressante. E que não, eu não preciso de um homem para conseguir criar bem o meu filho, algumas vezes só preciso de um apoio ou alguém que me escuta em silêncio!

Desabafou, sentindo seus ombros ficarem mais leves, escorregou no banco e esticou suas pernas, nas pontas brancas de seus tênis tinha sido desenhadas nuvens e um sol, obra de seu filho. Balançou os pés, até que ele desenhava bem para uma criança da de quase cinco anos. Olhou para o lado quando lembrou que não estava sozinha, Henry a encarava com um sorriso no rosto.

- Esqueci o quanto você gosta de falar. - provocou, a vendo revirar os olhos dramaticamente. 

- Você que fala de menos. - resmungou, sorrindo quando ele a cutucou no ombro.

- Que tal levarmos as crianças para a sorveteria da esquina, lá tem um playground e podemos conversar melhor.

Henry tinha um brilho diferente no olhar, algo que fazia o coração de Charlotte esquentar. O Hart tentava não deixar transparecer seu nervosismo, não sabia o motivo, mas queria muito que charlotte aceitasse passar mais um tempo com ele.

- Tudo bem. - aceitou o convite, levantando-se rapidamente e logo chamando seu filho.

Henry fez o mesmo e as duas crianças apareceram correndo. Amélia parou ao lado do pai, observando Charlotte com um olhar curioso enquanto a mulher arrumava a blusa do filho. Jason lançava olhares de relance para Henry e quando foi solto pela mãe, se escondeu atrás de suas pernas.

- Diga oi ao Henry, querido. - Charlotte pediu à criança que somente deu um leve balançar de cabeça.

O Hart sorriu para Jason e puxou Amélia pela mão.

- Essa é a Charlotte, abelhinha.

- Oi. - Amélia estendeu a mão em um cumprimento formal.

A Bolton sorriu para a garotinha e aceitou o cumprimento, fazendo uma leve reverência que a fez abrir um sorriso.

- Vamos tomar sorvete? - Charlotte convidou as duas crianças que assentaram animadas.

- Na sorveteria da esquina, papai? - Amélia indagou apressada, não dando tempo para o pai responder e logo puxando Jason pela mão.

- Não se afastem!

Henry pediu, vendo a filha diminuir o passo e começar a andar enquanto conversava com o mais novo. Charlotte começou a andar ao seu lado, as mãos escondidas nos bolsos do casaco e a mente a mil por hora.

- Então...

- Então... 

Trocaram um olhar desconcertado e logo caíram na risada. Era estranho estarem sem saber como agir ao lado do outro, em todos os momentos que se encontraram parecia que se conheciam a uma vida, mas agora ali estavam, dois adultos envergonhados sem saberem o que falar.

- Essa sorveteria tem sorvete de menta com chocolate? - a mulher perguntou realmente interessada.

- Tem, mas prefiro de baunilha. - Henry se assustou quando escutou o arquejo indignado dela.

- Logo o sabor menos interessante?

Ela estava realmente indignada e aquilo o fez gargalhar, logo começou a defender seu sabor preferido rindo a cada comentário dela. O céu era pontilhado aos poucos pelas estrelas, o anúncio de uma nova noite e talvez de uma nova história. 

...

Essa foi com toda a certeza a maior one que já escrevi, mais de 4.800 palavras. Espero que não tenham se cansado.

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