⋆ཻུ✧ TWENTY SEVEN་༘࿐
Por um momento, só olhei para Hinata, mordendo meus lábios com tanta força que senti o gosto de sangue, lancei um olhar para minhas mãos e notei que elas estavam tremendo levemente. Cantar...
Cantar era o que mais amava, eu tinha certeza. Cantar era como respirar, quase instantâneo. Cantar era tudo para mim, até que destruíram isso.
Pisquei os olhos, apertando minhas mãos em forma de punhos. Cantar é a melhor coisa que aconteceu na minha vida, então por qual motivo eu não conseguia fazer aquilo agora?
Ah, sim... As críticas, o jeito que ridicularizaram minha voz na frente de todo o país sem se importar com o que isso causaria a uma garota de dezoito anos que só queria ser feliz fazendo o que mais amava.
─ Eles vencem.─ Murmurou Hinata, seus olhos atentos fixos em mim.─ Falam muita coisa sobre você, se deixar de cantar só por causa disso, eles vencem.
Pisquei os olhos. Ele estava certo. Asuna já havia me dito aquilo mas o buraco que eu havia me enterrado era tão grande que...
Lentamente, peguei o papel nas mãos de Hinata, não era necessário ler, já que eu havia escrito e claramente me lembrava de cada letra ali.
─ A noite chega, no céu as estrelas brilham.─ Cantarolei no ritmo que secretamente havia feito com ajuda de J, uma produtora que havia nos auxiliado nas criações das nossas músicas.─ Iluminada pelo luar, você
consegue ver os corvos voando pelo céu!
Os olhos de Hinata só ganhavam mais brilho conforme minha voz deslizava pelas notas, moldando a melodia e dando vida ao que escrevi com o objeto de animar os garotos, com certeza a música mais agressiva que já fiz. Em dado momento, franzi o cenho e me inclinei na direção do garoto, parando de cantar.
─ Essa parte aqui ficaria melhor na voz da Asuna.─ Falei a ele. Hinata piscou os olhos, antes de ler rapidamente o que eu apontava no papel. Ele riu, se virando para mim com um sorriso enorme.
─ Obrigado, Yeji!─ Não demorou para o garoto estar me abraçando com força. Sorri para ele, retribuindo o enlace.
Eu que deveria estar o agradecendo. Graças à esse solzinho ambulante que posso tomar coragem para dar um fim a tudo isso...
Cantar e dançar é a única coisa coisa que sei fazer, não vão tirar minhas maiores armas contra eles e eles vão ver isso...
─ Você tava cantando!─ Gritou Asuna, não demorando para se jogar em cima de mim, se não fosse por Sugawara que a puxou levemente para longe, com certeza estaria beijando o piso.
─ Ela cantou pra mim!─ Gritou Hinata em resposta, saltando na frente de Kageyama que fez uma careta para ele e arriscou me lançar um olhar de canto. Sorri para ele, acenando.
─ Você cantou!─ Exclamou Asuna mais uma vez. Sorri para ela e abracei com força.
─ É, eu cantei.─ Murmurei baixinho. A garota soltou uma risada, e ela não podia ter falado mas eu sabia que Asuna estava orgulhosa de mim.
Quando nos separamos, não demorei para encarar Sugawara com uma pergunta clara e ele só piscou os olhos, balançando levemente a cabeça. Tudo bem, então o garoto estava bem...
─ Isso é estranho, ─ De forma lenta, me virei para trás e me deparei com Asahi ao lado de Daichi.─ somos os amigos dela e ela não cantou nada pra gente.
Torci o nariz para ele, sentindo seu tom de brincadeira quando me aproximei e acertei um tapa nele.
─ Eu não prometi nada a vocês, então pode ir parando.─ Chiei. O garoto alto apenas riu, dando alguns tapinhas no meu ombro. Daichi estava em silêncio, mas eu podia sentir seus olhos castanhos em mim. Então quando Asahi foi arrastado para um outro lugar pelo Nishinoya, não fiquei surpresa por ele se pôr na minha frente, espreitando levemente os olhos.
─ Você tá bem?─ Encolhi os ombros, balançando a cabeça.
─ Eu que deveria tá te perguntando isso, você que perdeu um jogo.─ Murmurei. Os olhos do garoto pareceu suavizar quando sorriu, guiando as mãos para meus ombros e os mexendo levemente.
─ Sim, mas também sei que você se escondeu no banheiro.─ Fiz careta para ele. Como ele sabe disso?─ Você é bem previsível, sabia?
─ Isso é um elogio?
─ Não sei, acabei de perder um jogo, será que posso te elogiar?
Acertei um tapa nele, tão forte que o fez chiar.
─ Você é um babaca, Daichi Sawamura.
Ele piscou os olhos, puxando meus ombros para que eu ficasse mais perto dele e não demorou muito para o garoto estar me abraçando, enterrando o rosto em meu pescoço enquanto meus braços rodeavam seu torso.
─ Por que a vida é tão cruel comigo? Todo mundo tá recebendo abraço e beijo! Eu também perdi! Também mereço um abraço de uma garota bonita!
Me afastei de Daichi, lançando um olhar feio de Tanaka que não parava de fazer drama, sendo consolado por Nishinoya e Hinata.
─ Que inferno! Tanaka, se quer a porcaria de um abraço, é só pedir, seu imbecil!
No dia seguinte, eu me encontrava no que imaginava ser a Aoba Johsai. O dia havia sido cheio, pela primeira vez desde que criei laços com o pessoal do time de vôlei, tive uma conversa com Kiyoko e foi para arrumar uma forma que ela pudesse ajudar o time de vôlei, mesmo que nós estivéssemos muito perto de nos formar. Não sei porquê ela pedir minha ajuda e não a de Asuna, com certeza a de cabelos rosas daria ideias muito melhores que as minhas, afinal não é como uma nova gerente pudesse ajudar muito.
Encolhi os ombros, apertando a alça da minha bolsa e me senti culpada por ter dado um grandíssimo perdido em Asuna no final das aulas. Ela me bateria quando chegássemos em casa e me bateria ainda mais depois de saber o motivo que simplesmente fugi dela e dos garotos.
─ Yeji?─ Pisquei os olhos, girando os calcanhares para fitar Iwaizumi que me olhava completamente confuso. Acho que me encolhi ainda mais debaixo de suas orbes afiadas.
─ Oi...─ Acenei levemente com uma mão. Notei que ele tinha uma bola em uma mão. Acho que o time acabara de chegar ali, depois de perder mais uma vez para a Shiratorizawa...
Deus, eu não conseguia imaginar o jeito que eles deveriam estar se sentindo. Talvez, da mesma forma, que os outros garotos, acho que até pior, soube pelo murmúrio de alguns alunos que eles perderam para o Shiratorizawa durante todo o maldito ensino fundamental.
O impacto dessa derrota deveria beirar o cruel. Meus olhos já estavam cheios de lágrimas quando me forcei sorrir para o garoto de cabelos marrom-escuro.
─ Desculpa, pode parecer grosso, mas o que está fazendo aqui?
Pisquei os olhos, desviando o olhar. A grama daquele colégio era tão viva, como eles conseguiam fazer aquilo?
─ Vim quando eu soube.─ Respondi com um fio de voz. Iwaizumi entreabriu a boca, um pouco surpreso. Mas não demorou para ele abrir um sorriso suave.
─ Tá todo mundo na quadra.─ Ele indicou para que eu o seguisse e o fiz.
Mordi os lábios quando vi a situação de todos os garotos na quadra. Culpa pesou nos meus ombros ao pensar que meus amigos estavam daquela mesma forma e eu estava mais preocupada em chorar, escondida em algum banheiro.
─ Yeji-chan...─ Murmurou Oikawa, assim que me viu. Sua voz chorosa quase me fez chorar também mas me mantive forte. Eu precisava daquilo... Não consegui ajudar meus amigos mas o Oikawa, ele, eu ia conseguir ajudar.
Devia isso a ele e a mim mesma...
Não demorei para tirar minha bolsa do ombro e a deixar em um canto, me aproximando de uma cesta de bolas, pegando uma, virando-me para o levantador.
─ Quer que eu jogue a bola para você?
Oikawa piscou os olhos, seus olhos começaram a lacrimejar quando balançou a cabeça, indicando que sim. Sorri para ele e não demorei a jogar a bola acima de sua cabeça, vendo-o fazer um levantamento perfeito para o garoto com o cabelo em forma de nabo.
Acho que, no final, sou agradecida a Oikawa, pois foi ele que me fez perceber que nem tudo estava realmente perdido. Talvez ainda tivéssemos fãs por aí, pessoas que adoravam nossas músicas e sentiram orgulho pela nossa coragem de expor a podridão daquela empresa...
Talvez eu ainda consiga cantar e dançar com felicidade para pessoas que me admiravam.
Talvez ainda podemos ser estrelas...
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