⋆ཻུ✧ THREE་༘࿐
Aquele Sugawara era gentil. Ele nos levou até a diretoria e aproveitou para apresentar algumas coisas do colégio no caminho. Asuna estava animada, não parava de perguntar um monte de coisas ao garoto e um sorriso brotou em seu rosto quando ele disse que havia um clube de música, mas só não sabia se tinha vaga ainda. Não pude deixar de encolher os ombros com a resposta.
Apesar de tudo, eu ainda era apaixonada pela música. Ainda olhava para minha guitarra e desejava seguir as composições de Asuna enquanto a tocava. Só que, simplesmente não conseguia mais sequer encostar um dedo nela. Era apenas um toque para que eu lembrasse dos holofotes em meu rosto, dos olhos fixos em mim, julgando e os gritos enfurecidos.
Senti um cutucar no meu ombro. Pisquei os olhos, erguendo levemente a cabeça, me deparando com os olhos azuis de Asuna. Eles brilhavam de animação quando ela balançou um papel na minha frente. Não demorei para segurá-lo e torcer o nariz, desgostosa.
─ Por que você tá sorrindo? Estamos em salas diferentes.─ Tive vontade de jogar Asuna de alguma escada quando ela deu de ombros, os cabelos balançando no momento que balançou levemente a cabeça, seu olhar indo para uma das janelas próximas da gente.
─ Sei lá, assim você faz amizades e para de fazer essa cara.─ Abri a boca para respondê-la mas, ela me encarou com um sorriso enorme, começando a dar passos para trás.─ A gente se vê no recreio!─ Asuna estava começando a se virar quando parou e apontou o dedo acusadoramente na minha direção.─ E para de ser uma Jinx!
Desgraçada!
Grunhi algo incompreensível, batendo o pé no chão para controlar minha vontade de chutar o lixo ao meu lado.
Inacreditável! Primeiro, a gente promete que nunca vai deixar uma na mão e agora, ela tá lá saltitando para longe de mim como se fosse uma princesa da Disney.
Encolhi os ombros mais uma vez, lançando um olhar pro papel nas minhas mãos. Tá legal... Eu acho que consigo achar minha sala antes do intervalo.
Mal dei um passo e o som estridente do sinal soou por todo o colégio, anunciando que as aulas já iriam começar. Choraminguei, dando passos hesitantes pelo corredor, com a cabeça erguida para analisar as placas acima das portas em busca da turma três.
Todos ainda olhavam para mim quando me sentei na penúltima banca em frente de um garoto que parecia velho demais para estar ali com aquela barba e cabelos castanhos longos.
Lentamente, retirei meu caderno e livro da minha bolsa antes de novamente encolher os ombros, me afundando na cadeira de plástico. Não fazia nem dois segundos mas eu já odiava ser a garota nova, não bastava ter gaguejado e ficado com o rosto todo vermelho por todos estarem me olhando, parecendo de julgar. Eu já estava esperando os xingamentos quando alguém notasse que era a Jinx no momento que o professor me pediu para sentar.
O homem vestido de um moletom verde bateu palmas, todos se viraram e finalmente pude respirar, sabendo que não havia ninguém para julgar o que eu estava fazendo naquele momento. No momento que o professor começou a falar e a escrever no quadro, cruzei os braços por cima da mesa e enfiei minha cabeça no meio deles, rezando em silêncio para que o intervalo chegasse o mais rápido o possível.
Não se passou nem uma hora e eu só queria me esconder em algum lugar com a Asuna, fingir que os olhares negativos na minha direção são apenas uma impressão minha e nada além, fingir que não estou aqui no interior enquanto meus pais lidavam com o que minhas ações causaram. Fechei os olhos com força e só...
Alguém cutucou timidamente meu ombro. Pisquei os olhos, erguendo a cabeça e pondo a mão na boca rapidamente, sabendo da minha péssima mania de babar quando estou dormindo. Pisquei meus olhos mais uma vez, ainda tentando me localizar quando vi que quem me cutucava era aquele garoto de barba. Ele arregalou levemente os olhos e encolheu os ombros quando viu que eu estava acordada. Suas bochechas ficaram vermelhas enquanto ele abria e fechava a boca, parecendo procurar palavras.
─ É, hum, bem, o sinal tocou.─ Ele gesticulou, desviando o olhar. Balancei a cabeça, guardando rapidamente minhas coisas dentro da bolsa e me levantando, passando a mão por minhas saias.
─ Obrigado.─ Me curvei levemente. Ele piscou os olhos, um pouco surpreso.
Praticamente corri para a porta. Eu precisava encontrar Asuna e... Uma mão segurou minha cintura e eu segurei fortemente a camisa de alguém, assim que esbarrei em alguma pessoa e quase, muito quase, fui ao chão. Respirei fundo, erguendo a cabeça e... Olhos castanhos. Não castanhos tipo aquele castanho tão escuro que era capaz de ocultar as pupilas igual ao meu, era um tom mais como café quente que você toma em uma manhã fria.
─ Você tá bem?─ Ele perguntou, parecendo preocupado com as sobrancelhas franzidas. Pisquei os olhos, sentindo suas mãos me puxarem levemente para que ficasse retinha no chão.
─ O quê?
─ Você está bem?
Ah, ah... Balancei a cabeça repetidamente, indicando que estava bem, mesmo que talvez um pouco tonta demais por causa dos seus olhos. Balancei a cabeça novamente, dessa vez para afastar pensamentos que não deveriam estar ali.
Recuei alguns passos, murmurando alguma desculpa antes de voltar a correr pelo corredor. Mas, lançando um último olhar para trás, vendo aquele mesmo garoto me fitando com o cenho ainda franzido, mordi os lábios e virei o corredor.
Droga, não acredito que é o primeiro dia e já conseguimos esbarrar em duas pessoas como duas imbecis!
Me inclinei, enfiando a moeda na máquina e apertando um botão com rapidez. Dei alguns passos para trás, meus braços cruzados abaixo dos meus seios, esperando que a porcaria do meu leite fosse liberado.
Desisti de procurar Asuna nos primeiros quinze minutos. Sabia muito bem que ela estaria andando por aí com os novos amigos que com certeza fez em menos de dois minutos. Asuna era bonita, alegre, gentil e sorridente. Todos querem estar perto de uma pessoa assim. É, tipo a mesma coisa que acontece com os planetas, todos sempre giram em torno do sol como se fossem atraídos por ele ou algo assim, não sei muito bem, já que faltei minhas aulas para praticar dança e guitarra. Um barulho me fez me inclinar na direção da máquina e agarrar meu leite. Eu estava pronta para voltar à minha sala quando ouvi passos.
─ É o último.─ Pisquei meus olhos, franzindo o cenho ao analisar o garoto de cabelos preto-azulados que observava a máquina de bebida na minha frente, o coitado parecia ter acabado de receber a notícia que alguém havia morrido.─ É o último...
De repente, seus olhos estavam fixos em mim, na verdade, fixos no que eu segurava. Recuei um passo, um pouco assustada. Aquele garoto era mais alto do que eu e digamos que eu não era considerada uma garota baixa com meu um metro e setenta. Pelo uniforme, acho que ele era do primeiro ano. Primeiro ano e já estava me fazendo querer correr para as colinas com aquele olhar.
Recuei mais um passo. E ele ergueu a cabeça. Ele estava fitando meu rosto agora, encolhi os ombros, sentindo ele analisar meu rosto, espreitando o olhar.
Ele estava me olhando...
─ Você quer?─ Perguntei com um fio de voz. E ele continuou me encarando por tanto tempo que recuei mais um passo, mordendo os lábios quando lancei a caixa de leite na direção dele antes de sair correndo, gritando um “bom intervalo”.
Deus, eu só queria que aquele dia acabasse....
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