⋆ཻུ✧ THIRTY NINE་༘࿐
Hinata entregou tudo. Eu tinha acabado de chegar em casa e já tinha umas mil mensagens do garoto dizendo que encontrou Asuna muito mal na rua, ele não parecia saber o que fazer mas, eu sim.
Sabia muito bem o que Asuna estava fazendo e isso me fez quebrar muita coisa no meu quarto em um acesso de raiva. Acho que gritei e chorei o suficiente para deixar minha tia um pouco preocupada demais comigo. Mas, tudo se acalmou e só pedi que Hinata explicasse detalhadamente para Sugawara onde ele morava, pois o mais velho iria conversar com a Asuna.
Só que, não dormi naquele dia. Foi um pouco difícil convencer minha tia, mas eu estava em Tokyo. Minha mãe surtou quando me viu, ela pode ter me abraçado e chorado um pouco mas isso esquentou meu coração como nunca.
Encolhi meus ombros, abraçando ainda mais minhas pernas com força, apoiando meu queixo nos meus joelhos.
─ Bokuto, eu sou uma péssima amiga?
Minha voz pareceu chamar a atenção do meu amigo animado ao meu lado. Posso não ter visto mas tenho certeza que seu cenho havia se franzido e seus olhos me analisaram com rapidez, procurando palavras que iriam me confortar.
─ Tá falando isso por causa da Asuna?─ Ele perguntou, inclinando levemente a cabeça para o lado. Não respondi, apenas me encolhi ainda mais dentro do moletom cujo capuz possuía orelhas de gatos. Bokuto suspirou, deixando sua cabeça tombar e encostar no meu ombro.
─ Olha, bebê, você não estava errada.─ Falou, piscando os olhos. Balancei a cabeça, negando suas palavras.
─ Não, eu estou errada. Asuna só queria um espaço, eu deveria ter ficado quieta. Tudo que fiz foi deixá-la mal. Sou péssima.─ Pisquei os olhos, lágrimas escorregaram por minhas bochechas. Bokuto não disse nada por um tempo.
Ficamos ali, em plenas cinco horas da manhã, sentados na calçada e só esperando...
─ Asuna fez o mesmo?─ Ele me perguntou, se afastando para poder encarar meu rosto que franziu, confuso com a pergunta.─ Quando você tava mal, Asuna te deixou quieta? Ela deixou você sozinha para “ter um espaço”?
─ Não.─ Murmurei, voltando a me encolher o máximo que conseguia.
─ Então, pare de sentir culpada por ter feito o mesmo que ela. Você foi amiga dela e ela foi a sua.─ Ele disse, cutucando minhas costelas, me fazendo soltar uma risada involuntária.─ Você vai ver, vão se resolver e tudo vai ficar bem!
O garoto riu e sorriu. Pisquei os olhos por um momento como se estivesse em frente a algo luminoso demais. Suspirei, desviando o olhar para longe com um pequeno sorriso.
E foi naquele momento que eu o vi, dobrando a rua no ritmo comum de corridas. Os passos do garoto foram diminuindo a velocidade conforme nos notava ali, se perguntando o que estávamos fazendo ali.
─ Ei, o que estão fazendo?─ Perguntou Kuroo, depositando uma mão na cintura.
Olhei para meu celular, um pouco ansiosa demais. Só fazia um dia que finalmente decidi tê-lo novamente e... Já passava das seis horas da manhã, mas nada de Sugawara. Ele não mandou nenhuma mensagem falando da situação de Asuna.
Ergui a cabeça, vendo Bokuto e Kuroo jogarem a bola de vôlei um para o outro, às vezes os dois começavam a gritar por Bokuto ter cortado a bola, acertando o rosto de Kuroo. Aquilo me fez rir um pouco mas o nervosismo continuava ali.
Uma hora se passou. Bokuto estava jogado na sala de Kuroo e assistia um desenho infantil que passava todas as manhãs. Pisquei os olhos, lançando um olhar para o garoto de penteado estranho que torcia o nariz para meu melhor amigo, arrancando um pedaço de seu sanduíche com os dentes. Pelo que disse a Bokuto, parece que os avós dele tinham ido viajar para comprar tecidos e ele ficaria só por uns dias.
Encolhi os ombros mais uma vez, lançando um olhar para meu celular. Ainda nada de Sugawara... Olhei para minha mão, notando que ela tremia um pouco de puro nervosismo. Suspirei, a enfiando dentro dos bolsos do meu moletom.
Meu corpo se arrepiou. Pisquei os olhos e franzi o cenho, estranhando. Não estava frio e nem nada para que eu me arrepiasse e...
Kuroo estava me olhando. Kuroo se engasgou com um pedaço de seu sanduíche quando viu que eu sabia que ele estava me olhando. Kuroo continuou a tossir até mesmo quando quando estava tomando água. Kuroo parecia nervoso demais, na minha opinião.
Bokuto não demorou para notar aquilo e soltou uma risada, falando algo que fez com que o garoto do Nekoma jogasse um copo de plástico na direção dele mas eu não prestei muito atenção na briga sem-noção dos dois, pois meu celular vibrou e era uma mensagem do Sugawara.
Um sorriso brotou nos meus lábios.
“Consegui! Está tudo bem agora...
Não precisa mais ficar preocupada ;')”
─ Deu tudo certo?─ Soltei um gritinho assustado, quase caindo do sofá no processo. Kuroo abriu um sorriso de canto que o fazia parecer com um gato, acho que isso é um pré requisito para entrar no time do Nekoma, parecer um gato da cabeça aos pés.
Olhei para o lado, percebendo que Bokuto não estava mais jogado no chão mas onde...
─ Ele foi pro banheiro.─ Falou o bloqueador, lendo a pergunta que minha testa exibia e ajustando sua postura e novamente se aproximando da cozinha. Novamente pisquei os olhos, é impressão minha ou ele só tá ficando o mais longe possível de mim?
Kuroo estava longe mas continuava me encarar.
─ É, deu tudo certo...─ Murmurei, um pouco confusa por conta do garoto. Até onde me lembro, ele não ficava assim com a Asuna, mas pensando bem... Asuna é a melhor amiga dele então...
Balancei a cabeça, lançando olhar para as escadas. Espero que Bokuto não demore, se deu tudo certo então eu
voltaria para Miyagi na manhã seguinte ou naquela tarde ainda. Só havíamos ido para ali em uma tentativa de tentar conversar com Asuna caso Sugawara não conseguisse fazer o que eu não consegui. Ajudar Asuna....
Mordi os lábios, lançando um olhar para Kuroo. Tudo bem, ele tá me fazendo ficar um pouco nervosa demais...
─ Quem olha demais quer um beijo e não sabe pedir, gatinho.─ Falei a primeira coisa que se passou pela minha mente. Qualquer coisa para tirar aquele clima meio estranho...
Mais uma vez, ele deu aquele sorriso de canto, inclinando a cabeça levemente para baixo e a balançando. Então, ele só continuou sorrindo quando estalou a língua deixando que sua cabeça tombasse para o lado. Tá, tudo bem, Kuroo era bonito e acabara de ficar ainda mais.
─ Que corvinha mais convencida.─ Ele disse, piscando os olhos de forma lenta. Minha boca secou e é impressão minha ou os olhos do garoto ficaram um pouco mais afiados?
Meu Deus, cadê o Bokuto, ein? Só me faltava que aquele tonto tenha conseguido morrer dentro daquela porcaria.... E falando no maldito demônio, Kuroo e eu desviamos o olhar para Bokuto que descia as escadas, pulando os degraus de um em um como a bela criança que ele era.
Ele piscou os olhos, levemente confuso quando ergueu a cabeça e nos olhou.
─ O que foi?─ Perguntou, dando um passo, com certeza indo se jogar no chão para continuar assistindo o desenho que passava agora.
Só que, um segundo foi preciso para eu estar empurrando as costas dele na direção da porta, falando mil coisas incompreensíveis em forma de adeus. Kuroo nos seguiu, passos lentos como a porcaria de um gato que estava perto de encurralar um rato nos becos.
─ Eu vou acabar com você!─ Gritou Bokuto, se referindo a semana de treinamento em conjunto que enfrentariam. Balancei a cabeça e o empurrei para fora da casa. Estava quase seguindo o mesmo caminho quando uma voz me parou.
─ Você daria?─ Perguntou Kuroo. Girei meus calcanhares da forma mais lenta que eu conseguia e ele não estava me olhando. Franzindo levemente minhas sobrancelhas, segui sua linha de visão e tive vontade de dar uma risada quando percebi que ele encarava a parede fixamente.
─ O que?─ Balbuciei.
Ele piscou os olhos, parecendo ter acabado de sair de um transe quando virou a cabeça e me encarou. Suas bochechas ficaram vermelhas quase que instaneamente. Ele soltou uma risada que me pareceu um pouco sem-graça e depositou uma mão na maçaneta da porta.
─ Hey! Hey! Hey! Yeji! Vamos! Vamos!
Lancei um olhar para Bokuto que pulava no meio da rua que nem um imbecil. Meu Deus, o que fiz para merecer isso?
─ Pare com isso! Não quero que pensem que dou abrigo a corujas surtadas que nem você!─ Gritou Kuroo.
Soltei uma risada baixa, recuando um passo, indo na direção de Bokuto, porém cessei meus passos, virando minha cabeça para o bloqueador com um sorriso levemente malicioso nos lábios. O garoto ficou vermelho mais uma vez.
─ Eu daria.─ Movi os ombros levemente, desviando meu olhar para fitar meu melhor amigo que gesticulava para andar.─ Se você pedisse, eu daria o beijo, Tetsurou.
─ O Sugawara tá com Asuna, ele não veio treinar hoje.─ Falou Daichi, se sentando ao meu lado. Balancei levemente a cabeça, mordendo o bolinho em minhas mãos.
Não fazia muito tempo que voltei para Miyagi e minha tia estava me mandando ficar na calçada enquanto ela comprava alguma coisa para fazer um bolo, um ingrediente que ela disse que faria Asuna ficar melhor e parar de ser uma surtada emocionada. Eu estava esperando por ela quando Daichi passou e decidiu me fazer companhia.
─ E como foi em Tokyo?─ Ele perguntou. Uma risada escapou por meus lábios, empurrando-o levemente com o ombro.
─ Eu sei que você quer saber do drama que Bokuto fez.─ O garoto soltou uma risada, erguendo os ombros e desviando o olhar.
─ Você que está dizendo.─ Ele murmurou como se não tivesse nenhuma segunda intenção quando me encarou, seus olhos me dizendo que o quanto que queria soltar risadas da minha mais vergonha.
─ Ele chorou e tentou correr atrás do carro.─ Falei, simples. Daichi piscou os olhos com surpresa e eu contei...
Um... Dois... Três... Ele se inclinou para frente, soltando uma risada alta da minha desgraça. Eu o empurrei mais uma vez, dando um tapa leve em suas costas.
─ Para de rir, seu imbecil!─ Chiei para ele. O garoto me olhou, ainda dando risadas.
─ Não faça essa cara, estrelinha. Vai acabar ficando com rugas antes dos vinte igual ao Kageyama.─ Ele disse, sorrindo. Abri a boca, revoltada com a comparação e empurrei mais uma vez.
─ O que é isso, ein? Tirou o dia pra ficar me ofendendo desse jeito?
Daichi parou de rir e me lançou um olhar sério, analisando meu rosto por um instante.
─ Então, ser comparada com o Kageyama é uma ofensa?
─ Enquanto ele não saber interpretar um texto, sim.─ Respondi, cruzando os braços abaixo dos meus seios. Daichi continuou com aquela careta séria até erguer a mão e...
Chiei, passando a mão por meu nariz. Droga, os petelecos dele doíam demais... O capitão soltou uma risada, me empurrando levemente com o ombro.
─ Não deveria falar isso se ele é melhor que você com kanji.─ Falou ele, simples. Torci o nariz, enfiando meu cotovelo nas suas costelas.
─ Cala a boca.─ Ele riu, depositando uma mão nos meus cabelos, começando acariciar eles com lentidão, como se eu fosse delicada demais.
Eu o olhei com o canto do olhos e suspirei, puxando minhas pernas para meu peito e as abraçando.
─ Idiota.
Daichi piscou os olhos e ele havia enrolado uma mecha do meu cabelo em torno de seu dedo quando se aproximou. Seu hábito bateu contra minha bochecha quando um sorriso se abriu na sua boca e ele sussurou:
─ Estrelinha.
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