⋆ཻུ✧ NINETY FIVE་༘࿐
Eu não deveria mas me sinto, sim, vingada ao ver Asuna quase morrendo de nervosismo e muito perto de começar a chorar. Agora, ela entendia como eu me sentia durante as partidas da Aoba Johsai e Karasuno. Não falei nada desde que nos sentamos em uma parte da quadra que ficava bem no meio das torcidas do Nekoma e Karasuno. Pisquei os olhos, levando o canudo do milkshake até meus lábios, sentindo o sabor do chocolate se espalhar por minha boca enquanto meus olhos se mantinham em quadra. Aquele jogo estava sendo muito passivo-agressivo... E eu tinha certeza que a culpa daquilo tudo era do Kyanma, maldito sedentário.
— Por que você não tá nervosa? —Soltou Asuna, no mesmo instante que o apito soou, dando o fim a um set que pertence ao Nekoma. Dei de ombros, apesar de realmente estar orgulhosa de mim mesma por não ter me desfeito em lágrimas até agora.
Pisquei os olhos, abrindo um suave sorriso quando notei que os olhos "café quente" de Daichi vagavam pelas arquibancada, ergui uma mão chamando sua atenção para mim e o também sorrir, cutucando as costelas de Suga com o cotovelo, indicando nossa direção com a cabeça. Asuna pareceu querer desaparecer ainda mais no instante que o namorado dela sorriu, acenando. Soltei uma risada, e inevitavelmente minha atenção acabou caindo em orbes avelãs que não demoraram a se desviar, algo que fez com que meu riso desaparecesse por um mero instante.
Asuna tocou no meu ombro, franzindo levemente o cenho e alguma forma, algo no seu olhar me disse que sabia muito bem no que eu estava pensando. Apenas sorri sem mostrar os dentes, pondo um braço por cima dos seus ombros e logo o apito soou, dando início ao segundo set.
No fim, Karasuno havia vencido, mas não era como todo mundo estivesse afundado em uma áurea estranha, na verdade parecia que aqueles três sets tinham durado uma vida e conseguiu atrair todas as atenções possíveis. Sorri para o rosto claramente cansado de Daichi, não me importando com a forma que ele parecia ser suor em um corpo humano. Ele beijou minha cabeça e simplesmente desabou ao meu lado, o que me fez soltar uma risada, cutucando uma de suas coxas com a ponta do sapato em uma clara implicância. Mas logo gritos animados chamou minha atenção para a quadra mais próxima e sorri, cruzando os braços, claramente deixando que todos vissem o orgulho que era exposto em minhas feições ao ver Bokuto pulando mais uma vez e marcando mais um ponto, tomando o segundo e último set para Fukuroudani.
— Você parece uma mãe orgulhosa.— Falou Daichi, lentamente se levantando. Apenas lancei um olhar a ele, dando de ombros.
— Eu sou uma irmã orgulhosa.
O garoto riu, me empurrando levemente para o lado, caminhando na direção de Kuroo no mesmo momento que Bokuto se aproximava.
— Todo mundo parece bem.— Comentou Asuna.— É como se o ato de jogar fosse já uma vitória.
— Talvez realmente tenha sido.— Estalei a língua.— Chegaram no Nacional só por essa batalha.
Observei minha amiga balançar a cabeça de um lado para o outro, sopesando minhas palavras mas seu raciocínio pareceu ter sido interrompido quando Sugawara a abraçou, beijando seu rosto. Revirei os olhos, sorridente com a cena. Eles eram tão grudados que dá nojo. Torci o nariz e me virei, irritadiça para trás quando senti um tapa nas minhas costas.
— Pare de ser invejosa!— Chiou Konoha com aquele tom irritante.— Soube que teve um reunião de ex ontem, queria ter participado, eu tinha coisa boa pra falar!
Dei um passo, fechando as mãos em forma de punho, pronta pra socá-lo.
— Vamos, não caía na dele.— Falou Washio, conseguindo me assustar um pouco. De onde ele veio?
— Vai se foder.—Resmunguei para Konoha que sorriu ainda mais, se aproximando e não desistiu de me abraçar nem mesmo quando o soquei nas costelas com força suficiente para fazê-lo se curvar com o golpe.
— Não faz assim, sei que você me ama.— Falou o garoto usando uma voz de bebê que achei ridícula.
— Me larga, seu cretino.— Chiei em resposta, mas aquilo só o fez me abraçar com ainda mais força, dando um beijo cheio de baba na minha bochecha. Soltei uma risada, continuando a tentar fazê-lo sair de perto, o que claramente não funcionou nem um pouco.
— Hey! Hey! Hey! Yeji! Hey!— Gritou Bokuto, se jogando em nós dois. Não demorou muito para que todos nós estivéssemos no chão, tentando nos libertar do abraço do Ace.
Naquele momento, mesmo que estivesse gritando histericamente para que Kou parasse de agir como uma criança de três anos, fiquei feliz por ter amigos como aqueles, pessoas que eu levaria para o resto da minha vida, não importando o que custasse.
Sorri, silenciosamente agradecendo o atendente que acabara de me entregar uma garrafa d'água e piscando os olhos, notando que haviam ainda mais pessoas transitando pelo ginásio. Estalei a língua, começando a andar pelo mar dos fãs daqueles surtados que adoram vôlei, tomando cuidado para não esbarrar com ninguém enquanto seguia até a quadra que teria a partida da Fukuroudani. Iria aproveitar para vê-los jogar, já que os garotos tão muito ocupados em dormir para recuperar todas as energias que se perderam.
Estava muito perto de subir para as arquibancadas quando um arrepio subiu por minha espinha. Pisquei os olhos, franzindo o cenho, virando o rosto para o lado e... Foi inevitável não soltar uma risada ao me deparar com Kuroo que também parecia estar indo ver o jogo do Bokuto, me observando de longe e suas bochechas vermelhas deixavam claro que ele estava procurando por alguma breve brecha para me chamar quando o peguei olhando.
Ergui uma mão, acenando levemente, um convite pra que se aproximasse, algo que o garoto fez sem hesitar muito.
— Pensei que fosse ficar com os corvinhos.— Falou ele, se pondo ao meu lado. Soltei uma risada, retornando a andar pelo corredor.
— Até que eu queria, mas Bokuto faria um drama.— Falei, dando de ombros e gesticulei quando continuei.— E entre ver Bokuto surtando com uma vitória e Bokuto surtando porquê eu não vi uma vitória sua.
— Você prefere a primeira opção.— Ele me cortou, abrindo aquele sorriso gatuno.— Não tiro sua razão, mesmo que a segunda opção fosse mais divertida.
Dei uma cotovelada em suas costelas fazendo-o rir.
— Só é divertido porquê sou eu que vou aguentar.
— Exatamente, gatinha.— O garoto soltou, dando uma piscadela divertida. Soltei uma risada alta que ecoou pelo corredor, senti os olhos de Kuroo em meu rosto mas logo se desviaram, exatamente da mesma forma que ele havia durante a partida do Nekoma contra Karasuno.
Meus passos se cessaram mas ele continuou andando, as mãos escondidas nos bolsos da sua jaqueta e o rosto levemente abaixado. Apertei a garrafa nas minhas palmas, soltando um suspiro vendo que Kuroo notou que eu simplesmente no meio do corredor. Respirei fundo, penteando meus cabelos com os dedos quando falei:
— Teria sido divertido.— Notei seu olhar curioso quando dei de ombros, avançando passos suficientes para estar ao seu lado.— Se você fosse o cara certo, teria sido legal.
O garoto pareceu surpreso com minha fala, mas seu olhar afiado relaxou no momento que me direcionou um suave sorriso, tão leve que me obrigou a fazer o mesmo.
— É, teria sido.— Por fim, falou. Ficamos ali por meros segundos, nossas orbes presas uma na outra, nossas mentes sendo levadas a possibilidades.
Eu amava Daichi, isso era fato, acredito que nunca pararia de amá-lo, não quando era aquela pessoa que fazia meu coração se acelerar e acalmar todo o caos que eu guardava dentro de mim. Mas, também acredito que era impossível não pensar no que aconteceria se as coisas tivessem sido diferentes.
Será que Kuroo aguentaria todos meus surtos em jogos? Será que ele conseguiria me fazer superar todos eles? Será que eu encontraria conforto nos seus braços quando as coisas estivessem muito difíceis de lidar? Eram tantas perguntas e não ter certeza de suas respostas me fazia entender porque ele decidiu dar um fim em algo que nem ao menos tinha intenção de continuar. A falta de surpresa em sua reação quando eu o disse que estava namorando Daichi fez com que o pensamento que Kuroo enxergou os sentimentos do capitão da Karasuno antes mesmo de nós dois e decidiu por um ponto final naquele começo vir e ir na mesma velocidade que veio.
— Ei, vocês!— Piscamos os olhos em sincronia, e lançamos um olhar para Asuna que sorriu, acenando animadamente.— Vamos! A partida já vai começar!
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