Aprendi que Asuna é uma péssima amiga. Ela passou uma hora e muito mais rindo de mim por ter esbarrado em um garoto e ficado assustada com quem eu achava ser um primeiranista. Sim, minha tia teve que me segurar para que eu não batesse na cara de Asuna.

Meus ombros se encolheram, assim que ultrapassamos a faixada da colégio. Sábado, estávamos ali no sábado e eu nem sabia o motivo. Asuna só disse que esqueceu alguma coisa no colégio e queria pegar hoje, não segunda. Ela estava mentindo, tava escrito na testa dela porque Asuna é uma tonta. Não sabe mentir mas finge que sim, mesmo tendo consciência que ficar rindo de jeito nervoso até mesmo para o vento era incrivelmente normal.

─ O que a gente tá fazendo aqui?─ Murmurei, lançando um olhar para os lados. Vazio, claro que a escola estava vazia, já que era sábado, só que sei lá me parecia um pouco assustador. Estava de dia, ainda assim continuava meio assustador.

─ Ah, eu não contei?─ Asuna deu um riso nervoso. Hoje, ela havia irritado minha tia para que fizesse um penteado no cabelo dela, agora uma parte de seus fios estavam presos e a outra parte solta com uma mecha de cada lado de seu rosto, emoldurando-o. Eu a encarei sem expressão. Algo que a fez dar aquela risada mais uma vez e coçar a cabeça com uma mão.

─ É que um amigo me convidou para ver um jogo dele hoje.─ Ela disse. Ergui uma sobrancelha, cruzando os braços. Um jogo? Asuna era burra, não entendia nada de hétero que não fosse futebol e até isso, ela só sabe que tem que ficar chutando a bola. Inútil demais.

A garota de cabelos rosas espreitou o olhar e sem mais, me acertou um tapa. Grunhi, tentando retribuir o ataque mas ela só deu outro tapa nas minhas mãos.

─ Para com isso!─ Ela gritou.

─ Parar com quê? Eu não fiz nada, sua esquizofrênica!─ Asuna me encarou como se eu fosse louca e de novo, me deu um tapa no ombro.

─ Para de me xingar mentalmente!

─ O quê? Mas como você sempre sabe?

─ Eu sabia!─ Ela gritou e me empurrou, me fazendo dar alguns passos para trás. Lancei uma careta na direção da garota e cruzei os braços. Asuna piscou os olhos e lá estava abraçando meu pescoço, me puxando para baixo com aqueles olhos azuis enormes pidões.

─ Vamos! Vamos! Vamos! Porfavorzinho, Yeji!─ Virei o rosto para o outro lado. Asuna choramingou.─ Vamos lá! É só uma partida e o Sugawara foi bem legal em chamar a gente!

Abri a boca para respondê-la mas a idiota já estava agarrando meu braço e me puxando para longe, tropecei nos meus próprios e quase cai quando ela parou, acenando para um ponto laranja na nossa frente. Espera, aquilo não era um ponto laranja. Era um garoto, tava mais para um anão mas...

─ Sugawara-senpai, a garota estrela veio!─ Ele gritou para dentro da quadra.

─ Oe, Hinata!─ Gritou Asuna.─ A gente veio ver você brincar.─ Ela tossiu.─ Jogar! Jogar! A gente veio ver você jogar, não é?─ Tentei ignorar o olhar sugestivo que ela me deu e apenas encolhi os ombros, querendo sumir quando o garoto veio correndo na nossa direção com um sorriso enorme no rosto.

Se Asuna era um sol, aquele pequenininho me parecia uma estrela. Deus, eu só queria ir para casa e sumir dentro do meu edredom pelo resto do fim de semana até ser obrigada a sair de casa para ir na escola. Era só isso. Por que Asuna tem que ser assim? Era só ficar quieta, dentro de casa de preferência!

─ Você tiveram sorte, a partida nem começou ainda!─ Ele exclamou, ainda sorrindo. Anotação sobre o garoto: ele é uma laranjinha sorridente, sério, não sei como as bochechas dele não doíam.

Ele começou a conversar com Asuna enquanto ela agarrava meu braço, me puxando para ir junto dela. Me encolhi ainda mais dentro do moletom de gatinho e realmente me arrependi de ter deixado minha tia fazer maria-chiquinhas no meu cabelo quando fitei meu reflexo nas portas de metais do ginásio. Parecia que eu tinha três anos...

─ Com licença!─ Gritou Asuna quando finalmente entramos. Olhos, todos os olhos se voltaram para a gente e eu quis sumir. Todos eles nos olhavam, analisavam e se perguntando silenciosamente o que diabos estávamos fazendo ali.

Evitei soltar um gritinho quando um garoto, careta e de olhos afiados, avançou. Ele parecia simplesmente encantado.

─ Eu não acredito!─ Ele gritou, agarrando os ombros de Hinata e os balançou.─ Garotas bonitas! Você é incrível, Hinata! Trouxe garotas para verem seu senpai brilhar!

Ele deu um passo na nossa direção e foi empurrado por um garoto de cabelos cinzentos que tinha uma pinta abaixo do olho esquerdo. Sugawara lançou um olhar repreendedor na direção do careca.

─ Pare com isso, Tanaka! Tá assustando elas!─ Ele reclamou. E se virou para nós duas, sorrindo. Asuna sorriu, acenando com uma mão. Dei um passo para o lado, me escondendo atrás de Asuna, tentando fugir dos olhares.─ Vocês realmente vieram.

─ Eu disse que viria e ─ Soltei um gritinho no momento que Asuna puxou meu braço, me fazendo ficar em sua frente.─ olha quem eu trouxe!

Ergui a cabeça, forçando um sorriso animado, meu olhar viajou pela quadra e arregalei levemente os olhos quando me deparei com orbes castanhas, iguais a café quente.

Era o garoto que eu tinha esbarrado. Agora, podia analisá-lo sem ter a vergonha de ter simplesmente quase me derrubado em cima dele no meio do corredor. Cabelos castanhos, assim como os olhos mas em um tom um pouquinho só mais escuro que seus olhos. Ele era forte, acho que talvez por conta do vôlei e....

Encolhi os ombros, notando que talvez estivesse olhando demais para o garoto.

─ Hinata disse que ainda não começou.─ Asuna falou, continuando a me puxar na direção de um canto que acho que o Sugawara disse que podíamos ficar durante a partida toda.

Me sentei primeiro que ela no canto da sala, abraçando minhas pernas e apoiando meu queixo nos meus joelhos. Notando que tinha uma garota ali, além de nós duas. Ela era simplesmente linda, com certeza tinha muitos admiradores pela escola.

Asuna me cutucou. Olhei para ela e apenas a vi, sorrindo.

─ Vai começar.─ E no mesmo instante, uma bola foi lançada. Me encolhi com o barulho da bola atingindo os antebraços de um garoto. Meu Deus, como ninguém perdeu o braço?