-Você sabe que vamos morrer depois disso, não sabe?- falei distraidamente, lambendo meu sorvete enquanto esperávamos Hinata aparecer com nossas coisas. Suga riu e deu de ombros, se inclinando e deitando a cabeça no meu ombro. Depois de dar a chave da porta para o Asahi, nós dois nos mandamos por um óbvio motivo: nenhum de nós queria tomar um esporro hoje, então... Tudo bem! Talvez não devêssemos ter nos metido, mas eles não podem julgar muito já que vivem se metendo nas nossas vidas também, então... É! Não vou me arrepender disso e Yeji que me perdoe.

-Nah, eles vão superar. - Sugawara disse, dando de ombros. Suspirei, esticando a mão para entrelaçar os dedos nos dele. Tombei a cabeça para trás, olhando o céu.

-Não sei não. Mas, de qualquer jeito, acho que pelo menos conversar eles deveriam, né? Aí, sei lá. - falei e Sugawara se virou para me olharz torcendo o nariz. -Yeji vai me odiar pra sempre.

-Ela não vai te odiar, e não é como se ela também não fizesse coisas idiotas assim.- ele falou, me fazendo rir e o empurrar de leve.

-Admitindo que fizemos coisa idiota?- zombei e Suga riu, beijando minha bochecha.

-Você sabe que foi bem idiota. - ele disse e eu ri.

-Idiota nível Tanaka e Nishinoya ou idiota nível Hinata?- eu falei e ele me empurrou de leve.

-Idiota nível Asuna. - ele disse e eu fiz cara de indignação pra ele, o empurrando.

-Ei, eu sou sua namorada, é assim que você me trata, é? - falei cruzando os braços e Sugawara riu da minha cara. Empurrei ele de leve e me levantei. -Quer saber, eu vou é ir pra minha casa, cansei de ser humilhada e chutada!

Sim, eu estava fazendo drama e ele sabia muito bem disso, ainda assim, dei apenas um passo antes de Suga abraçar minha cintura e me puxar para si, o que me fez rir.

-Como você é dramática. - ele suspirou, beijando meu pescoço de leve, mas era o suficiente para fazer todos os pelos do meu corpo se arrepiarem.

Eu apenas me virei para ele, passando os braços ao redor do pescoço de Sugawara e o abraçando contra mim. Droga, não conseguia ficar um segundo longe dele, motivo pelo qual me aproximei mais de Sugawara e, sem mais ou menos, deixei que minha boca encontrasse com a dele.

Ele deslizou as mãos pelas minhas costas, me puxando um pouco mais para perto de si. Afundei as mãos no cabelo cinza de Sugawara, soltando um suspiro que foi abafado pelo beijo quando ele apertou minha cintura.

Além de ser bonito, simpático e carinhoso, Sugawara sabia beijar muito bem. Fico me perguntando porque um garoto que nem ele não tinha namorada, sinceramente! Sim, me sinto a pessoa mais sortuda do mundo de ser a namorada dele.

Acho que nunca soube o que era ter um relacionamento de verdade até ter Sugawara. Eu me contentava com o mínimo, mas Suga me mostrou que as coisas não são assim e que eu não deveria, jamais, aceitar ser tratada como nada pelas pessoas.

-Wise men say only fools rush in. - começei a cantar, me afastando dele para fitar os olhos de Sugawara. -But I can't help falling in love with you.

É, é, eu sei que essa música é super mega hiper clichê, sei que também fico parecendo a garota mais idiota apaixonada do mundo, mas vou fazer o que se sou completamente, perdidamente e totalmente apaixonada por ele?

Sugawara me olhou e olhou antes de sorrir para mim, levando as mãos até meu rosto e acariciando de leve. Ele se aproximou, a boca encostando na minha com calma. Suspirei, afundando os dedos no cabelo dele. Eu realmente gostava de bagunçar o cabelo dele, mas não é como se Suga se importasse com isso.

-Shall I stay? Would it be a sin. - murmurei, deslizando as mãos pelo peito dele e agarrando sua jaqueta antes de erguer a cabeça e fitar seus olhos. -If I can't help falling in love with you?

Sugawara me beijou de novo. E de novo e de novo, e eu não me importeu com mais nada além disso. Suspirei, o apertando com força contra mim, desejando que as coisas nunca mudassem entre nós. Suga acariciou meu cabelo e eu fechei os olhos.

-Sabe, Asuna, eu...- ele começou, mas parou de falar quando escutamos barulho de celular tocando. Meu celular tocando.

Revirei os olhos com irritação antes de pegar o aparelho no meu bolso e atender sem ver quem era.

-Onde você tá?- era minha irmã. Franzi o cenho, confusa.

-Em Miyagi. - zombei e praticamente podia escutar Ymir revirar os olhos. Mas, bem, olha a pergunta imbecil que ela faz!

-Asuna, estou falando bem sério aqui. Você entrou nas redes sociais? Nos sites de fofoca?- ela soltou e eu bufei, esfregando meu rosto. Suga estava me olhando confuso e eu apenas dei de ombros.

-Porque eu faria isso, Ymir? Odeio esses sites de fofoca, são sensacionalistas!- eu reclamei e Ymir bufou do outro lado da linha.

-Asuna, você é a porra do assunto do momento. - ela sibilou. Parei até de respirar. Tudo bem, sabia que eu ter assumido minha bissexualidade tinha feito muita gente falar de mim, mas porque estava com o pressentimento que não era disso que Ymir estava falando? -Foi aquela vagabunda da sua ex namorada, Asuna! Ela fez a porra de um post na internet te detonando!

O que?!

Senti como se todo o ar tivesse sido sugado dos meus pulmões e não sei como o celular não caiu das minhas mãos. Ymir continuou falando, falando e falando, mas eu já não escutava nada a medida que murmurava algo incompreensível para Sugawara. Ele franziu o cenho para mim, mas me estendeu o celular dele, e eu não demorei muito para entrar no perfil de Rin.

Ah, mas é uma vaca do caralho mesmo.

Ela tinha postado uma foto nossa, uma foto que tiramos quando ainda estávamos namorando. O pior não era a foto, porque era uma foto até que bonita, e também estava claro na foto que éramos um casal.

O pior era o que estava escrito na porra da legenda.

Rin fez questão de expor pra quem quisesse ler todos os meus problemas com ansiedade, todas as crises, todas as minhas inseguranças. Tudo que confiei a ela como namorada, Rin estava expondo em busca de palco e de uns likes.

O que ela tinha escrito era um monte de merda, não significava nada, mas... Ela estava falando de tudo aquilo que me deixava mal como se fosse insignificante, como se eu fosse a porra de uma criança mimada.

Senti as lágrimas nos meus olhos e eu estava tremendo, ainda escutando Ymir falar que ia esfolar Rin por conta dessa palhaçada. Não consegui responder minha irmã, apenas desliguei a chamada e devolvi o celular de Sugawara.

Ele parecia extremamente confuso e preocupado, e a cara dele fechou depois que leu o que Rin tinha escrito.

-Asuna...- ele começou, dando um passo na minha direção.

Deixei meu celular cair, minhas mãos estavam tremendo. Me agachei para pegar, sentindo o ar faltando. Não conseguia respirar, não conseguia...

-Achei vocês!- Hinata gritou, saltitando até nós. -Daichi e Yeji tão vindo aí também, acho que eles tão bravos com vocês e... Asuna?

-Asuna.- Sugawara estava com a mão nas minhas costas, acariciando de leve, mas...

Fechei os olhos com força. Isso não podia ser verdade, ela não podia ter feito uma coisa dessas comigo logo agora...

Eu não deveria nunca, jamais, ter achado que podia ter uma vida normal. Eu apenas deveria ter aceitado logo o quão merda é tudo isso e... Ter desistido.

Sugawara me abraçou com força e eu enterrei o rosto no peito dele, agarrando sua camiseta. E, ali, nos braços do meu namorado, eu chorei mais uma vez por causa de uma garota por quem eu havia sido apaixonada e agora estava fazendo de tudo pra me machucar ainda mais.