⋆ཻུ✧ EIGHTY NINE་༘࿐
Penteei meus cabelos enquanto andava pelos corredores movimentados do ginásio, às vezes parando para dar autógrafos e tirar algumas fotos com quem me reconhecia, apesar de sempre me manter longe das câmeras, sabendo muito bem o que aconteceria se algum repórter chegasse perto de mim. Asuna estava nas arquibancadas, torcendo para os garotos que estavam jogando sua primeira partida. E sim, eu sei que deveria estar torcendo para eles também mas...
Guiei as mãos até meu rosto, esfregando minhas palmas contras as bochechas. Tudo bem, Yeji, sem pensamentos ruins agora, você precisa focar.
Pisquei os olhos e tive uma imensa vontade de simplesmente voltar para meu lugar ao lado de Asuna quando senti dois pares de olhos se fixando em mim, soube que era tarde demais.
─ Yeji!─ Gritou meu pai. Todo mundo olhou para mim e encolhi os ombros, enfiando as mãos dentro dos bolsos do meu moletom conforme avançava na direção do homem que não demorou a me abraçar com força.─ Estava com saudades!
Soltei uma risada, retribuindo seu enlace.
─ Eu também, pai.─ Ele se afastou, só para colocar a mão na minha cabeça e balançar meus cabelos da mesma forma que fazia com qualquer cachorro que encontrasse por aí. Ter noção daquilo fez com que eu risse mais uma vez.
─ Vamos, os garotos se espalharam para ver os jogos e...─ O homem mais velho encolheu os ombros, parecendo ter enxergado algo no meu rosto.─ ou você quer ver o jogo da sua escola?
Meus olhos piscaram, enviei um olhar para trás. Eu sabia o quanto meu pai estava ansioso para provavelmente ver os jogos daqueles que já derrotaram os garotos no passado na minha companhia da maneira que estávamos acostumados antes de tudo acontecer. Mordi os lábios. Droga... Me forcei a sorrir para ele, entrelaçando nossos braços um do outro.
─ O que você acha que vai mudar? Esse ano, não tem Shiratorizawa.─ Soltei qualquer coisa que tinha certeza que aprenderia sua atenção. O homem guiou uma mão até o queixo, parecendo pensativo.
─ Acredito que Shiratorizawa tenha sido substituída por um time igualmente forte, mas isso não muda que Itachiyama novamente é o favorito a vencer o Nacional esse ano.
─ Tá tudo bem?─ Balancei a cabeça, mesmo sabendo que não tem como ele ver isso. Lancei um olhar para meu pai que parecia muito entretido em analisar o time em quadra e mordi uma parte da casquinha nas minhas mãos.─ Você estava na arquibancada e quando pisquei, não estava mais lá.
─ Asuna não te disse?─ Perguntei, franzindo o cenho.
─ Não?─ Certo, eu posso ter aberto um sorriso com seu tom cheio de dúvida. Era estranhamente adorável que Daichi estivesse um pouco grudado demais em mim desde o dia um, parece que ele teve um sonho muito estranho que se negou a dizer o que era para mim, porém o garoto parecia ter medo que eu ficasse fora de sua vista nem que seja por um segundo sequer.
─ Estou com meu pai.─ Cutuquei as costelas do meu pai que me olhou rapidamente, afastei o celular e o levei até próximo de seus lábios.─ Pai, diga oi pro Daichi.
Ele soltou uma risada.
─ Oi, Daichi...─ Falou, animado. Também ri, trazendo o celular para meus ouvidos novamente.
─ Tô cuidando do meu velhinho louco por vôlei, vou tentar ver mais uma partida, espero que Asuna não tenha se esquecido de gravar tudo.─ Proferi. Mas logo piscando os olhos, notando o silêncio do garoto.
─ Daichi, você tá respirando?─ Soltou uma voz no outro lado da ligação que reconheci ser de Suga.
─ Meu Deus! Daichi, respira! Respira!─ Isso era o Asahi... Uma risada escapou quando inclinei levemente a cabeça para o lado.
─ Acho que vou ter que desligar.─ Murmurei, lançando um olhar para meu pai que já parecia preparado pra deixar as arquibancadas e ir ver mais outro time que estava interessado.─ Amo você, boa sorte.
Desliguei a ligação e pisquei os olhos, franzindo levemente o cenho ao lançar um olhar para o lado vendo que meu pai estava me observando com um sorriso e um sobrancelha erguida.
─ Então...─ Ele começou, empurrando-me levemente para o lado.─ Você ama Daichi, é?
Não o respondi, apenas virei o rosto enquanto me levantava, começando a sair das arquibancadas.
─ Ei, Yeji! Onde você tá indo? Não vai embora sem mim!─ Falou o mais velho atrás de mim.─ Yeji, não me deixe!
Eu o ignorei fervorosamente.
─ Por que tá fugindo do seu pai?─ Desviei o olhar para longe e por um segundo, odiei Kita. Era um inferno que ele me conhecesse bem e ficava pior ainda quando seus olhos me fitavam daquele jeito que era genuinamente intimidante. Encolhi os ombros, guiando a garrafa de água até meus lábios, demorando a engolir um gole do líquido.
─ Amanhã vai ser a primeira partida, não é? Vão jogar contra quem mesmo?─ Soltei, fechando a garrafa, em uma tentativa de fazer Kita mudar o rumo da conversa, algo que claramente não deu certo, pois bastou um erguer de sobrancelha dele para que eu soltasse um bufo irritadiço.─ Não é nada, ele só quis me irritar.
Ele continuou a me olhar, até mesmo quando ergueu a xícara de chá que bebia e a levou na direção de sua boca. Revirei os olhos, capturando um pedaço do bolinho em cima da mesa e o mordendo rapidamente enquanto pegava meu celular e checava as mensagens que aos poucos chegava. Contive minha vontade de xingar Asuna por ser tão imbecil quando ela perguntou onde eu estava bem embaixo da mensagem que eu explicava onde estava e com quem. Estalei a língua, voltando a enfiar meu celular dentro dos bolsos do meu moletom.
─ Karasuno.─ Falou Kita, repentinamente. Franzi o cenho para ele, confusa. O garoto de cabelos bicolores abriu um sorriso misterioso que me fez sentir que havia algo de muito errado acontecendo.─ Iremos jogar contra Karasuno na primeira partida.
Minha boca se abriu, mas nenhuma palavra escapou para fora. E Kita parecia exatamente o que se passava pela minha mente quando esticou uma mão por cima da mesa e sem pensar muito, colei minha palma na sua deixando com que ele entrelaçasse nossos dedos em um aperto confortável que tinha o objetivo de me acalmar. Só que, não funcionou. De modo algum, talvez tivesse funcionado em um momento do passado, no entanto agora...
Respirei fundo, sabendo que o próximo dia seria um inferno, pois Inarizaki enfrentaria Karasuno. O time que meu pai treinava e o time que se tornou minha família estariam em quadra. Naquele momento, eu sabia que os ataques que tive após os jogos da Aoba Johsai contra Karasuno não chegariam nem perto do que sentiria amanhã. Fechei os olhos com força por um momento.
Droga, por que as coisas nunca são fáceis para mim?
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