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Capítulo 7 - Ressentimento.

Olá, meus amores. 

Antes de mais nada, não tem um capitulo 6 ok? Ele foi substituído por um aviso. Agora seguindo.

Como estão essa noite? Sei que prometi que postaria ontem, mas tive alguns probleminhas e não tive como. Mas aqui estou com um capitulo novinho! Obrigada a todo mundo que comentou, que está espalhando e divulgando Fallen Angel por aí, chegamos até os trends na ultima atualização, e isso é maravilhoso. Obrigada mesmo!

Agora, vamos ao que importa. Esse capitulo está bem leve, pra amenizar o clima do capitulo passado. Aproveitem!



Karla Camila Cabello's point of view.


Girei as chaves na fechadura da porta de meu apartamento, sentindo a mesma travar no meio do caminho, retirei com força e enfiei a outra chave do molho, fazendo com que em poucos instantes a porta se abrisse, dando-me espaço para entrar no cômodo. Larguei a mala no interior do apartamento, e joguei a chaves sobre a estante próxima a entrada. Retirei minha jaqueta enquanto caminhava em direção a sala de estar. Minha cabeça estava fervilhando com todos os acontecimentos de horas atrás, e mesmo que eu tentasse a todo custo evitar que algo me abalasse, manter a tranquilidade com a volta era quase impossível. Em todas as vezes que imaginei esse momento, minhas atitudes seriam superiores, quase majestosa; e foi exatamente o que fiz, mas diferente do que imaginei, eu não havia saído totalmente livre de pesos na consciência ou de ódio em meu coração. Em um espaço alternativo criado por minha cabeça, eu mostraria a Lauren que eu havia me tornado alguém totalmente diferente, que nada e nem ninguém poderia me abalar, nem mesmo ela, que um dia foi tão importante para mim.  

- Você devia ter ficado naquela droga de cidade! 

- Bom dia, Srta. Cabello. – Anabel, uma de minhas empregadas domesticas murmurou ao se aproximar.  

- Bom dia. 

- Deseja alguma coisa?  

- Pegue qualquer bebida na cozinha pra mim, por favor. 

- Mas a senhorita Kordei disse que... 

- Faça o que estou mandando, ok? Vá e pegue.  

A mulher assentiu de forma receosa, e se retirou da sala rapidamente. Normani além de ser minha melhor amiga, agente pessoal, também tratava de cuidar de mim. Ela ditava algumas regras em minha casa, para manter tudo em ordem. E uma delas era a proibição de bebidas alcoólicas em excesso. Os empregados eram totalmente proibidos de me dar qualquer tipo de bebida com teor alcoólico; Normani achava que a qualquer instante eu voltaria a beber incansavelmente como há tempos atrás. Quando na verdade, eu tinha controle sobre isso. Eu tive uma fase ruim, mas ela já havia passado. Deitei sobre o sofá branco da sala de estar, deixando meu corpo relaxar sobre as almofadas macias e aconchegantes. Eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse aquela mulher. Mesmo depois de tantos anos, sua volta havia caído como uma bomba em meus ombros. 

- Aqui está senhora.  

- Me deixe sozinha agora, pode ir para sua casa. 

- O que? Mas... 

- Santo Deus! Vá embora, mande todos os outros irem para suas casas! Eu estou te dando folga, e você ainda questiona? – soltei de forma impaciente. 

- Tudo bem, vou deixar meu numero na agenda da cozinha, caso precise de algo.  

- Obrigada, Anabel. Agora, por favor, me deixe sozinha na minha casa. 

Abri a garrafa intacta de whisky, era um dos mais caros que ousei comprar. Despejei no interior do copo de vidro, vendo o liquido de aroma tão forte mover-se devagar ao redor das pedras de gelo. Deixei a garrafa de lado, pegando o copo sobre a mesa de centro para enfim levar aos lábios. Eu fechei os olhos e degustei da bebida assim que ela entrou em contato com meus lábios e língua. Eu precisava de algo que me fizesse esquecer por algumas horas que aquela mulher apareceu, e naquele momento era só o álcool que poderia me ajudar. Ver Lauren naquela plateia foi o momento mais impactante de todo o desfile, ali foi como se o destino estivesse provando que era o grande responsável por nossas vidas; e que não importava nada que fizéssemos, se ele determinasse, não importaria por quais caminhos seguíssemos, cedo ou tarde o que foi predestinado nas paginas da vida iria acontecer. E se nas paginas da minha historia Lauren tivesse que aparecer novamente, eu teria que saber mostrar que eu tinha o poder de mudar. Eu não poderia cair no erro outra vez, e me entregar como um dia fiz. Os caminhos que percorri desde o momento que entrei naquele avião, deixando toda uma vida para correr atrás de meu sonho foram conturbados e difíceis de lidar. E com a união de tudo isso, hoje, eu era alguém bem diferente.  

- Poderia ter sido diferente, Lauren. Mas você não quis... – sussurrei ao tomar seguidos goles da bebida forte, que desceu por minha garganta queimando meu interior.  

Eu me sentia sufocada, como seu meu peito estivesse cheio de sentimentos inacabados, assuntos mal resolvidos, magoas e feridas expostas. Como se tudo estivesse dando errado, e o mundo inteiro estivesse desabando ao seu redor. Um sentimento de fraqueza, dor e raiva. Raiva por me sentir tão frágil por alguém que não merecia sequer uma lagrima derramada por mim. Mas não havia nada que eu mais quisesse fazer naquele instante que não fosse chorar; liberar com as lagrimas aquele vazio tão cheio de magoa e sofrimento. Eu me odiava, odiava por saber que um dia me doei tanto a alguém, que me permiti construir sobre um amor todos os planos para o meu futuro, para o nosso futuro; alguém que não deu sequer a verdade aqueles que mereciam. Alguém que foi desonesto comigo e consigo mesma.  

Tudo poderia ter sido diferente, nós tínhamos tudo... 

Flashback on. 

Ouvi o barulho dos passos apressados no andar de cima, seguido pelo som da corrente sendo arrastada. Sofi, minha irmã de cinco anos, estava a correr de um lado para o outro com nosso pequeno, ou melhor, nosso grande monstrinho, o Aladim. Um golden retriever de quase um ano de idade. Ele havia sido adotado por nós no mês passado, durante a feira beneficente de nosso bairro, mesmo a contra gosto de minha mãe que sempre tardava a dizer que ele apenas bagunçaria a casa inteira, já que tanto Sofi, quanto eu, excluíamos totalmente a hipótese de deixá-lo dormir ao lado de fora.  

- Já disse para Sofi brincar com esse cachorro no jardim. – Sinu resmungou enquanto arrumava as massas do biscoito na assadeira. – Ele vai acabar quebrando alguma coisa.  

Eu soltei um risinho baixo ao lembrar o vaso que quebramos na semana passada. Minha mãe não sabia até agora, é claro. Caso contrario teria deixado o pobre do cachorro dormir na varanda, ou talvez não. Sinuhe apesar de parecer uma mãe extremamente cuidadosa e responsável tinha um coração tão mole quanto manteiga; fazia de tudo e mais um pouco para nos deixar incrivelmente felizes e satisfeitas. Desde muito nova trabalhou arduamente ao lado de meu pai, Alejandro Cabello, para nos dar do melhor possível, mesmo que não fosse tanto já era o suficiente. Sofi e eu tínhamos a total consciência de que se hoje em dia tínhamos relativamente uma boa condição financeira, foram graças aos dois, que vieram da pequena cidade de Cojimar em Cuba a procura de nos dar o melhor no EUA. 

- Não fique se estressando, mama. Os biscoitos vão ficar ruins.  

- E desde quando meus biscoitos saem ruins? Sabe que sua mãe é ótima na cozinha! 

- Já eu não, veja isso. – falei ao levantar a tigela com a massa do biscoito, aquilo nem desgrudava do fundo.  

- Oh, Deus. Deixa-me terminar isso, cozinhar não é o seu forte. – disse ao se aproximar de mim, pegando a tigela de minhas mãos. 

- Não mesmo! Meu forte é desfilar!  

Comecei a caminhar pela cozinha, enquanto fazia da mesma uma passarela do mais alto calão em meus pensamentos. Eu ouvia a risada de minha mãe ao fundo, o que me arrancavam outras em meio às caras e bocas que eu fazia.  

- Ainda serei uma grande modelo.  

Sinuhe deixou a tigela de lado, para limpar suas mãos sujas de trigo e chocolate no avental preso a sua cintura. Ela me encarou com aqueles olhos brilhosos e fraternos que me impulsionavam todos os dias a ser quem eu sou.  

- Eu tenho certeza que será, mi hija. Basta correr atrás dos seus sonhos e você vai conseguir. – ela delicadamente beijou sobre minha testa, enquanto deslizava os dedos pelas minhas bochechas. – Sem essa carinha suja de trigo, é claro.  

Soltei uma risada e me afastei dela rapidamente. 

- O que? É um charme! 

- Ok, charmosa. Vá ver o que sua irmã está fazendo, enquanto coloco esses biscoitos no forno. Quando ficarem pronto, chamo vocês para comer.  

Eu apenas assenti, e depositei um beijo em sua face para somente então me retirar da cozinha. Subi as escadas, seguindo em direção ao quarto de Sofi, de onde mesmo de longe pude ouvir os gritos histéricos e risadas divertidas, acompanhado dos latidos de Aladim. Arregalei os olhos ao ver o quarto da menor totalmente bagunçado, com as pelúcias espalhadas pelo chão. As gavetas das cômodas estavam abertas,  e as roupas espalhadas por todos os cantos possíveis do quarto. 

- Sofi! 

A menor parou de saltitar sobre a cama com o golden retriever que agora tinha uma saia de balé na cor rosa Pink envolta de seu corpo.   

- Oi, Kaki.  

- Meu Deus, a mamãe vai matar você. – entrei no quarto, enquanto caçava as roupas pelo chão. – Desça daí, me ajude.  

A pequena garota desceu da cama rapidamente, sendo seguida pelo cachorro. Em questão de minutos conseguimos colocar as roupas dentro das gavetas, não de forma tão organizada como Sinu havia deixado, mas já era um grande avanço elas não estarem espalhadas pelo chão do quarto.  

- Me desculpe, Kaki. 

- Não tem que se desculpar. Mas não faça tanta bagunça. Mama vai acabar colocando o Aladim para dormir do lado de fora. 

- Não!  

- Então pense bem! 

- Eu só estava querendo brincar. Você quer brincar comigo? 

- Ah, Sofi... – eu a encarei, e ela me fitava com aqueles olhinhos suplicantes que me faziam perder totalmente a coragem de dizer não. – Tudo bem, do que você quer brincar? 

- Podemos brincar de cantar, vem.  

Minha irmã segurou em minha mão, puxando-me em direção as escadas. Descemos até a sala, onde a mesma tratou de ligar a TV da sala, e colocar um cd dentro de nosso aparelho de DVD.  

- Pega o seu microfone, Kaki. – ela me entrou um dos controles, ficando com o outro para ela. 

Soltei uma risada divertida, e então capturei o controle de sua mão. Eu olhei para a televisão, vendo as primeiras imagens do filme que eu conhecia de trás pra frente. Sofi amava ver High school musical, principalmente porque fazíamos todas as performances juntas, como os personagens ali.  

- Eu faço a Gabriela, e você o Troy! – disse ela rapidamente.  

- Tudo bem, então eu começo. 

Aumentei o volume da TV, para que eu pudesse entrar no personagem como sempre fazia. Sofi me encarou e sorriu animada, enquanto esperávamos as primeiras cenas do filme, até o momento em que eles começariam a cantar. Pigarreei algumas vezes, como se aquilo fosse me ajudar a cantar melhor. Levei o controle até próximo aos meus lábios, quando por fim a musica começou. Dublei a voz de Troy Bolton inicialmente, sendo seguida por Sofi que fez a Gabriela. Nós duas começamos a cantar e dançar de acordo com o ritmo que Start Of Something New ditava. Mesmo com meus dezessete anos, eu não deixava de me divertir das maneiras mais infantis com minha irmã, ela era uma das pessoas que eu mais amava em toda vida, e eu me sentia realmente feliz em vê-la animada com minha presença.  

This could be the start 

Of something new 

It feels so right 

To be here with you 

Cantamos juntas, enquanto rodávamos pela sala em meio aos risos animados. Ouvi a voz de minha mãe ao fundo, mas nem sequer me importei. Continuei a dançar e cantar, repetindo todas as caras e bocas que Troy fazia em meio à canção. Segurei na mão de Sofi, e girei seu corpo enquanto cantava com o controle na mão. Até que finalmente a musica acabou, e fechamos cantando os últimos trechos, que foram interrompidos por aplausos.  

- Eu mandei muito bem, não é mã... – meus olhos se arregalaram. – Lauren! 

A jovem garota tinha um sorriso largo em seus lábios, deixando seus dentes brancos amostra.  Eu senti minhas bochechas esquentarem, dando-me a certeza da vermelhidão que as corava nesse instante.  

- Sua mãe me deixou entrar, ela está lá fora falando com o carteiro. – disse ela um tanto sem jeito, mas ainda sim com aquele sorriso. – E você mandou muito bem sim.  

- Ah, não diga isso. Eu estou morrendo de vergonha. – meneei com a cabeça, deixando que um riso nervoso deixasse minha boca. – Lauren, essa é minha irmãzinha, Sofia.  

- Olá, Sofia. Eu sou Lauren Jauregui, muito prazer. 

A garota se aproximou de minha irmã educadamente, e estendeu a mão em um cumprimento. Sofi era extremamente comunicativa, e não demorou nada a se dar bem com Lauren.  Assim que Sinu adentrou a sala, eu a encarei de forma repreensiva; ela pareceu entender o motivo, pois apenas riu enquanto caminhava em direção a cozinha. 

- Sofi, nós vamos para o meu quarto. Temos um trabalho para fazer, mas depois brinco com você, ok? 

- Se quiser, pode brincar com a gente também, Lauren. 

- Ah, claro, pequena! Eu brinco sim. – a garota falou ao afagar os cabelos de minha irmã suavemente. 

Nós subimos as escadas em repleto silencio. Eu ainda estava envergonhada demais por ela ter me visto daquela maneira, não que minhas amigas não vissem minhas palhaçadas diariamente, mas Lauren era novata, e não presenciava esse meu lado constantemente. Eu a encarei por alguns segundos, deixando que aqueles olhos tão profundos e brilhosos pousassem sobre mim. Eu adorava seus olhos, tinham aquela coloração esverdeada que mudava de tonalidade no decorrer do dia, talvez de acordo com seu humor; muita das vezes eu conseguia pega-la olhando para mim, talvez em uma tentativa de me conhecer melhor, e eu adorava quilo.  

- Esse é meu quarto. – indiquei a porta, e ela adentrou lentamente. 

- Não poderia dizer o contrario, é sua cara. 

A garota caminhou pela extensão do cômodo, enquanto analisava o ambiente por completo. Meu quarto era relativamente grande, algumas das paredes eram brancas e outras tinham um papel de parede verde claro. Havia uma escrivaninha de madeira, perto do quadro de fotos e recados na parede. Lauren se sentou sobre as almofadas do banco de madeira que ficava em frente a janela, bem ao lado da minha estante de livros e CDs.  

- Por quê?  

- A decoração é bem parecida com que vejo de você. As coisas tudo muito delicadas e bem organizadas. Tudo muito doce e sutil, é lindo. 

- Vou levar isso como um elogio, Lauren.  

Ela assentiu com um sorriso, então caminhei até a estante de livros ao seu lado. Lauren ainda prestava atenção no quarto. Eu me permiti observá-la por alguns instantes, e era incrível a beleza que aquela jovem garota possuía. Seus cabelos castanhos e ondulados se contrastavam perfeitamente bem com sua pele tão alva. Lauren era dona de um corpo muito bonito, nada extremamente malhado, como ratos de academia, mas natural e incrivelmente belo.  

- Aqui está o outro exemplar. Se quiser pode ficar com o meu, eu não me importo. 

- Não precisa, Camila. É só o tempo em que consigo comprar um. Podemos ir a uma livraria, o que acha? 

- Eu tenho dois, e você quer mesmo comprar um? Não seja boba, vem pra cama.  

Ela me encarou outra vez e sorriu. Nós deitamos na cama, de bruços, uma do lado da outra. Dividimos os capítulos em dois; eu começaria lendo enquanto ela faria algumas anotações, e no momento seguinte trocaríamos de funções. Lauren anotava todos os pontos importantes de minha leitura, enquanto hora ou outra me observava.  

- Leia mais devagar, Mila. – ela riu. – Não consigo anotar.  

- Me desculpe, eu pensei estar indo devagar. – eu fechei o livro e a encarei com um sorriso.  

- Estava indo bem, mas ficou rápido demais e eu acho que me perdi.  

- Posso ir mais devagar, prefere assim? 

Meus olhos se encontraram com os dela, e permaneceram fixos. Eu me sentia incrivelmente exposta aos olhos daquela garota, como se ela pudesse ver até mesmo meus pensamentos. Mas algo me impedia de interrompê-la, mesmo que eu me sentisse despida, eu queria. Lauren desde o primeiro momento me trouxe algo diferente, uma energia boa, um sorriso encantador e uma forma peculiar de me encarar.  

- Prefiro sim. – ela sussurrou, e depois tirou seus olhos de mim. – Onde paramos? 

Eu a fitei por mais alguns instantes, e depois voltei à atenção para o livro. Nós passamos horas naquele quarto, lendo e relendo as passagens dos capítulos indicados pela professora. Fizemos todas as anotações necessárias, quando ouvimos o barulho na porta.  

- Não, por favor... Não. – eu disse calmamente. 

Aladim me encarou enquanto balançava seu rabo de um lado para o outro freneticamente. Eu devia dizer que ele estava totalmente melado com uma lama escura? Encarei os olhos de Lauren que agora estava com tanto medo quanto eu. Me movi lentamente, descendo da cama em uma lentidão absurda para não atraí-lo para mais perto.  

- Quietinho... – eu sussurrei enquanto pedia calma ao cachorro que ainda ofegava e balançava o rabo rapidamente. Eu desci lentamente da cama, e quando tentei me aproximar, ele correu. 

- Meu Deus! – Lauren exclamou ao ver o golden retriever adentrar o quarto em uma carreira.  

Ele parecia muito mais animado do que o normal, pois corria de um lado para o outro do quarto como se estivesse tomado um barril de energético. Lauren de forma desesperada capturou nossos papeis sobre a cama, o que prontamente atraiu a atenção do cão para mais perto. Nossos gritos histéricos eram ouvidos de forma bem alta enquanto eu tentava segurá-lo, sem sucesso até que o mesmo deixasse meu quarto repleto de lama. 

- Para! – gritei ao agarrar o corpo do cachorro.  

Eu estava ofegante e suja. O animal encarou-me antes de começar a me lamber freneticamente, enquanto balançava o maldito rabo de forma animada. 

- Jesus...  

Eu levantei a cabeça, e encarei o rosto de Lauren que reprimia um sorriso nos lábios. Não pude me agüentar diante a situação em que me encontrava, então apenas deixei uma gargalhada deixasse minha boca, acompanhada da risada da garota. Nós retiramos o cachorro do quarto, levando até o lado de fora da casa. Minha mãe resmungava enquanto subia as escadas para limpar a sujeira que Aladim havia feito, já eu havia ficado encarregada de tirar toda a lama do pobre cão.  

- Me desculpe por isso. – murmurei para Lauren que estava sentada na escadaria em frente da minha casa, enquanto me observava tranquilamente. 

- Não precisa se desculpar, Camila. 

- Claro que precisa, é a primeira vez que vem a minha casa, e veja o que acontece. – gesticulei para o cachorro que bebia a água que deixava a mangueira em minha mão. 

- Isso acontece, não se preocupe. Agora vai, limpa direitinho. – zombou. 

Eu rolei os olhos fingindo impaciência, o que arrancou uma risadinha da garota. Mirei com o jato de água no copo do animal que não para quieto por um só minuto, Sofi logo apareceu para me dar uma ajuda, o que só rendeu mais bagunça. Fui derrubada no chão quando Aladim se levantou de surpresa para pegar a mangueira. Levantei-me rapidamente, agora molhada e suja, enquanto ouvia a gargalhada divertida e contagiante de Lauren e minha irmã menor.  

- Estão rindo de mim é? 

- Ah, desculpa, Camila... – ela estava sem fôlego tamanha eram suas risadas.  

- Pois vocês vão ver!  

Virei à mangueira em direção de ambas as garotas que soltaram gritos e risadas histéricas. Lauren se levantou rapidamente, mas eu mirei o jato de água em seu corpo, fazendo-a correr para o gramado, escorregando no chão repleto de shampoo para cachorro. Explodi em uma risada, atraindo um olhar assassino da garota de olhos claros. Ela se levantou, pegando o pequeno balde de água no chão, e antes que eu pudesse me afastar o suficiente, senti a água fria vir de encontro ao meu corpo. Aladim estava eufórico entre a guerra de água que iniciamos no jardim de minha casa. Nós terminamos aquela guerra jogadas no gramado, ao lado de meu cachorro que deitou para finalmente descansar. 

- Meninas! O que aconteceu aqui? 

Erguemos nossos corpos para encarar minha mãe parada na soleira da porta. Meus olhos pousaram sobre os de Lauren, arrancando um riso baixo e um olhar desconfiado. Nós nos levantamos, pegando as toalhas oferecida pela mais velha, e seguimos para o interior da casa. O restante da tarde transcorreu de forma divertida, enquanto assistíamos a um filme, e desfrutávamos dos deliciosos biscoitos feitos por Sinu. Lauren estava maravilhada com os dotes culinários de minha mãe, e ela com a simpatia de minha nova amiga.  

- Obrigada por hoje. – ela sussurrou com um sorriso.  

- Obrigada você, e me desculpe também. 

Eu gesticulei, apontando para mochila com suas roupas molhadas. Lauren agora vestia roupas minhas, sendo um moletom e short jeans. Apesar de ela ter mais corpo que eu, as roupas ficaram boas nela.  

- Por que se desculpa tanto? Eu adorei passar à tarde com você. 

- Nem terminamos o trabalho. 

- Podemos marcar amanhã, na biblioteca do colégio, é mais seguro. – sussurrou enquanto apontava para o Aladim. 

Soltei uma risada baixa, e meneei com a cabeça em um sinal negativo. 

- Eu vou adorar.  

Nós nos encaramos por alguns segundos que pareceram durar mais do que o normal. Lauren estava tão bonita, seus cabelos estavam molhados, porém bem penteados. Ela usava meu moletom branco com um sol e uma lua estampados no peito, e na parte debaixo apenas um short jeans escuro.  

- Então nos vemos amanhã? 

- Sim, claro! 

Lauren e eu nos abraçamos em despedida, e eu fiquei a observá-la se afastar. Por pura coincidência do destino, assim que a garota desceu as escadarias de minha casa, o Jeep de Ethan parou na rua. 

- Ei! Lauren! – gritou o rapaz enquanto acenava.  

A garota me lançou um ultimo sorriso antes de acenar e seguir em direção ao carro de Ethan. Por algum motivo eu tinha a sensação de que o rapaz não era a melhor opção para Lauren, mas quem era eu para interferir?" 

Flashback off. 

 Despertei de meus devaneios ao ouvir a voz de Normani ecoar pelo meu apartamento. A mulher reclamava de algo que eu não conseguia compreender, talvez o excesso de álcool já estivesse me afetando em níveis profundos. 

- O que diabos pensa que está fazendo?  

- Me deixe, Mani. – resmunguei ao deitar no sofá novamente. 

- Não deixo não. Você está completamente bêbada, trancada nesse apartamento. 

Normani caminhou até as janelas da sala, abrindo as cortinas para que a claridade adentrasse meu apartamento. Fechei os olhos rapidamente, sentindo o incomodo pela luz. Vi a mulher se aproximar, pegando a garrafa e o copo de minhas mãos. 

- Já chega disso. 

- Que saco, Normani! 

Ela não demorou a voltar da cozinha com uma expressão séria. Fechei os olhos novamente, permanecendo deitada no sofá. Eu iria ignorá-la, pois sabia exatamente o sermão que ganharia. Eu não estava tão bêbada, só o suficiente para ficar tonta. 

- O que aconteceu? – pela ausência de resposta, ela insistiu. – Camila! 

Bufei de forma irritada e abri os olhos, vendo agora a mulher sentada a minha frente. Eu sabia que ela se preocupava comigo, mas minha única vontade era ficar sozinha com meus pensamentos.  

- Não aconteceu nada!  

- Para você ficar assim, deve ter acontecido alguma coisa.  

- Eu sou assim, sempre fiz isso. – resmunguei ao levantar do sofá e caminhar em direção as escadas. – Sempre fui infeliz. 

Entrei em meu quarto, fechando a porta com força logo atrás de mim. Eu odiava me sentir tão frágil, tão fraca. Depois de tantos anos criando uma barreira ao redor de meus sentimentos, aquela mulher apenas com sua presença tinha o poder de desmoronar o que jurei ser inquebrável.  

"-Camila! Espera! – Lauren gritou, enquanto corria atrás de mim. – Camila, por favor!  

Senti sua mão se fechando ao redor de meu braço, impedindo que eu continuasse a me afastar. 

- O que você quer?! – gritei. 

- Por favor, me deixa te explicar... – suplicou a garota. 

- Explicar o que? Que me fez de idiota esse tempo todo? Poupe-me disso!" 

Sentei-me no chão do quarto, deixando que as lagrimas salgadas caíssem. Eu não poderia mais segura-las, não naquele instante. Durante muitos anos, eu jurei que não derramaria mais sequer uma lagrima por Lauren, e não era por ela, agora era por mim. Deixei que um único fato de meu passado mudasse minha visão a respeito do mundo e das pessoas ao meu redor. Eu não me orgulhava de quem eu era mesmo tendo conseguido tudo que sempre almejei, ainda me sentia vazia e sozinha. Eu tinha minhas amigas, minha família, mas ainda sim um vazio tomava conta de mim, como se faltasse algo para me fazer verdadeiramente completa.  

- Não será você quem vai ocupar esse lugar, Jauregui.  

Eu não sei por quanto tempo fiquei chorando, mas permaneci em lagrimas até ser vencida pelo sono. Lembro malmente de ter visto Normani adentrar em meu quarto ao lado de Ally, as duas colocaram-me sobre a cama para que eu pudesse descansar. Acordei na manhã seguinte milagrosamente sem dor de cabeça, mas com uma cara péssima. Levantei da cama, e segui para uma ducha fria. Ao sair do quarto e chegar na cozinha, pude ver minhas melhores amigas na mesa de café da manhã. 

- Finalmente, bela adormecida. – Ally murmurou enquanto tomava café. 

Soltei um sorriso de canto, sentando-me na cadeira a sua frente. 

- Bom dia, meninas. 

- Bom dia. – Normani me encarou, talvez analisando meu estado. 

- Mani... – repousei minha mão sobre a dela, atraindo seu olhar curioso. – Me desculpe por ontem, eu... 

- Está tudo bem, ok? Eu não estou chateada. Entendo ter ficado daquela maneira, mas não quero que deixe se abalar.  

- Mani tem razão, Mila. Queremos o seu bem.  

- Eu estou ótima, melhor impossível.  

Ambas sabiam que eu estava mentindo, mas não ousaram me contrariar. Viver tantos anos ao lado de Ally e Normani fizeram com que nos conhecêssemos perfeitamente bem, a ponto de não interferir no limite uma da outra.  

- Perfeito, é bom estar ótima. Temos uma sessão de fotos para a Victoria's Secret hoje. 

Eu respirei fundo, engolindo em seco. Mas apenas assenti, demonstrando que aquilo não havia me incomodado em nada.  

- Tudo bem, nós vamos.  

Percebi que ambas trocaram um olhar cúmplice, e eu apenas me servi do café da manhã farto sobre a mesa.  

[...] 

Me olhei em frente ao espelho analisando a primeira lingerie oferecida para a sessão de fotos. Eram todas de renda, com cores diferentes, e modelos distintos. A primeira era preta, com um sutiã de bojo, e uma calcinha pequena e delicada, conectada com as meias em minhas pernas, pela cinta liga apertada. Vesti o roupão branco, calcei os saltos e caminhei para o estúdio montado especialmente para as fotos. Ao pisar no salão extenso tive a imagem de Lauren em uma conversa entretida ao lado de Dinah; rolei os olhos de forma impaciente, mas coloquei a expressão mais cínica e falsa que poderia. Lauren frequentaria todos os meus trabalhos para a VS, como diretora geral do projeto, a sua avaliação era fundamental. E eu não daria aquela mulher a satisfação de saber que ainda ame afetava, pelo contrario, eu mostraria que poderia viver muito bem sem ela.  

- Dinah! – Exclamei com o melhor de meus sorrisos.  

A loira bem arrumada e muito bela me encarou surpresa, com um lindo sorriso em seu rosto. Dinah em poucos meses de contato, me transmitiu uma boa energia. Era animada, confiante, engraçada e, sobretudo, sincera. Deveria dizer que adorei conhecê-la desde o primeiro momento? Nos demos bem logo de cara, como se nos conhecêssemos há anos. 

- Mila, que bom ver você! Fiquei preocupada. – disse ao me abraçar. – Com aquela confusão no final da festa, não vi como ficou. 

- Não se preocupe, eu estou ótima! – soltei animada, praticamente ignorando a presença de Lauren ao seu lado. 

- Está mesmo! Parece muito bem disposta para a nossa sessão de fotos. 

- Sabe que faço meu trabalho com prazer. Adorei os modelos que desenhou, tudo tão bonito.  

- Demoramos uma vida com esse projeto, não é Lauren?   

- Sim, claro. – ela soltou um tanto acuada, sem me encarar. 

Ouvi a voz impaciente do fotografo ao fundo, então rapidamente acenei para Dinah e me afastei. Eu começaria com as fotos individuais, e logo depois com outras modelos. Me posicionei no centro do cenário escuro, onde havia um divã branco. Desenrolei o fio do roupão ao redor de minha cintura, sabendo exatamente que os olhos de Lauren estavam sobre mim, então o retirei totalmente, ficando apenas com a lingerie sexy. As luzes especiais foram acesas, e os últimos retoques na maquiagem e cabelo estavam sendo feitos.  

- Ok, Karla eu quero que namore essa câmera. – o fotografo disse com um sorriso. – Provoque-a.  

- Com todo prazer. – soltei com um sorriso malicioso.  

Meus olhos vagaram pelo ambiente, e por trás do fotografo estava Lauren. Ela tinha um olhar intenso, como quem pudesse me devorar. Mas eu fingi que nem sequer percebi. Encarei a câmera com um olhar provocante, como se quisesse seduzi-la. Lauren meneou com a cabeça em sinal negativo, arrancando-me um sorriso malicioso dos lábios. 

- Você está maravilhosa. – murmurou o fotografo. 

Minhas poses eram sensuais, acompanhando as caras e bocas que eu fazia. Os flashes da câmera banhavam meu corpo, trazendo um lado confiante e desafiador que construi em mim. Era como se sobre as passarelas, ou sobre os flashes das câmeras eu fosse tão poderosa, quase invencível. Deitei sobre o divã, deixando meu cabelo espelhado sobre o mesmo, enquanto cruzava minhas pernas. Encarei a lente da câmera com um olhar intenso, sério. Lauren me assistia minuciosamente, enquanto hora ou outra tentava desviar seu olhar.  

- Terminamos com essa, você pode colocar a próxima. Essas fotos ficaram incríveis! – Charlie exclamou animado. 

- Posso ver? – Lauren perguntou. 

- Claro, querida.  

Eu me aproximei de ambos, enquanto Charlie mostrava as fotos na tela da câmera profissional em suas mãos. Ficamos por alguns minutos analisando as fotos, e elas ficaram realmente boas.  

- Sempre perfeita, Karla. – ouvi uma voz conhecida, e me virei. 

- Martha! – exclamei animada. – Que bom que veio. – abracei a mulher de forma carinhosa.  

- Eu não iria recusar seu convite. 

Lauren parou de observar as fotos, e me encarou silenciosamente. A sessão de fotos da VS eram restritas somente aos funcionários da grife e as modelos, não permitindo qualquer tipo de visitas, para não ocorrer vazamento das fotos da nova da coleção. Mas, eu não estava aqui para seguir totalmente as regras, ainda mais vindas de Lauren. 

- Pensei que a sessão de fotos fosse particular, Srta. Cabello. – ouvi a voz de minha ex ecoar logo atrás. 

Soltei uma risadinha e a encarei, afastando-me de Martha. 

- Martha é minha convidada.  

- Creio que poderia fazer isso depois das fotos, não? Muito melhor. 

- Não tem importância, não é Lauren? – Dinah se aproximou com um tom de voz ameno. – Martha é uma modelo, sabe se comportar.  

- Claro, não precisa se preocupar. – a loira falou gentilmente. – Eu sou profissional. 

- Não é nada contra você, Srta. Hunt. São regras, apenas. – ela tinha um sorriso amarelo, quase desconfortável. 

- Não vejo onde isso pode atrapalhar. – retruquei. 

- Sua atenção, já poderia ter se trocado de roupa, não acha?  

Nós nos encaramos por alguns segundos, quase em um olhar assassino. O clima naquele estúdio pesou, drasticamente. Eu sabia que Lauren estava com raiva de mim pelo acontecimento trágico entre nós, mas não admitira que ela tratasse uma de minhas convidadas dessa forma.  

- Quer saber? Eu cansei de tirar fotos hoje. – murmurei, e dei de ombros, puxando Martha pelas mãos. 

- O que? Não mesmo! 

- Cansei, podemos fazer isso amanhã. – murmurei enquanto caminhava. 

- Você não pode fazer isso, Karla.  

- Eu posso, e vou.  

- É melhor deixar o contrato se não pode ser profissional. – sua voz cortou o ambiente, deixando todos em silencio.  

Parei de andar, virando meu corpo em sua direção. Todos ali nos encaravam, como se estivesse prestes a assistir uma batalha.  

- É o que você quer? Que eu deixe o contrato? – ela continuou me encarando. – Responda, Lauren.  


O clima entre essas duas não será nada fácil, viu? Vamos ver o que acontece. 

Vejo vocês no próximo capitulo! Um grande beijo.

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