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Capítulo 20 - Verônica Iglesias

OLÁAA

Como prometi, aqui estou com a atualização para comemorar o nosso 1 milhão! Nem demorei, viu? Inspiração está me amando nos últimos tempos. (amém)

Quero agradecer de todo coração a todos os leitores dessa fanfic! Nós chegamos a 1 milhão de visualizações! Meu muito obrigada a cada um de vocês que estão aqui acompanhando esse trabalho. 

Agora, vamos ao que interessa, não? Preparados para ter Iglesias de volta?

Quero agradecer ao meu anjo, que me ajudou com algumas ideias pro final do capitulo. Sem ela, eu não teria terminado logo!

Agora sim...

Aproveitem ;)



Karla Cabello's point of view.


Encarei o olhar sério de Veronica em minha direção, sentindo-me completamente surpresa com a presença inesperada. Ela estava parada ao lado de sua mala de rodinhas, indicando que não havia muito tempo desde que chegara a meu apartamento. Ela trocou o peso de uma perna para outra, enquanto contorcia a boca em uma expressão desconsertada, talvez não imaginasse presenciar aquela cena tão inusitada de seu conhecimento.

- Uau! Que bom vê-la aqui! – Eu me soltei dos braços de Lauren lentamente, antes de caminhar na direção da mulher, com os braços abertos.

- É bom ver você também, apesar da situação. – Retrucou em um tom de voz baixo, quase repreensivo.

- Não me avisou que viria, eu teria mandado alguém lhe buscar no aeroporto. Acabamos de voltar da festa de aniversário de Anna Wintour. – Comentei com naturalidade.

- Eu queria fazer uma surpresa, por isso acabei não avisando.- Ela deu de ombros. - Liz, sua empregada me deixou entrar, espero que não se importe, mas ela me conhece.

Eu assenti devagar, e voltei meus olhos para Lauren ao fundo. Ela não se pronunciou, e muito menos cumprimentou Iglesias. Parecia ligeiramente empenhada em depositar sua atenção em qualquer coisa que não fosse aquela situação embaraçosa.

- Claro que não me importo, você é sempre bem-vinda, Vero.

- Uma surpresa enorme lhe ver aqui, Jauregui. Em anos, você era pessoa que eu menos esperava encontrar neste lugar.

Veronica soltou com um sorriso sonso, acompanhado de um olhar cortante. Lauren girou sobre seus calcanhares, dando-lhe os primeiros segundos de atenção, demonstrando toda educação proporcionada por Clara, mesmo contra sua vontade. Era nítido a antipatia existente entre aquelas duas mulheres.

- Posso dizer o mesmo, Iglesias.

O desenrolar do nosso passado não foi gentil e amigável para nem uma de nós, não com relação a Lauren. Digamos que, Veronica, possuindo sentimentos tão fortes por mim, absorveu ao meu lado toda angustia e desilusão pelo que Lauren me fez passar. Os últimos episódios do colegial foram preenchidos de um drama adolescente sem fim, o que se perdurou até os dias atuais.

- Bom, acho melhor eu ir para casa. – Lauren ponderou ao voltar os olhos verdes em minha direção.

- Não se preocupe, meninas. Eu posso alugar um quarto de hotel, fiquem a vontade. Afinal, quem invadiu a casa fui eu. – Interrompeu minha amiga ao fundo, enquanto segurava sua mala.

- Não seja boba, Iglesias. Fique no quarto de sempre, você sabe o caminho. – Declarei com um olhar firme, fazendo a jovem mulher assentir e se retirar.

Assim que ela se foi, Lauren e eu ficamos em um silencio quase perturbador. Ter Iglesias de volta, agora que eu estava bem com Lauren, trazia um gostinho amargo do passado vivido por nós, como se ela pudesse trazer à tona os mesmos sentimentos e sensações que eu estava lutando para esquecer durante todas aquelas semanas.

- Não sabia que ainda eram amigas tão próximas.

- Vero e eu sempre fomos próximas demais, e isso não mudou.

Ela ergueu as sobrancelhas rapidamente, tinha uma expressão incomodada. Não era segredo de que, apesar de ambas as mulheres terem sido amigas no passado, existia certa competição por minha atenção.

- Ela sempre aparece assim na sua casa?

Um sorriso se formou em meus lábios, que tão logo cuidei de reprimir. Lauren parecia enciumada, quase irritada.

- Às vezes sim, isso é um problema? – Indaguei fingindo inocência.

Ela não respondeu, e nem me encarou. Mas eu poderia notar facilmente o vinco em sua testa franzida. Respirei fundo, e envolvi seu pescoço com os meus braços, puxando-a para mais perto.

- Por que está assim?

Lauren bufou, e fixou seus olhos em mim.

- Sabemos que Iglesias não me suporta, Camila. E ter ela aqui, com você... – Ela meneou com a cabeça. – Não me parece bom.

- Lauren, não é como se ela fosse me influenciar a recuar no que estamos avançando. Sou dona de minhas decisões, entende?

- Eu não me importo com o que ela pensa, mas você sim. Não quero que ela mude sua visão sobre mim hoje. Eu estou provando que mudei.

Lauren tinha medo. Medo que Veronica pudesse me fazer a cabeça a ponto de deixa-la. Eu sabia que a mulher não seria a favor, estava nítido em sua expressão fácil quando me flagrou aos beijos com Lauren. No entanto, eu era a única responsável pelo meu futuro, e por quem queria nele, certo?

- E eu estou deixando você provar, não estou? – Perguntei, levando uma de minhas mãos até seu queixo, para obriga-la a me encarar.

- Queria passar a noite com você. – Confessou com um semblante triste.

Deslizei meus dedos sutilmente pelas maçãs de seu rosto, permitindo-me sentir a maciez de sua pele alva. Lauren fechou os olhos, e envolveu minha cintura com seus braços. Foram segundos para tê-la encaixando a cabeça na curva de meu pescoço, onde beijou delicadamente.

- Eu também queria muito, me desculpe por isso. – Respondi com os olhos fechados ao sentir o carinho em meu pescoço. – Juro que meus planos para essa noite eram bem diferentes.

- Pode ao menos me dizer como eram?

- Se eu disser, ficarei com mais vontade.

- Odeio sua amiga. – Lauren resmungou me fazendo rir.

Ela recuou alguns passos, e segurou minha mão, enquanto caminhávamos em direção a saída.

- Não diga isso, vocês eram amigas. E pareciam se dar bem demais. – Comentei vendo ela sair pela porta.

- Sim, até Veronica deixar bem claro que era apaixonada por você. O que eu sempre soube, não é? Só esperou eu pisar na bola para lhe agarrar.

Lauren voltou os olhos em minha direção, trazendo de volta uma expressão incomodada.

- Pelo menos não foi enquanto namorávamos. – Zombei. – Ela esperou a oportunidade dela.

- Deve querer outra vez. – Soltou incomodada.

- Então é melhor me conquistar muito bem, Jauregui. É a sua vez de me ter para você.

- Você é minha, Camila. Só precisa sentir isso novamente. – Respondeu direta, arrancando-me um suspiro quase imediato. – Mas não se preocupe, eu estou aqui para lhe fazer lembrar.

- Acha que consegue?

- Me diz você... – Ela olhou para nossas mãos coladas, e em seguida voltou os olhos para os meus. – Eu consigo?

- Segredo. – Respondi ao fazer uma careta que a fez rir baixinho.

Inclinei meu rosto para frente devagar, ficando perto o suficiente para ter seus lábios macios roçando sobre os meus em uma provocação sutil. Eram tão delicados e atrativos como em nossa adolescência. Lembro-me perfeitamente bem a sensação de me ver completamente perdida todas as vezes que tinha sua boca e seu corpo tão próximo a mim. Nem mesmo os anos, e o que eles trouxeram, foram capazes de apagar de minha memória todas as sensações boas e prazerosas que aquela mulher me provocou. Eu suspirei contra seus lábios, e permiti que meus dedos percorressem seu pescoço, seguindo rumo a sua nuca, metendo-se entre os fios de seus cabelos. Lauren resfolegou ao meu contato, e não hesitou quando tomei sua boca em um beijo ardente. Pude agradecer internamente o toque de sua língua sobre a minha, em um encaixe que só nós tínhamos. Ela me sugava com uma lentidão excitante, perturbadora, que me jogava para fora de orbita.

Permiti que meus dedos descessem por sua nuca, que recebia minhas unhas em um aranhão leve que a fez arrepiar. Lauren sorriu contra meus lábios, antes de encerrar aquele beijo com uma mordida em meu lábio inferior, seguido por uma sequência de selinhos.

- É melhor eu ir, antes que fique mais difícil de lhe deixar aqui.

Uma lufada de ar escapou por minha boca, entregando uma respiração ofegante e nervosa. Com um único beijo, Lauren havia me deixado assim, em brasas.

- Está quase me fazendo desistir de ser uma boa anfitriã, Jauregui.

- Sabe que não me incomodo, não é? – Disse ela ao segurar em minha cintura.

- Porque não é você lá dentro, espertinha.

Lauren sorriu de canto, um sorriso desleixado e atraente que me fez suspirar. Fechei os olhos e neguei com a cabeça, tentando me controlar.

- O que foi?

- Nada. – Menti com um sorriso, entregando-me. – Vai, está muito tarde. Leve um de meus carros, para não ter que pegar um taxi. – Estendi a chave.

- É uma desculpa para me ver amanhã?

- Acertou em cheio. – Respondi ao depositar um beijo em sua boca.

Lauren sorriu com os olhos fixados sobre mim, antes de se despedir e se afastar para o interior do elevador. Eu esperei que as portas se fechassem para então voltar a sala de estar, carregando um sorriso idiota no rosto. Os momentos com a mulher aconteciam de maneira tão espontânea, que custava-me acreditar que um dia tivemos momentos sombrios. Havia uma conexão entre nós, uma ligação que o tempo e as decepções não foram capazes de cortar.

- Parece que voltei no tempo, e estou vendo a mesma Camila apaixonada de anos atrás, só espero que dessa vez a gente não tenha o mesmo final.

Me desencostei da parede, e encarei os olhos avaliativos de Veronica. Ela de maneira sutil, caminhou para o centro da sala, e ocupou um lugar no sofá antes de depositar o copo com agua sobre a mesinha de centro. Um suspiro deixou seus lábios, quando me fitou tranquilamente.

- É diferente agora. – Afirmei ao me aproximar.

- Ah, é? Em que?

Me aproximei de minha amiga, e sentei ao seu lado, entregando um sorriso satisfeito para aquele semblante curioso.

- Eu cresci. Não sou mais a mesma garotinha inocente do colegial. – Dei de ombros. – Sou uma mulher madura, que vai saber lidar com toda e qualquer situação.

- Você ainda é aquela garota, Camila. Ela sempre esteve dentro de você, magoada e triste pelo que Lauren fez. Só soube esconde-la muito bem por trás da vida glamorosa que leva. Vai me dizer que isso mudou?

Desviei de seus olhos um tanto incomodada por sua afirmação.

- Ela mudou, Vero. – Sussurrei em um fio de voz. – Lauren é diferente agora. Eu sinto.

- Me custa acreditar que ela mudou. Será que ela realmente sabe o que quer agora? – Seu tom de voz revela sua antipatia tão evidente pela empresaria. – Ou ainda permanece na dúvida que a torna tão insensível com todos ao seu redor?

- Ela está mostrando que sim, nosso reencontro não foi sutil. Quer dizer, eu a maltratei um pouco, e mesmo assim ela está aqui, persistindo firmemente, esperando o momento para que eu diga sim. – Falei com um sorriso de canto.

- E você dirá? – Indagou rapidamente, fazendo-me encara-la. – Irá entregar seu coração a ela outra vez? Tem coragem para isso?

Sua pergunta me acertou com força, trazendo consigo uma dúvida torturante. Um dilema em que me coloquei desde o momento em que abri as portas de minha vida para Lauren outra vez. No início, pensar em tê-la de volta era totalmente inaceitável, como se ela não fosse merecedora de meu perdão, e consequentemente de uma segunda chance. No entanto, no decorrer de todas aquelas semanas, percebi que minha história com Lauren não havia acabado, nunca tivemos a oportunidade de dar um fim por definitivo. Existia uma pequena abertura, que no decorrer de tantos anos foi alimentada pelo sentimento de raiva e tristeza, e que agora necessitava de uma solução. Minha vida seria aberta ou fechada de uma vez para aquela mulher?

- Ainda é cedo para dizer. – Hesitei, engolindo aquele pequeno nó que se formou em minha garganta. – Mas eu quero, quero muito.

- Você não afirma porque sabe que ela pode pisar na bola outra vez, viu? Tem medo de sofrer.

- Não é verdade! – Retruquei rapidamente. - Só quero ir devagar, não coloque essas coisas na minha cabeça, por Deus!

- Não estou fazendo nada, só estou lhe alertando. Eu não quero vê-la chorando pelos cantos outra vez, se sentindo substituível e fraca. Lauren não esteve aqui, não sabe o quanto foi dolorido, mas eu sei, porque eu estive do seu lado. – Afirmou ela com os olhos fixos sobre mim. – Não vou deixar que isso aconteça outra vez.

- Eu sei, e agradeço por isso. Você sabe... – Falei ao segurar em sua mão. – Isso não vai acontecer outra vez.

- Eu espero realmente que não aconteça, porque dessa vez eu não irei somente gritar com Lauren. Farei muito pior, garanto.

"Eu quero falar com a Camila!"

Lauren exclamou visivelmente nervosa, enquanto tentava passar por Veronica.

"Nem pense em se aproximar dela, não basta o que fez?" – Indagou minha melhor amiga completamente enfurecida.

"Não se meta, eu preciso explicar. Camila! Por favor, me escuta."

Abaixei a cabeça, e coloquei as mãos sobre os meus ouvidos em uma tentativa fugaz de não escuta-la. Meu rosto permanecia banhado pelas lagrimas que deixavam meus olhos, enquanto aquele maldito nó crescia em minha garganta. Meu peito ofegava em uma falta de ar ardente. Minha vontade era que tudo fosse apenas um maldito pesadelo, e que a qualquer momento alguém pudesse me despertar daquele momento de tormenta.

"Por favor, eu não queria ter feito aquilo. Me perdoa!"

"Vai embora, Lauren!" – Gritei em meio aquele choro desesperado.

"Não está ouvindo ela? Vai embora, você não a merece. Nunca mereceu!"

"E quem merece? Você? Aposto que está feliz com isso, não é?" – Lauren gritou em puro agonia.

"Nunca ficaria feliz com o sofrimento de Camila, não sou tão insensível como você, Jauregui."

"Você não sabe o que está falando! Camila! Por favor, me deixa explicar."

Eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, afastando aquelas lembranças tão amargas. Veronica permanecia ao meu lado, mas não me encarava.

- Eu quero perdoa-la, Vero. E eu estou fazendo isso. Sinto que minha historia com Lauren ainda não acabou, não tivemos a nossa chance, entende?

- É uma escolha sua, Camila. Eu não posso ir contra, mesmo não concordando. Se está disposta a perdoa-la, faça isso, mas fique ciente de tudo que aconteceu lá atrás. Lembre-se de tudo que ela lhe causou antes do tão esperado sim.

- Não posso guardar esse rancor pelo resto da minha vida. – Eu dei de ombros. – Hoje tudo é diferente, e sinto que posso dar esse passo.

- Não posso apoiar essa decisão, mas eu vou respeita-la.

- Vero, eu preciso...

- Faça o que seu coração mandar, Camila. – Vero respondeu ao erguer seu corpo do sofá.

Um suspiro deixou meus lábios, quando ela depositou um beijo no topo de minha cabeça, para em seguida caminhar de volta para o interior do seu quarto, deixando-me sozinha com meus pensamentos. Por semanas, a imagem de uma Lauren covarde e mentirosa havia se apagado de minha memória, dando espaço somente a sua nova versão, uma mulher madura e decidida quanto as suas vontades. No entanto, a chegada de Veronica, trouxe de volta a incerteza de um futuro certo. Eu estaria errando outra vez? Era seguro entregar meu coração a Lauren outra vez?

- Você não pode fazer isso comigo de novo... – Sussurrei em um fio de voz.

Neguei com a cabeça, e me recostei no sofá, permitindo que meu corpo relaxasse sobre as almofadas.

"- Onde está Lauren? – Indaguei com o semblante confuso enquanto vestia as roupas para a primeira entrada no desfile estadual.

- Ela... – Veronica desviou os olhos dos meus.

- Ela deve ter se atrasado, pode ligar para ela? Daqui a pouco eu vou entrar, e não quero fazer isso sem ela aqui.

- Camila, ela não vem."

Por alguns instantes, senti um pequeno aperto no peito ao recordar aquele momento, e tudo que aconteceu após ele. Foi uma sequência de catástrofes emocionais que se prologaram durante anos dentro de mim. Lauren não parecia ser a mesma, ela não poderia ser a mesma. Poderia?

Nem mesmo o sono de poucas horas, ou o despertar tumultuado foi capaz de afastar aqueles pensamentos do interior de minha cabeça. Era o dia seguinte, e aqui estava eu, no interior de meu carro seguindo para o prédio monumental da VS, ao lado de Veronica e Normani, que conversavam animadamente sobre meus projetos futuros, os quais eu nem sequer sabia ao certo. Minha agenda era completamente controlada por Hamilton, era como se ela fosse o segundo cérebro no interior da minha cabeça perturbada. Enquanto a negra cuidava de minha vida profissional, eu me dava o "luxo" de pirar com minha experiência emocional catastrófica. As palavras de Veronica na noite anterior ainda ecoavam no vão de minhas lembranças, trazendo um mau humor animalesco. Eu me contive a poucas palavras, e um semblante sério, enquanto todos ao meu redor pareciam felizes demais. Eu não poderia culpa-los se meu dia estava mal, não é? Dei mais uma olhada no visor de meu aparelho celular, ignorando todas as notificações que surgiam na tela. Nem uma delas era de Lauren. Apesar de não querer encara-la, sentia estranhamente desemparada sem uma mensagem sua pela manhã.

- Não vai mesmo falar nada? Estamos programando sua vida, e você aí calada. – Iglesias indagou ao virar seu corpo sobre o banco da frente.

- Me desculpe, eu não estava ouvindo.

- Aconteceu alguma coisa que eu precise saber? – Foi a vez de Normani perguntar.

- Não, não aconteceu nada.

Ela ergueu uma das sobrancelhas, totalmente desacreditada. Normani sabia me ler como poucos, e mentir para ela sempre era uma péssima ideia. Bom, eu não estava mentindo por completo, estava? Não havia acontecido nada, além de uma simples conversa sobre meu passado.

- Camila está assim porque não gosto de Lauren. – Vero tomou a iniciativa. – E acho uma péssima ideia esse reencontro.

Meus olhos alternaram entre Veronica e Normani que agora mantinha um vinco no meio da testa.

- O que você tem contra o meu casal? – Seu tom de voz carregava revoltada sutil, o que fez Vero sorrir.

- Lauren não tem um bom histórico, você sabe muito bem, Kordei. Não acredito que também está caindo no encanto daquele par de olhos verdes. Lauren é uma covarde.

- Por Deus, Veronica! Elas eram adolescentes.

- Que seja! Camila sabia o que queria.

- Nem todas as pessoas são iguais! Cada uma tem o seu momento. – Normani rebateu tranquilamente.

- Vai ver o momento de Lauren ainda não chegou, e você está ajudando sua amiga a mergulhar no raso.

Eu fechei os olhos e suspirei enquanto ambas discutiam fervorosamente sobre o dilema que envolvia apenas Lauren e eu. Confesso que naquele momento, fazia uma contagem lenta e espaçosa em minha cabeça, em uma tentativa fugaz de acalmar meu humor que me impulsionava a ser grossa.

- Será que podemos não tornar isso uma espécie de plebiscito, onde vocês escolhem se eu devo ou não voltar para Lauren? – Soltei de uma só vez. – É uma escolha minha.

Recebi o olhar estático e surpreso de ambas que se calaram no mesmo instante. O silencio se instaurou no carro, trazendo um clima denso entre todas nós. Normani pigarreou e assentiu ao se acomodar melhor no banco do carro, fazendo-me sentir estranhamente desconfortável por meu ato tão grosseiro. Quando pensei em me desculpar, fui interrompida por nosso motorista.

- Chegamos, senhoritas.

Normani não me deu tempo de sequer tentar falar, abandonou o carro sem delongas ao lado de Iglesias, deixando-me sozinha com o motorista.

- Dia difícil, senhora?

- Muito difícil, Jasper.

- Espero que melhore. – Disse ele de forma atenciosa.

- Eu também. – Respondi ao deixar o carro, e adentrar o prédio.

Em certos momentos, eu poderia odiar meu temperamento tão impulsivo. Me colocava em situações delicadas, onde eu sempre acabava pisando na bola com as pessoas ao meu redor. Inferno. Era como se por alguns instantes, eu não fosse capaz de manter o controle sobre minhas ações impensadas. Consequências de uma maldita ansiedade e crise de nervos que me deixava totalmente desestabilizada.

- Bom dia, angel. Que carinha é essa? – Franklin indagou assim que entrei em meu camarim.

- Acordei em um dia ruim.

- Isso se nota facilmente nessas olheiras, e expressão tão cansada. Ah, Karla você tem um rostinho lindo, mas não pode me dar tanto trabalho com maquiagem. Veja.

Ele se posicionou logo atrás de mim, fazendo-me encarar o meu reflexo visivelmente cansado no espelho. O loiro era meu maquiador particular, estava constantemente em meus projetos, dando seu toque magico em minhas feições.

- Me perde, Fran. Não é um dia bom, mas espero que você faça sua mágica em me deixar incrivelmente bonita.

Ele abriu um largo sorriso, e tocou em meus ombros com um ar misterioso, como se estivesse tramando algo.

- Acredito que ele não precise de muito.

A voz rouca e familiar preencheu aquele ambiente por completo, trazendo um arrepio quase que imediato a minha nuca. Eu fechei meus olhos por breves instantes, sentindo-me estranhamente nervosa pela presença de Lauren.

- Concordo, sra. Jauregui. Apenas alguns toques, e ela continua exuberante como de costume. – Respondeu animado ao encarar Lauren.

Pelo reflexo no espelho, vi Lauren se aproximar timidamente. Ela estava deslumbrante aquela manhã. Usava um vestido social preto, de cortes sofisticado e sobre medida; suas alças eram finas, e seu caimento ficava um pouco abaixo de seus joelhos. Em seus pés um par de sapatos com tiras sutis na área frontal. Ela havia se tornado uma mulher de tirar o folego, pensei.

- Penso exatamente assim, sr. Franklin.

Lauren sorriu de maneira gentil para ele, recebendo outro sorriso em resposta. O loiro percebeu nossa aproximação, e cuidou de afastar por alguns instantes, deixando-me sozinha com a mulher.

- Pensei que iria passar em minha sala hoje. – Disse ela, recostando-se na mesa de maquiagem atrás de si.

- Ah, eu me atrasei e por isso acabei correndo logo para o camarim. Tenho apenas alguns minutos para me preparar para a sessão de fotos, e não queria atrapalhar todo o processo. – Desandei a falar sem nem sequer encara-la.

Lauren assentiu devagar, enquanto me observava atentamente. Ela tinha os braços cruzados abaixo dos seios, com uma expressão neutra na face.

- Não teve uma boa noite?

- Não muito, dormi pouco.

- Se estivesse indisposta, poderia me dizer, o ensaio hoje é apenas com você. Eu poderia cancelar, ou transferir para a parte da tarde.

- Não posso abusar dos privilégios, vão achar que é porque me envolvo com você. – Falei ao me levantar da cadeira, e me afastar dela.

- Ninguém sabe de nós ainda...

- Como sempre, não é? – Rebati automaticamente.

Droga.

Fechei os olhos e meneei com a cabeça em um sinal negativo, praguejando-me por aquilo. Eu não estava em um bom dia, e ter a presença de Lauren nele não estava o tornando melhor. Por mais que eu a quisesse por perto, meu subconsciente receoso apontava para ela com setas luminosas de perigo. Maldita hora que Veronica trouxe tudo de volta.

- O que disse?

Lauren perguntou, fazendo-me questionar se sua pergunta era para ter certeza de minhas palavras, ou se de fato ela não havia escutado. Eu respirei fundo, e engoli em seco antes de me virar em sua direção. Seu par de olhos verdes se estreitaram, fazendo-me ter certeza que ela havia sim escutado.

- Nada demais, Laur. Pode me dar alguns minutos? Eu vou me arrumar, falo com você no estúdio, tudo bem?

- Tem certeza?

Eu balancei a cabeça em afirmação, o que fez ela se aproximar. Seus olhos verdes pareciam confusos, e um tanto incomodados. Ela suspirou, e sorriu fraco.

- Tudo bem, eu vejo você no estúdio. – Disse ela antes de depositar um beijo sutil em meu rosto.

Eu apenas assenti, permitindo que ela deixasse aquela sala sem mais uma palavra. Franklin voltou seus olhos azuis em minha direção, como se quisesse se certificar que poderia se aproximar. Esbocei um sorriso fraco, e voltei a cadeira em frente ao espelho. Para minha infelicidade, os minutos passaram voando. Em poucos instantes, eu estava devidamente pronta para sessão de fotos que seria realizada.

- Por aqui, Karla. – O fotografo me conduziu tranquilamente, enquanto eu desamarrava o laço em meu roupão rosa de seda. – Vamos fazer algo bem simples, tudo bem? Você ficará deitada sobre o divã.

Eu apenas assenti para ele, antes de retirar totalmente o robe que me cobria o corpo. Me deitei sobre o estofado macio, posicionado no meio do estúdio, trajando somente as peças desenhadas por Dinah. A loira estava ao fundo, observando todo processo atentamente; ao seu lado, estava Lauren. Pela ausência de um sorriso, tive certeza que o pequeno atrito de minutos atrás havia afetado seu humor. Um suspiro deixou minha boca, quando desviei meus olhos dela, e os coloquei do lado oposto. Lá estava Normani, e Veronica, tão sérias como Lauren. Que maravilha.

- Tente relaxar, tudo bem? Parece tensa.

Eu respirei fundo, e encarei a lente da câmera a minha frente. As luzes banharam meu corpo na medida certa, enquanto toda a equipe cuidava de fazer seu trabalho. O primeiro flash veio, fazendo-me piscar surpresa.

- Me desculpe, vamos de novo. – Murmurei para o fotografo.

Ele voltou a com a câmera em minha direção, e outro flash veio sobre meus olhos.

"Você ainda é aquela garota, Camila. Ela sempre esteve dentro de você, magoada e triste pelo que Lauren fez. Só soube esconde-la muito bem por trás da vida glamorosa que leva. Vai me dizer que isso mudou?"

Meus olhos deixaram as lentes, e pousaram sobre o corpo de Lauren logo atrás. E se Veronica estivesse certa? E se Lauren fosse capaz de repetir os passos do passado? Que garantia eu poderia ter de que ela não fosse tomar as mesmas atitudes? Confiar era o suficiente? Uma semente de dúvida estava florescendo em meu interior em uma rapidez que eu não parecia ser capaz de conter. Por mais que eu quisesse afastar tais ideias, e acreditar que tudo agora seria diferente, o medo de sofrer novamente me fazia recuar para o esconderijo onde sentimentos não eram permitidos. O avanço que ela tanto teve trabalho para fazer florescer, estava sendo tomado pela erva daninha cultivada pelas palavras de verônica.

- Olhos na câmera. – Repetiu o fotografo pela terceira vez, tentando me fazer parecer o mais natural possível. – Relaxe, Karla. Fique tranquila.

Veronica não tinha culpa, a indecisão estava em mim. O medo era meu, certo? A mulher estava apenas fazendo o seu papel de melhor amiga, onde me alertava dos possíveis perigos que aquele caminho poderia me reservar. Ela o conhecia, todas nós conhecíamos. Só me restava saber se eu iria seguir por ele ou não.

- Ok, acho melhor a gente dar uma pausa. – Normani alertou para todos.

Eu franzi o cenho e me sentei sobre o divã rapidamente, agradecendo aos céus por sua intromissão. O fotografo assentiu, e o restante da equipe se dispersou pelo ambiente em passos rápidos. Hamilton se aproximou lentamente, entregando-me o robe com a marca da VS estampado nas costas.

- Uma pausa para respirar.

Eu encarei aquele par de olhos, vendo que ela não estava mais chateada comigo. Normani me conhecendo tão bem, sabia que eu não estava bem. E que algo estava me atormentado a cabeça.

- Obrigada por isso. – Falei ao me vestir.

- Quer ir para casa? Você não me parece bem.

Antes que eu pudesse responder, vi Lauren se aproximar receosa. Normani me encarou por breves instantes, e se afastou após um sutil cumprimento a empresaria.

- Podemos conversar? – Perguntou próxima demais. - Quero entender o que está acontecendo com você. Me deixe ajuda-la.

"Não a pressione tanto, Jauregui. Camila não está bem."

Ouvi a voz de Iglesias ao fundo, percebendo que ela se aproximava. Lauren desviou os olhos dos meus, e respirou fundo, como se buscasse manter a calma.

- Engraçado que ela estava muito bem até ontem. – Lauren retrucou ao virar de costas para mim.

- Está me culpando por isso? – Vero parou na frente da mulher com um olhar incrédulo. – Sério?

- Não estou falando nada, acha que é culpada por isso?

- Lauren... – Murmurei em um fio de voz.

Eu sentia as pontadas firmes em minhas têmporas, em uma dor de cabeça insistente. Todos aqueles pensamentos estavam causando náuseas.

- A única culpada aqui é você, quem magoou a Camila não fui eu, lembra?

- Veronica! – Exclamei.

Eu vi Lauren engolir em seco, como se um nó enorme tivesse descido por sua garganta seca.

- Não se meta no que não é da sua conta. – Seu tom de voz rouco trazia certa revoltada. – Camila e eu podemos resolver isso sozinhas, sem a sua interferência.

Me movi em passos rápidos, ficando entre ambas as mulheres que agora se encaravam com olhares furiosos. Eu poderia sentir o clima denso compartilhado por duas pessoas que foram tão amigas no passado.

- Não vou deixar que ela caia no seu papo furado outra vez. Eu vi o que você fez, e não posso deixar que faça outra vez.

- Então você está enchendo a cabeça dela, não é? – Lauren indagou, dando um passo a frente. - Por isso Camila está assim hoje. Eu sabia que iria fazer isso, nem sei porque fico surpresa.

- Estou apenas alertando para ela não esquecer para quem está abrindo as portas outra vez.

- Chega! – Exclamei alto, trazendo o olhar espantado de ambas as mulheres que discutiam como se eu não estivesse ali. – Vai embora, Veronica. Me deixe sozinha com Lauren, por favor.

- Camila...- Ela hesitou.

- Vai.

Iglesias me encarou por breves segundos, fazendo-me perceber a irritação presente naquelas pupilas dilatadas. Seu peito subia e descia em uma respiração pesada, ofegante. Eu não voltei com a minha palavra, não o faria, e ela pareceu perceber, pois seguiu para a saída do estúdio, deixando-me sozinha com Lauren outra vez.

- Eu sabia que isso iria acontecer, eu disse para você.

Eu continuei de costas para Lauren, tentando organizar todos aqueles pensamentos que se chocavam no interior de minha cabeça. Havia uma batalha interna em minha cabeça, onde meus sentimentos se viam completamente confusos sobre qual caminho seguir.

- O que ela falou para você? Eu notei que havia algo errado assim que coloquei meus olhos em você essa manhã. Me diga... – Lauren se aproximou, pousando suas mãos sobre meus ombros.

- Não falou nada demais.

- Não pode ter sido tão pouco, está me evitando desde que chegou. Não conseguiu se concentrar no ensaio, está irritada.

- Talvez eu tenha um motivo. – Retruquei ao me virar para ela.

- Então me diga.

- Não sabe? Tem certeza?

A morena permaneceu calada, como esperasse uma resposta mais clara.

- Preciso que me diga, porque sinceramente eu não sei. Estávamos bem ontem, Camila. E hoje, você está assim. Graças a sua bela amiga, pelo visto. – Disse em um tom sarcástico.

- Não transfira sua culpa para ela.

Lauren voltou seus olhos verdes em minha direção, eram confusos, quase incrédulos.

- Do que está falando?

- Veronica apenas estava fazendo o papel dela. Me alertando sobre o que pode acontecer, se eu persistir nisso.

Vi ela dar um passo à frente, diminuindo a distância entre nossos corpos. Jauregui não tinha uma expressão tranquila agora, pelo contrário, eu poderia ver a revolta estampada em sua face.

- E o que pode acontecer, Camila?

Eu desviei meus olhos dos seus, quebrando aquela conexão densa entre nossos corpos. Não queria agir impulsivamente, não poderia liberar pensamentos tão desconexos sobre Lauren, não agora.

- Fala. – Insistiu.

- Você sabe muito bem do que estou falando.

- Eu não sei, me fala. Quero saber o que você e Veronica acham que vou fazer.

Balancei a cabeça em um sinal negativo, meu estomago estava embrulhando ao mesmo tempo em que meu coração parecia bater mais depressa no interior de meu peito.

- Não fique culpando Veronica.... – Sussurrei.

- Não quer que eu culpe sua amiga por fazer sua cabeça contra mim, mas aceita que ela me culpe, e que te coloque contra mim?

- É diferente. – Rebati.

- Diferente? No que é diferente, Camila? Ela está fazendo sua cabeça, logo agora que estamos bem! Não percebe, isso? Está vendo como podemos dar certo outra vez. – Lauren esbravejou nervosa.

- Diferente porque ela não errou comigo! – Exclamei ao encara-la. – Não foi covarde! Não me fez sofrer. Está apenas me avisando o que pode acontecer outra vez! Afinal, quem me garante que você mudou e que não vai ser uma idiota outra vez? – Cuspi as palavras de uma vez em puro impulso.

Lauren se calou quase que imediatamente, recuando um único passo, enquanto seus olhos desapontados abandonavam os meus. Naquele mesmo instante, um estalo de arrependimento me abateu, fazendo-me perceber o quão estupida havia sido. Eu respirei fundo, recebendo aquele par de olhos verdes tão tristes em minha direção.

- Se tudo que estou fazendo ainda não é o suficiente para fazer você perceber que sou diferente agora, é sinal de que nada fará você mudar de ideia. – Disse ela em um fio de voz. – Se vai ficar relembrando meu erro no passado a cada instante, é porque ainda não me perdoou.

- Lauren... – Eu tentei interrompe-la.

- Não podemos continuar assim, se quer acreditar na versão de Iglesias, fique à vontade, Cabello. Mas eu sei que mudei, você só não me deu chance para mostrar isso. – Foram suas palavras antes de me dar as costas. 


Acho que Vero não é tão boazinha assim, é?

Nos vemos no próximo! 

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