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05. O homem vestido de branco (II)


 A melodia fantasma provocou ecos até a Vila Hong. As pessoas acordaram assustadas com o estrondo imitando um trovão. Os animais por perto ficaram agitados e rugiam de medo. Pássaros voaram pela escuridão da noite.

Ao mesmo tempo, os cadáveres amontoados remexeram-se e levantaram-se um após o outro. Aqueles com membros decepados arrastavam os corpos, se movimentando em direção aos humanos.

O rosnado habitual dos cadáveres, juntamente ao rangido dos ossos expostos, provocava arrepios. O ranger dos dentes e das mandíbulas quebradas crepitavam nos ouvidos e permaneciam solenes até desaparecerem de sua audição. Um brilho esverdeado cortou o ar, deixando um rastro para trás. As folhas das árvores balançaram, deixando que a luz da lua penetrasse no interior da floresta.

A ponta afiada da espada brilhou refletindo da lâmina também esverdeada. O discípulo balançou a espada suavemente, mostrando suas habilidades refinadas e demonstrando sua facilidade em subjugar inimigos. Uma destreza que raramente era vista entre a geração mais nova, mas que, para ele, era tão natural quanto respirar.

Ele se apressou ao ver a agonia do garoto no chão aumentar. Algo voltou a perturbá-lo e uma incrível onda de dor o inundou, a fim de afogá-lo. Mais uma vez, parecia que a carne iria se partir de dentro para fora e o crânio iria rachar. As batidas dentro do peito aceleravam-se, assim como a pulsação.

Cai Xing queria morrer. Rápido. Era melhor do que aquilo. O sofrimento deveria acabar logo.

— Morra! Morra! Morra! Morra! Morra!

Ele socou o chão repetidamente. A mão de Cai Xing sangrava em carne viva, e ainda assim ele repetia os movimentos e mostrava uma brutalidade ritmada com o que a música tocava anteriormente.

O discípulo olhou para o rapaz que praticamente possuía a sua idade, entrar em um desespero tão grande. O que poderia ter acontecido para resultar num comportamento tão bestial?

Enquanto seu mestre lutava bravamente e sem riscos com o fantasma, o discípulo enfrentava gradualmente mais cadáveres. Atraídos pela negatividade do garoto e por seu sangue, surgindo de todas as direções.

Lançando habilidades atrás da outra, depois de quase uma hora, aquele discípulo conseguiu afastar a maioria dos cadáveres. Colocou uma barreira de proteção, mas não aguentaria muito tempo. Seu poder espiritual foi usado de maneira ousada, o que ocasionou seu esgotamento mais rápido.

— Morra! Morra! Morra logo, seu desgraçado!

Os socos não diminuíram nem em força nem velocidade, pelo contrário, os golpes ficavam mais pesados e rápidos.

O discípulo procurou seu mestre com os olhos, mas o encontrou longe e estava bem ocupado enfrentando aquele fantasma. Ele estalou a língua e decidiu conter o rapaz, ele mesmo. Sentiu que precisava ajudar aquele rapaz. Ele respirou fundo e foi tentar sua primeira aproximação.

De repente, Cai Xing parou seus movimentos brutos e colocou as mãos na cabeça.

— Não se aproxime! Não se aproxime! Saia!

O discípulo parou.

— Eu sou um verme imundo! Não se aproxime! Não se aproxime!

Ele franziu as sobrancelhas e guardou a espada.

— Você não é sujo! Tente se acalmar um pouco! — O garoto se ajoelhou ao lado de Cai Xing. — Tente escutar minha voz. — O mais jovem tentou.

— Mãe, eu sou imundo! Não! Não! — Num movimento, ele deu um tapa na mão do outro.

Foi quando ele percebeu o que estava acontecendo. O fantasma ao qual seu mestre batalhava era um do tipo que provocava ilusões e este, considerando todo o ambiente, era de nível mais elevado. O mais incrível era como ninguém sabia dessa aberração tão poderosa e ninguém sentia essa aura terrível!

Se fosse assim, quebrar a ilusão seria difícil, no entanto, não impossível. Além disso, o fato de seu mestre estar lidando com ele, afeta nas visões e com ele, contrariamente às suas ilusões, poderia ajudar esse infeliz cultivador.

As ilusões são criadas através dos medos profundos, tragédias passadas e desejos do alvo. Dependendo do alvo, vale mais trazer uma visão mais prazerosa que a dolorosa. Mas, no final, era uma mentira visual e, quando descobertas, podem se tornar mais frágeis que um vidro. As punições e consequências poderiam trazer um prejuízo enorme em ambas as partes.

Mas, se a sensação de conforto é mais efetiva, por que esse fantasma fazia o contrário? Ou ele tinha algum rancor muito grande direcionada a esse rapaz, ou esse fantasma supremo poderia estar em um ímpeto furioso. Se fosse a segunda opção, até seu mestre estaria em uma situação complicada!

Entretanto, estava preocupado, pois o que tornava pior era a consciência do indivíduo durante a ilusão. Ele seria incapaz de ajudar! Não era poderoso o suficiente! E havia o risco de colocar alguém a sucumbir à ilusão e ser manipulado pelo fantasma, causando ainda mais estragos.

Não muito longe, o cultivador mais velho franziu o cenho. A força vinda daquela aberração parecia crescer no decorrer da batalha. Ele aproveitava a malícia do ambiente para ter mais vantagens e isso se tornava, gradualmente, mais irritante.

De soslaio, ele aproveitou para verificar a situação de seu discípulo. Estava cercado pelos cadáveres, mas conhecendo sua força e sua inteligência, sairia facilmente da situação. Acreditava cegamente em seu discípulo e em seu talento.

Os cadáveres estavam todos no chão e ele parecia ter controle sobre a situação com o outro rapaz. O fantasma em sua frente, contido por suas próprias mãos. Era o momento perfeito para revidar.

Tal homem que observava seu discípulo era a potência número um do mundo. O pilar das seitas de cultivação e da esperança contra os cultivadores do diabo e dos fantasmas. As pessoas comuns o chamavam de divindade, deus marcial, o herói inigualável, o Norte do Mundo. Uma existência incomparável no período inicial da alma nascente, um homem cujos títulos dariam um grande pergaminho.

Para os cultivadores, este homem era um modelo a ser seguido. Não houve relatos de alguém com menos de um século de vida alcançasse esse nível e ele tinha somente trinta e cinco anos!

Mas, ele não era considerado uma existência incomparável devido ao seu poder. Ter poder é predominante, mas há vários acima dele, com muito mais experiência e mais poderosos. Ele era o mais forte porque era o mais humano e porque vivia a vida como queria.

O nome de Shen Zhengyi era conhecido nos lugares mais remotos.

O fantasma que estava sendo controlado ouviu seu nome pela primeira vez no submundo, aos arredores da Cidade Fantasma e, naquela época, ele era ainda um falso núcleo dourado! Shen Zhengyi tinha somente vinte e três anos! Isso era assustador! Quantas vezes assassinos foram mandados e suas existências mandadas para o submundo!

Provavelmente, foi a pessoa com maior talento já vista. As histórias sobre ele aterrorizavam do submundo ao reino celestial e não havia alguém ou algo capaz de competir com ele. Nem ele tinha essa capacidade... ainda.

Shen Zhengyi previu isso e apenas ganhava tempo para seu discípulo, estava orgulhoso dele. Esses momentos eram importantes para o futuro dessa criança. Com um movimento fluido, guardou a espada e tirou uma flauta prateada, já tocando a primeira nota.

O som produzido por ela tinha um alcance ainda maior que a guzheng de seu inimigo, diferindo-se por um som acolhedor e calmo, trazendo a paz para quem escutasse. E, com isso, a malícia agitada ao redor perdeu força. O ímpeto furioso não precisava de uma força arrebatadora para se esvair, basta apenas um tremor e ela se destruirá sozinha.

Mestre Shen lançou-lhe um olhar profundo. Essa demonstração de poder e indiferença ao fantasma o fez estremecer, fosse de raiva ou de medo, era de fato um poder aterrorizante e arrebatador, ele não ganharia nada em continuar essa luta.

Deu uma última olhada em sua vítima. Ora ou outra, o garoto cairia em suas mãos e nas mãos de seu mestre. Não precisava ter pressa, Cai Xing estaria em suas mãos e, se tornasse poderoso, seria algo muito melhor.

O som de um instrumento sobrepujou o outro. A melodia fluía como uma pluma tocando um pano de seda e subitamente tudo ficou quieto. O fantasma recuou e restou a melodia suave que era a única a ser ouvida. Os cadáveres restantes se acalmaram e voltaram ao sono, promovendo rangidos e barulhos estranhos como se fossem cobras arrastando-se pelo chão.

Cai Xing também foi disperso da ilusão e não precisou que o discípulo se arriscasse tanto. Voltou a razão no tempo que uma risada enlouquecida disparou do fantasma.

— Você! — apontou para Shen Zhengyi, guardando seu instrumento. — Por enquanto, ainda tenho muito a fazer para alcançá-lo, mestre Shen.

Outra gargalhada estourou da garganta, quando a pedra de teletransporte foi quebrada e o fantasma desaparecesse antes de Shen Zhengyi capturá-lo, sendo puxado pela força espacial.

Cai Xing, por outro lado, respirava pesado, o suor excessivo molhou toda sua roupa, o que a fez grudar ao corpo. Ele estava muito assustado e todo o seu corpo tremia ao toque do vento enquanto encarava o chão, com um olhar fixo.

— Não me toque! — ele ordenou ainda desnorteado ao perceber que o jovem cultivador estava se aproximando.

Agarrou-se a uma árvore tentando levantar, mas devido à fraqueza em seus membros inferiores, ele desabou no chão em prantos. Sentiu-se patético e, se fosse capaz, naquele momento, riria dessa situação.

"A ilusão pode ter causado danos psicológicos e físicos a ele.", Mestre Shen teve certeza ao observá-lo. "Mais algum tempo e ele poderia estar morto."

— Yifu...

— Yan'er, vamos levá-lo até um alquimista. — o discípulo olhou para seu mestre um pouco confuso. — Sênior Huo poderá ajudá-lo.

— Mestre, tem certeza? Luo Dage não é um... o líder da seita não vai...

— Xie Yan, quem é o mestre entre você e eu? — interrompendo as palavras de seu discípulo, Shen Zhengyi o encarava indiferente.

Xie Yan baixou a cabeça.

— Agradeço pela preocupação, mas esse mestre não está realmente preocupado com isso... sobre minhas ações, resolverei com o líder da seita.

— Perdoe esse discípulo. Fui muito ousado, aceitarei qualquer punição. — Xie Yan se curvou.

— Eu não irei. — Cai Xing finalmente retomou um pouco da consciência. — Não preciso da ajuda de vocês, nem voltarei àquele lugar.

Ele não sabia exatamente o porquê, mas sua intuição o alertava para não retornar. E sua intuição, raramente falhava. Estava mais calmo e tinha melhor controle sobre o próprio corpo. Tinha sede. Desejava se esconder.

— Prefiro morrer a voltar. Se me obrigarem, encontrarão apenas um cadáver ao me procurarem. — O olhar em seu rosto era determinado e sombrio. — Morrer uma segunda vez, não será tão assustador. — zombou após fazer uma segunda observação.

Xie Yan arregalou os olhos assustados, esse sênior com certeza perdeu toda a sanidade. Quem escolheria a morte? Havia se tornado um tolo ou sua memória e mente prejudicaram-se tanto com a ilusão do fantasma!?

Por outro lado, Shen Zhengyi olhava-o sem expressão, reconhecendo esse tipo de situação.

— Tomariam-me como tolo se retornasse à toca dos lobos. — Encarou Shen Zhengyi, como se ele fosse um idiota.

Shen Zhengyi, sem energia para discutir com uma criança, concordou. Por um momento, ele pensou ter visto um olhar conhecido, mas se desfez de tal ideia. Passaram-se muitos anos. Mas estava aliviado por ver essa criança viva. No passado, não pôde ajudá-lo por não ter como provar sua honestidade. Felizmente, estava vivo e provavelmente estava melhor, não totalmente, mas estava melhor.

Assim que terminou de falar, seus olhos abrandaram e, relutantemente, Cai Xing adormeceu com os olhos inchados e com lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.

"Prefiro morrer a voltar... ele cresceu."

Shen Zhengyi fechou os olhos, amargurado, e pegou o rapaz, colocando-o nas costas para enfim levá-lo para sua casa.

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Três auroras se passaram para que Cai Xing retomasse a consciência por completo. As alucinações devido à sua febre e à desorientação o faziam entrar e sair da lucidez em momentos inesperados.

E assim que suas írises escuras reencontraram a vida, constatou que sua má sorte se estendeu para essa vida. E também estava desmaiando frequentemente.

Estava calmo, apesar de tudo. Poderia aceitar esse renascimento e também que havia algo prestes a estourar no mundo marcial. Pelas falhas e confusas lembranças, percebeu a existência de alguém, alguém cuja força era capaz de usar uma das artes proibidas.

No mundo marcial, havia uma lista de técnicas que foram banidas por serem perigosas demais e interferirem nas leis dos céus e dos homens. Mas, dentre essas técnicas, existiam algumas que ninguém deveria ser capaz de praticá-las. A arte do renascimento, ao trazer de volta alguém à vida. E o domínio do espaço-tempo, ao possibilitar alguém a interferir no passado, presente ou futuro. Profanar os corpos dos mortos e a manipulação dos vivos. Eram tabus mesmo nas seitas e clãs não-ortodoxos e era repudiado por todos.

Um sorriso maldoso surgiu em seus lábios. Quanto à última, depois que conseguiu o pergaminho com método de refinação de cadáveres e os espalhou pelo Pavilhão de Sangue, trazendo glória e renome aos seus subordinados, dificilmente era uma arte proibida atualmente. Pelas memórias de Luo Hang, lembrava-se com exímio sobre como as seitas justas se preocupavam com tal técnica, sendo difundida e espalhada como praga entre os cultivadores demoníacos.

Mas sentiu receio quanto à Arte do Renascimento. A técnica mais perigosa dentre todas, pois ao ser trazido de volta à vida, teria de sanar os desejos do falecido, seja ele destruir o mundo ou se encontrar com o grande amor de sua vida. Um pacto ligado à alma e, se quebrado, faria o renascido ser tomado pelas sombras do submundo. Isso queria dizer que não seria alguém comum ao fazer isso, alguém com um profundo conhecimento de técnicas proibidas.

Suspirou fundo e, ao levantar, alguém entrou através do pano que servia como porta da casa. Ele pegou a faca em cima da fornalha e jogou na direção do intruso. A faca parou entre os dedos da pessoa.

— Perdoe-me pela intrusão, sênior Luo! — era Xie Yan, ele carregava uma cesta de frutas, alguns cortes de carne defumada e legumes e se curvou assim que colocou a cesta no chão.

Luo Hang teve alguns encontros com essa criança no passado. Assim como ele, esse Xie Yan era um dos jovens prodígios que se destacavam em sua idade. E a pessoa por trás dele...

— Shizun pediu que lhe trouxesse alguns mantimentos. Também consertei o telhado e as paredes. Infelizmente, fui incapaz de consertar a porta. Perdoe-me por isso.

Sua aparência delicada de um jovem mestre mimado escondia que, além de habilidoso, era útil em tarefas servis. Não parecia, mas esse garoto era muito habilidoso. Cai Xing olhou para o teto. Bem, que ele percebeu algo estranho na casa, ela estava mais escura que o habitual.

Xie Yan jogou a faca de volta na parede. A casa estremeceu, parecia estar prestes a cair sobre suas cabeças. Bem, ele não era tão gentil assim...

— Estaremos de partida pela manhã, jovem mestre Luo. Se não nos vermos até lá, adeus. — Fez mais uma mesura e abriu um sorriso tímido.

Achou bom essa partida rápida. Não gostaria de se envolver com cultivadores por enquanto, principalmente, com os ortodoxos. Queria descansar por um momento e poder se livrar de toda a miséria ao seu redor e entender mais sobre essa nova época. Pelos céus! Havia se esquecido de como era ser pobre.

Quando Xie Yan estava próximo à porta, Cai Xing o chamou sem perceber, como se sua boca não o obedecesse.

— Ei...

— Sim?!

— Obrig... — Cai Xing estava prestes a lhe agradecer, mas se interrompeu antes que o fizesse.

Para não tornar-se um clima esquisito, apenas lhe mostrou um sorriso brilhante e encantador. Por um segundo, Xie Yan ficou paralisado. As batidas de seu coração aceleraram e, percebendo sua situação, Xie Yan saiu apressado após desesperadamente reverenciar seu sênior várias vezes. Provavelmente, seu rosto estaria todo corado e sentiu sua pele quente. Ele correu o mais rápido que pôde até chegar à taverna em que se hospedaram.

Cai Xing ficou parado sem entender a situação. Que raios havia feito? Fez algo errado? Ao vê-lo sair correndo, apenas balançou a cabeça.

"Habilidoso ou não, é esquisito demais."

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Na taverna, Xie Yan tropeçou em seu mestre assim que entrou. O garoto caiu com a lateral do rosto no chão. Ele gemeu de dor.

— Algo aconteceu? — Shen Zhengyi perguntou enquanto se servia com chá preto, seu preferido.

Xie Yan se levantou envergonhado e sentou-se na mesa com seu mestre. Ele acertou o cabelo, antes de perguntar:

— Mestre, como uma pessoa pode ter um sorriso tão belo depois de sofrer tanto?

Shen Zhengyi tomou um gole de sua bebida calmamente antes de responder. As pessoas na taverna encantaram-se com sua elegância e ficaram encarando seu belo rosto. Seus cabelos lisos e escuros estavam perfeitamente alinhados. Quando ele levava a xícara até a boca, os olhos se fechavam, fazendo os cílios tremeluzir. A postura elegante, reforçada pelo uniforme da seita, atraía mais atenção dos civis.

Todos no salão o encaravam como se ele fosse alguma divindade que veio até eles, estavam hipnotizados com a Graça da Eternidade. Se eles tivessem um espelho em mãos, provavelmente o quebrariam devido ao desleixo com que viviam. Roupas rasgadas e sujas e cabelos desgrenhados pela manhã, mas aquele homem não! Parecia pronto para receber um deus se saísse dali agora. Ele era como uma garça com as asas abertas. Seu discípulo também chamava atenção, apesar de ser menos gracioso. A presença do mais velho ofuscava completamente o outro.

— Deixe-me perguntá-lo. — O garoto assentiu e prestou atenção, ansioso. Não era todos os dias que seu yifu fazia isso de espontânea vontade. — Por que continua a sorrir depois que perdeu seus pais?

Xie Yan arregalou os olhos, ficou um tempo em silêncio olhando para o chão, mas também não sabia responder. E vendo seu discípulo tão confuso, sua expressão suavizou e decidiu dá-lo uma dica.

— Um sorriso nada diz sobre o estado de espírito de uma pessoa, seja qualquer posição que ela exercer no mundo. — Mestre Shen olhou para além da porta da taverna, um tanto distante, mas o jovem Xie Yan não conseguia perceber essa estranheza — Às vezes, aquele que mais sorri e traz brilho ao seu redor são aqueles que guardam uma escuridão infindável em seus corações, são aquelas que mais sofrem. Essas pessoas tentam esconder o que realmente sentem para não demonstrar fraqueza, para que outras pessoas não se preocupem com elas.

Mestre Shen voltou a encarar o discípulo que o olhava com muita atenção e levou a mão ao seu ombro.

— No entanto, pode ocorrer ao contrário. Uma pessoa majoritariamente séria e reservada pode ser muito mais feliz do que aparenta. Yan'er, humanos são criaturas complicadas. Para descobrir a verdadeira face de alguém, não basta apenas ela lhe dar um sorriso, precisa conhecê-la primeiro e saber das suas dificuldades. Não devemos julgar alguém pela aparência que ela demonstra, se não, tornamo-nos superficiais.

Assim que finalizou, Mestre Shen sorriu. Xie Yan balançou, mostrando que havia entendido aquelas palavras tão bonitas do mais velho.

— Este discípulo entende. Mas, mestre... então essa pessoa deve ser muito forte, certo?

Shen Zhengyi acariciou sua cabeça, bagunçando os cachos de seu discípulo e assentiu positivamente.

— Onde está sua fita de cabelo, Xie Yan?

— M-Mestre... perdoe-me, perdoe esse discípulo. Irei procurar imediatamente.

Ele se levantou de imediato e saiu correndo pela taverna, esbarrando com alguém na entrada. Shen Zhengyi deixou um sorriso discreto sobressair, mantendo-o por pouco tempo. A pessoa na porta da taverna se aproximou dele, sentando-se à mesa. Ele criou uma barreira à prova de som ao redor de sua mesa.

— Como está no território demoníaco?

A outra pessoa não alterou sua expressão, mas em suas mãos estava a fita de cabelo de Xie Yan e ele entregou a Shen Zhengyi.

E no dia seguinte, ele e o discípulo despediram-se da Vila Long. Ao saírem, estavam cheios de presentes dados pelas pobres pessoas.Os moradores ficaram encantados durante a hospedagem deles na comunidade.

Mesmo que não tivessem muito, foram dados pentes, provisões, uma pequena bolsa para guardar moedas bordadas à mão... todos os presentes retornavam pela gratidão sincera de cada um pelo trabalho que fizeram nos quatro dias em que ficaram. Caçando, doando pílulas de cura, ajudando nas plantações. Ficaram comovidos por tais ações.

Além disso, expulsaram o fantasma que os perturbava há muito tempo e deram início à purificação da floresta. Também prometeram mandar alguns cultivadores para terminar o ritual, ainda que achassem ser uma promessa vazia. Infelizmente, o par de mestre e discípulo não podia ficar por mais tempo.

Antes de irem, ainda passaram pela residência de Cai Xing e o encontraram cultivando profundamente. Ao vê-lo tão concentrado, Shen Zhengyi deixou escapar um sorriso discreto. Esse garoto continha tamanha tenacidade para retornar ao cultivo.

No entanto, isso também incomodava. Eram casos raros de cultivadores recuperando seu dântian depois de destruídos. Entre pílulas milagrosas e métodos extraordinários, ou eles transplantavam esse armazém de qi, ou utilizavam alguns truques sujos. Nenhuma das duas eram boas escolhas, já que para o transplante uma pessoa devia estar viva e ambas — doador e recebedor — devem estar acordadas. Para o segundo, várias vidas deviam ser usadas.

Se ele retornasse ao mundo do cultivo, seria questionado e, mais uma vez, isso seria uma tragédia. Por isso, Shen Zhengyi queria convidá-lo para sua seita e até o levar como discípulo. Ninguém o incomodaria tendo esse título e, além disso, sentia-se culpado por não o ter ajudado antes.

Mestre Shen olhou para ele mais uma vez antes de partir. Não queria sair dessa maneira, mas não podia forçá-lo a ir consigo.

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E alguns dias depois, ao entardecer, Cai Xing abriu os olhos. Seus ferimentos haviam sido fechados, graças ao tratamento dado para aquele par de mestre e discípulo. Abriu e fechou as mãos algumas vezes, sentindo o poder espiritual correr pelos meridianos. Respirou fundo e se levantou, abriu a porta da casa e viu o crepúsculo.

Sentia que algo não estava certo com seu corpo. Ele ergueu a mão esquerda concentrando seu poder na palma, fazendo o mesmo com a outra. Sentiu o corpo se encher de qi e a brisa fresca escorrer entre as palmas das mãos, os cabelos e roupas velhas.

Da esquerda, sua mão dominante, a energia obscura, ressentida e caótica e da direita, a calmaria, suavidade e translúcida energia espiritual. Suas sobrancelhas se franziram e ele riu descrente daquilo que via.

— Isso só pode ser brincadeira...

Uma lâmina espiritual cortou o ar, atrás de outra, destruindo três pares de árvores. Ele travou o maxilar.

Não era somente um renascimento. Esse filho da puta também tinha algo escondido em seu corpo que o daria uma dor de cabeça!

Depois disso, a noite, que deveria se tornar um momento de descanso, foi uma extensão do dia, preparando-se para sair daquele lugar. Se aquele fantasma estava atrás dele, ele iria fugir dele! Queria encontrar um lugar calmo para poder viver sua vida em paz!

Antes do amanhecer, seus passos se tornaram desconhecidos na estrada, cobertos pela poeira. Não se despediu daquelas pessoas, pois não queria vê-las novamente. Olhar para aquele lugar pequenino, lhe trazia uma nostálgica pintura de seu passado.

E conturbado por aqueles fragmentos de memória confusos de Luo Hang e suas próprias, tentava se concentrar no exterior. Na aurora que se formava acima de sua cabeça e no riacho que surgiu em sua frente.

Cai Xing parou. Fazia tanto tempo que sentiu paz e pudesse enxergar o mundo de forma limpa e não atrás de luzes vermelhas. Desde que se lembrava de entrar no Jianghu, suas mãos estavam cobertas pelo sangue e sujeira, tudo cheirava a morte e sempre sentia frio mesmo nos dias mais quentes.

Nunca conseguiu enxergar através da luz natural. Uma vida... demorou uma vida inteira, mas talvez nessa oportunidade lhe dada, apenas talvez, pudesse encontrar a paz em seu coração e encontrar a liberdade.

Ficou encarando e encarando a si na água até se perder no tempo e retomou sua caminhada. Quatro dias depois, ele chegou à Cidade de Cheu.

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