O cavaleiro mais forte de Necrokeep
Em meio às árvores na escuridão da madrugada, havia uma pequena casa de madeira que já estava bastante velha, suas construções estavam podres, porém, não ameaçavam cair. Dentro deste abrigo se encontrava o médico e alquimista Faramis junto ao mordomo da família real, Sebastian.
Sebastian estava encapuzado com um manto preto e mantinha uma expressão assustada, sentado em um pequeno tronco de madeira deitado sob o chão, enquanto Faramis se mantinha preocupado, usando um manto escuro enquanto olhava pela janela.
Entre os dois, havia a luz do lampião sob o chão que iluminava aquele local de maneira fraca. Faramis estava atento verificando se a área era segura ou não.
- Não temos mais como fugir, a três dias os suprimentos acabaram - Sebastian falou, o ar gélido daquela madrugada estava fazendo com que seu corpo tremesse de frio.
- Sei que a situação é complicada mas precisamos manter a cabeça no lugar - Disse Faramis sem olhar para o mordomo - Não acredito que Vexana nos mandou fazer uma loucura dessas - Falou ele, suspirando e fechando seus olhos.
- Ela nos quer vivo... Mas ainda assim eu me sinto um covarde por ter deixado ela para trás - Falou o mordomo, mantendo o olhar no chão.
- Você não está sendo covarde. Apenas não está sendo burro de ser mais um no meio de toda a Necrokeep que aos poucos está sendo destruída - Faramis sente peso em suas palavras ao dizer isso.
- Enquanto eles morrem, nós fugimos, é isso mesmo? Como pode não ser covardia deixar nosso povo para trás! - Pergunta Sebastian se levantando, aumentando seu tom de voz.
- Se nem os cavaleiros da Ordem conseguiram enfrentar o rei Khufra, o que nós dois, um alquimista e um mordomo, conseguiria fazer contra aquele exército? As baixas deles foram mínimas se comparado as nossas! - Faramis dizia se virando e olhando Sebastian nos olhos - Isso não foi covardia, você apenas não desperdiçou sua vida - Disse ele seriamente.
- Tsc... - Sebastian range os dentes, não queria admitir estar errado.
- Eu preciso dormir... - Disse Faramis após sua barriga roncar de fome - Apenas dormindo vou esquecer essa vontade de comer - O alquimista deitou no chão gelado daquela casa e tentou se encolher perto do lampião para se aquecer do frio.
- Sobrevivendo apenas de restos... vamos acabar morrendo alguma hora - Disse Sebastian e se sentou próximo da parede, se encostando nela - Descanse, eu ficarei de vigia - ao dizer isso, Faramis apenas afirma com a cabeça e fecha os olhos para dormir.
Sebastian nem percebeu, mas aos poucos o sono o consumiu, ele queria dormir também para esquecer a dor de barriga que a fome estava causando em si. Lentamente o mordomo fechou seus olhos, e sem perceber, dormiu.
Duas horas de sono foi tudo que eles conseguiram tirar até começarem a ouvir o exército de khufra marchando pela floresta atrás deles. Acordando com o susto, Sebastian vai até o lampião e apaga sua chama enquanto Faramis se levanta e vai até a janela.
- Precisamos fazer silêncio! - Ele sussurra, tentando se esconder nas sombras para que de forma alguma alguém consiga o enxergar naquela escuridão.
- Eles não foram muito longe! - Disse um dos soldados de Khufra.
- Comandante, tem uma casa abandonada aqui! - Grita um dos soldados, apontando para a direção de onde Faramis e Sebastian estavam.
- Vamos revistar ela! - Disse o comandante e os soldados afirmaram com a cabeça.
- Estão vindo! - Faramis disse e logo pegou alguns giz de seu bolso.
- O que vai fazer? - Perguntou Sebastian, seu coração estava acelerado pela adrenalina.
- Apenas os atrase caso precise - Faramis se ajoelha e começa a desenhar símbolos estranhos no chão com o giz.
Sebastian apenas afirmou com a cabeça e em seguida foi para perto da porta, segurando um pedaço de madeira que ele encontrou no caminho.
- Capitão! Fuja! - Um dos soldados vinha correndo da direção oposta a cabana.
- O que aconteceu soldado? - Pergunta o capitão e os soldados que estavam indo na direção da casa abandonada pararam.
- Ele voltou... - Disse o soldado ofegante - Muitos de nós não retornaram, eu encontrei uma pilha de corpos e sangue do nosso exército no caminho - Dizia o soldado e levava seu olhar para o capitão - Não temos muito tempo, precisamos recuar agora e avisar ao rei Khufra o mais rápido possível - Disse o soldado e o capitão nega com a cabeça.
- Se ele voltou foi para morrer, eu me encarrego disso, vamos levar a fama por matar o cavaleiro mais forte de Necrokeep - Sorriu o capitão com ganância em seu coração.
- Oh... - Uma voz feminina vem de trás da árvore.
- Quem está aí? - Pergunta o capitão e todos ficam em posição de defesa.
- Não se preocupe homens, só queria saber onde meu marido estava - Disse Esmeralda saindo de trás da árvore.
- Cleópatra? Mas o que faz aqui? Não deveria estar no Reino? - Perguntou o capitão confuso.
- Eu sou uma mulher livre, não vou deixar que um homem me dê ordens quando ele quiser - Disse Esmeralda e cruzou os braços, virando o rosto com superioridade - Vamos voltar para Necrokeep - Disse Esmeralda e se virou caminhando em direção oposta a da casa.
- Desculpe Cleópatra, mas as ordens foram de procurar pelos fugitivos e os levar para o reino - Disse o capitão.
- Se você não fosse tão teimoso ele teria misericórdia de vocês - Esmeralda colocou a mão na testa e negou com a cabeça impacientemente.
- Ele? - Perguntou o capitão arqueando uma de suas sobrancelhas, sentindo o coração acelerar pela ameaça.
O relinchar de um cavalo é ouvido ao longe, suas patas batendo contra o solo era extremamente audivel na altura que ia se aproximando. Ao se virar, o capitão arregala os olhos e vê Barbiel saltando por cima de um arbusto e indo na sua direção.
- Homens, não recuem! - O capitão dizia, o pavor era notório em seu olhar.
- Então são vocês! - Leomord dizia erguendo sua espada - Aqueles que atormentam Necrokeep! - Disse o rapaz e passou ao lado do capitão com Barbiel, decapitando o homem com sua espada.
- Capitão! - Disse um dos soldados e Leomord salta de Barbiel, colocando sua espada nos ombros e olhando com raiva para os soldados.
- Quanto sangue inocente vocês acham que derramaram por aqui? - Leomord encara os soldados com um olhar assassino - Vocês irão pagar pelas vidas que tiraram. Aposto que algumas delas vão recepcionar bem vocês no inferno! - Leomord corre na direção dos soldados que, sem hesitarem, vão para cima de Leomord com um grito de guerra.
Foi uma batalha curta, todos os soldados do tão poderoso exército de Khufra foram derrotado facilmente. Em meio aquela chacina, Leomord estava parado vendo as poças de sangue mancharem a grama. Suas vestes tinham tomado uma cor mais avermelhada por conta do sangue inimigo. Tudo que Leomord expressava em seu rosto naquele momento era frieza.
- Leomord? - Perguntou Faramis da porta daquela casa, estava impressionado com o que viu.
- Nos encontramos novamente - Disse Leomord e cravou sua espada no chão.
Faramis ficou muito feliz em ver o rapaz e arqueou um grande sorriso no rosto, correndo até Leomord. Ao chegar perto, ele acaba parando e se abaixando, colocando a mão na barriga.
- Você está bem? - Leomord perguntava preocupado, colocando a mão nas costas do alquimista.
- Estamos a dois dias sem comer - Sebastian dizia aparecendo na porta - Necrokeep está em péssimas condições... Sabia que você voltaria, eu disse a ela que voltaria - Sebastian da um fino sorriso e desaba no chão, desmaiando de fome.
- Droga! - Leomord corre em direção ao mordomo, mas Esmeralda para na sua frente.
- Tudo bem, eu cuido deles, você precisa salvar seu povo - Esmeralda disse e Leomord a olhou nos olhos preocupado.
- Promote para mim que eles vão ficar bem? - Perguntou o rapaz preocupado.
- Só se você me prometer que vai selar Khufra de uma vez por todas - Ela dava um fino sorriso malicioso com a oferta.
- É justo. Mas como farei isso? - Confuso, ele pergunta.
- Traga sua espada - Ela aponta para a Oathkeeper e assim Leomord faz.
Esmeralda envolve a lâmina da espada com faixas e selos misticos e, usando sua energia, conjura um feitiço de selamento que faz a espada brilhar por alguns segundos, voltando ao normal em seguida, mas com uma escrita com letras diferentes, uma lingua desconhecida, a frase estava cravada na lâmina.
- Você precisa atravessar o selo no coração de Khufra - Disse Esmeralda entregando a espada a Leomord.
- Apenas isso? - Ele pergunta e ela afirma com a cabeça - Está bem então - Disse Leomord e se virou para caminhar até Barbiel, mas a mão de Esmeralda tocou seu ombro.
- Leomord, o que você irá fazer hoje ficará para a história - Disse Esmeralda com um sorriso alegre no rosto - Talvez não nos veremos mais depois desse evento, mas quero que você saiba que você é um homem incrível e... - Antes de terminar sua frase, ela envolve seus braços sobre a nuca de Leomord e com uma mão atrás da cabeça do rapaz ela o puxa para aproximar seus rostos - É um desperdício eu deixar uma chance dessas escapar de minhas mãos - Disse ela e fecha seus olhos, selando seus lábios aos do maior.
Surpreso com o beijo, Leomord arregala os olhos mas se deixa levar pelo momento, fechando seus olhos e segurando a cintura de Esmeralda, apertando o corpo dela ao seu e intensificando aquele beijo de lingua, os dois competiam para ver quem explorava mais a boca do outro com a lingua. Após um longo beijo quente, ambos afastam seus lábios lentamente e ficam com as testas coladas uma na outra, se olhando nos olhos.
- É uma pena que isso vá ficar apenas no beijo - Disse Leomord e soltou Esmeralda, indo até Barbiel.
- É realmente uma pena... - Ela dizia mordendo seus lábios de forma sexy, ela queria mais, porém, sabia que Leomord tinha outros objetivos - Espero que um dia nós termine o que começamos - Disse Esmeralda e Leomord sorri confiante, subindo em Barbiel.
- Quem sabe!? - Uma pergunta retórica, o rapaz dá o comando e Barbiel obedece, começando a cavalgar até Necrokeep.
- Então, tenho suprimentos para mais um dia, vai ser o suficiente para vocês por hora - Esmeralda disse e ajuda Faramis a se levantar.
- Pensei que iriam ficar nesse pega-pega e me deixar morrer de fome aqui - A barriga de Faramis ronca de fome. Para Faramis foi até bom não precisa gastar suas últimas energias com os símbolos que ele desenhou na casa momentos antes da ajuda chegar.
- Ah... eu não ia perder uma oportunidade dessas com um homem daqueles - Ela diz, corando levemente.
Enquanto isso, em Necrokeep, Vexana e Atticus estavam presos em uma cela na masmorra, ambos estavam bastante feridos e com o sangue escorrendo por seus rostos. Vexana estava acorrentada no chão com os braços abertos enquanto Atticus estava com as duas mãos presas a uma corrente presa no teto.
- Pode dar o café da manhã deles - Khufra dizia, estava do lado de fora com as mãos atrás das costas observando aquela cena com um sorriso sádico.
O guarda ao lado não questionou, pegou uma caixa com alpiste e entrou na cela, dando uma colher na boca de Vexana e outra na de Atticus que começou a tossir, quase se engasgando com a comida de passáro.
- Não desperdice comida passarinho - Disse Khufra mudando sua expressão, ficando com raiva - É isso que vocês dois são, passáros enjaulados, vão morrer dentro desta cela aos poucos - O guarda saiu da cela e a fechou novamente - Querem dizer alguma coisa? - Khufra pergunta se aproximando da cela.
Nesse momento, Vexana abaixou a cabeça e sussurrou algo, isso fez com que Khufra se aproximasse da grade e colocasse uma mão no ouvido para entende-la melhor.
- Eu não ouvi, pode repetir? - Perguntou Khufra e Vexana sussurrou novamente.
Khufra franziu o cenho irritado e entrou na cela, indo até a garota e segurando seus cabelos os puxando, Khufra se abaixou e encarou Vexana nos olhos que rangiu seus dentes já vermelhos de sangue.
- Repete em alto e bom som agora! - Falou ele com ódio em seu olhar.
- Vai para o inferno! - Vexana cuspiu no rosto de Khufra.
Aquela atitude foi a última gota d'água para Khufra, ele deu um forte tapa no rosto de Vexana e fez a garota virar seu rosto, cuspindo mais sangue no chão. O tirano limpou a saliva em seu rosto e se levantou, se virando e indo até a entrada onde estava o guarda.
- Me traga um machado, eu vou decapitar esses dois com minhas próprias mãos! - Falou Khufra e o guarda afirmou com a cabeça, se retirando do local.
- Gosta de torturar antes de matar... um verdadeiro sadomasoquista - Atticus disse dando um fino sorriso - Ser rei não é o seu forte - Atticus falava tentando provocar Khufra, o que não foi difícil pela expressão dele.
- Sadomasoquista? Você viu seus pais morrerem na sua frente e não fez nada, pelo visto gostou de ver o sangue deles esperramado pelo chão - Khufra tocava em um ponto fraco na história dos dois ali - Ainda bem que eles estão mortos, assim não teriam o desgosto de ver no que vocês dois se tornaram - Disse Khufra dando fracas risadas.
- Cala a boca seu pedaço de bosta! - Atticus dizia com raiva em seu olhar.
- Meu rei... - Um dos soldados de Khufra entrava com a mão na barriga, foi fatalmente ferido e agora estava sangrando até morrer, subindo os últimos degraus da escada lentamente- Leomord retornou... - Ao pisar no penúltimo degrau, o soldado cai morto para frente.
- Leomord!? - Khufra arregala os olhos surpreso com a notícia.
- Sebastian estava certo - Vexana sorriu fino alegremente com os olhos cheios de água - Leo... - A garota estava muito feliz com a volta dele, as esperanças acenderam em sua Alma.
- Eu já volto para terminar esse assunto! - Khufra dizia para os dois ali e se retirava.
Descendo os degraus, Khufra ouvia barulhos de espadas se chocando, gritos de guerra e gritos de dores. Assim que chegou na entrada ele pôde ver o caos do lado de fora. A Ordem dos Cavaleiros de Necrokeep estava em pé novamente, os cavaleiros que antes estavam presos agora estavam lutando com fúria em seus corações, aos poucos diminuindo o exército de Khufra.
- Você está no comando agora - Flinn dizia com um sorriso confiante.
- Não é possível - Khufra dizia arregalando os olhos.
- Homens! Hoje faremos história! Matem todos do exército inimigo sem misericórdia e vamos acabar com o reinado do tirano Khufra! - Leomord dizia levantando a espada e Barbiel se levantava com o rapaz em cima, balançando as patas dianteiras e relinchando.
Seguindo as ordens de Leomord, toda a Ordem dos cavaleiros de Necrokeep começaram a gritar determinados e partiram para cima dos inimigos com espadas, escudos e outros com as mãos nuas. O exército de Khufra não agiu diferente e revidou, indo para cima também.
Khufra encarou Leomord que teve o olhar do mais novo para si como resposta, ambos estavam com chamas ardentes em suas pupilas, estavam prontos para brigar.
Khufra então se virou e começou a correr em direção a Ordem dos cavaleiros, Leomord não perdeu tempo e foi atrás do tirano com Barbiel, matando todos os inimigos a sua frente com o fio de sua espada.
O quartel general da Ordem não era muito longe, Khufra chegou rápido lá antes mesmo de Leomord o atacar. Ao adentrar o patio da Ordem, Khufra acena com a cabeça para seus soldados e eles fecham os portões, impedindo a passagem de Leomord.
- Merda! - Leomord dizia frazindo a testa.
O rapaz se surpreendeu quando Barbiel recusou sua Ordem de parar, o cavalo relinchou e Leomord apenas segurou firme com a mão.
Barbiel então deu um pequeno salto, batendo suas patas dianteiras contra o solo com extrema força bruta, fazendo o chão a frente se destruir e levantar pedregulhos que colidem contra o portão e fazem uma abertura no mesmo.
Para destruir aqueles pedregulhos, Barbiel avança para frente com um dash e destrói a "pedra em seu caminho", adentrando o quartel general da Ordem e impressionando a todos, inclusive Leomord.
Leomord não sabia, estava dormindo quando Lunox deu esse potencial a Barbiel. Ele sentiu que foi ela que fez isso quando os olhos de Barbiel brilharam por poucos segundos, mesmo sendo tão negros.
- Eu vim e vou matar Khufra - Leomord disse para os soldados a frente, pulando de Barbiel e cravando sua espada no solo, colocando a mão na frente do rosto e negando com a cabeça - Eu vim lhes salvar desse pesadelo chamado "vida" - Leomord aponta a lâmina de sua espada para os cavaleiros e da um fino sorriso confiante ao perceber que eles hesitavam em querer avançar, seus olhares diziam tudo, o medo de enfrentar o cavaleiro mais forte de Necrokeep.
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