Decisões para tomar
O sol começa a nascer no horizonte, os poucos raios de luz que ele emitia sobre o Oásis foram o suficiente para despertar Leomord de seu sono com a claridade batendo em seus olhos. O rapaz apenas se sentou, bocejou e se espreguiçou, olhando para o lado e vendo que Lunox ainda estava adormecida, diferente de Belerick que estava junto a Barbiel perto do grande Oásis.
- Tão cedo assim? - Se pergunta Leomord e desce do local onde estava, caminhando até seu cavalo.
- Você é um rapaz com grande potencial mas de pouca sabedoria, vejo isso em você - Belerick dizia sem manter contato visual com Leomord.
- Oi? Desculpa, não entendi, você disse que eu sou burro? - Perguntou o rapaz acariciando seu cavalo.
- Não leve ao lado literal da frase - Belerick leva seu olhar para Leomord - Você acha que está aqui apenas esperando pela volta de Natan para saber o que ele tem a dizer, mas é isso mesmo que está esperando? Ou está apenas fugindo dos demônios que o assombram desde o seu passado? - Perguntou Belerick, Leomord engoliu em seco e se manteve calado - Foi o que eu pensei - Voltou seu olhar para o horizonte.
- Eu... Apenas não quero ter que sofrer como antes e passar por tudo novamente - Disse Leomord.
Suas palavras despertaram Lunox, mas ela fingiu estar dormindo apenas para ouvir a conversa de penetra já que ambos não estavam tão longe.
- Não filho, você está apenas pensando em si mesmo - Disse Belerick e voltou seu olhar para Leomord - Alguém naquele reino com certeza se importa com você, e mesmo sabendo disso você decidiu fugir e deixar os sentimentos para trás, pelo mais puro egoísmo de não querer se machucar, mas cegamente nem percebeu que pode estar machucando os outros a sua volta - Belerick dava sermão em Leomord que não conseguia se defender com palavras.
- Mas... Fui acusado e preso por coisas que não fiz - Enquanto ele dizia cabisbaixo, Belerick tocou seu ombro.
- A dor vem para todos, mas tudo tem um motivo para estar acontecendo. Tudo na vida é feito baseado em escolhas, desde o sofrimento até a alegria, as suas escolhas mostram consequências e as vezes elas não são boas. Estar fugindo dos seus problemas podem trazer consequências para os mais próximos de você ou até mesmo... Para você - Ao dizer isso, um aperto forte se faz no coração de Leomord.
- Eu não entendendo - Leomord não compreendia como que essas palavras podiam tocar tão profundamente em seu coração.
- Existe um propósito para tudo isso estar acontecendo e não devemos falhar em missões dadas a nós pela vida, se falhamos, somos acusados e se fugirmos, somos taxados como covardes. Esse mundo tem diversas interpretações e muitas opiniões - Belerick olha para o Oásis - Por exemplo, isso aqui para você pode ser apenas um lugar onde todos podem se hidratar e viver bem, para o seu cavalo é um bom local de descanso mas para mim... Isso é um pedaço de mim, eu criei esse lugar para que a esperança não morra, esse lugar é recheado de sentimentos para mim, mas para outros, um lugar qualquer - Falou Belerick e Leomord tentava compreender.
- Sabe, no reino em que moro talvez possa ter alguém sofrendo com minha partida, se é que ela notou que eu sumi. Eu não sei dizer, mas ela é uma das pessoas mais importantes para mim - Disse Leomord olhando para o Oásis.
- E na situação em que se encontra agora, você morreria por ela? - Disse Belerick sem fazer contato visual
- Não... - Por alguns segundos o silêncio se fez, uma pequena brisa passou por ambos ali. As palavras de Leomord soaram de forma fria.
- Então ela não é a pessoa mais importante para você - Disse Belerick e se virou - Revise seus sentimentos, pois eles não estão de acordos com suas palavras - Belerick saía andando dali.
Para que todo aquele diálogo? Apenas para deixar Leomord mais confuso consigo mesmo ou para se arrepender do que fez? Ele estava refletindo agora olhando para seu reflexo na água, as palavras de Belerick cravaram seu coração mais fundo do que qualquer lâmina poderia atravessar. Enquanto analisava o reflexo, outro se fez ao seu lado, era Lunox.
- Bom dia - Disse ela com um fino sorriso no rosto - Quer sair para andar? Podemos conversar mais e... - Enquanto ela falava, Leomord a interrompe.
- Eu estou perdendo tempo aqui não é? - Ele pergunta e se senta diante aquele Oásis - Afinal, vocês tem um viajante do tempo com vocês, ele sabe meu futuro... Então por que estão demorando para me contar? - Leomord se encontrava confuso e arrependido de ter deixado Necrokeep.
- Leomord... - Lunox não aguentava ver o rapaz daquela forma arrasada, era a primeira vez que ela sentia algo assim por alguém, um aperto no seu coração.
- Tudo bem, acho que acabei descarregando um peso meu em você, não é o que eu queria - Suspirou Leomord com tristeza.
- Não se preocupe com isso - Lunox se abaixa perto do maior e toca seu ombro - São apenas algumas barreiras te impedindo de chegar aonde você quer - Ela deu um fino sorriso ao ter o olhar de Leomord para si - Você ama sua amiga não é? Nunca desista dela e sei que ela não desistirá de você, ainda mais sendo essa pessoa que você é - Lunox abriu um sorriso maior o que arrancou um fraco riso de Leomord.
- Você está certa baixinha - Leomord se levanta junto de Lunox e coloca a mão no topo da cabeça da menor - Vamos dar uma volta, deixar esse ar triste ir embora logo - O rapaz sorriu.
Aquele sorriso era inexplicável para Lunox, uma hora ele estava triste e agora com um sorriso alegre e tão lindo em seu rosto, encheu o coração da menor de alegria. Ela nada disse, apenas afirmou ansiosa com a cabeça e segurou no braço de Leomord, o puxando para que ambos começassem sua caminhada pelo local.
Dias foram passando, enquanto Leomord estava criando laços com Lunox e Belerick, Necrokeep se encontrava em crise e ruínas. O exército de Khufra havia dominado tudo, os povos por Necrokeep andavam algemados em fila indiana enquanto recebiam chicotadas dos servos do novo rei daquele reino.
- Mais rápido! - Dizia um dos guardas chicoteando uma mulher que caía de joelhos no chão, não suportando a dor.
- Mamãe! - Uma criança se aproximava da mulher mas era impedida por um guarda que o segurava pelos cabelos, arrancando alguns gritos do garoto.
- Não se intrometa pirralho! - Dizia o guarda.
- Ei! - Alguém chama a atenção do guarda e o atinge com força com uma pedra na cara, não havia sido arremessada e sim servido como uma arma para o ferir, derrubando o guarda e o ferindo gravemente no rosto - Olha os modos com uma dama e uma criança - Era Flinn, após a agressão ele cospe sua saliva ensanguentada no guarda.
- Parece que você não cansa de apanhar - Disse outro guarda batendo em Flin com seu escudo e o derrubando no chão.
Nesse momento vários guardas se juntaram e começaram a chutar Flinn no chão, diversas partes do seu corpo já estavam machucadas pois não é a primeira vez que ele tentava defender alguém, o que estava levando o rapaz a beira da morte.
- Capitão! - Raven gritava desesperado tentando ir até lá, mas um guarda o segurava dando uma chave em seu pescoço.
- Soltem ele! - Avalon dizia mas recebia uma forte pancada atrás da perna, o forçando a se ajoelhar, em seguida, dois guardas o prensou contra o chão pelas costas, imobilizando o maior.
Próximo dali, na área de execução na praça, estavam Atticus e Vexana acorrentados com coleiras de metal em seus pescoços, lágrimas estavam em seus rostos pois não suportavam ver o seu povo sofrer e ainda serem executados na sua frente.
- Por favor! Eu imploro! Pare com isso! Você já conseguiu o que queria, não é mais necessário matar o meu povo! Se esse for o caso, leve a mim e poupe eles! - Vexana dizia olhando para Khufra ao seu lado que mantinha um sorriso psicótico em seu rosto.
- Oh... Pobre rainha - Dizia Khufra rindo de Vexana - Você não sabe como é divertido ver o desespero no rosto das pessoas... Principalmente no seu - Ao dizer isso, Khufra olha para a fila a sua frente, afirmando com a cabeça para um guarda.
- Não! Por favor! - Dizia um homem desesperado na fila, sendo puxado pelo guarda que chutava sua perna e o forçava a cair de joelhos.
- Não deixem ele fugir - Disse o guarda e seus companheiros próximos retiravam a algema do homem que tentava resistir.
Tudo aquilo estava sendo inútil para o homem, ele não conseguia usar sua força pois estava muito machucado, foi então que prenderam seus braços e cabeça na guilhotina.
- Não faça isso! Por favor! Não mate mais ninguém! - Vexana dizia desesperada - O reino já é seu! Fomos derrotados! - Enquanto Vexana dizia, a lâmina desceu e decapitou aquele homem desesperado - Não! - Vexana gritava e chorava, não era o primeiro que ela estava vendo morrer hoje.
Junto com Vexana, o choro de uma criança era ouvido na fila, era apenas a filha do homem vendo seu pai ser executado na sua frente enquanto sua mãe tentava esconder aquela imagem na frente dos olhos da criança, chorando junto a ela.
- Você vai pagar por isso Khufra! - Dizia Atticus com ira em suas palavras, tendo seus olhos encharcados pelas lágrimas.
- É rei Khufra para você meu caro Atticus - Khufra se aproxima de Atticus e segura seu queixo, o fazendo olhar em seus olhos - Depois de executar todo o seu povo, mataremos você e Vexana - Falou Khufra e arqueou um sorriso psicótico.
- Meu rei! - Um guarda se aproximava com seu cavalo.
- Diga, e sem enrolação porque estou me divertindo bastante aqui - Falou o rei, pegando uma taça com vinho.
- Encontramos eles, estão um pouco longe daqui mas alguns guardas avistaram o mordomo da rainha e o famoso médico que usa magia para curar os cidadãos de Necrokeep - Dizia o guarda e Khufra sorri contente.
- Faramis e Sebastian... Dois homens que eu quero muito conhecer antes de executa-los na frente desta mulher - Dizia Khufra apontando para Vexana - Peguem-nos e os traga com vida! - Khufra dizia com autoridade e o guarda afirmava com a cabeça, saindo dali.
- Eu não entendo... - Vexana falava baixo consigo mesma - Era para eles terem fugido - Dizia ela olhando para Atticus.
- Eles não te abandonariam, você sabe disso - Disse o rei e Khufra apenas ria.
- Próximo! - Dizia ele e o guarda ia até a mulher do homem que acabava de ser executado.
Vexana já estava com o coração em pedaços, Khufra estava matando uma família de cada vez, poupando as crianças para executa-las apenas depois dos adultos, para que vivenciem o terror da perda de quem elas amam. Vexana apenas conseguia chorar e implorar pela vida de seu povo.
Nas terras Secas de Agelta, Leomord e Lunox estavam sentados em um tronco de árvore conversando sobre tudo o que passaram até hoje, as histórias de Lunox animavam o maior e as histórias de Leomord impressionavam Lunox.
- Nossa, você realmente enfrentou um assassino do abismo? - Perguntava ela arqueando uma sobrancelha - E depois um médico mágico te curou? Muita coisa para reproduzir na mente com uma história só - Disse ela e Leomord sorriu.
- Pois é, eu mesmo ainda não me adaptei por completo com esse olho - Disse ele colocando a mão na frente de seu olho vermelho.
- Mas você fica lindo com ele - Sussurrou ela.
- Oi? - Perguntou Leomord olhando para a garota.
- Nada não! - Ela corava e olhava para o lado, agradecendo talvez ao destino por Leomord não ter ouvido aquilo.
- Leomord! Lunox! - Belerick chegava junto de duas pessoas.
- Ah! Aí estão vocês! - Lunox se levantava e acenava.
- É um prazer conhece-lo pessoalmente - Dizia Natan estendendo sua mão para Leomord que se levantava e cumprimentava o rapaz.
- Digo o mesmo, viajante do tempo - Disse Leomord com um sorriso confiante.
- Parece que realmente não é só uma lenda, você existiu - Disse Natan e Leomord arqueia uma sobrancelha.
- Como assim? - Perguntou ele confuso.
- Desculpa, mas não posso revelar isso a você. Bom, não posso mexer com a linha do tempo pois tudo pode acabar sendo destruído e todos podem deixar de existir por qualquer pequena alteração que eu cause. Aliás, essa é Esmeralda - Natan levava sua mão em direção a mulher ao seu lado, vestida de Cleópatra.
- É um prazer - Ela se curvava levemente para frente e Leomord segurava a mão de Esmeralda.
- O prazer é todo meu - Dizia ele, beijando as costas da mão dela para demonstrar respeito, gerando um pequeno desconforto para Lunox.
- Pode ir direto ao ponto Natan? - Dizia Lunox um pouco apressada, não sabia lidar bem com o ciúmes.
- Bom... Ela é uma vidente que um dia falou com os pais de sua rainha - Falou Natan e Leomord arregalou os olhos.
- Então você é a mulher que Vexana contava nas histórias dela e a profecia - Dizia Leomord impressionado.
- Sim, mas não se preocupe, ela não está próxima de acontecer - Dizia ela e Leomord negava com a cabeça ainda confuso.
- Não muda o fato que será algo ruim para ela, tem como eu mudar isso? - Perguntava ele, queria proteger Vexana.
- Ei! Ei! Foco! - Natan dizia estalando o dedo e Leomord levava sua atenção para o rapaz.
Não deu nem tempo do viajante dizer algo que o barulho da cavalaria chegando foi ouvido ao longe, logo atrás do rapaz. Uma cavalaria toda parou atrás de Natan e cavaleiros da Ordem de Necrokeep olharam para Leomord.
- Aí está você! - Disse um dos cavaleiros e desceu de seu cavalo.
- Vocês vieram prender ele? Nem ousem! - Lunox dizia criando uma esfera negra em sua mão.
- Lunox - Leomord colocava a mão na frente da garota, impedindo ela de se aproximar de uma possível confusão que ela causaria.
- Não é isso! - O cavaleiro, desesperado, se ajoelha perante Leomord e todos os outros cavaleiros descem de seus cavalos, se ajoelhando em seguida.
- O que significa isso? - Pergunta Leomord e Natan se posiciona ao seu lado junto de Esmeralda, olhando aquela cena.
- A mandado do rei e da rainha, você, o cavaleiro mais forte de toda Necrokeep está sendo convocado para retornar ao reino novamente, a rainha precisa da sua ajuda mais do que qualquer um - Disse o rapaz de cabeça baixa - O rei Khufra atacou nosso reino recentemente e iniciou uma guerra, sem você não poderemos vence-la - Disse o cavaleiro e Leomord arregala os olhos.
- Khufra!? - Ele não acreditava no que estava ouvindo.
- Ele é meu marido... Está na hora de parar ele - Disse Esmeralda e começou a caminhar até Barbiel.
- Seu marido? Ah cara, é muita coisa para uma situação só! - Leomord dizia e o cavaleiro levantava sua cabeça.
- O que me diz? Precisamos de você! - Diz o cavaleiro, parecia arrependido e envergonhado pelo que fizeram ao Leomord.
- Ele não tem escolhas - Natan dizia e dava um leve empurrão nas costas de Leomord.
- É, eu não tenho escolha - Disse ele olhando por cima dos ombros e encarando Belerick que apenas afirmava com a cabeça para ele, lembrando de suas palavras.
- Então vamos, não podemos perder mais tempo - Os cavaleiros montavam em seus cavalos.
- Vamos - Dizia Leomord e Lunox se aproximava dele.
- Leomord! - A garota o parava, tomando sua atenção.
De forma tímida e sem jeito, a garota fica nas pontas do pé e da um beijo demorado na bochecha de Leomord, ambos ficavam levemente corados e, assim que ela afasta seu rosto do dele, ela abaixa sua cabeça com vergonha.
- Por favor, se cuida... - Dizia ela tímida.
Leomord nada disse, levou sua mão até onde a garota havia beijado e acariciou ali, deu um fino sorriso e com a mesma mão tocou a cabeça de Lunox, bagunçando os cabelos da menor.
- Irei me cuidar sim baixinha, vamos nos ver ainda - Disse ele e logo seu cavalo se aproximou de si, tendo sua espada guardada na bainha ao lado da sela.
Lunox não disse nada, apenas permaneceu de cabeça baixa. Leomord subiu em Barbiel e Esmeralda subiu na garupa, abraçando o rapaz que logo começava a cavalgar com os cavaleiros em direção ao reino.
- Você está bem? - Natan perguntava e Lunox continuava naquela posição.
- Natan... - Lunox dizia com tristeza, mesmo com a cabeça baixa ela não evitou as lágrimas e algumas gotas atingiram o solo, o marcando - Diz para mim que o que você preveu para o futuro dele está errado. Diz para mim que vai ficar tudo bem! - Lunox levanta a cabeça com os olhos cheios de água e o encarando com tristeza em sua face.
- Eu sinto muito Lunox - Natan desvia o olhar, por algum motivo ele sentia culpa por não poder mudar o destino - Eu sinto muito - Disse ele mais uma vez e a garota cai de joelhos, colocando ambas as mãos na frente de seus olhos e chorando, sabendo que o melhor não aconteceria com Leomord no futuro, segundo Natan.
- Ele ainda teve a audácia de dizer que me veria novamente! - Ela falava entre soluços - Maldito! Espero que ele cumpre essa promessa, sei que ele vai escapar das garras do destino e muda-lo sozinho, eu tenho fé - Dizia ela tristonha e Belerick se aproximava para consola-la.
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