XVII. Cry
Alaina não sabia exatamente o que sua mãe andava pensando, mas definitivamente a mulher mais velha tinha ficado aliviada quando voltou e Alaina disse que ela podia voltar para casa já que Osamu ficaria ali. A cantora achou que sua mãe iria protestar e insistir para ficar, mas deixando Alaina completamente perplexa, a mais velha apenas aceitou o uber que Alaina chamou e foi embora dizendo que voltaria outro dia para verificar se Alaina estava se sentindo melhor. Aquilo fez Alaina ter vontade de bater em sua própria mãe, pois sabia muito bem que ela estava fazendo isso porque queria que Alaina ficasse com Osamu sozinha. Mas também não era como se Alaina fosse reclamar.
Eles não conversaram muito depois que Osamu ajudou Alaina a tomar banho, mas tinha ficado decidido que Osamu ficaria com ela até Alaina se sentir melhor. Ela poderia ter protestado, mas a verdade é que Alaina não queria ficar sozinha e, muito mais do que isso, não queria perder a chance de se reaproximar de Osamu, não depois de ter passado os últimos anos sentindo tanta falta dele quanto ela sentia. Por isso, Alaina não disse nada enquanto observava Osamu fazendo a janta. Ela não andava comendo absolutamente nada e sua vontade era nula, mas ela não ousou dizer absolutamente nada, apenas se sentou no banco diante do balcão e observou.
Existia tanta coisa mal resolvida entre Alaina e Osamu; ela tinha plena consciência quanto a isso, mas também não tinha mais forças para continuar com aquele cabo de guerra entre os dois que era gerado por conta de mágoas passadas e orgulho. Os dois haviam cometido erros dos quais se arrependiam, então por que não podiam apenas deixar tudo no passado e recomeçar? Alaina não tinha grandes certezas sobre o que aconteceria na sua vida no futuro, mas ela ainda desejava ter Osamu ao seu lado.
Alaina observava Osamu em silêncio enquanto ele preparava o jantar. Ela o via se movimentar com a mesma graça e precisão de sempre, como se cozinhar fosse uma segunda natureza para ele. O aroma da comida começava a encher o pequeno espaço, mas o que realmente a envolvia era a presença dele, algo que ela nem havia imaginado o quanto sentira falta até aquele momento. Ficar sem Osamu sempre havia sido algo esmagador, mas ela pensou ter superado isso. Naquele momento ela percebeu o quão enganada estivera esse tempo todo.
Osamu parecia alheio ao peso do olhar de Alaina sobre si, concentrado nos ingredientes à sua frente, mas ela sabia que ele sentia a tensão tanto quanto ela, aquela sensação estranha de que ainda tinha algo faltando e palavras não ditas. Cada movimento de Osamu era meticuloso, como se cozinhar fosse mais uma maneira de ordenar seus próprios pensamentos. Quando ele finalmente quebrou o silêncio, foi com uma pergunta simples, mas carregada de preocupação genuína.
-Você tem comido direito?
Alaina sentiu seu peito doer, sendo puxada de volta há anos atrás quando tudo parecia tão terrível mas Osamu sempre estivera ali para tirar Alaina de buracos sombrios demais. Como o qual ela se encontrava naquele exato momento. A pergunta era tão simples, mas também tão típica de Osamu, sempre atento aos pequenos detalhes que a envolviam, sempre preocupado com todo o turbilhão que pesava a mente de Alaina. Ela hesitou antes de responder, sabendo que qualquer palavra poderia desencadear uma conversa que ambos evitavam há anos.
-Não muito. - ela admitiu, baixando os olhos para as mãos que repousavam em seu colo. Sabia que a lembrança de transtornos alimentares e depressão não haviam passado apenas na mente de Alaina, pois Osamu conhecia cada segredo que ela tentava a todo custo esconder de tudo e todos.
Osamu assentiu levemente, sem desviar o olhar da panela. Não havia julgamento em sua resposta, apenas aceitação, como se ele já soubesse o que ela diria, pois ele a conhecia bem demais para entender que algumas coisas eram difíceis de mudar. O silêncio voltou a se instalar entre eles, pesado e denso. Ele serviu dois pratos e se sentou ao lado dela, a proximidade dele trazendo um conforto que ela nem sabia que ainda podia sentir.
-Você precisa comer, Alaina. - era uma resposta simples e direta e ainda assim impactante o suficiente para fazê-la sentir os olhos queimarem pelas lágrimas que se recusava a derramar.
Alaina pegou o garfo, movendo a comida no prato sem realmente comer. Tinha passado os último dias enganando seus pais e os médicos que não sabiam de seu histórico de problemas com comida, mas Osamu não seria enganado tão facilmente.
Havia tanto que ela queria dizer a ele, tanto que precisava ser dito, mas as palavras pareciam presas, amarradas por anos de mágoas não resolvidas.
-É difícil quando se está tão perdida em tudo que aconteceu. - Alaina sussurrou e Osamu apenas suspirou, apoiando os cotovelos no balcão, inclinando-se um pouco mais perto. Ele parecia estar ponderando cada palavra, como se soubesse que, a partir deste momento, não haveria mais volta.
-Eu sei. - ele sussurrou, seus olhos cinzas fixos nos dela. Osamu estava tão perto que Alaina podia sentir sua respiração quente contra seu rosto, a fazendo fechar os olhos por um instante. -Não fui a melhor pessoa para você nos últimos anos, Lala. Fui teimoso e te deixei ir embora. Queria que você fosse feliz, mas percebi que quem não consegue ser feliz longe de você, sou eu.
Aquelas palavras atravessaram o coração de Alaina como uma flecha. Ela levantou os olhos, encontrando a verdade nua e crua nos olhos de Osamu pela primeira vez em muito tempos. Ali, naquele instante, ela viu o mesmo Osamu que amara tanto que seu coração sempre pareceu prestes a explodir, o mesmo Osamu que ainda amava, embora tivesse tentado negar durante tanto, tanto tempo.
-Eu nunca quis te machucar, Osamu. Mas acabei esquecendo do que era mais importante para mim. - ela disse baixinho.
Osamu estendeu a mão, hesitante, como se temesse que o contato quebrasse o frágil equilíbrio entre eles. Mas quando seus dedos finalmente tocaram os dela, Alaina sentiu um calor familiar, um calor que a envolvia e a acalmava.
-E o que é importante para você agora? - ele perguntou baixo e ela respirou fundo, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. Sabia que, uma vez ditas, não haveria mais como voltar atrás.
Alaina apenas abriu a boca antes do interfone tocar, a fazendo torcer o nariz. Ela apenas olhou para Osamu em um pedido silencioso para atender, o que ele entendeu perfeitamente, se afastando de Alaina e fazendo toda e qualquer chama que pudesse estar crescendo entre eles se apagar completamente. Decepcionada, Alaina teve vontade de bater a testa contra a mesa, mas apenas aproveitou a distração de Osamu para colocar metade do lamen em seu prato no prato de Osamu, fazendo uma careta e se perguntando se ele iria perceber.
-Quem era? - Alaina perguntou assim que Osamu voltou, mas ele apenas torceu o nariz.
-Ninguém com quem se preocupar. - Osamu retrucou, mas, no exato instante em que disse isso, a campainha tocou, fazendo Alaina arquear a sobrancelha, se levantando para seguir Osamu até a sala.
Ela ficou surpresa quando abriu a porta. Entre todas as pessoas do mundo que ela esperava que fossem aparecer ali naquele momento, Atsumu Miya estava no fim da lista. Mas Alaina sequer teve chances de abrir a boca para dizer algo antes que Atsumu a abraçasse com força o suficiente para fazê-la gemer de dor, suas costelas quebradas sendo pressionadas demais. Ainda assim, os olhos de Alaina encheram de lágrimas enquanto ela erguia as mãos trêmulas para retribuir o abraço de Atsumu.
Atsumu e Alaina sempre haviam sido caos um com o outro. Durante muitos e muitos anos, a relação dos dois não passava de provocações e alfinetadas, mas a verdade é que Atsumu foi o irmão que Alaina nunca teve. Perder Osamu também significou perder Atsumu, e durante anos, Alaina se culpou imensamente por ter deixado tudo ruir. A última vez que vira Atsumu e ambos tiveram uma discussão, Alaina havia achado que jamais poderiam voltar a ser o que um dia haviam sido. Mas ali estava Atsumu, a abraçando como se nada mais tivesse importância.
-Ué, achei que não tinha sentido minha falta. - Alaina provocou, trocando um olhar com Emma que estava logo atrás de seu namorado dramático, fazendo hma careta.
-Cala essa boca, Alaina. - Atsumu retrucou, sua voz chorosa demais, quase fazendo Alaina rir. -Você não pode morrer, sabia? Quem vou amaldiçoar por fazer meu irmão idiota sofrer? Melhor! Não pode morrer antes da gente se resolver!
-Você é tão tonto, Atsumu. - Alaina riu, se afastando dele o suficiente para fitar seus olhos. Por um instante, eles apenas se olharam, como se aquilo fosse ser o suficiente para resolver todas as mágoas entre eles. E ela percebeu que no fundo era, por isso seus olhos se encheram de lágrimas. -Isso quer dizer que você vai me perdoar?
-Bom, já acostumei com você sendo uma burrona. Faço esse sacrifício. - Atsumu suspirou e Alaina o empurrou, revirando os olhos.
-Acho que estou começando a me arrepender. - ela resmungou, seus olhos desviando de Atsumu para fitar Emma.
Havia uma tensão entre elas. Alaina sabia que a última vez que tinham se visto, as coisas não haviam desenrolado da melhor forma possível. Mas tanta coisa tinha acontecido e parecia apenas idiota gastar tempo com orgulho besta quando tudo poderia acabar em um instante. A vida era algo curto e frágil que merecia ser aproveitado a cada instante. E Alaina sabia que jamais poderia fazer isso, não sem as pessoas de seu passado que ainda faziam tão parte de seu coração. E principalmente, não sem Emma.
-Eu deveria te socar. - Emma disse de forma irritada, mas não hesitou antes de abraçar Alaina. -Você é uma dramática e uma insuportável, e eu estou te odiando por ser uma egoísta burra, mas fiquei com tanto medo de te perder.
Naquele momento, Alaina se permitiu chorar tudo o que estava guardado dentro do peito. Ela sabia que existiam coisas demais não ditas e situações a serem resolvidas mas ali, naquele instante abraçando sua melhor amiga, Alaina Mikan chorou por todos os anos em que tentou se manter forte. Chorou por tudo aquilo que havia perdido e tudo aquilo que tinha conquistado, por todas as dores em seu coração.
Mas, principalmente, chorou porque tinha de volta as pessoas mais importantes de sua vida. E definitivamente dessa vez, Alaina fariande tudo para nunca mais perdê-los novamente.
boa noite povo bonito!
tudo bem com vocês?
espero que sim!
pretendo terminar de
postar os capítulos da
fanfic essa semana, já que
eu tenho todos escritos
comentem o que estão
achando s2
bjs na bunda
~Ana
Data: 28/08/24
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