Os olhos de Alaina estavam repletos de lágrimas quando Iwaizume a abraçou. Durante aqueles segundos dentro do aperto dele, Alaina se permitiu sentir toda aquela tristeza que estava tentando esconder a todo custo, sabendo que Iwa jamais a julgaria por qualquer sentimento negativo. Ele havia estado ao lado de Alaina em momentos ruins o suficiente para que ela soubesse que estava tudo bem em nada estar bem. Por isso, ela apenas apertou Iwa com um pouco mais de força, dando um longo e pesado suspiro e agradecendo silenciosamente por aquela visita que ela sequer sabia que precisava tanto até Iwa estar bem ali diante dela, como o ótimo amigo que sempre havia sido.

Quando se afastou de Iwaizume, Alaina apenas abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu. Ela fez uma careta ao notarr os olhares estranhos que Osamu e Iwa estavamm trocando, revirando os olhos enquanto puxava Iwaizume para dentro. Alaina sabia que existia uma tensão grande mas, naquele momento, ela não queria pensar sobre isso. Não quando faziaa muito, muito tempo que ela não via Iwa e principalmente não quando estava se sentindo daquele jeito péssimo. Com um suspiro, Alaina apenas caminhou até a sala, ciente dos dois a seguindo depois de uma troca comprimentos estranhos.

-Como você tá se sentindo? - Iwa perguntou, se sentando no sofá ao lado do que Alaina estava. A cantora tinha uma vaga noção de Osamu parado bem atrás dela, mas ela não se importou com isso enquanto afundava um pouco mais no sofá, fazendo uma careta.

-Tirando as dores, eu estou bem. - ela respondeu, mas Iwa apenas arqueou a sobrancelha diante da clara mentira de Alaina. Qual era o objetivo em mentir? Ela não estava bem, e estava longe de sentir isso. Os olhos de Alaina estavam repletos de lágrimas e a voz ficou presa em sua garganta. -Não, eu não estou bem.

-Eu soube sobre o River. Sinto muito, Alaina. River é uma pessoa legal. Mas ele vai ficar bem e você precisa acreditar nisso. - as palavras de Iwa eram duras como uma rocha, e ela percebeu ali que ele jamais iria dar ainda mais palco para os sentimentos negativos de Alaina. Não depois de ver ela se afundar em um buraco que quase não saiu no ano anterior. Mas River havia sido sua única salvação e agora, o que restava a Alaina, afinal? Alaina definitivamente não sabia lidar com perdas e mudanças e isso era óbvio.

-Eu sei. - Alaina fungou. -Mas é difícil, Iwa! River é meu melhor amigo, ver ele desse jeito dói. Você não tem ideia do quanto dói, e eu não sei o que fazer sem ele. Todas às vezes que pensei em desistir de tudo, River estava ao meu lado para me apoiar, para me aconselhar, ele sempre esteve do meu lado. Desde que me tornei famosa, passei a carregar um peso tão insuportável que se não fosse por ele, eu teria atirado tudo para o alto e acabado com minha carreira. Ele é muito mais que um simples amigo pra mim.

-Eu tenho noção disso, Alaina. - Iwaizume retrucou, de uma forma gentil. -Mas você sabe que ele estaria te chamando de idiota agora por você estar desse jeito, não é? Aaron provavelmente diria algo muito imbecil só para te fazer rir.

Alaina acabou sorrindo, pois Iwa tinha razão. Poucas pessoas conheciam Aaron River de verdade, e Alaina era uma das poucas sortudas a saber exatamente quem ele era, com uma confiança inabalável e sempre capaz de alegrar qualquer um até nos piores momentos. Chegava até a ser cômico o como River conseguia ser um grande idiota fora dos palcos. O oposto da pose de bad boy que ele queria passar pars o mundo todo.

-Ele é um grandíssimo idiota. - Alaina suspirou. Aquilo fez Iwa rir.

-Um grande açucarado, é o que você quer dizer. - Iwa respondeu, arqueando a sobrancelha, e aquilo fez Alaina dar risada. Ela definitivamente se lembrava das vergonhas que River a fez passar quando decidiu que iria tentar a todo custo ficar com Iwa. Claro, não deu certo, mas River nem mesmo havia feito questão de esconder o evidente interesse. -Tão assim que eu acho ridículo as pessoas pensando que vocês são namorados.

Um profundo silêncio. Alaina se virou minimamente para ver Osamu com o cenho franzido, fitando Iwa como se estivesse encaixando as peças de um quebra cabeça. Aquele olhar não passou despercebido poe Hajime, que teve a coragem de dar risada.

-O que, você achou que River e Alaina eram namorados? - Hajime provocou, fitando o Miya que apenas torceu o nariz. -Se passar cinco minutos com ele, vai perceber que é mais fácil Aaron se interessar por você do que por ela.

-É o que eu venho tentando dizer desde que cheguei no Japão. - Alaina suspirou, balançando a cabeça. Ela torceu o nariz. -Mas todos insistem que eu e aquele idiota namoramos, então que seja, né?

-Fica tranquilo, Miya, Alaina nunca te esqueceu e nunca fez questão nem de tentar. - Iwa disse com um sorrisinho para Alaina, fazendo ela o olhar feio, usando as forças que ainda tinha para atirar uma almofada contra ele. Aquilo só serviu para fazer Iwa rir.

-Não precisa deixar o clima ruim pior, Hajime! - ela disse irritada, mas Iwaizume franziu o cenho.

-Vocês dois não voltaram? - ele perguntou, confuso. Alaina iria matá-lo.

-Não! - ela protestou. Osamu riu.

-Ela disse que não quer um amor pela metade. - Osamu retrucou, fazendo Alaina ter vontade de se afundar no sofá e morrer. Definitivamente não precisava de seus dois ex na mesma sala falando sobre ela.

-Se for o seu amor, acho que ela aceita qualquer merda. - Iwaizume disse com uma sobrancelha arqueada. E então, se virou para fita-la. -Para de ser orgulhosa, Alaina. Passou tanto tempo chorando pelos cantos e vai colocar tudo a perder?

-Podemos parar com isso, por favor, e voltar a falar sobre qualquer outra coisa? - ela disse, desejando poder sumir. Mas Iwa apenas riu e se levantou.

-Pronto, já vejo que você está muito melhor, sem estar nessa porra de buraco autodepreciativo que você se coloca, atacando todo mundo ao seu redor porque está triste demais consigo mesma. - Iwa rebateu, cada palavra como um soco no estômago. Alaina se perguntou porquê um dia havia deixado Iwa sequer beijá-la. -River vai ficar bem, e você entrar de novo em depressão não vai ajudar em nada. Então, se cuide.

-Que isso, virou minha mãe?! - ela disse, perplexa. Hajime deu de ombros.

-Não, mas ela me pediu pra te falar umas verdades. - Iwaizume falou, olhando de Alaina para Osamu e fazendo uma careta. -E vocês dois deveriam parar com essa merda. Ou se resolvam, ou sigam logo em frente. Não é justo um com o outro e nem com as pessoas que ficam no meio dessa merda toda. - Alaina fez uma careta, ainda mais quando isso era uma clara bronca já que Iwa um dia havia sido a pessoa que fica no meio. -De qualquer forma, fico feliz que esteja bem, Alaina.

-Obrigada. - ela murmurou, fazendo uma careta ao tentar se levantar. Mas Iwa apenas a empurrou sutilmente, impedindo que ela fizesse exatamente isso.

-Eu vou embora e você fica ai quietinha, o Miya abre a porta pra mim, né? - o olhar de Iwa dizia o suficiente e Alaina definitivamente não queria saber o que ele queria dizer a Osamu.

Depois de se despedir de Iwa e observar ele e Osamu se afastarem, ela apenas suspirou e se levantou, caminhando em direção ao próprio quarto. Ela precisava de um banho mais do que qualquer outra coisa.

Não demorou muito para que ela percebesse, de forma frustrada, que não conseguia sequer erguer or braços para tirar a camiseta que vestia sozinha. Os olhos de Alaina se encheram de lágrimas de raiva e frustração e ela soltou um gritinho irritada. Se sentia uma inútil e odiava cada traço daquele sentimento.

Como uma grande derrotada, ela foi atrás de Osamu, que estava parado na sala digitando alguma coisa em seu celular para alguém. A pegando de surpresa, não havia irritação no rosto de Osamu, então pelo menos a conversa com Iwa não tinha sido ao todo ruim.

-Osamu. - ela chamou e ele se virou rapidamente na direção dela, o que a fez fazer uma careta. Alaina sentiu as bochechas pegando fogo, engolindo o orgulho que sentia deentro de si mesmo enquanto fitava os olhos cinzas de Osamu. -Preciso de ajuda. Pode me ajudar, por favor?

Osamu apenas arqueou a sobrancelha para ela, dando um meio sorriso para Alaina, claramente se divertindo. O péssimo traço de personalidade dos Miya, ali estava, quase fazendo Alaina se arrepender de ter aberto a boca.

-Achei que não precisasse de mim. - Osamu retrucou, se aproximando dela. Alaina suspirou.

-Eu menti. Acontece com frequência. - ela resmungou, abaixando os olhos para não precisar olhar Osamu, seu rosto ficando cada vez mais quente pela vergonha. -Preciso que tire minha roupa.

Silêncio.

Um profundo e constrangedor silêncio.

-E-eu não consigo tirar. - Alaina gaguejou, começando a se arrepender daquilo. Deveria ter esperado sua mãe voltar, mas afinal, que diferença faria? Osamu já tinha visto partes demais de Alaina.

Osamu não disse absolutamente nada, silencioso como um gato, apenas assentiu na direção dela enquanto seguia Alaina para dentro do quarto. E Alaina ficou com ainda mais vergonha quando os dedos de Osamu foram até a barra de sua camiseta, a ajudando com delicadeza para impedir que ela sentisse dor, fazendo a garganta dela fechar pela vontade de chorar que a atingiu. Era como se voltassem a ter dezesseis anos, quando Osamu ainda era seu namorado e a tratava com ternura e carinho, algo que ela não sabia se era possível alcançar novamente.

-Você pode lavar meu cabelo? - ela perguntou, baixinho, e Osamu apenas assentiu enquanto ajudava Alaina a entrar na banheira cheia de água quente.

Abraçando as pernas contra o peito, Alaina fechou os olhos com força, ciente da presença de Osamu ao seu lado. Ela sabia que não tinha sido justa mais cedo; mas como você resolvia uma relação que parecia tão perdida e quebrada?

-Não fui justa com você. - Alaina disse, baixinho, se virando para olhá-lo. . -Não inteiramente. Eu tô triste e descontei minhas frustrações em você.

-Está tudo bem, Alaina. - Osamu disse, afundando os dedos no cabelo dela e fazendo Alaina fechar os olhos. -Sei que você está triste. Mas eu não sou seu inimigo.

-Então, o que você é meu, Osamu? - ela disse, seus olhos se fixando nos de Osamu. -Você sequer é meu?

-Não tem um dia sequer desde que você foi embora que eu tenha deixado de ser seu. - ele disse, baixinho, fazendo o coração de Alaina doer. -E eu tentei.

Ela estendeu as mãos, segurando o rosto de Osamu por um instante. Ele não pareceu se importar com isso, e Alaina encostou sua testa contra a dele.

-Por que a gente sequer terminou, Osamu? - ela perguntou, sua voz chorosa. -Eu te amava tanto. Por que isso não foi o suficiente? Por que nós dois desistimos tão facilmente?

-A gente era muito novo, Alaina. - Osamu retrucou, segurando as mãos dela. -Egoístas e imaturos.

-E estamos repetindo os mesmos erros. - ela sussurrou. Osamu assentiu. -Eu menti. Ainda te amo e sinto sua falta mas, Osamu, eu não quero que você venha atrás de mim por piedade ou porque eu quase morri.

-Eu definitivamente não estou fazendo isso. Passei semanas atrás de você depois daquele dia que você socou meu irmão, mas você fez bastante questão de me manter o mais afastado possível. - Osamu retrucou, arqueando uma sobrancelha e Alaina fez uma careta. Osamu apenas deu um sorrisinho. -Só parou de fugir porque estava presa em uma cama de hospital.

-Que rude. - ela resmungou, fazendo cara feia. Osamu apenas sorriu, deslizando os dedos pela bochecha de Alaina por um instante.

-Não vou te deixar de novo, Alaina. Não vou te perder de novo, muito menos vou deixar você ir para os braços de outra pessoa mais uma vez. Você pode fugir o quanto quiser, mas vai ter que acabar aceitando isso em algum momento.

Ela supunha que podia lidar com isso. Por isso, apenas cortou o espaço que existia entre eles e deixou que Osamu a beijasse até que o coração de Alaina parasse de doer.

Data: 27/08/24