IX. We Are Not Done
Alaina não sabia dizer como tudo entre ela e Osamu tinha ido de oito a oitenta tão rápido. Em um instante, eles estavam gritando um com o outro, colocando para fora mágoas que carregavam há muito, muito tempo dentro do coração, fazendo Alaina acreditar por um segundo que jamais poderiam ser sequer amigos novamente. E no instante seguinte, estavam se beijando violentamente, como se a ideia de que parar, fosse os fazer perceber que aquilo não deveria acontecer e tudo iria por água abaixo. Alaina se esqueceu de tudo o que havia acontecido entre eles antes, ou do como Osamu tinha a deixado ir embora e do como seu coração havia sido partido em milhares de pedaços por ele. Naquele momento, a única coisa que importava, eram os lábios de Osamu grudados contra os dela, sua língua percorrendo a de Alaina de forma urgente, como se precisasse ter cada parte da boca dela para si.
Faziam anos que Alaina não beijava Osamu e ela percebeu o quanto sentira falta de fazer exatamente aquilo, de poder tocar Osamu, deslizar os dedos pelo seu cabelo suave. O coração de Alaina estava batendo tão forte dentro do peito que ela sentia como se nada ao seu redor fizesse mais sentido do que aquilo, aquele momento intenso entre eles. Nem mesmo se deu conta de Osamu a empurrando até suas costas estarem pressionadas contra a parede, suas mãos apertando Osamu com força e as mãos de Osamu deslizando até as coxas de Alaina, a puxando para cima até que Alaina estivesse em seu colo.
Ela percebeu que não tinha como voltar atrás agora. Se fosse ser honesta, nem mesmo desejava isso, não quando cada parte de seu corpo queimava e ansiava para ter Osamu Miya, mesmo que por um curto período, mesmo que só um pouco. Ela não ousou desgrudar o corpo do de Osamu até ele se afastar o suficiente para colocar Alaina contra a cama de seu quarto, fitando seus olhos por um instante. Ela não conseguiu decifrar o que aquilo significava, o que aquele olhar de Osamu queria dizer; e a única coisa que Alaina Mikan conseguiu fazer, foi engolir em seco vendo Osamu tirar a camiseta que vestia, a jogando longe.
-A gente não deveria fazer isso. - Osamu disse, afundando o rosto na curva do pescoço dela, roçando a boca contra a pele de Alaina. Os lábios dele eram tão sutis que chegava a ser uma provocação, fazendo Alaina resmungar enquanto agarrava os fios do cabelo de Osamu.
-Definitivamente não. - ela disse num sussurro, incapaz de conter as próprias, aa mãos deslizando pelo peito de Osamu, o fazendo estremecer.
Alaina sabia que não deveriam cruzar aquele limite, mas também sabia que era tarde demais para qualquer racionalidade quando Osamu levou as mãos até a camiseta que ela vestia, a tirando em um movimento rápido. Para Alaina, aquilo parecia certo; Osamu havia sido a primeira pessoa com quem Alaina havia se sentido completa, e mesmo que anos tivessem se passado e muito tivesse mudado entre eles, aquilo permanecia o mesmo. Osamu ainda conhecia cada parte do corpo de Alaina, mesmo depois de tanto tempo, sabendo exatamente onde tocar e o que fazer.
Diferente de qualquer outro momento íntimo que tiveram, aquele não era delicado, no entanto. Era como se tudo fosse muito mais forte e intenso, o medo de que tudo fosse arrancado deles no próximo instante sendo grande demais. Então, Alaina apenas agarrou Osamu e o puxou para perto de si, suas respiração entre cortada, sentindo seu sangue esquentar a medida que Osamu colava o corpo contra o dela, respirando ofegante.
Olhando para os olhos de Osamu naquele momento, Alaina soube que nada entre eles havia mudado, apesar de tudo estar diferente. Os sentimentos ainda estavam ali, e ela via isso com clareza pelo jeito que Osamu a olhava como se ela ainda fosse a mesma Alaina de cinco anos atrás, a namorada que ele havia amado com todo o coração. Ela se sentia do mesmo jeito; era como se o seu coração só batesse de verdade quando estava com Osamu, como se a ideia de uma vida sem ele fosse terrível demais para ser suportada. E enquanto Osamu a beijava e tocava cada parte do seu corpo com adoração, Alaina sentia como se não precisasse pensar nisso. Como se pudessem ter todo o tempo do mundo um com o outro.
Era o êxtase e o desejo que sentia por ele falando mais alto que qualquer coisa, ela supunha. Alaina sabia que existiam muitas, muitas barreiras entre Osamu e ela. Mas ali, naquele momento, com todas elas abaixadas, Alaina se permitiu sonhar e acreditar que tudo poderia ficar bem.
Quando Osamu se afastou, deitando ao lado dela e respirando ofegante, ela percebeu que todo e qualquer encanto havia sido quebrado completamente. Havia um silêncio constrangedor e ensurdecedor entre eles, e por um instante, Alaina se sentiu envergonhada.
Ela queria gritar para que Osamu voltasse a beijá-la daquele jeito, que a tocasse de novo, que a amasse mais uma vez. Mas ela sabia que era uma causa perdida; ela tinha perdido Osamu há muito tempo atrás, quando decidiu voltar para os Estados Unidos e priorizar sua carreira. E agora, ela havia, de fato, conquistado todos os seus sonhos e objetivos, mas a que custo, afinal? A pessoa com quem ela mais gostaria de compartilhar tudo isso parecia impossível de ser alcançada.
-Isso não deveria ter acontecido. - Osamu disse tão baixo que ela precisou de um tempo para entender se tinha escutado certo. Um sentimento estranho cresceu em seu estômago, fazendo Alaina desejar nunca ter aparecido na vida de Osamu para começo de conversa. Mas ela apenas riu, sem nenhum humor, se levantando e procurando pelas suas roupas jogadas no chão. -Alaina. - a mão de Osamu agarrou o braço dela com força quando Alaina começou a se afastar, fazendo ela se virar rapidamente para o encarar. Havia mágoa nos olhos de Alaina, e ela nem fez questão de esconder isso de Osamu, o pegando de surpresa.
-Não. Sério mesmo, só não. Eu não posso e nem vou mais fazer isso, Osamu. - ela retrucou, começando a se trocar. -Você não pode me dar esperanças e depois jogar um balde de água fria em mim. Sabe como me sinto agora? Usada.
-Eu não usei você, Alaina. - Osamu disse calmamente como se ela fosse uma grande estúpida, o que só fazia a irritação de Alaina se tornar ainda maior. -A gente não funciona. Você vai voltar para os Estados Unidos, e eu não quero viver de novo um relacionamento pela metade.
-De novo? - Alaina se virou para ele, raiva transbordando. -Me diga, Osamu, em que momento do nosso relacionamento eu te dei tudo pela metade, porque, honestamente, não me lembro!
-Não faça isso. - Osamu avisou, a olhando seriamente. Alaina riu com sarcasmo, se perguntando o motivo de ainda se colocar naquelas situações, como se já não fosse doloroso o suficiente antes. -Você sabe que não tem como eu e você funcionarmos, Lala. Nós já tentamos isso antes.
-Sabe porque, Osamu? Por que você não quer. É covarde demais para sequer tentar. E já deu de pessoas inseguras na minha vida. - ela cuspiu, cheia de raiva, abrindo a porta do quarto para sair.
Alaina sabia que não estava sendo inteiramente justa com Osamu, mas ele tampouco a deixava opções. A mágoa entre eles era grande demais, e beijos e carícias não eram o suficiente para apagar isso.
No entanto, ela não conseguiu chegar a porta da casa de Osamu antes que ele a puxasse de volta para ele, forçando Alaina a olhar nos olhos. Osamu estava claramente irritado, parecendo perto de explodir.
-Você não tem direito de me chamar de covarde e dar as costas, Alaina! Sabe que isso sequer é justo? Você tem noção disso?
-Ah, claro! Eu sempre tenho que ser a errada, não é? - ela gritou, empurrando Osamu para que se afastasse dela, o pegando de surpresa. -Você terminou comigo, Osamu. Você que me disse que eu deveria viver minha vidinha egoísta bem longe de você já que não pensei no nosso namoro antes de tomar decisões, ou se esqueceu disso? Mas quem abriu mão do nosso namoro foi você, não eu! Então, não venha agir como se eu fosse a grande vilã. Eu estou fodidamente casada de você e todo o resto agir como se eu fosse uma megera! Por mim, podem ir todos se fuder!
-Você é uma idiota! - Osamu disse com irritação, a olhando com tanta intensidade que fez Alaina estremecer. -Eu falei merda nesse dia, sim, eu admito isso. Se acha que não me arrependi, está muito, muito enganada.
-Ah, claro. É fácil se arrepender e não fazer nada a respeito! - Alaina disse com um sorriso maldoso. Osamu afundou os dedos nos cabelos, os puxando com força, como se quisesse que aquela conversa acabasse de uma vez por todas.
-Você se engana muito se acha que nunca fui atrás de você. - Osamu disse tão sério que fez Alaina piscar os olhos em confusão. -Oito meses depois que a gente terminou, você já estava atuando como Elphaba, não é?
-Onde isso é relevante? - Alaina disse num sussurro, incapaz de entender porque Osamu estava falando sobre sua performance em wicked. Osamu respirou fundo.
-Por que, Alaina, eu fui para os Estados Unidos te ver. Eu vi você atuando em Wicked e eu estava pronto pra te dizer que te amava e que tinha feito uma merda muito grande ao te mandar embora. - Osamu admitiu, fazendo o coração de Alaina saltar dentro do peito, ansiedade percorrendo cada parte de seu corpo por um instante.
-Mas... Eu nunca te vi lá. - ela disse baixinho, quase em um sussurro. Osamu apenas riu, sem nenhum humor.
-É porque você estava muito mais ocupada beijando Iwaizume Hajime para perceber.
Escutar aquilo foi como tomar un soco no estômago; Alaina sequer sabia se estava respirando ou não naquele momento, pesando no como havia arruinado todas suas chances com Osamu ao tentar esquecer dele.
-Você claramente estava bem e feliz. Então eu fui embora. E eu fiz todo mundo jurar que não contariam pra você, e, sinceramente, se você não fosse tão irritante, eu jamais teria dito. - Osamu falou, dando a ela um sorriso sem nenhum tipo de humor.
-Espera, Osamu, Iwa e eu... - ela começou, mas Osamu ergueu a mão para a impedir de continuar.
-Eu definitivamente não quero saber. - Osamu disse.
Mas ela sentia que precisava dar uma explicação. Precisava deixar claro que sua relação com Iwa nunca havia passado de uma amizade com benefícios, nada além disso. Precisava dizer que seu coração sempre havia pertencido a ele e apenas a ele.
Alaina sequer chegou a conseguir abrir a boca quando a porta foi aberta e Suna entrou acompanhado de Atsumu e Emma, conversando com os dois. Silêncio reinou quando todos eles se depararam com Alaina e Osamu parados, lágrimas de raiva e mágoa nos olhos de Alaina e Osamu usando apenas uma calça.
Atsumu foi o primeiro a entender o que estava acontecendo ali. E o olhar irritado que ele lançou a Alaina já dizia o suficiente sobre como terminaria aquele dia.
E definitivamente seria com Alaina presa e Atsumu Miya em um caixão.
Data: 22/08/24
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