- Qual é cara, você não vai falar nada? Todos sabemos que ficou com ela.

Revirei os olhos com mais uma tentativa frustrada, para me fazer contar sobre o que aconteceu entre Cath e eu naquela noite. Passou uma semana, e Nick ainda não desistiu do assunto. Maldita hora que deixei Apolo no escritório, para ir em mais uma reunião delicada. O cão certamente já teria espantado meu segurança a essa altura.

Os rosnados de Apolo ficaram presentes durante boa parte da reunião, e ainda agora conseguia escutar seu temperamento em rosnados ocasionais.

- Até agora não sei como você conseguiu pegar ela.

Deixei um sorriso presunçoso escapar, andando um pouco a frente. Nick estava indignado com o fato de nunca ter visto a maluca ficar com ninguém fora um cara de sua equipe que ela costumava descontar as frustrações, aí isso acontecia do nada? O idiota não saia do meu pé dizendo querer entender, mas eu sabia que era só pela fofoca mesmo. Inutile.

- Já consegui vê-la nua, ou quase isso – parei, encarando em que ponto ele queria chegar – porém nunca passamos do seu corpo sobre o meu.

Do que esse palhaço estava falando? Não estava entendendo mais nada. Estreitei os olhos em sua direção, contudo o infeliz péssimo em seu trabalho, parecia ser péssimo no quesito fofoca também.

- Nunca nem vi ela beijando alguém...

- Eu beijei. – Divaguei entendendo a confusão que meu segurança parecia estar, percebendo meu erro só quando o surto veio.

- Você perdeu o seu BV? – Quase gritou no corredor, e fui obrigado a jogar ele contra a parede mais próxima e ameaçá-lo de morte.

- Cala a boca caralho. – Sorte que não tinha ninguém passando.

Oh segurança imprestável, que nunca parecia estar fazendo o seu trabalho – a não ser que sua função seja me infernizar, porque isso ele faz – acenou com os olhos ainda em choque, fechando a boca que estava aberta em surpresa.

- E eu não era nada dessa porra que você falou. – Soltei ele, agora querendo me matar por estar me explicando. Cazzo.

- Mas não é como se você tivesse beijado alguém, além da...

- Dá para fechar a merda da boca. – Ordenei com ignorância, acenando em cumprimento, para algumas pessoas que passavam.

O problema nem estava exatamente nas pessoas, porque estava pouco me fodendo para o que pensavam. O principal era que não queria lembrar da droga de dia que Nick se referia. Parecia que tudo na minha vida era submerso em momentos traumáticos, porra.

- E como foi? Os lábios são macios, não são? – Sorri malicioso lembrando da boca rosa engolindo meu mastro, mas logo voltei a realidade com o tipo de pergunta. Eu tinha virado algum maricas e não sabia?

- Larga de ser fofoqueiro, caralho. – Parei na mesa de um dos estagiários, pegando o documento que ele me estendia.

Era comum a tentativa constante de chamar minha atenção e tentar se aproximar, como o garoto fazia agora. Todos queriam crescer na empresa, e a grande maioria pensava que conseguiria isso mais facilmente se aproximando de mim. No entanto, nunca dei essa liberdade. Seguia à risca os programas de treinamento, e simulados de julgamentos, mas limitava aproximação que não fosse profissional.

- Evoluiu bastante. – Parabenizei devolvendo o contrato que havia sido redigido por ele. – E não passou despercebido o cuidado com a apresentação da queixa de sua cliente.

Sorriu orgulhoso desviando o olhar para uma outra mesa por alguns segundos, e isso também não passou despercebido por mim.

- Mas ainda falta se atentar a apresentação das leis, não entrou em harmonia com as demais partes do texto.

Seu sorriso murchou, e vi a garota que o idiota a minha frente gostava de se dizer melhor do que ela, abaixar a cabeça tímida, e dar um pequeno sorriso.

Inclinei a cabeça na direção dela mostrando para Nick, e ele já sabia o que fazer. Vez ou outra era necessário dar mais atenção a certos tipos de concorrência. Uma disputa justa e até mesmo carregada de motivação pela raiva, era sempre bem-vinda. Eles cresciam mais rápido assim. Mas o bullying, era inadmissível.

- Mas voltando ao assunto.

Que merda, encarei o fofoqueiro que voltou a falar assim que nos distanciamos dos outros funcionários.

- Mata a minha curiosidade, droga. Você sabe que é normal conversar esses assuntos né? – Protestou, e eu ri com desdém, seguindo meu caminho.

Estávamos quase em meu escritório, e enfim eu poderia me livrar desse peso morto que não fazia nada que prestava.

- Eu vi o sorriso. – Droga. – Onde mais a boca dela esteve? Não me diga que foi no outro lugar proibido para o Andreeva fechado...

- Não só a dela, a minha também. – Murmurei dando brecha para o macho dentro de mim se vangloriar, como ele queria desde o início. Porém assim que percebi ter falado alto demais, apressei o passo querendo chegar rápido em minha sala.

Nunca tinha deixado Maia me chupar, e nunca tinha feito isso com mulher alguma. Mas aquela desgraçada sabia me tirar do maldito eixo...

- Cath? – Indaguei abrindo a porta da minha sala de supetão, não deixando nem que Scarlet falasse o que queria. Agora sabia o que era.

- Oi Docinho.

Se levantou do chão no mesmo lugar que tinha sentado com Apolo na primeira vez que nos vimos, e assim que o rosnado diferente alcançou os meus ouvidos, notei que não estávamos apenas nós três.

- Escolta? – Sorri com escárnio, mas não pude deixar de admirar o belo cachorro ao seu lado.

Estava na cara que era um dos seus cães de serviço, e não consegui lembrar de já ter visto um cachorro tão em forma como o dela. A cintura magra que muitos poderiam julgar como desnutrido, porém com músculos trabalhados nos lugares certos, mostrando que não era nenhuma cria paparicada – ou como vejo, maltratados – por dondocas.

- Sabe como é né? O cara me comeu e nem pagou o açaí antes. – Debochou com o sorriso superior de sempre, desfilando até o sofá que costumava se jogar nele, quando estava por aqui.

- Você não gosta de açaí. – Ressaltei, me perguntando quando foi que descobri isso?

Scarlet, que antes parecia tentar entender o que acontecia, praticamente saiu correndo quando a amiga sem noção e extremamente folgada disse que eu a comi, e eu não neguei.

Sorri maldoso com o desespero da mulher, mas logo fechei a cara quando vi o fofoqueiro de plantão na porta, sondando tudo e sorrindo. Revirei os olhos passando para a parte de trás da minha mesa, sentando em minha cadeira.

- Hades, faça as honras querido. – Cath deu o comando indicando para porta, e em questão de segundos, o sorriso de Nick deu lugar ao de pânico. Em milésimos de segundos, o cachorro já estava na porta.

Meu segurança não teve tempo nem de processar, e tinha certeza que se não fosse por Cath que chamou o tal Hades de volta, que agora Nick estaria conhecendo o verdadeiro Hades no inferno.

- Viu Docinho, você precisa aprender a colocar seu cão para trabalhar. – Provocou com um pequeno sorriso na boca que voltou para o habitual vermelho, desfilando como se fosse a dona de tudo, indo até minha porta e fechando-a.

Estreitei os olhos em sua direção, ignorando totalmente o que ela disse, mas deixando uma nota sobre certo assunto.

- O que faz aqui? – Indaguei me levantando, fazendo o caminho de volta para a frente da mesa.

- Já disse.

Brincou com o cachorro que não pareceu gostar muito da minha aproximação. Apolo ficou atento ao meu lado, concentrado em olhar apenas para o cachorro.

- Conta outra. – Desdenhei sabendo que aquilo não era sério.

Podia até não saber tudo sobre ela, mas disso eu tinha certeza. Cath preferia levar um tiro, do que sair para ter um encontro de menininha. Palavras dela, ao ser convidada por Nina para um chá. Loucura de Nini também.

- Vou te levar para um passeio. – Sorriu travessa, me fazendo estreitar os olhos em sua direção.

- Vou precisar de mais informações para ao menos cogitar sair com você. – Declarei ríspido, chegando perto. Seu corpo ficou tenso e se arrepiou antes mesmo de tocá-la.

- Se fosse você, não faria isso. – Informou, olhando para minha mão que ia em direção a sua cintura.

- Aqui eu sou o alpha. – Afirmei com arrogância e intimidação, apertando forte a sua cintura, colando seu corpo junto ao meu.

Hades resmungou, porém de soslaio, vi que Apolo o encarava de perto. Ele poderia ser forte e treinado, mas não seria fácil vencer um adversário com o dobro de seu peso, ainda mais estando tão perto.

Tirei a jaqueta do corpo de Cath, averiguando cada traço de pele que aparecia, ficando duro com a obra exposta.

- Espero que não tenha marcado hora, para onde quer que queira me levar. – Devaneei, jogando a jaqueta no sofá, e tirando sua camiseta logo em seguida.

Era como se algo dentro de mim, gritasse que precisava ver as marcas...

- Isso quer dizer que não preciso mais explicar aonde vamos? – Zombou.

- Isso quer dizer – mordi seu pescoço, deixando um chupão em seguida – que você tem alguns minutos para me convencer. – Sussurrei com a voz autoritária em seu ouvido.

- Use camisinha dessa vez. – Ordenou, e talvez tivesse ganho um pouco mais de crédito, se não estivesse tão clara a sua excitação.

Terminei de descer sua calça, ficando com o rosto bem de frente a sua amiga que já exalava o cheiro característico. Passei a língua sobre o tecido, depois olhei diretamente em seus olhos.

- Não.

- Merde. – Reclamou fechando as pernas em minha cintura, assim que de súbito me elevei e ergui seu corpo do chão.

- Se você me engravidar...eu te mato. – Gargalhei perto do seu ouvido, não dando crédito algum ao que ela resmungava pela centésima vez ou mais.

- Você é minha, já disse. – Me afastei, para olhar seu corpo sobre minha mesa.

- Deixa de...

- Calada. – Dei um beijo duro em seus lábios, mordendo a parte inferior. – Você é minha até que eu decida o contrário. – Completei tirando seu sutiã.

Nem eu sabia de onde esse caralho tinha surgido, mas talvez fosse o mesmo que acontecia quando adquiria algo novo.

- Não vim aqui para isso.

- E eu não estou fazendo isso. – Rebati no mesmo tom, me afastando para ver seu corpo por completo.

- Connard. – Sorri cafajeste, apreciando a vista de Cath apenas de calcinha sobre a minha mesa, e cheia de marcas pelo corpo.

Quem não soubesse do ocorrido, certamente pensaria que ela tinha sido abusada ou no mínimo atacada por algum animal. Suas pernas, principalmente na região das coxas, estavam cheias de círculos e marcas de dedos roxas. E as marcas de mordidas estavam por toda parte, e mesmo as tatuagens não conseguiram camuflá-las dessa vez. O seio...Oh droga...

Meu membro se manifestou dentro da calça, contudo antes que fizesse alguma loucura, a folgada que se achava dona de tudo, me puxou pela gravata e enlaçou suas longas pernas no meu quadril trazendo o meu pescoço direto para os seus lábios.

Cazzo, a desgraçada sabia o que fazer e era rápida o suficiente para tomar o rumo das coisas.

Praguejei sentindo sua língua circular uma parte específica do meu pescoço, conhecendo bem o que aconteceria depois.

- Dannazione. – Aquela porra deixaria uma marca visível.

E não que eu pudesse reclamar, já que Cath não poderia usar a merda de um vestido ou qualquer coisa decotada por semanas, se não quisesse ser vista como uma qualquer ou como uma vítima.

Segurei forte o seu seio, levando a outra mão em sua cintura pressionando firme o local. Um novo roxo intensificaria o outro.

- Vamos visitar o amiguinho de Nina. – Disse amiguinho com tanto escárnio, que não precisei perguntar do que se tratava.

Meu corpo inteiro congelou, e o clima quente rapidamente se extinguiu, mesmo ainda sentindo sua língua brincando com a minha orelha.

Olhei para Apolo que se esfregou em mim compreendendo a mudança, e foi impossível não notar o modo que Hades me olhava, agora se aproximando da mulher que ele nitidamente tinha muito ciúmes.

- Como você o encontrou? – Perguntei, e claro que sua resposta foi uma jogada de ombro seguida por um sorriso convencido.

Me afastei deixando que se vestisse, mas antes que saísse para juntar minhas coisas e avisar Scarlet que estaria fora pelo resto do dia, devolvi a lambida, seguida por uma mordida amena em comparação às que eu dava quando a iniciativa partia de mim, e completando com um chupão forte como ela tinha feito.

Tinha total ciência que não tinha direito algum de me vingar e fazer o mesmo que ela fez comigo, no entanto, não era nenhum santo. E ver os gêmeos na minha frente e não lhes dar atenção, seria uma blasfêmia.

- Cacete, Luca. – Suspirou deixando um gemido misto de dor e prazer escapar, parecendo embriagada com a ação.

Sorri da expressão raivosa que cresceu em seu rosto, me afastando por completo preparando o que deveria.

Puxando o sutiã que estava sobre meu notebook, a folgada se levantou vestindo a peça que foi logo acompanhada por sua camiseta justa e a calça que estava no chão. Droga, que visão. A porra da bumba dessa mulher me fascinava.

Espantei os pensamentos tirando o telefone do gancho e discando o número do ramal da minha secretária. Passei as orientações para Scarlet, amaldiçoando a desgraçada folgada a minha frente, que estava com a raba empinada colocando os sapatos.

Nem lembrava da hora que tirei aquelas pragas, mas me amaldiçoei por ter feito.

- Anda rápido, ou vai ficar aí. – Dei um tapa em sua bunda, não conseguindo segurar a mão.

Apolo encarou Cath parecendo examinar se ela tinha se machucado, e diferente de qualquer coisa que tivesse imaginado ou premeditado como possibilidade para ele, Hades pareceu ver algo que não tinha noção do que era, e simplesmente me seguiu até a porta como se fossemos melhores amigos.

Passei a mão em seus pêlos dando um sorriso presunçoso para Cath que nos olhava completamente em choque, e caminhei para fora da sala com meu mais novo amigo.

Talvez ele também tivesse se cansado desses machos castrados que ficavam choramingando pela maluca, e foi inteligente para apreciar um macho com bolas.

- Vira casaca. – Cath afirmou com a confiança de sempre, passando por nós se achando uma modelo na passarela.

Acabei rindo da situação inédita, caminhando tranquilo atrás dela. 

Nota do Autor

E aí, gostaram do capítulo?

Se estivessem no lugar do Nick, também estariam curiosos? Ou não são Marias fofoqueiras como nosso amado segurança?

Gostaram do nosso tatuado deixando o lado homem das cavernas machista tomar a frente por alguns segundos?

E essa história do BV? Ficaram curiosos sobre com quem ele deu seu primeiro beijo e o que aconteceu em seguida? Será que algum dia vamos saber sobre esse assunto? Ou seria esse um mistério que ficará escondido a 7 chaves?

Nosso gato e sua loucura com as marcas no corpo da deusa sem noção, será que um dia isso passa? Ou uma vez ogro, ogro para sempre? Kkkkk

O que esses dois vão aprontar em? Não acredito que Cath tenha trazido Hades à toa, ou será que trouxe?

Quero saber todas as hipóteses, me conte por favor.. Ah e não se esqueçam de votar 🌟, e comentar..

Uma ótima semana, até o próximo 😘..