Chapter forty eight
Mais uma vez, estava mostrando o merda de ser humano que eu era, e nem poderia justificar que era para distraí-la de toda merda que cobria minha mesa, porque não era. Simplesmente não era.
E admitia para mim mesmo que o fato de tê-la obrigado a ficar no meu quarto, em nada tinha a ver com Nini ou Mia de fato. Eu simplesmente desejava isso, e só descobri quando acordei com ela encolhida rente ao meu corpo, como se quisesse se esconder de algo, e antes que minha mente processasse, já tinha prometido para mim mesmo que ela não iria para quarto algum.
Cath ficaria comigo pelo tempo que eu considerasse necessário, ou conseguisse suportá-la – o que viesse primeiro. Mas até lá, ela seria minha. E isso já estava decidido.
Caminhei os poucos passos até o sofá em meu escritório, ele não era grande ou confortável suficiente para nós dois, mas por hoje teria que servir, minha mesa estava completamente inacessível, e, por mais que não quisesse pensar nisso agora, a maldita que eu colocava deitada no sofá neste exato momento ainda não estava completamente curada.
- Não vamos fazer aquela merda de papai e mamãe. – Se queixou, aborrecida, o que era até mesmo esperado, contudo, para seu total descrédito não era o mesmo que seus olhos me diziam.
As incríveis orbes verdes estavam completamente entregues, como sempre estiveram em cada momento que já estivemos juntos, mas diferente desses momentos, o nome que saia de seus lábios em meio a um gemido de resposta por eu chupar forte um de seus seios, e apertar o outro com possessividade em nítida advertência e lembrança de que quem manda aqui sou eu, saiu em uma tonalidade e uma intensidade, totalmente inédita para mim. Era diferente, porque pela primeira vez o gemido não foi uma simples resposta não intencional ou mesmo que não havia sido percebida. Cath sabia, e tinha total controle do que saiu de seus lábios e ainda repetiu. Repetiu, e foi como música chegando aos meus ouvidos.
- Luca... humm... Luca... – Cazzo, meu nome nunca soou tão atraente e sexy na vida. Dio che donna sexy.(Céus, que mulher gostosa)
Devorei cada pedacinho de seu corpo ao som de seus gemidos chamando por meu nome, pelo maldito apelido – que, neste momento, confesso que não me despertou tanta raiva – e porra, por um novo apelido, que, sinceramente, não tinha certeza se era sensato ao menos pensar nele por muito tempo. E, talvez, a culpa não fosse apenas minha por estarmos fazendo todo esse caralho em um momento que ela não estava completamente sarada.
Cath era basicamente o inferno em forma de mulher. Quente, sensual, sem qualquer frescura broxante, e pelos céus, a mulher não vestiu uma mínima peça de lingerie nos últimos 30 dias. Cazzo, acho que nenhum homem pensaria direito sabendo disso.
E provavelmente foi por esse motivo que me dediquei solenemente em marcar cada lugar que me assombrava quando olhava para a pele que hoje estava curada, mas ainda me lembrava – e acho que nunca esqueceria – de como estava quando tirei aquela maldita tinta de sua pele.
Desci meus lábios por seu abdômen marcado com direito a gominhos delicados, satisfeito com que já havia feito em seu pescoço, clavícula, região dos seios, costelas, barriga, alguns no braço... é, talvez não tenha sido apenas nos mesmos lugares que estavam os machucados antes.
Sorri contra a parte interna de sua coxa, dando uma mordida seguida de chupão que tinha certeza de que logo deixaria outra marca, e arrastei minha língua em uma lambida ansiosa seguindo direto para o lugar que confessava estar com um desejo enlouquecedor.
Sem cerimônia, segurei firme em seu quadril, metendo logo minha língua em sua entrada, depois a deslizei lentamente para fora, sugando o seu clitóris no processo, prendendo-o com a língua em uma sucção forte.
- Luca, per l'amore... finiscila presto. (Luca, pelo amor, acabe com isso) – Acabei sorrindo mais uma vez contra sua pele, soltando seu clitóris diante do protesto nada exigente, e passei a língua lentamente pela extensão molhada, que pulsava contra mim, como em um sussurro sedento. – Luca.
A infeliz era realmente boa em tudo que se colocava para fazer, e se o italiano era sua nova meta, ou em algum momento de sua carreira já tinha sido, eu não sabia, mas que ela vinha melhorando em seu sotaque, isso era nítido.
Me alimentei de sua intimidade, sem a pressa que ela gostaria que eu tivesse, e com a sensibilidade que ela mostrava estar depois de todos esses dias de greve, – não tinha certeza de quanto tempo ela estava acostumada a ficar sem sexo, mas pela resposta de seu corpo, provavelmente era menos do que eu – não demorou para que os sinais aparecessem.
Cath apertou as coxas ao redor da minha cabeça, tremendo forte o corpo, enquanto buscava por qualquer coisa para se agarrar, e precisou se contentar com o braço do sofá próximo a sua cabeça, me dando uma visão magnífica ao olhar para ela e vê-la inclinando a cabeça para trás, ao mesmo tempo que atingia seu ápice com um gemido mudo, como se não conseguisse ao menos arriscar algumas palavras.
Lindo, essa era a palavra para descrever. E mesmo não sendo do tipo romântico ou carinhoso, eu precisava admitir, nunca tinha visto nada tão perfeito quanto seus verdadeiros olhos me encarando quando ela enfim conseguiu fixá-los em mim, carregados de luxúria, sendo destacados pelas bochechas coradas e a pele suada.
- O que você quer, Cath?
Não sabia de onde tinha surgido a pergunta, ou talvez fosse por ainda estar embriagado pelo que ainda via em sua face, mas ainda assim, perguntei quando voltei subindo lentamente em seu corpo, deixando um rastro de beijos e pequenos chupões que não deixariam marca, desde sua intimidade, até seus seios, que comecei a chupar com calma, me dedicando apenas ao bico rígido e delicioso.
- Fai l'amore con me. (Faça amor comigo) – Disse em um italiano muito bom, para quem não estava acostumada com a língua. E queria acreditar que foi por isso que fiz a pergunta seguinte, mas sabia que não era.
- Come? (Como?) – Indaguei, subindo os lábios para o seu pescoço, deixando mais beijos e alguns chupões por sua pele.
Meu cacete estava tão rígido e minhas bolas tão doloridas, que tinha medo se até conseguiria ejacular de fato depois de me segurar tanto, ou se teria que recorrer a porra do médico, porque a minha situação certamente não estava normal.
- I miserabili papà e mamma. (O desgraçado papai e mamãe) – Não consegui segurar, e mesmo não sendo o momento, acabei gargalhando deixando o som morrer, tomando os seus lábios nos meus em um beijo rápido, e aguardei olhando para ela, se era isso que ela realmente queria. Porque não teria mais volta. Isso certamente era diferente de tudo que já tínhamos feito.
Porque, por mais que já tivéssemos tido uma espécie semelhante de sexo lento, com muitas trocas de carícias, nunca tinha sido de um modo tão comum e com todos os significados que isso poderia implicar.
Tínhamos feito sexo. Sexo cru e selvagem, e em algumas poucas vezes, sexo sendo direcionado para acalentar nossos próprios traumas. Mas definitivamente nunca esse tipo de sexo que ela propunha agora. E eu já tinha minha resposta. Há dias, se dissesse a verdade.
- Luca. – E isso era resposta o bastante para mim. Não via dúvida alguma, ou qualquer outra coisa que não convicção e determinação em seus olhos. Isso terminaria como ela queria, se eu estivesse disposto ou não. Mas o que ela não sabia era que eu também já tinha determinado isso. Só tinha lhe dado a cortesia de um prazo a mais.
Voltando a beijar os seus lábios como se uma eternidade tivesse se passado enquanto eu aguardava pela sua resposta, e não apenas uns meio segundo, concretizei o seu pedido, enfim mergulhando o meu pau onde ele desejava há mais do que semanas.
Seus palavrões em italiano certamente eram melhores que o resto. No entanto, ainda assim, toda exigência e fúria que ela tentou transmitir com o palavrão que tinha dito, tentando mostrar estar indignada com o pedido, foi pelo ralo, com o gemido, quase como um choramingo, de quando entrei nela.
Me afundei até não ter mais nada para colocar, e segui no ritmo que ambos gostávamos. Forte, duro, com direito a tapas fortes em sua bunda, apertando firme seu quadril com a outra mão, para que ela não saísse tanto do lugar, e certamente, o que aparentemente é indispensável para mim quando estou transando com ela, mordidas fortes o bastante para que minhas presas pudessem perfurar mesmo que pouco, a pele lindamente desenhada.
Mas não me enganava, não quanto a isso. Não era o único a ter uma marca aqui. E minhas costas e pescoço começavam a receber as dela também.
Cath era como uma felina selvagem que adorava arranhar e tinha prazer em atacar sua presa no pescoço, deixando marcas quase tão nítidas quanto as minhas, enquanto também me segurava firme com suas maravilhosas pernas ao redor de mim. Il disgraziata aveva davvero l'inferno in lei. (A infeliz realmente tinha o inferno em si)
- Cazzo. – Gemi, sentindo que meus testículos poderiam explodir a qualquer momento de tanto que essa mulher me enlouquecia, e meti com mais força, não importando para quem poderia estar nesse mesmo andar da casa junto conosco. Precisava disso... nós precisávamos.
Então continuei, até que minha porra a enchesse de modo doloroso para mim, quando enfim a liberei, e ela saiu descontrolada, preenchendo o canal que me apertava quase a ponto de me fazer quebrar, deixando tudo mais agonizante, porém, também prazeroso para mim.
Não poderia dizer que esse era um pensamento normal, no entanto. Mas isso não importou em nada, quando não consegui esperar, e a coloquei de quatro sobre o mesmo sofá que estávamos, e saí quase desesperado até a minha gaveta que antes de Cath nunca teve um preservativo sequer, mas agora tinha uma dúzia deles, e retornei, já me preparando. Assim que me posicionei atrás dela, mergulhei na entrada já mais do que pronta, a preparando para a outra invasão, que estranhamente tinha virado uma obsessão que me fazia sentir em posse e com confiança completa vindo dela.
Merda santa (puta que pariu), essa mulher tinha me deixado mais louco e doente do que eu já era. Ou no mínimo, tinha despertado o que dormia dentro de mim. Mas seja como fosse, o certo era que não éramos bons um para o outro. Contudo, ainda assim, parecíamos encaixar perfeitamente. Ou ao menos no quesito literal, isso acontecia.
- Ah, resolveram aparecer! – Nini exclamou, tirando os fones de ouvido quando nos viu, e não precisei perguntar se ela tinha escutado o que aconteceu, apesar de não termos nos preocupado nem um pouco em ser discretos ou, no mínimo, silenciosos, deixando a porta do escritório completamente aberta durante todo o espetáculo.
E se os fones já não fossem evidência suficiente, as bochechas coradas certamente eram outra prova de que tivemos alguma plateia.
- Onde estão os outros? – Perguntei, sem me interessar de fato, apenas intrigado por ela estar aqui sozinha.
Quando saímos do meu escritório para nos limpar, encontramos os quatro cães fechando quase que um perímetro exagerado ao redor do cômodo, mantendo as duas extremidades do corredor completamente isoladas. Nem mesmo quem desejasse descer ou subir as escadas teriam tal liberdade.
- Imagino que estejam por aí. – Deu de ombros, não entrando em detalhes, nitidamente ainda envergonhada. Mesmo com a sua inocência, Nini era adulta o bastante para conseguir imaginar o que acontecia a poucos metros dela. – Sei que não sou uma expert no assunto, mas não conseguiam esperar por mais alguns dias? – Indagou, me surpreendendo por não ter julgamento algum em seu tom de voz, ou no olhar que me dizia exatamente o porquê dela ter ficado quando claramente todos se afastaram, e ao contrário do eu também esperava, não foi para mim que minha irmã olhou ao perguntar.
Verificando Cath dos pés à cabeça, com o rosto transformado em uma careta carregada de preocupação, Nini analisou a amiga duas vezes, antes de focar em seus olhos novamente.
- Você sabe como é – provocando como ela adorava fazer, Cath começou a dizer, se aproximando mais de onde Nina estava. –, você não quis cuidar de mim, então precisei procurar outra pessoa.
Apesar do sorriso completamente malicioso preenchendo os lábios que ainda estavam inchados e mais rosados que o normal, algo dentro de mim me garantia que mais uma vez aquilo não passava das provocações de sempre. Cath não tinha de fato um interesse em Nini que não fosse a amizade – não nesse momento, ao menos. Contudo, também não a julgaria se tivesse. Minha irmãzinha decerto era um bom partido para qualquer pessoa.
- O que você está preparando? – Cath indagou, cheirando o ar, mas não dava para saber muito, além de que se tratava de algo doce e que envolvesse chocolate.
- Brownie...
- Com aquele gelato que você gosta? – Cath interrompeu, animada, deixando claro que conhecia bem minha irmã.
Nini gostava bastante da sobremesa, mas para ela, só servia se o sorvete fosse um gelato legítimo, e o sabor fosse de pistache. Mas não qualquer um claro, o da sorveteria favorita dela e da mamma.
- E existe outro?. – Nini contrapôs com um sorriso divertido, e só observei um daqueles sorrisos verdadeiros, nascer nos lábios de Cath, e suas pupilas dilatarem, se aproximando de como estavam a minutos atrás.
- Vou buscar não levar isso para o lado pessoal. – Declarei com escárnio, ao notar a diferença em seus olhos, passando por ela, seguindo rumo a geladeira.
- Ou podemos juntar os dois, e... – parou, me olhando daquele jeito que a maioria das mulheres odiava, mas já tinha me acostumado com o olhar vindo dela. – Fazer disso uma coisa que deixará os dois extremamente satisfeitos.
Parou os olhos por uns segundos em meu abdômen coberto pela camisa simples branca, e logo depois desceu um pouco mais para baixo, fazendo meu pau responder automaticamente as pupilas que, agora sim, adquiriram o tamanho que eu gostava. Porém, atrás de Cath, Nina quebrava o clima, ficando cada vez mais pálida.
- O-o quê?... Ah, nem pensar. Por Deus, por que você foi dizer isso na minha frente? Acho que nunca mais vou conseguir mangiare il mio gelato preferito. Dio mio. (comer meu gelato favorito. Meu Deus). – Minha irmãzinha completou seu drama falando em italiano, e se o novo tom que seu rosto adquiriu já não tinha sido o bastante para mostrar o seu pânico, quando, só depois de alguns segundos compreendeu o que a amiga insinuou, o italiano certamente foi. Nini só recorria a ele quando nem mesmo conseguia imaginar outras palavras que não fossem em uma das linguagens mãe.
Mas como esperado, Cath apenas se divertiu com o sofrimento de minha irmã, olhando para sobremesa pelo vidro que tinha na porta do forno.
- Você vem comigo alimentar os animais, ou vai ficar aí vigiando a sobremesa ficar pronta, como um viciado atrás da próxima dose? – Zombei, tirando uma jarra de suco da geladeira e buscando por um copo no armário logo depois.
Enchi o copo com suco, levando a bebida refrescante à boca em seguida, observando como a maluca olhava visivelmente em dúvida para o forno novamente, e para o tempo marcado na lateral do mesmo, voltando seu olhar para mim depois. Faltavam menos de 5 minutos para a sobremesa ficar pronta.
- Alimentar os meus bebês, sem dúvida. – Ri com sarcástico, não era nada disso que seu olhar de cachorrinho vendo o frango assando, dizia a segundos atrás. Porém também não tinha dúvida alguma de que os animais sempre viriam antes de qualquer desejo dela. Seus dois cães em perfeito estado e as múltiplas fraturas que ainda curavam em seu corpo eram as provas claras disso.
Além de quê, tecnicamente, essa seria a primeira vez em todo esse período que eu a chamava realmente para alimentar os bichos, e tinha certeza que ela entendeu o significado do convite. Era a primeira vez em sua recuperação que eu permitiria que ela se aproximasse mais do que apenas para observação.
- Você sabe que, na verdade, eles são meus, não é? – Ressaltei apenas por ressaltar, colocando o copo vazio na pia. Já sabia que com gente louca não se discute, mas às vezes era bom lembrá-los.
- Não vejo mal algum que eles tenham dois pais. – Rebateu, olhando para mim com um sorriso sarcástico, e eu olhei para Hades, que se sentava ao meu lado, como se estivesse observando a conversa.
- Então também não fará mal se eu disser que os seus cães são meus. – Afirmei, coçando a região do pescoço e orelha do cachorro, observando suas pupilas mais uma vez mudarem, mas dessa vez para algo mais perigoso. Ezra já tinha me contado o quanto os três cachorros eram importantes para ela. Filhos literalmente de outra mãe.
- Hm-hm... – Limpou a garganta, gloriosamente para mim, afetada com a proposta. – Não acho que faça muita diferença o que eu vá dizer, – continuou visivelmente a contragosto, olhando para Tânatos, que também se aproximou de mim buscando carinho. – parece que eles já fizeram sua escolha. – Completou, observando Kratos também se unir aos outros dois, porém mais por curiosidade do que por brincadeira mesmo.
- Realmente – sorri arrogante, olhando para ela, enquanto me afastava, deixando que Nini se preparasse para retirar a sobremesa almejada do forno. –, não faz diferença alguma mesmo. No fim, tudo que está debaixo do meu teto e come da minha comida, é meu. – Sorri aberto, sem me preocupar que tivesse saído no tom ríspido e autoritário de sempre.
- Vejo que se decidiu sobre o assunto. – Léo cantarolou, só então me fazendo notar sua presença.
Cath olhou bem de mim para Léo, mas diferente de qualquer coisa que eu esperava que ela fizesse, mais uma vez no dia eu me surpreendia com ela simplesmente se direcionando até onde Nini estava retirando a forma do forno, vigiando a sobremesa que era colocada sobre um suporte de proteção na bancada.
- Não deixe ninguém tocar nele. É muito pequeno para dividir.
Descreveria o recipiente de vidro como muitas coisas, menos pequeno, e se não fosse pelo tom frio e arbitrário que normalmente saía de seus lábios, eu provavelmente a compararia com uma criança egoísta que não gosta de dividir, mas não poderia dizer que eu mesmo era muito diferente com o que eu gostava, ou fingiria que não tinha acabado de fazer o mesmo.
- Concordo plenamente. – Nini declarou com um sorriso travesso, mas tinha certeza de que assim que nos afastássemos, ela faria uma outra travessa tão grande quanto para aqueles que quisessem.
- E quanto ao que você disse, – Cath declarou, após dar o assunto com Nina por encerrado, se virando em direção ao pobre Léo, que, para seu crédito, não se afastou nenhum passo, mas logo depois se virou para mim, encurtando o espaço entre nós dois. – no momento não tenho qualquer objeção quanto ao que foi dito, mas, só para deixar registrado diante de duas testemunhas, não contesto ser completamente e unicamente sua... – sussurrou a penúltima palavra para que apenas eu pudesse ouvir. – ... pelo tempo que estiver aqui, e quem sabe, talvez até depois.
Cazzo, eu nunca fiquei excitado com a droga de um termo jurídico, mas agora estava duro feito pedra, só de ouvir uma meia dúzia em uma alegação, que no mínimo, poderia ser considerada apenas uma reafirmação do que eu já havia determinado. No entanto, toda essa reação poderia facilmente, e não adiantaria que negasse, ter sido causada pela proposta, clara no final, de alguém que nitidamente não queria simplesmente parecer submissa.
Porém, mais uma vez, sem que soubesse, ela apenas reafirmava um fato, porque não tinha chance alguma dela sair dessa casa um dia. Não sem que eu a expulse ou a mate – mais uma vez, o que viesse primeiro.
- Não acho que faça muita diferença a sua opinião sobre o assunto também. – Afirmei, com escárnio, contudo, não movi um músculo de onde estava, continuando com os nossos corpos quase colados, diante de dois curiosos que pareciam chocados com a resposta.
- Nós dois sabemos que faz, Docinho. – Revirei os olhos ao escutar o apelido, entretanto ela não estava errada. Jamais seria capaz de obrigá-la a fazer qualquer coisa que não quisesse de fato. Com exceção, claro, para o que a colocava em perigo, ou os pensamentos malucos, isso eu não levava em consideração.
Todo meu corpo arrepiou quando ela encurtou ainda mais o espaço entre nós, me fazendo pensar no que viria a seguir. Porque por mais que todos que me conheciam realmente soubessem que já tivemos algo, além da primeira vez que ficamos no meu escritório e meu pai me viu aproximar dela, nunca em nenhum outro momento, eles nos viram ficar tão próximos um do outro assim, publicamente.
- Ou talvez esteja correto, considerando que parece que sempre me rendo a você. – Disse, mais uma vez baixinho, com o rosto virado de lado, apenas para que eu escutasse, e certamente ninguém nunca tinha visto o que veio a seguir. Porque, sem que eu mesmo esperasse, Cath me beijou, não se importando com a plateia que nos assistia ainda mais chocados. Sem demora, correspondi, apertando forte sua cintura a trazendo ainda mais para mim, enquanto de modo menos decente possível, deixei que ela começasse por pelo menos essa decisão, já que nenhuma das outras ela teve muita escolha.
Concluindo o beijo da forma que ela quis e no momento em que ela bem desejou, i'infelice deliziosa (a infeliz deliciosa) mordeu meu lábio com intensidade, o puxando ao mesmo tempo que se distanciava lentamente, só deixando-o quando tive certeza que ela também sentiu o gosto de sangue.
Mas, como certamente não éramos do tipo normal de pessoas, aquilo só pareceu reacender o fogo que estávamos, me deixando duro de novo, ao mesmo tempo que de certa forma ditava o que aconteceria em um tempo que não demoraria muito. A filha da puta certamente tinha calculado tudo, já que não era do seu feitio simplesmente aceitar e se calar. Miserabile.
Deixei que se desvencilhasse do aperto que dava em sua cintura, tendo certeza de que novas marcas estariam ali em breve, passando a língua lentamente por meus lábios, limpando o curto filete de sangue quente que sentia no mesmo.
Cath seguiu minha língua, passando a própria em seus lábios, quase em uma repetição espelho, contudo, em seus olhos, conseguia ver seu autocontrole trabalhando. – Certamente, não éramos normais. – Mas antes que tomasse qualquer outra atitude, ela saiu rebolando aquela bunda deliciosa enquanto desfilava mais uma vez se considerando a dona do mundo, saindo da cozinha, indo em direção a área externa da casa, onde ficavam os animais.
Observei-a se distanciar pelo tempo que as paredes que nos cercavam permitiram, reparando que o período que a obriguei a ficar quieta, realmente tinha surtido efeito, e não apenas em sua pele que estava mais corada. Ela tinha recuperado peso, e talvez até tivesse ganhado um pouco de peso a mais, diante da escassez do exercício intenso que costumava fazer diariamente, e eu via nitidamente a diferença dela com Nini e Mia.
Não tinha sido uma ou duas vezes que as peguei na sala de TV assistindo qualquer filme que eu sabia que a sem noção odiava, mas ainda assim estava ali com elas, comendo, sorrindo, e, por mais que ela negasse até a morte, em um desses momentos até chorando por um personagem que tinha morrido.
Cath era forte, mas obviamente ainda era humana. E não foi só tudo que descobri sobre sua infância, ou os relatos inacabáveis de um pai orgulhoso que me fizeram perceber isso. Mas sim o momento que em uma dessas tarde de tédio, que eu sabia que ela desejava a minha morte e não gastava seu tempo tentando ser discreta ao me chamar de ditador, a vi não só assistindo qualquer filme desinteressante com suas meninas, – como ela se referia às vezes a Nini e Mia – como também dormia, deixando ser amparada pelo pai que a resgatou, enquanto ele fazia carinho em seus cabelos.
Enfim... ali eu tive certeza absoluta de quem era aquela mulher maluca e sem noção que me deixava louco, e infelizmente – ou felizmente, não saberia dizer ainda –, minha sentença foi dada. E a dela veio logo depois. Porque se eu já parecia um ditador nos 5 primeiros dias que ela estava acordada, eu devo ter virado o próprio Hitler quando, no 6° dia, tudo isso aconteceu.
Deixei os dois palhaços ainda sem reação que não fosse o sorriso idiota que aparecia no rosto de ambos, e no de Nina, também uma certa expressão a mais, mas não me dei ao trabalho de interpretar. Tinha uma coisa inacabada para resolver. E essa coisa se distanciava a cada segundo que me perdia em pensamentos.
Nota do Autor
Bom dia meus amores, como estão?
Estão gostando do andamento da história? Por favor deixe a sua opinião.. E não se esqueça de votar e comentar..
Uma semana cheia de bençãos para todos.. Beijinhos..
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro