Chapter fifty three
Não se tratava de loucura, não aquilo que eu pensava pelo menos. Eu estava sendo curada, e nem ao menos percebi a intensidade do que vinha acontecendo e não era de hoje.
Era cura... a mais pura e totalmente inesperada cura. Algo tão surreal e inimaginável para mim, que, por alguns instantes, eu ainda me sentia cética. Mas não havia outra explicação. Não tinha outra resposta para não ter colocado uma faca bem nos olhos de Prasad por tentar atrapalhar um momento único para mim, e isso sem falar em toda obediência súbita que de repente eu tomei.
Não obedecia nem mesmo a Ezra ou aos meus superiores com facilidade, mas a ele... ah, a ele eu obedeci sem pestanejar. Eu relevava sem pensar muito. E diferente do início, não era mais por Nina. Luca tinha mostrado desde o princípio ser um homem de integridade, e sem que eu notasse ou desse permissão, conquistou um lugar dentro de mim que havia sido completamente destruído pelo meu passado. E, ao que parece, foi o que bastava e o que eu nem sabia que precisava ou mesmo procurava, para trazer cura para aquilo que durante todos esses anos eu pensei não ter solução.
Ezra estava correto, e parece que a felicidade realmente poderia ser para todos. Porque neste momento, mais do que em qualquer outro – e que a minha pequena e Ezra me perdoassem – eu me sentia feliz.
Era a primeira vez em minha vida, – desde que comecei a entender o que era a vida – que eu conseguia fechar os olhos e não me lembrar dos toques daquele cujo seu DNA corria em minhas veias...
(Cenas pesadas, possibilidade de gatilhos)
Não recordei de todas as noites após o jantar, quando eles me levavam para o quarto de brincar, mas no cômodo não havia um único brinquedo – ao menos não os brinquedos de uma criança comum, que eu via outras crianças brincarem. E no lugar do tipo de diversão que eu via as outras crianças terem, meus pais se despiam, tirando as minhas roupinhas também, e depois papai sempre pedia para que eu o chupasse como fazia com o picolé de frutas que eu gostava.
Eu sentia nojo. O gosto era estranho, e eu sempre chorava para não fazer. Mas aquele que inocentemente eu pensava ser meu herói, falava que era isso que as boas meninas faziam. Agradavam os pais. E depois disso, ele chamava mamãe para iniciar o ato, para me incentivar e me ensinar.
Minha genitora nunca recusou. Pelo contrário, ela sempre ia muito animada. O que na época eu não entendia, já que o gosto não era bom como o de um picolé. Mas depois de alguns minutos ela sempre me chamava para continuar o que ela estava fazendo, e seu olhar era sempre rígido. Ana definitivamente não gostava que eu fosse uma menina desobediente. Nenhum dos dois gostava.
E todas as noites era praticamente a mesma brincadeira. Começava com James mandando que eu brincasse com ele com a minha boquinha, até que ele soltava um líquido esquisito, quente e salgado na minha boca, sempre ordenando que eu engolisse tudo. Mas eu nunca conseguia. Sempre vomitava depois de engolir.
Ele ficava irritado, e falava que boas meninas não faziam isso. Boas meninas apreciavam o que foi oferecido e ainda choravam pedindo por mais. – Ana, ao menos o fazia. – Então por muito tempo pensei que esse fosse o certo. E depois de muitas tentativas fracassadas, consegui não só engolir, como manter o líquido dentro da barriga de criança de 4 anos de idade que eu tinha na época. Minha primeira memória clara do que acontecia todas as noites.
Depois de beijar o pipiu do meu pai, – como eu chamava, mas que James falava que deveria chamar de rola ou pau – era a vez dele brincar com a mulher que eu inocentemente chamava de mamãe, e que durante todo o tempo que eu fazia sexo oral no meu próprio genitor por ordem dele, ela ficava se tocando no que James chamava, e eu achava feio de pronunciar, de buceta de puta, e sempre soltando uns sons que no início eu achava que ela estava dor, mas quando perguntei para o papai, ele disse que era porque ela era uma puta safada, que amava ver eu beijando e lambendo seu pau.
Assim, como virou costume, todas as noites, James e Ana transavam na minha frente, e depois de minutos assistindo e pedindo para eles pararem, era feio e me assustava ouvir os gritos de Ana, James mandava sempre muito bravo, que Ana ficasse de quatro, e que eu me deitasse na frente dela com as pernas abertas para ela me lamber lá.
De novo, eu começava a chorar. Não gostava daquele tipo de brincadeira, e via que Ana não gostava de quando James a mandava fazer isso. Ela sempre reclamava que ela poderia fazê-lo gozar sozinho, mas ele nunca ouvia, e como criança, eu não tinha ideia do que estava acontecendo.
Isso seguia por minutos e, depois de muitos gritos de Ana pedindo por mais, James a largava e falava que era a minha vez de cuidar dele como minha mãe tinha feito, e sem reclamar.
Ele me sentava sobre o pipiu dele, e mandava que eu me movimentasse para frente e para trás.
Às vezes ele ficava furioso, e como a criança que eu era, não entendia o porquê. Mas dois anos depois, ele disse que em alguns anos isso não seria mais um problema. Poderíamos fazer tudo que ele fazia com Ana. Mas no lugar de ficar feliz como ele queria, eu entrei em pânico. Não queria fazer nada do que ele fazia com ela. Porém, essa infelizmente nem foi a minha pior notícia da noite.
Após o jantar naquele dia, James trouxe um amigo para o quarto de brincar. Tudo que eu fazia com ele, eu deveria fazer com o seu amigo. Chupar o seu pau e engolir o mesmo líquido com gosto ruim, esfregar a minha intimidade no pênis estranho e cheio de pele do homem, – ele era mais velho que James – e depois deveria deixar que ele me lambesse o quanto ele quisesse, e deveria tomar o líquido quente de novo, depois que ele terminasse de se tocar. O homem não ficava com o pênis mole depois, igual James ficava por uns minutos, então a brincadeira durou por mais tempo, e sempre me acordavam na hora que tinha que engolir o líquido, e falavam que eu não deveria dormir enquanto ele estava lambendo minha intimidade. Ana me beliscou várias vezes para me acordar naquela noite, enquanto o homem brincava comigo e James brincou a noite toda com ela.
No entanto, ao ser acordada na manhã seguinte na minha cama, James fez como era seu costume me acordar. Ele ordenava que eu lambesse o seu pênis até ele soltar seu líquido, depois ele falava que ia limpar minha intimidade passando a língua nela, e só depois de minutos que estava satisfeito e me fazia engolir o líquido de novo, ele me levava para o banho, tomando banho de banheira juntos. Ele mandava que eu o lavasse, e depois ele me lavava. Tudo com Ana do lado, sorrindo. E todas as vezes ele limpava sua intimidade também, quando estávamos na banheira e ela fora de pé perto de sua cabeça.
Mas nesse dia, ele não parecia com pressa... passamos o dia todo no quarto de brincar. E como eu não tinha permissão de ver meu irmão além dos horários de refeições. – James sempre falava que ele tinha muita coisa para fazer – Nesse dia não foi diferente. Acho que meu irmão nem sentiu minha falta no almoço, já que James não deixou sairmos do quarto de brincar até bem depois do horário de jantar, e eu já não conseguir ficar acordada.
(Cenas pesadas off)
Era exatamente isso, ou milhares de versões diferentes, mas com muitas repetições disso, que eu via todas as vezes que fechava meus olhos, ou simplesmente me propunha a tomar um banho. Contudo, mais uma vez Luca me concedia uma nova primeira vez.
E diferente de todas esses momentos aterrorizantes, eu não recordei de quando James me acordava me obrigando a fazer sexo oral mesmo comigo chorando, e depois dizendo que eu não poderia tomar banho sozinha, que boas garotas cuidavam dos pais de todas as formas. Além de todas as noites quando ele estava mais empenhado e detinha de mais tempo, e eu tinha que não só tocá-lo e permitir que me tocasse, como era obrigada a vê-lo transar com Ana, enquanto ela se regozijava de tantos orgasmos, porque no fim, James começou a gozar só quando eu estava envolvida no que eles estavam fazendo.
Tudo isso sempre sobre a aprovação e incentivo dela. Não importava o choro, a birra, os vômitos, as doenças que peguei, ou até mesmo o sono de uma criança, nada disso importava. O que importava era sempre a vontade dele, e Ana estava sempre pronta para obedecê-lo e satisfazê-lo no que quer que fosse, mesmo quando ele convidou outros quatro homens para ficar com ela, quando ficamos observando em uma outra sala que eu nem sabia existir, e ele brincou comigo até o momento que me deu algumas balas e depois não me recordo do que aconteceu.
Outras noites se repetiram dessa forma. Porém nunca estranhei ou questionei sobre os doces, – já que James gostava de trazer coisas para me agradar – até ver no rosto de Luca, que havia algo que eu não me recordava, mas pelo visto deveria recordar.
No entanto, isso não me importava mais. Porque eu não só tive uma noite livre de pesadelos e completamente tranquila, como ao me levantar e tomar banho, fazendo o simples ato de me ensaboar, eu não recordei nem por um segundo dos toques antigos.
E se depois de longos anos de terror, consegui ficar sem aquelas imagens, – mesmo tendo ciência que a cura de um trauma nunca era completa, sempre tinha seus altos e baixos. – eu definitivamente não precisava acrescentar outras para os meus momentos de fraqueza e alguma crise.
Só de me ver livre de todas as memórias e vivências claras, mas principalmente da dor que elas traziam consigo, mesmo que seja por 24 horas – e espero de todo meu ser que não seja apenas isso –, já era motivo para alguma comemoração, e também fazer planos.
Definitivamente não poderia me esquecer dos planos. Tinham muitos em minha mente neste exato momento.
- Você parece... animada hoje. – Nina observou, olhando-me com cautela, e abri um sorriso felino em sua direção, terminando de tirar o esmalte velho das minhas unhas da mão.
Enfim estava liberada para fazer o que quisesse, – ou quase isso, já que o senhor ditador ainda tinha deixado ordens para que eu não saísse se casa – e, depois de ter me entediado com as visitas, e escutado uma coisa interessante que tenho certeza que Léo e Garcia estavam conversando propositalmente sabendo que eu estava ouvindo, mas não me importei com o joguinho deles, tive outras ideias para aproveitar o meu dia.
- Talvez seja porque uma mulher linda vai estar me tocando. – Respondi dando uma piscadela, e um sorriso malicioso em sua direção.
Como algumas das minhas costelas não estavam completamente curadas, e as duas garotinhas temeram convidar uma profissional para fazer as nossas unhas, ambas se candidataram para me ajudar com as unhas dos pés. Mia, por sinal, era ótima com isso. Conseguia tirar uma cutícula perfeitamente em menos de 20 minutos, pé e mão.
- Você é horrível. – Bufou irritada, mas ainda assim tocou um dos meus pés com carinho, levando um algodão para tirar o esmalte. – Ainda não sei como meu irmão não surtou com a jogatina de vocês, pelo que soube, o negócio terminou em uma verdadeira orgia. – Nina completou com sua inocência de sempre, parecendo realmente horrorizada, mas sem julgar os demais.
Olhei para Mia, que ficou com as bochechas coradas de repente, mas sinceramente não estava a fim de acabar com meu bom humor ou sair fora do que já tinha planejado para o dia. Minha prioridade hoje era outra.
Seguimos fazendo as unhas com as duas fofocando. Mia em alguns momentos ainda ficava corada, mas não dei muita atenção para nada daquilo. Tudo estava em meu total controle, com exceção de um idiota que certamente não sabe com quem está mexendo.
E era esse o meu foco, seguido de uma passagem rápida no meu apartamento, para resolver outros dois detalhes importantes. Elyna não estava muito longe novamente, e ainda havia algo pessoal para resolver, que já esperei demais.
- Tem certeza sobre isso? – Mia me perguntou preocupada.
Passamos a manhã fazendo as unhas, – ou no caso eu as observando fazerem as delas e as minhas – almoçamos, eu aceitei ir com elas para a piscina, isso seria bom para o que eu tinha pensado, mas agora já estava na hora de sair. Tinha ficado tempo demais parada, na verdade.
- Você... seus olhos... – Nina gaguejou não se atentando para o que Mia me perguntava, e não poderia julgá-la por estar surpresa. Eu tive a mesma reação a minutos atrás, quando, após o banho e cobrir algumas tatuagens, peguei a caixinha com os objetos, e só então me dei conta de que fiquei semanas sem usar a pequena película de silicone que, com o tempo, acabou virando um acessório fixo no meu uso.
O máximo de tempo que já tinha ficado sem as lentes foram dois dias. Mas pela primeira vez desde que comecei a usá-las para esconder a verdadeira cor dos meus olhos, fiquei tanto tempo sem colocá-las. E o pior, – mas que já deveria ter sido um indicativo para mim de mudança – foi que, em todas essas semanas aqui, eu não senti falta delas nem por segundo. Muito pelo contrário, cheguei a apreciar em silêncio, todas as vezes que Luca admirava a cor, e parecia tentar desvendar o que se passava ali.
- Falta quanto tempo para terminarem? – Perguntei, olhando para David que estava completamente assombrada, temendo o que eu iria fazer. Mas hoje eu estava um anjinho. Até a roupa que escolhi era tranquila em comparação às minhas.
- Pelo andamento, acredito que não mais de uma hora, uma hora e meia. – Respondeu, ficando irritada com algo que escutou pelos fones. Certamente não estava sendo fácil para o casal ouvir todas essas merdas, e ainda estarem ajudando Luca na investigação.
- Podem sair mais cedo hoje também. Não vejo uma mudança drástica a essa altura do campeonato, na qual sejam convocados. Não com urgência ao menos. – David olhou para Docherty sem saber o que fazer, então percebi que não tinha me feito entender direito. Talvez até tenha sido branda demais. – Estão dispensados por hoje. – Ordenei no mesmo tom que falava com os meus soldados, e agora sim David parecia que ia desmaiar. – Se ficaram com alguma dúvida ainda, isso é uma ordem.
Era óbvio que eu sabia que tecnicamente não tinha poder algum sobre eles, mas até que os pobres cordeirinhos tivessem os cérebros funcionando novamente, eles já estariam bem longe. Porque assim que me ouviram completar, os dois logo saíram do transe que estavam e começaram a reunir as coisas, enquanto David também se movia para passar o áudio que ouvia do computador para o celular.
- E vocês, – apontei para Mia e Nina, não ligando para o casal que saia de fininho. – Nada de mandar me seguir ou qualquer coisa do tipo.
- Mas... – A duas garotas disseram juntas, porém fiz um sinal para que parassem.
- Prometo que não farei nada. Apenas tenho que resolver umas coisas do trabalho, e depois vou me encontrar com a Docinho no tribunal... – As duas idiotas começaram a sorrir antes que eu terminasse, então decidi que estava sendo boazinha demais.
Fiz um gesto obsceno para elas, e simplesmente saí, deixando as duas palhaças para trás e ordenando que Luca não deveria saber da minha visita inesperada. Ele certamente ia querer quebrar o meu pescoço quando me visse, mas aí já seria tarde demais. Não teria como ele tentar me proibir de sair.
Alcancei a bolsa simples que peguei emprestado – sem autorização – de Nina com um de seus vestidos e um par de roupa para Luca, colocando tudo em uma segunda bolsa que apanhei no closet do Chefinho, depois me despedi dos dois bebês que estavam comigo. Saí direto para garagem, pegando a moto de Luca, que não tenho dúvida que ele vai querer arrancar a minha cabeça por isso depois. Contudo, em minha defesa, por mais que Prasad tivesse trazido o meu carro e o deixado aqui, com a moto seria mais rápido, e neste momento estava com o tempo contado.
Peguei o capacete de Luca no suporte, – ele só tinha um – e puxei as chaves do aparador, saindo logo em seguida, observando o retrovisor. Os agentes da pequena Calhoun se alvoroçaram, dando ordens em seus pontos de ouvido, provavelmente para que o pessoal no portão não me deixasse passar.
- Desculpe, senhora... – Abri a viseira do capacete, olhando bem para ele, e foi mais do que prazeroso vê-lo estremecer.
- Chegou a hora meninos. – Afirmei com um sorriso, porém tinha certeza que este não parecia muito amigável. – Preciso sair, – mais quatro agentes se posicionaram ao lado do que estava conversando comigo – mas fiquem tranquilos, não sofrerão represálias. – Um olhou para outro, indeciso. No entanto, logo levaram a mão aos pontos de ouvido, recebendo o que mostrou ser minha liberação, e todos saíram da minha frente.
Luca claramente não era bobo, e sabia muito bem que uma hora eu sairia de casa. E quanto a Calhoun, nunca duvidei de que, no fundo, eu poderia sair a hora que bem entendesse, e tenho certeza de que Luca também sabia disso. Ambos queriam minha proteção, mas evidentemente não queriam mortes de inocentes em suas mãos.
Acelerei a moto com determinação, e passei por eles seguindo meu caminho, tirando meu celular de um dos bolsos da calça que eu usava, colocando-o para dentro do capacete e adiantando meus afazeres.
Fui o trajeto todo conversando com o meu supervisor na CIA, escutando inicialmente seu pesar por nossa ligação não ser de vídeo, – eu sabia bem o que o desgraçado safado queria ver – porém, logo o cortei, usando minha recuperação como uma visão não tão agradável para ele. – O que era uma desculpa, claro. Luca tinha garantido até mesmo isso. Não tinha praticamente nenhuma cicatriz nova em meu corpo. – E então, continuamos com o assunto Elyna.
Infelizmente teria que reencontrá-la antes do que eu estava planejando, mas a notícia boa era que pelo menos esse seria nosso último encontro e o caso estaria encerrado. Isso se nada saísse fora do que combinamos na ligação, obviamente.
Cheguei no estacionamento do meu prédio, deixando a moto e passando direto para o elevador, enquanto já encaminhava algumas mensagens fazendo reservas, e cobrando algumas dívidas. Meu tempo estava curto, tinha 20 minutos no máximo para me arrumar e estar de frente ao tribunal, com tempo de sobra para encontrar com Luca na saída.
Por sorte, – mas premeditado por mim, que não gosto de ser pega desprevenida – já havia tomado banho, tampado as tatuagens mais fortes com maquiagem, deixando apenas as que poderiam ser consideradas mais fofas, e agora só faltava colocar a peruca, trocar de roupa, e acrescentar alguns acessórios.
Luca não gostava das lentes, e certamente não vai gostar das minhas tatuagens cobertas, ele sempre fazia uma certa careta espontânea ao me ver em algum dos meus figurinos para missão, mas ele teria que se acostumar com elas novamente. Principalmente com a volta ao trabalho.
Me troquei rápido, colocando uma calça de couro com um body de manga longa comportado e uma bota simples nos pés, passei uma maquiagem leve com um batom rosinha, coloquei acessórios básicos que ao mesmo tempo que gritavam princesinha, também deixava um ar interessante devido às poucas tatuagens a mostra, arrumei o cabelo para colocar a peruca com cabelos mais curtos, mas que deixavam um ar jovial, – exatamente um dos motivos de ter vindo ao apartamento para me arrumar – e deixei as roupas que trouxe para Luca sobre a cama, pegando apenas a bolsinha de Nina para me acompanhar.
Dei uma última olhada no espelho, peguei um dos meus capacetes no escritório ao lado, e desci rápido para garagem. Teria que correr para chegar a tempo. Mas graças ao trânsito ainda leve da tarde, consegui estacionar diante do tribunal no mesmo momento que Luca saía acompanhado por Garcia, Léo, os dois cães, e um outro cara que eu não conhecia, mas pelo modo que se comportava, desconfiei ser o ex-colega chato da faculdade.
Assim que mostraram sentir o meu cheiro, já subindo as escadas para a entrada do tribunal, os dois cães correram em minha direção, chamando a atenção de Luca no processo.
O homem me olhou exatamente como eu esperava. Raiva fervia em seus olhos, no entanto, ainda assim ele fez uma checagem completa, me analisando de cima a baixo, abrindo um sorriso que eu tinha certeza que ele não havia notado.
- Oi, bebê. – Sorri meiga, parando de frente a Luca, que agora me encarava de volta, porém com um olhar predador.
- Que surpresa. – Declarou, envolvendo minha cintura me puxando para si. Mas, diferente do que quem estava ao redor poderia imaginar, não tinha nada de amigável em seu toque. – Tenho certeza que sabe que isso não vai ficar assim.
Mierda, era nitidamente uma ameaça que fora sussurrada, mas as coisas não poderiam ter sido entendidas de modo mais errado pelo meu corpo. Até minha alma se arrepiou, e minha buceta... essa eu nem precisava dizer que quase tinha chorado com manha.
- Estava com saudade, você tem andado tão ocupado ultimamente. – Cantarolei, manhosa, retirando a pouco diferença de altura que havia entre nós, me inclinando para lhe dar um beijo que logo foi retribuído, junto com uma mão boba que vagou até minha bunda e deu um leve aperto.
Ahem... – Um arranhar de garganta seguido por uma tosse falsa, logo nos tirou da bolha que tínhamos nos envolvido, e precisava confessar, Luca estava sendo um ótimo ator. Porque, apesar de ser um doce por dentro, por fora ele nunca era receptivo assim.
- Sua namorada? – O idiota questionou em tom de deboche, me comendo com os olhos, e precisei me segurar para não arrancar sua língua fora.
Estava claro que o idiota pensava que eu não passava de uma namorada falsa. E apesar de estar correto sobre sua suposição, não era por isso o seu sarcasmo. Estava nítido que ele não pensava que Luca poderia arrumar alguém como eu. Mas o que ele não sabia, era que se isso fosse verdade, quem estava no prejuízo era Luca. A Docinho era mil vezes melhor do que eu.
- Não, segundo a resistência desse aqui. Mas ainda assim é na cama dele que tenho dormido todas as noites. – Dei um tapinha no peito de Luca, fazendo um bico fingindo estar chateada e indignada, apreciando a expressão chocada na cara do infeliz a nossa frente. Nem disfarçar o idiota conseguiu.
- Isso, porque não existe necessidade de dar um título ao que obviamente é meu. – Luca declarou ríspido, naquele tom de comando que ele sabe que me abala, apertando minha bunda novamente, e agora seu amigo tossia de verdade, engasgado com a própria saliva.
- Isso aí, Chefe. – Léo parabenizou seguido por uma risadinha de Garcia, e apenas mantive minha postura de menina apaixonada, com o corpo colado a muralha quente que ainda me prendia contra si, como aqueles verdadeiros namorados quando estão juntos.
- Verdade. Parabéns, Luca.
Olhei para o merdinha, sendo agora não só envolvida, como segurada firmemente por Luca, desejando de todo meu ser cortar a língua do maldito por causa do sarcasmo, e da arrogância de quem achava que poderia facilmente tirar a namorada do amigo.
- Agora que já conheço sua namorada, acredito que não há mais desculpas para não sairmos um pouco, não acha? – O tal promotor alfinetou como se quisesse colocar Luca em maus lençóis, e como esperado para o papel, apenas olhei para meu querido namorado com uma sobrancelha arqueada, fingindo mais uma vez estar indignada. Porém logo dei um sorriso derretido, em resposta ao que ele tinha me dado, cheio de malícia e arrogância.
Era quase como se disse por que sair, se já tenho tudo que quero na minha cama e onde eu desejar? E o pior, era que o infeliz estava certo. Mesmo se isso fosse um relacionamento de verdade, eu estava pouco me fodendo para sair ou conhecer amigos repugnantes como esse. Preferia ficar em casa atormentando nossa família, e observando o sofrimento de Garcia fazendo doce para não se render ao desejo novamente, e isso estava quase os levando para um triângulo amoroso, se esse fosse o tipo de ligação que Léo faz por aí.
- Se você quiser ir, Lindo. Hoje eu tenho a noite toda livre. – Sorri, fazendo um carinho em seu peitoral de forma totalmente submissa, sendo mais falsa do que o próprio ex-colega de Luca ao tentar fingir amizade.
Porém, além de esse ser o meu trabalho em boa parte do tempo, e eu realmente viver mais de máscaras do que a realidade de fato, Luca sabia tanto quanto eu que a hora de voltar a trabalhar realmente estava chegando. Não me iludia achando que ele já não tivesse notado as infinitas mensagens que Elyna mandava, e de fato não preocupei de esconder dele.
- Não criei desculpas, apenas tinha coisa melhor para fazer. – Luca devolveu, surpreendendo a todos sem exceção. Ele não era do tipo que gastava tempo com discussões. – E agora com essa visita surpresa – O maldito fez questão de se abaixar, reafirmando o que eu já sabia e deixando uma mordida forte em meu pescoço. –, meu desejo certamente era de recompensá-la a sós. – Oh, não tinha dúvida do tipo de recompensa que ele queria me dar. Uma que, decerto, me deixaria com a bunda vermelha e dificuldade para andar. Mas caralho, se dissesse que quase não joguei tudo que pensei para o ar apenas para ele me recompensasse, seria uma mentirosa ainda maior. – Mas se minha bambolina quiser ir, por mim tudo bem.
Merda... inferno... porra. Se ele tinha reparado do que me chamou publicamente, eu não tinha certeza, mas que dessa vez não fora fingimento o meu gesto de amolecer em meio ao toque possessivo, isso eu sabia que não era. Mierda, que hombre tan delicioso.
- Então nos encontramos às 7:00 P.M, tudo bem para vocês? – O homem ao nosso lado indagou, parecendo desconfortável por termos entrado em uma bolha novamente, mas nada se comparava ao que aconteceu em minha chegada aqui. Não era só teatro. Luca queria me estrangular, e apesar de ter me mostrado saber jogar esse jogo melhor do que eu esperava, não havia dúvida que teríamos uma conversinha antes.
Seus olhos queimavam, e seu toque que cada vez ficava mais possessivo ao meu redor, não tinha em nada a ver com o homem que me secava com os olhos, como se fosse só uma questão de tempo para que eu abandonasse Luca e caísse nos braços dele. A Docinho simplesmente era assim. Havia notado isso desde nossa primeira conversa em seu escritório. O que era dele, era dele e não tinha conversa. E nesse momento, eu era dele.
- Podemos nos encontrar naquele bar...
- Léo te passará um endereço, nos encontramos às 7:00. – Luca o interrompeu com o tom ríspido costumeiro, mas não fez questão alguma de olhar para o ex-colega uma última vez, antes de pegar minha mão e me guiar até a moto, deixando até mesmo de ordenar que os cachorros ficassem com seus seguranças.
- Voltem para o Garcia, bebês. – Afirmei, ao mesmo tempo que tirava as chaves do bolso, entregando-as para Luca que me as solicitou apenas com um gesto de mãos e um semblante sério que enviou mensagens direto para onde não deveria.
Ele me entregou a pasta que segurava em uma mão, já abrindo os botões do terno com a outra, e não demorou para que estivesse montado na moto, e com o capacete na cabeça, esperando que eu fizesse o mesmo.
Montei atrás dele ficando com a bunda automaticamente mais empinada, e obviamente exagerei um pouco mais quando peguei o meu capacete das mãos de Luca, sabendo que como era esperado, seu amigo nos observava de longe.
Dei um tchauzinho quando Luca sem aviso, ligou e acelerou a moto, vendo o babaca olhando bem para mim, e só voltou a se mexer, quando Léo o chamou com um soquinho no ombro, que, pelo desequilibrar do outro homem, tive certeza de que fora um gesto não muito amigável.
Seguimos rápido para o apartamento, e como era esperado do homem que nitidamente estava furioso comigo, Luca não usou muitas palavras. Apenas arrancou sua roupa do corpo me sondando como um verdadeiro predador, e como a submissa patética que vinha sendo mesmo fora do papel de hoje, não demorou para que eu o acompanhasse. Durante as próximas 1 e meia que se passaram, ele me tomou na sala, comendo meu rabo sem cerimônia, enquanto me espancava não só com seu pau. No banheiro, esmagando minhas costas no vidro do box quase a ponto de quebrá-lo. Na cama, onde me destroçou com a língua habilidosa e me sufocou com seu mastro delicioso. E sinceramente... depois da segunda invasão que ele deu em minha buceta depois de me colocar de costas para ele apenas com a bunda empinada com um travesseiro sob meu abdômen, e meus seios presos ao colchão, perdi totalmente a noção dos lugares e como ele me castigou, vendo apenas estrelas gemendo sem parar.
E agora, como se nada tivesse acontecido, estávamos nos aproximando do seu amigo e o que imaginei ser sua namorada, comigo tentando ao máximo manter a pose de mocinha regata, e não da mulher que foi fodida, – e muito bem fodida – que só de relembrar, fica com as pernas moles e a intimidade sedenta novamente.
- Não vieram de moto, combinaria bem com o lugar. – O tal chefe da promotoria nos recebeu com um comentário brincalhão, exibindo a namorada junto a si, e eu apenas sorri com o braço possessivo que Luca passava em minha cintura puxando para si, tendo absoluta certeza que isso em nada tinha a ver com o homem que olhava descaradamente para minhas pernas expostas, mas não liguei. Eu também olhava para não só as pernas expostas de sua linda namorada, como poderia lamber os lábios ao ver o redondo dos seios à mostra pelo decote profundo, porém nada vulgar.
Seu vestido era bonito e comportado, mas sem deixar de ser sensual. Um limite perfeito entre o recatado, exatamente o tipo de roupa que eu usava essa noite – um vestidinho discreto de Nina, que ia no meio de minhas coxas. Era o vestido mais curto e menos princesa que Nina tinha, porém ainda mantinha o ar inocente e puro que eu queria passar – e o sexy quase vulgar, como o que se pedia ao ir em uma noitada na boate. O que não era o nosso caso, ainda estava cedo.
- Mas nós viemos. – Luca respondeu, apontando para um pouco mais longe onde sua moto estava estacionada perto da moto do dono do bar. Como sempre, ele evitava arrumar problemas depois.
- Mas sua namorada está...
- De vestido? – Completei por ele, observando a namorada bonita, que facilmente poderia ser modelo, o repreendendo discretamente ao abraçá-lo de lado. – Estou com meu bebê, ninguém ousaria mexer comigo.
Meio que joguei uma indireta direta, me agarrando a Luca que mantinha seu braço possessivo ao meu redor, me apertando mais forte ao escutar minha resposta.
Olhei discretamente a namorada do ex-colega secar o homem grudado a mim, mas, no fim, não poderia julgá-la. Luca era claramente um homem em bilhões ou até mesmo trilhões, e tendo o idiota que tinha ao seu lado, não me surpreendeu quando vi seu olhar para um dos motoqueiros que passou, tendo certeza de que quem perderia a namorada essa noite, não seria Luca. Isso não tinha perigo algum, na verdade.
- Você está com a porra de uma calcinha por baixo disso, não é? – A Docinho meiga como era, sussurrou em meu ouvido deixando um beijo no meu queixo, automaticamente me fazendo gargalhar com o que ele havia lembrado apenas agora.
- O que você acha?
- Cazzo. – Vociferou ao meu ouvido me apertando com mais força, deixando certamente mais uma marca em minha pele.
- Estou com um shortinho, amore. Stai calmo (pode ficar tranquilo). – Sussurrei, me virando totalmente para ele, deixando um beijo rápido em seus lábios.
- Desculpe minha falta de educação, sou Luca Andreeva, ex-colega de faculdade de Fred. – Não deixando o tom firme, a Docinho que só tinha cara de mau, se apresentou cordialmente, apontando para mim em seguida. – E esta é minha namorada. – Gastou um tempo beijando minha bochecha, mas rapidamente notei que não era apenas um gesto de carinho encenado, ele estava me dando a chance de dizer o nome que fosse seguro conceder.
Santa mierda, eu daria para esse homem, e somente para ele, para o resto da minha vida, sem reclamar de ser a porra da boneca submissa.
- Cath. – Sorri meiga para o casal à minha frente, sem fazer questão alguma de me desvencilhar de Luca para cumprimentá-los. Não éramos velhos, afinal. E também não estávamos em uma entrevista de emprego. – Um prazer conhecê-los oficialmente.
Mantive o sorriso, recebendo outro beijo de Luca, mas dessa vez um selinho, e não me passou despercebido sua surpresa em dar meu nome verdadeiro. – Ou o mais próximo disso, já que não usava o nome amaldiçoado do meu batismo.
- O prazer é nosso, vocês formam um casal muito bonito. – A namorada bonita respondeu cordial, e mesmo não fazendo de fato muita questão de saber qualquer coisa sobre os dois, eu sorri com um aceno em agradecimento. – Como Luca afirmou e você já deve saber, esse é Fred...
Oh, minha querida, você se surpreenderia com o quanto eu me importo pouco com qualquer um de vocês, e com o desejo enorme que estou tendo a cada segundo de arrancar os olhos do seu namoradinho, e depois o matar. – Afirmei em pensamento, infelizmente. Recebendo um aperto repreensivo da Docinho. Ele me conhecia bem.
- E eu sou Alice. É realmente um prazer enfim conhecê-los. Fred me falou muito sobre Luca.
O filho da puta deu um sorriso divertido, abraçando a namorada por trás, e por mais que eu estivesse me segurando, duvidava muito que fosse conseguir cumprir minha promessa para Mia e Nina até o final dessa noite.
- Então vamos entrar. Tenho certeza de que vão gostar mais do interior. – Luca brincou, diferente do seu normal para respostas, mas mantendo o papel, ao mesmo tempo que alfinetava o amigo que ainda nos encarava com um sorrisinho divertido, e me manteve junto a si antes de fazer menção a enfim entrar no estabelecimento.
Luca fez um gesto para que o casal pudesse entrar na frente, e após a típica disputa de quem tem o pau maior, mais do cara do que de Luca, óbvio. A Docinho não ligava para essas coisas, era mais um ato de educação mesmo, dando aos convidados passagem privilegiada. Contudo, babaca como o promotor era, claro que ele faria uma idiotice dessas.
- Você nos meteu nessa, agora aguente não importa o que ele fizer. – Ordenou firme, fazendo minha pele se arrepiar. Sem que eu percebesse, já estava praticamente choramingando com um bico manhoso e pidão olhando para ele.
Porra, essa parte tinha que ser loucura. Não tinha como ser nada de cura.. Mas antes que tivesse a chance de me recompor, observador e inteligente como Luca era, o maldito obviamente notou o meu comportamento estranho, me apertando possessivamente junto a si, me dando um beijo que me fez perder o rumo de qualquer merda que eu queria fazer. Delizioso bastardo.
Eu provavelmente deveria ter o escutado, e estar fodendo como uma louca essa noite. Cazzo, que desperdício de tempo.
Olhei para ele, comendo-o com os olhos, e, mierda, eu realmente deveria ter ficado em casa.
- Vamos embora. – Afirmei, mas antes de me virar, o infeliz gargalhou, forçando os braços ao meu redor para que eu não escapasse, me olhando com repressão. – Então vamos para um banheiro. – Disse com urgência, porém, mais uma vez tudo que ele fez foi rir e me segurar no lugar.
- Escute bem o que vou te dizer. – Ordenou ríspido, não ajudando em nada com os pensamentos que estava tendo. – Vamos entrar. Socializar por algumas horas. Fazer o melhor para nos divertir. – Recitou, pausadamente como se fosse preciso para meu cérebro voltar a funcionar de maneira prática, mas quando vi sua careta, ainda mais tendo convicção do porquê da mesma, o inferno logo cresceu dentro de mim novamente. – E depois vamos voltar para seu apartamento e repetir tudo que fizemos. Mas não espere que vou ser bonzinho novamente.
Ah, mas que maldição... eu estava a personificação da bipolaridade agora. No mesmo momento que eu quero matar um, já estou sedenta para morrer na foda gostosa que só esse homem já conseguiu me dar.
- Vocês vêm? – Fred perguntou com deboche, possivelmente sua mente doente de valentão fazendo conjecturas sobre mim e Luca o diminuindo, mas não perdemos tempo respondendo. Até porque provavelmente minha resposta seria uma das minhas mini facas escondidas de Luca, enfiada na garganta do filho da puta.
Seguimos para dentro juntos, e não tive dúvida que Léo havia aprontado. O lugar estava mais cheio de motoqueiros do que qualquer vez que já estive por aqui. Até mesmo as conhecidas como bundas doces estavam em maior peso andando pelo lugar.
- Nunca imaginei que gostasse desse tipo de lugar. – O promotorzinho de meia tigela observou olhando a agitação do lugar, voltando a atenção para Luca depois.
Estava cheio, mas como tinha imaginado e comprovando ao encontrar os olhos de Léo na multidão, ainda era um cheio controlado. Sabia algumas coisas sobre o garoto, e precisava realmente admitir, ele era um cara leal.
Não tinha bebedeira exagerada, mulheres praticamente nuas – como sei que as bundas doces costumam ficar quando estão junto aos motoqueiros – e absolutamente nada de som alto ou gritaria. Cada um estava na sua, e pelo olhar que agora via no líder do Clube que também estava aqui essa noite, era exatamente assim que ficaria, até pelo menos irmos embora.
Luca cumprimentou o dono do bar, fazendo um gesto solicitando que pegasse duas bebidas para gente, e estava sendo impagável – porém, ao mesmo tempo um teste para minha paciência – a cara do defunto da noite, se a Docinho me deixasse seguir por esse caminho.
Fred olhava tudo em choque, mostrando estar realmente surpreso com a familiaridade de Luca com o lugar. Mas como já tinha percebido que ele não passava daqueles valentões de ensino médio que nunca cresceu, estava mais do que claro para mim, sua espera para que tudo ruísse. Estava nítido, – e eram nesses momentos que às vezes odiava a minha profissão, era fácil demais traçar o perfil de alguns – que ele acreditava que tudo isso não passava de encenação, e se duvidasse, sendo ridículo como era, o infeliz podia até mesmo acreditar que eram atores.
- Cath me apresentou, e depois...
- Ah, agora entendi. – Me segurei para não revirar os olhos, e peguei rapidamente a garrafa que o próprio dono ia colocar na nossa frente.
- E aí mano, já estava me perguntando quando você ia deixar sua mulher vir aqui novamente. – Luca sorriu descontraído com a brincadeira que o homem fez, cumprimentando-o com um toque tranquilo, ignorando completamente a provocação anterior.
Sorri ao ver a naturalidade da Docinho com a brincadeira imposta, e não precisei encenar. Estava realmente feliz por ele estar fazendo mais amigos, e fiquei satisfeita quando soube que ele frequentou o lugar sem mim.
- Você sabe como é, precisava colocar ela na minha antes. – O palhaço disse com arrogância me dando um tapa na bunda, e eu até respondi com uma careta de indignação, mas nós dois sabíamos que eu não ligava nem um pouco para esse tipo de comentário.
Veterano, o dono do bar que só agora me dei ao trabalho de dar uma segunda olhada em sua insígnia encontrando seu nome de batismo no clube, deu uma gargalhada escutando o pedido do casal que estava conosco, mas diferente dele, não tive desejo algum de dar atenção para descobrir o que era.
Continuei com meu foco apenas em Luca, escutando a namorada bonita falar sobre coisas aleatórias, e participando da conversa apenas com palavras curtas e genéricas, contudo, se ela me perguntasse, não poderia dizer que escutei muito.
Luca estava fazendo um trabalho bom demais como namorado falso, e com os dois em nosso encalço, eu nem ao menos tive oportunidade de analisar se aquilo era natural, ou se ele estava apenas representando um papel junto comigo. Mas seja qual fosse a resposta, não seria ruim ter ele ao meu lado em mais noite, ou até mesmo no trabalho. Isso, claro, se meu trabalho não oferecesse risco para ele.
As bebidas do casal chegaram rápido, e precisava admitir que apesar de continuar desejando dar um fim no homenzinho que tinha certeza ter o pau pequeno – o idiota tinha me encoxado ao pegar uma de suas bebidas, pedindo falsas desculpas pouco depois, quando Luca se aproximou novamente –, a noite estava sendo legal.
Não gostei do que vi no olhar de Luca quando percebeu o amigo fazendo tal escrotice, mas aceitei a ordem em deixar aquilo passar, assim que vi a namorada bonita saindo de uma porta arrumando a roupa, e pouco depois um homem saindo atrás dela.
A felizarda tinha acabado de dar para alguém que só de olhar já demonstrava ter uma pegada incrível, e aquilo foi o bastante para me fazer sentir por hora satisfeita, continuando com a pose de boa moça e namorada obediente, não saindo um segundo de perto do meu homem, e ficando mais do que satisfeita e manhosa, com os toques carinhosos e naturais que teve durante as duas horas que ficamos no bar.
Nota do Autor
Olá amores, como vocês estão?
Demorei para voltar, não é? Me perdoem por isso..
As coisas estão uma loucura por aqui, e qualquer dia desses eu conto para vocês..
Mas tá ai, mais um capítulo, e agora que conclui uma das histórias que estava escrevendo, terei um pouco mais de tempo para atualizar por aqui, ok? Então please, não desistam desses dois..
Estou concluindo também a escrita de Fake, e assim que acontecer, teremos maratona para finalizar ela aqui também..
Boa noite, por favor não esqueçam de votar e comentar.. Beijinhos..
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