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❪ II.❫ ━ LETTERS

um coração partido é tudo
o que restou, eu ainda estou consertando todas as rachaduras
tudo o que sei, tudo o que sei
amar você é um jogo perdido
desistir de nós dois não precisou
de muito esforço.

━━ ARCADE,
DUNCAN LAURENCE.

CAPÍTULO DOIS
CARTAS.

março de 1940
londres, inglaterra

TRÊS LONGOS DIAS PASSARAM para Lily Evans que se martirizava por ter agido de forma tão impulsiva com seu melhor amigo. Ela sabia que tinha exagerado, ir para a guerra nem sempre significava a morte... Ou talvez sim. Mas a Evans não iria conseguir suportar a dor de perder seu pai e muito menos o James! Durante os dias que passavam, a Evans não conseguia parar de pensar se James já tinha ido embora, ou se a odiava, ou se já estivesse com o corpo estendido nas trincheiras.

─ Você está comendo como um passarinho, Lily ─ Petúnia reclamou ao se sentar na borda da cama de sua irmã. ─ Você ama comer, e eu sei disso! Eu sou sua irmã, e eu me preocupo com você.

─ Eu estou bem, Tuney.

─ E essa cara de quem chorou por horas seguidas? Ou foram dias? ─ a morena brincou, fazendo sua irmã sorrir um pouco. ─ Ah, Lils, você tem que falar com ele.

─ Eu quase joguei um jarro nele, além de que eu o xinguei como nunca... James provavelmente deve estar me odiando.

─ Você sabe que ele não te odeia, até porquê não importa quantas burradas você faça, ele sempre estará ao seu lado.

─ Eu preciso falar com ele, né?

─ Sim!

─ Que horas são? ─ Petúnia riu da sua irmã desorientada.

─ Vai dar nove da noite.

A ruiva deu um pulo da cama e nem se preocupou por estar vestindo apenas um robe rosado em volta de sua camisola, ela calçou suas pantufas e desceu as escadas e saiu de sua casa. Mas antes de bater na porta da casa dos Potter, ela hesitou, pensando no que ele pensaria sobre ela... Ele vai me achar uma maluca por aparecer na casa dele a essa hora da noite. Evans bateu na porta calmamente uma vez, mas como ninguém a atendeu, ela bateu repetidamente três vezes, Euphemia logo atendeu sabendo que se tratava de Lily ─ só a ruiva batia na porta daquele jeito, uma vez calma e três vezes seguidas.

─ Lily... O que faz aqui, querida? ─ perguntou a morena com aquela voz dócil e suave que sempre tivera.

─ James... Ele é meu melhor amigo... Eu preciso me despedir dele.

─ Oh, querida, ele saiu com os amigos para a casa de Peter.

─ Onde fica a casa de Peter?

─ Longe demais para você ir andando, Lily.

A Evans bufou decepcionada, então se jogou aos braços de Euphemia para se despedir. E após tal ato, Lily voltou para sua casa e tentou dormir, mas ficou acordada durante a madrugada inteira, esperando James chegar em casa. Entretanto, por volta das três da manhã ela acabou cochilando sentada na sua cadeira de frente para sua janela. Acordou ao ouvir os barulhos de conversas vindo do exterior. Ao abrir seus olhos, incomodada pela claridade, viu James levar uma caixa para o carro avermelhado do Senhor Potter.

Lily deu um pulo de sua cadeira, caminhou direto até sua porta, e ao sair de sua casa, ela travou. Ela não tinha coragem para ir falar com James, então assistiu Sirius Black entrar no carro ao lado de Remus Lupin; Euphemia e Fleamont entraram nos bancos da frente, apressando James que tinha ido pegar algo dentro de casa. Quando viu Potter com a roupa esverdeada do Exército Britânico, Evans ficou boquiaberta, não sabia o que sentir ao exato... Eram tantos pensamentos e tantas emoções para alguém que só acabara de acordar.

Ao trancar sua casa, James parou e olhou para uma fotografia que carregava; era Lily. Os cabelos acaju dela não eram muito bons de se enxergar por conta da foto ser em preto e branco, mas a Evans estava na praia, com os cabelos soltos e um enorme sorriso enquanto um maiô ─ que James lembrava bem que era avermelhado assim como os cabelos dela ─ cobria o corpo dela. De relance, ele olhou para a casa da Evans e logo desviou o olhar, mas ao vê-la de relance, o coração do moreno quase parou.

Ele abriu um pequeno sorriso sem saber o que fazer, mas seus amigos o apressaram e ele caminhou até o carro com o olhar encravado na sua antiga melhor amiga. Evans na verdade era sua antiga melhor amiga pois ele já aceitara ter um pouquinho de sentimentos por ela, mas não tinha coragem de admiti-los.

─ James! ─ a ruiva berrou e logo correu até ele, então nem esperou ele se virar completamente e já estava com seus braços enlaçados no pescoço dele enquanto as mãos do moreno estavam em volta da cintura dela. ─ Meu Deus, me desculpa... Eu... Eu...

Ao se separar, Evans encarou os olhos dele, poderia jurar que ele estava um tanto emocionado. Lily colocou suas duas mãos no rosto do garoto e o olhou atentamente. A roupa, o topete cacheado e bagunçado, os olhos brilhosos... Ele estava lindo.

─ Eu sei, Lils ─ ele falou antes dela poder prosseguir o que falara. ─ Quando eu voltar nós conversaremos com mais calma.

─ James...

─ Não se esqueça ─ ela o abraçou de novo, como se fosse capaz de prendê-lo para ficar perto dela para sempre. ─ Eu te amo.

─ Você promete... De dedinho ─ eles riram quando ela se separou. ─ Que vai voltar?

─ Sim ─ o moreno entrelaçou seu menor dedo ao dedinho da ruiva. ─ Lily, você ainda está com raiva de mim?

─ Um pouco... Mas quando você voltar, a gente conversa.

─ Nada de jarros em mim ou ofensas agressivas ou até mesmo você falando que eu vou morrer?

─ Idiota... ─ ela murmurou tentando esconder o pequeno sorriso de lado. James logo deu um beijo na bochecha dela, a fazendo se arrepiar involuntáriamente.

Então James se foi com aquele carro, o coração de Lily se partiu. Mas uma pequena parte de seu corpo não tinha caído totalmente na real. Ela esperava que o carro desse meia volta e ele desistisse de tudo aquilo, mas não foi assim, ele não voltou. Ela caminhou até sua casa, mas não entrou, ficou esperando o carro avermelhado voltar.

Quando o carro voltou, Evans estava escorada na parede de sua casa, esperando justo aquele momento. Mas James não saiu do carro, sim seus amigos e os pais dele. Euphemia tinha os olhos avermelhados e Fleamont parecia consolar-la. Imagine quão ruim deve ver seu filho embarcar para a guerra, Lily pensou ao fechar os olhos e passar as mãos por  testa.

─ Lily?

Ao abrir os olhos, viu que Sirius se aproximava, então ela caminhou até ele lentamente e de braços cruzados, sem olhar para a expressão que ele tinha. Ele apenas estendeu uma carta, Lily viu que tinha a assinatura horrorosa de Potter, então seus olhos marejaram; ela se lembrou de quando eles tinham quatorze anos e ela o ajudou a definir a assinatura dele ─ que foi uma péssima escolha. Apenas as boas memórias vieram, ela abriu um pequeno sorriso ao lembrar delas, então pegou a carta.

─ Ele me contou que vocês brigaram, mas você sabe que depois daquela despedida, ele lhe perdoou totalmente, certo?

E a realidade logo voltou... Evans passou os braços em volta do moreno, então o abraçou enquanto sentia tudo aquilo. Mas o que aquilo era? Era arrependimento? Era dor? As memórias boas misturadas com as ruins? Ou seria o peso de saber que poderia nunca mais o ver? Pessimismo? Não, ela era mais para realista, e ela sabia como as coisas funcionavam. Os soldados do outro lado também tinham uma família, tinham seus amores, eles eram filho de alguém... E mesmo com crenças que parecessem erradas, eles eram acima de tudo humanos que também lutavam por aquilo que acreditavam; e Lily sabia que nenhum soldado de outro lugar iria hesitar em matar James.













Uma semana depois Matthew Evans tinha partido para uma base na costa da Inglaterra que recebia pacientes a todo vapor. Uma semana tinha se passado e Lily não conseguira abrir a carta que James a enviou, era como se ela nunca fosse se acostumar com aqueles dias sem ele. Mais uma semana depois, quando Lily foi pegar as cartas do correio, viu que tinha mais uma de James. Ela guardou a carta para si, então ao fechar a porta ela ouviu batidas repetidas vindo dela, a ruiva revirou os olhos e abriu a porta esperando que fosse algum vizinho insuportável. Mas não era, era um homem alto, de olhos claros e cabelos pretos, com um leve bronzeado na pele. O homem abriu um pequeno sorriso para Lily, a ruiva fez uma expressão curiosa com suas sobrancelhas, então ele soltou a maleta que segurava e estendeu a mão para Lily.

─ Sou Benjy Fenwick. Você é a Senhora Evans?

─ Temos três Senhoras Evans, especifique-se ─ a ruiva falou sem humor, mas o homem riu.

─ Daisy Evans?

─ Sou Lílian Evans, filha mais nova.

Evans segurou a mão do homem para o cumprimentar, mas a chegada da mãe logo os atrapalhou. Lily caminhou até a sala e se sentou no sofá, Petúnia a olhou super curiosa e perguntou:

─ Benjy chegou?

─ Ele é mais um de seus noivos? ─ a ruiva debochou, fazendo Petúnia estirar sua língua para a irmã mais nova que abriu um pequeno sorriso de lado.

─ Não, irmãzinha. Ele estuda em alguma faculdade da cidade, mas elas todas fecharam, e a mamãe ofereceu um quarto por conhecer-lo e ele não ter nenhum lugar para ficar. Parece que o papai é amigo do tio dele...

Lily nem deu tempo de opinar, Benjy logo apareceu na sala ao lado de Daisy Evans.

─ Benjy, essas são minhas filhas, Petúnia e Lílian.

Petúnia levantou-se um pouco animada por ter visto que o Senhor Fenwick era mais bonito que o esperado. Por obrigação, Lily se levantou com uma enorme cara antipática, e para piorar, quando estava de frente para o homem ela abriu um sorriso forçado sem mostrar seus dentes.

─ Foi essa que me atendeu! ─ ele comentou animado. A animação dele irritava Lily... Na verdade, naqueles tempos, tudo a irritava.

─ Sim, e se me der licença, irei subir para meu quarto.

Lily estava prestes a sair da frente de Benjy e sua mãe, mas Daisy logo disse:

─ Ah, me desculpe pelo comportamento grosseiro de minha filha mais nova... Ela só não sabe aceitar as coisas bem.

─ Aceitar as coisas bem? ─ a ruiva de temperamento impulsivo deu meia volta, encarando a mãe e o coitado do Fenwick que estava confuso. ─ Meu Deus...

E para a surpresa de quase todos, Lily não se defendeu ou mandou sua mãe ir se foder, por mais que fosse uma enorme falta de respeito; ela só subiu para seu quarto e trancou-se lá. Ouviu algumas musicas animadas, mas nada animava seu espírito. Estava entediada, e as coisas sempre pareciam entediantes demais sem Potter ao seu lado. A ruiva então pegou a carta de James, a segunda carta, não estava muito preparada para a primeira. Evans sentia que a primeira carta fosse mais melancólica, pois a briga deles tinha sido mais recente e bem, Lily não tinha capacidades de lê-la.

─ Vamos lá... ─ murmurou, encorajando-se para ler aquele maldito pedaço de papel.

"Oi, Lily

    É o James, e bem, eu acho que você já deve saber disso por ter lido meu nome... Mas enfim, eu estou com saudades. Assim que entrei naquele trem eu me arrependi de não ter passado meus últimos dias com você. Mas eu só quero que você responda a minha carta que eu mandei Sirius entregar. Sei que está chateada por minhas escolhas, mas era o certo. Eu estou em Cokeworth, a cidade está sendo ameaçada de ataque, estamos fazendo a guarda... Na verdade, eu estou em treinamento ainda, mas eles já deixaram seu soldados concentrados aqui caso aconteça algo. E eu aprendi a atirar com a arma! Ela era mais pesada do que eu imaginava; e não, eu ainda não matei ninguém, mas sei que a hora vai chegar. Eu tenho medo de não conseguir matar o meu inimigo, sempre penso que ele também está lá pelo mesmo motivo que eu. De todo jeito, o treinamento é bemmmm cansativo! Espero que você esteja bem, me escreva quando puder.

Beijos, Lírio
Com amor, James."

Calma... Respira... É só uma carta. A ruiva sorriu e agradeceu mentalmente a todos os deuses que conhecia por James ainda estar vivo. Esperou até que a noite chegasse, e não pareceu demorar muito. Após o jantar com o Senhor Perfeitinho, ou melhor, o Senhor Fenwick que fazia Daisy e Petúnia rirem como bobinhas pelo charmezinho, Lily saiu de seu quarto e caminhou até sua sala que servia como um escritório também. Ao lado mais próximo da janela tinha uma escrivaninha, sem nem olhar para os lados, Lily sentou-se nela ligando o abajur ao lado. Ela respirou fundo com o lápis em mão, tinha tantas coisas para escrever, mas não conseguia como expressa-las.

─ Escrevendo para o tal James?

A ruiva sentiu seu coração parar de bater por um momento pelo susto ao ouvir a voz na calada da noite a voz de Benjy.

─ Pelos vistos a minha mãe já lhe atualizou sobre a filha mais nova problemática.

─ Bem, não foi isso o que ela disse ─ Lily virou-se na cadeira, esperando ver o que Benjy, que estava sentado em uma poltrona perto do outro canto da sala com um livro no colo, tinha a dizer. ─ Ela disse que está de coração partido. Que ele foi para a guerra. Que vocês brigaram porquê você surtou... Mas que conseguiram se despedir, todavia não pareceu o suficiente.

Ao ver que Lily tinha rido baixinho da penúltima parte, Benjy permitiu-se a rir também.

─ O que aconteceu entre vocês? Claro, só fale se estiver confortável... Talvez conversar com alguém esclareça algo, mas se não quiser, não irei atrapalhar-la.

─ Ele praticamente me prometeu que não iria para a guerra se tivesse escolha, mas ele teve a escolha e decidiu ir na primeira chamada que o Exercito Britânico fez ─ Fenwick estava um pouco boquiaberto. ─ Eu surtei, falei mentiras na cara dele, o xinguei e não quis vê-lo... Mas só Deus, e Petúnia que me atura, sabem como eu preciso dele agora. E por mais que eu tenha me despedido dele, nós não esclarecemos a nossa briga.

─ Nunca acreditou na frase de que você só valoriza a pessoa até perdê-la, né? ─ Lily concordou com a cabeça um pouco envergonhada. ─ Ele te escreveu?

─ Sim, duas cartas. Uma ele mandou o amigo dele entregar para mim, acho que ele escreveu quando nós brigamos... Já sabia que nós não iríamos conseguir nos resolver de fato. A segunda chegou hoje.

─ Você acha? Não leu a primeira? ─ Evans concordou com a cabeça molhando os lábios. ─ E agora você não sabe o que escrever, certo? Bem, primeiro, você deve falar que sente falta do seu namorado.

─ Ele não é meu namorado! ─ Lílian protestou ficando corada, Benjy riu sem jeito.

─ Ah, então é solteira? ─ o moreno perguntou coçando a cabeça como um sinal de nervosismo. Lily disse que sim, um pequeno sorriso maroto surgiu no canto do rosto de Fenwick. ─ Vocês são o que, então?

─ Melhores amigos, crescemos praticamente juntos... E eu o odiava, mas então vi que por trás daquele menino bagunceiro, tinha um garoto com sentimentos ─ a ruiva suspirou em um tom nostálgico ao se lembrar dos primeiros indícios da amizade deles. ─ E olha, valeu pela ajuda, mas eu não sei se consigo falar tudo por uma carta...

─ Então irá deixar-lo sem respostas?















" Oi, Lily!

    Não sei se recebeu minha carta, talvez tenha tido algum engano no correio... Mas essa já é a terceira carta que eu lhe entrego desde que parti. Um mês e alguns dias se passaram, eu agora dependo de minha mãe para saber de você! Claro que não é sua obrigação me escrever, mas eu estou com saudades... Poderia me dizer ao menos se está bem? E por favor, leia com uma voz adorável em um tom carinhoso, pois eu não estou reclamando!"

Lily riu ao ler a ultima parte daquele parágrafo.

    "Mamãe me disse que um novo cara está morando na sua casa, ela disse que o conheceu em um jantar que ele era bem... Hm, gentil? Não sei o que falar desse daí, não o conheço, mas deve ser gente boa já que a mamãe também disse que vocês pareciam colegas. Ainda estou em fase de treinamento, mas já posso batalhar contra os malditos nazistas! Daqui a três semanas eu irei para Portugal e de lá vamos para perto de uma cidade alemã, parece que França já está sobre os domínios nazistas. A Alemanha avançou bastante, ninguém esperava ao certo por isso. De todo jeito, mande beijos para Petúnia e a tia Daisy; eu tenho fé de que o confronto não será tão ruim... Se as coisas derem certo e a guerra esfriar, poderei visitar vocês em setembro, e eu espero muito te ver.

Tchau, Lírio
Tenha fé de que eu irei sair vivo daqui!
Com amor, seu melhor-amigo (e cara mais bonitoooo de Londres) James Potter."

─ Lendo mais uma carta que não vai responder?

Lily revirou os olhos ao ouvir a voz de sua irmã mais velha.

─ Quem te deixou entrar no meu quarto? ─ perguntou ironicamente a ruiva enquanto Tuney já estava deitada ao seu lado.

─ Ele já foi para a linha de frente da batalha?

─ Não. Está em treinamento. Mas irá para Portugal daqui a três semanas ─ falou a ruiva um tanto aflita. ─ Ah, Tuney, estou com medo.

A moça abraçou a irmã, colocando sua cabeça na curva do pescoço da mais velha.

─ Então por que diabos você não escreve uma carta para ele?

─ Por que eu não sei o que dizer!

─ Não precisa falar tudo agora, ou escrever... Enfim, só o atualize e então em outra carta você pode admitir o que sente por ele.

─ É complexo, Petúnia.

─ E você não negou ─ a ruiva saiu dos braços da irmã e se sentou na cama, encarou Petúnia que tinha um enorme sorriso malicioso. ─ Achava que o Benjy Fenwick lhe faria esquecer James Potter! Mas pelos vistos, você ainda gosta ele...

─ Claro que  eu gosto dele, ele é meu melhor amigo! ─ Petúnia revirou os olhos. ─ Você acha mesmo que eu iria gostar dele de outro jeito? Ele é como um irmão!

─ Ah tá.

─ Petúnia!

─ Pensei que a ausência dele fosse te fazer abrir os olhos.

Não, não, não, Petúnia Evans! Eu já pensei bastante sobre James, então, por favor, não coloque mais coisa em minha cabeça.

─ Não tenho que abrir os olhos para nada, Petúnia ─ a ruiva se levantou da cama e caminhou até o espelho.

─ Então vai negar que gosta dele?

Lily então encarou-se naquele espelho, ela logo se lembrou do dia em que pediu para Potter fechar seus botões... Não, eu não estou! De algum jeito, gostar de James não parecia fazer sentido na cabeça de Lily; além de que ela não queria gostar dele.

─ Eu não estou apaixonada por ninguém. Eu me amo, amo minha família, e isso é tudo que eu preciso!

─ Tá, tá... Mas e o Fenwick? Vocês parecem bem amigos.

─ Petúnia!













O treinamento de James fora um tanto trabalhoso, ainda mais para ele, que era bastante cobrado pelo major Moody.

─ Sei que alguns aqui saíram de uma torre de diamantes, mas saibam que vocês, todos vocês são iguais e de acordo com a determinação de trabalho, vocês poderão subir seus níveis ─ o homem lançou um olhar fuzilador em Potter. Por que? Bem, era de se esperar que uma expectativa maior tivesse em James pelo fato de seu pai ter batalhado na Grande Guerra, ou melhor, Primeira Guerra Mundial. Os comandantes, tenentes e até mesmo outros generais tinham expectativa lá em cima com Potter.

Mas ele não era seu pai, e Moody o via como só mais um, só mais um que pudesse ser bem mimado pela atenção que recebera. Mas o Potter era ágil, forte e bom de mira, o que causou mais expectativas sobre como ele seria no campo de batalha. Aos poucos, James já foi se adaptando com o ambiente que não era tão agradável e ás vezes parecia ser selvagem demais. Com toda certeza, o que James mais odiava era os homens com ego lá em cima, eles se achavam os superiores e nem sabiam como pegar na arma direito! Alguns eram de fato bons, e sempre queriam encurralar James porquê o moreno era como uma ameaça a reputação deles. No entanto, Potter nem ligava muito, e nos dias de treinamento ele conhecera Frank Longbottom; um rapaz da mesma idade que a de James e que era super simpático. Eles foram para a primeira batalha juntos.

A paisagem europeia era linda, por mais que um clima de suspense fosse instalado, a paisagem continuava a mesma pelos países que passaram. A Segunda Guerra Mundial era marcada por conflitos internos que aconteciam todo momento, homens morriam e cidades estavam começando a serem bombardeadas... A tecnologia da guerra parecia aumentar cada vez mais. James não tinha recebido nenhuma carta de Lily, e toda vez que via seus novos amigos receberem cartas de suas esposas, Potter ficava um pouco invejado. Frank contou que tinha acabado de se casar com Alice Longbottom. Todas as histórias românticas acalmavam o coração de James que só estava começando a ver a real destruição da guerra. Mas em nenhum momento sequer, ele parava de pensar em Lily ou em sua família.

Sabia que poderia ficar de quinze a noventa dias dentro das trincheiras que eram mais utilizadas na Primeira Guerra, sem falar que poderia ter chuvas fortes e pouca comida. Quando o treinamento de Potter acabou, ele foi ao lado de Frank para batalha perto da fronteira alemã. James nunca tinha visto um cenário tão assustador e aterrorizante, o lugar fedia aos corpos cobertos no chão, soldados caíam a todo instante. Era como se a morte estivesse ao lado dele.

─ Abaixem as cabeças! ─ o major Moody ordenou.

Todos se abaixaram e uma bomba fora jogada perto dos soldados, James tremia e suava frio, era como se não caísse na real que aquele momento estava acontecendo.

─ Potter, Longbottom, vão para a direita! Já!

James e Frank correram, então ao chegarem longe o suficiente, se posicionaram e começaram a atirar. Potter estava nervoso demais, suas mãos tremiam, ele não acertara nenhum alvo. E tudo aconteceu em instantes, como 'num piscar de olhos Frank estava caído no chão, com uma bala enfiada no ombro. Potter berrou por ajuda, mas nenhuma enfermeira ou médico parecia escutar.

─ Calma, amigo... ─ James
rasgou um pedaço de um lençol branco que cobria um corpo, logo enfaixou o braço do amigo mesmo sem saber o que fizera. ─ Eu vou matar o desgraçado que te feriu.

E assim, James apontou sua arma para o primeiro inimigo que viu, então atirou no homem e fez isso repetidas vezes com outros homens, e nem todos eram acertados. Ele não se sentia bem por ter tirado vidas naquele conflito, mas a guerra o obrigava a matar por aquilo que ele acreditava.















Ao fechar os olhos, Lily mentalizou James; as roupas militares que marcavam seus músculos, os cabelo escuro em um topete bagunçado e cacheado, os lábios que não era nem carnudos e nem finos... Eram perfeitos e avermelhados. A voz carregada de um sotaque britânico que era extremamente atraente até mesmo para a Evans que era britânica! Enquanto a água quente do chuveiro descia por sua pele, ela só pensava nele. Lílian desceu suas mãos que tiravam todo o condicionador do cabelo até sua cintura, então mordendo o lábio inferior ela descera mais ainda a mão.

Até que ela abriu os olhos e lembrou-se que pensava no seu melhor amigo, e era totalmente errado fazer o que ela ia fazer pensando nele! Talvez seja carência... Lily pensou, mas seus pensamentos logo foram atrapalhados pela voz de Petúnia que estava atrás da porta daquele banheiro.

─ James escreveu 'pra você, vou deixar a carta em cima de sua cama.

─ Tudo bem!

O banho não demorou muito, ainda enrolada na toalha, Lily se sentou na cama e pegou a carta. Ela sempre sentia aquela sensação de ansiedade quando via que James mandara uma carta, e o sorrisinho no rosto era inevitável.

"Olá, Lily

    Passar algumas semanas nas trincheiras foi cansativo. Estou indo para uma base em Godric Hollow's, talvez eu possa dar uma escapadinha e aproveitar um pouco da praia perto da pequena cidade. Quem sabe eu encontro aquela morena que te falei!

Lily fez uma careta automática.

    "De todo jeito, eu gostaria que você me respondesse, ainda não respondi nenhuma carta sua! Espero ter uma resposta em breve.

Até a próxima carta, Lils
Com amor, James Potter."

Ele está bem, pensou a Evans ao suspirar aliviada. A ruiva sabia que tinha que escrever para seu amigo, mas ela só não sabia como escrever. Lílian passou a tarde trancada no seu quarto, pensando no que deveria escrever; ela não queria escrever besteiras, queria que tudo estivesse perfeito naquela carta. Ao finalizar-la, procurou por Benjy ─ ele tinha virado uma espécie de amigo que sempre dava conselhos para Lily ─ e logo o viu na sala, então ele leu a carta e logo a encarou.

Oi, Jamie. Eu estou bem e com saudades. Beijos, Lily Evans ─ a ruiva sorria, totalmente orgulhosa do que escrevera. ─ Pela sua cara, eu esperava algo a mais.

─ Eu sei que não esta tão boa, mas eu não sei o que escrever! Isso pelo menos já é um bom começo.

─ Você está bonita ─ o moreno murmurou desviando do assunto de James, fazendo Lily ficar avermelhada.

Mas antes que ela poderá responder, o telefone em uma mesa de apoio na sala tocou ao lado do sofá, Lily correu para atender e se livrar de como reagir ao elogio de Fenwick.

─ Residência dos Evans, quem fala?

─ Lily, filha! Sou eu ─ o coração da Evans se aliviou ao ouvir a voz de seu pai. ─ Como estão as coisas aí? Tratando o Benjy bem?

─ Sim, as coisas estão bem.

─ Você não sabe quem eu encontrei por aqui, na base de Godric Hollow's! ─ por favor, seja ele... Pensou Lily. ─ O James! Ele me disse que você não respondeu nenhuma carta dele, coitado do garoto...

─ Eu acabei de finalizar uma carta para ele, pai ─ Matthew riu do outro lado da linha, o que fez Lily abrir um pequeno sorriso.

─ A sua mãe e irmã estão aí?

─ Sim.

─ Pode chamar-las? Por favor.

─ Sim. Tchau pai, estou com saudades.

─ Também estou com saudades, cenourinha.














Já era junho de 1940, a presença de Benjy Fenwick não incomodara tanto Lily, já que eles até tinham virados amigos. As Evans estavam na sala de jantar comendo o café da manhã, então alguém logo bateu na porta as nove da manhã.

─ Deve ser o correio, vou pegar as cartas ─ Benjy se prontificou e logo foi abrir a carta.

Deu um bom dia para o porteiro e viu que tinha três cartas; uma de impostos pelo governo, outra de Matthew Evans e a ultima era de James Potter. O Fenwick sabia que James escrevera para Lily, então logo guardou a carta no bolso de seu roupão listrado. Ao voltar para a sala de jantar, entregou as duas cartas para Daisy, que ficou feliz ao ver que seu marido tinha escrito.

─ Nenhuma do James? ─ Lily perguntou ao ver Benjy sentar-se a sua frente; o moreno engoliu o seco e negou com a cabeça.

Na semana passada, quando James enviara sua décima carta perguntando apenas como ela estava, Lily tinha enviado sua resposta para ele, então esperava ao mínimo uma cartinha... Naquele sábado, o fato de não ter recebido nenhuma resposta, a deixou um tanto cabisbaixa.

─ Talvez ele esteja ocupado demais ─ Fenwick deu um sorriso forçado, mas que pareceu singelo ao olhar de Lily.

Mas por que Benjy Fenwick iria esconder uma carta de James Potter? Simples; ele tinha nutrido sentimentos pela Evans, e mesmo que ela negasse, ele sentia que ela e James tinham algo a mais que a amizade. Mas como ele iria os afastar? Benjy iria começar justo pelas cartas, assim Lílian iria ficar magoada por não receber nenhuma carta de James, e James não iria gostar de também não ser correspondido. Por mais que Fenwick fosse de algum jeito, machucar os sentimentos da ruiva, seria melhor assim; pois ele achava que conhecia e a história deles muito bem, e ele achava que Lily fosse se magoar mais cedo ou tarde com o Potter.

Era tudo pelo bem dela, certo?

Mas o que havia naquela carta que Benjy escondeu? Bem, James Potter tinha acabado de voltar de seu primeiro confronto; ele havia matado homens e estava exausto fisicamente e emocionalmente. Entretanto, ele não tinha recebido nenhuma carta de Lily ─ e não, não foi Benjy que escondera essa ─ e isso era frustante. Potter não se sentia bem, estava abalado e fraco, e justo por isso, aquele seria o melhor momento para admitir tudo que sentia pela Evans, e talvez ela finalmente o responderia. James estava vulnerável emocionalmente, seria o melhor momento para conseguir escrever tudo o que sentira e ela poderia abrir seus olhos...

No entanto, não foi bem assim, pois Benjy pegou aquela carta... A maldita carta dos sentimentos. E era definitivo, se Lily não respondesse aquela carta, James pararia de escrever para ela. Ele estava cansado de não ter respostas.

Quando o café da manhã acabou, Fenwick subiu para seu quarto e se sentou na cama, abriu rapidamente a carta e começou a ler o papel.

" Olá, Lily

    Eu sinceramente não sei o porquê de estar escrevendo essa carta para você, eu acho que já perdi as esperanças de você me responder, mas eu preciso falar tudo por uma ultima carta. Nós nos despedimos, mas nunca nos resolvemos de fato, e é esse mesmo o problema? Por favor, eu só preciso de uma resposta sua. Enfim, você já deve saber que os ataques se aprimoraram e não usamos completamente o uso de trincheiras, mas nós usamos quando fomos atacar a fronteira alemã, e foi tudo horrível. Teve um momento em que eu jurei que ia morrer, duas semanas depois de estarmos lá, uma chuva forte acabou resultando em vários soldados doentes, inclusive eu. Ainda bem que eu peguei apenas uma gripe que já está passando, enquanto outros que já estavam mais fracos pegaram pneumonia. Com toda certeza, eu me senti bem ao proteger uma mulher e seu filho de um ataque, mas matar soldados inimigos... Eu nunca simpatizarei com eles, de fato, mas eu sempre fico me perguntando como a mãe dele ficará ao descobrir a morte de seu filho, ou em como a mulher que ele tanto ama ficará. Sei que eles podem parecer monstros, mas eles também amam; eles também são humanos.

    E toda essa questão sobre uma morte precipitada me fez pensar em nós; se eu morresse naquelas trincheiras? Se alguma bomba aérea me atingisse? Se eu não conseguisse me defender dos nossos inimigos? Eu estaria morto, e nós não estaríamos resolvidos. E não, eu não falo apenas sobre nossa briga, mas eu falo sobre tudo. Nós somos melhores amigos, eu deveria te olhar como uma irmã, mas não é assim. Eu não te olho simplesmente como uma amiga ─ e eu me culpo por isso, muito. Você estava certa quando disse que eu gostava de fugir das coisas, pois eu sempre tentei fugir dos meus sentimentos por você; mas só agora, encarando a morte dia sim e dia não, eu vejo que não vai ser fácil fugir de alguém como você.

    É bem doido como eu posso ter coragem de enfrentar milhares de soldados inimigos, mas não tenho coragem de enfrentar meus sentimentos. Eu nunca imaginei ter que admitir tudo, pensava que seria algo passageiro que logo sumiria... Mas até quando você está longe de mim, eu não consigo te tirar da mente. Eu não sou muito bom com essas coisas de sentimento, mas eu sei o que eu sinto por você, e nunca quis admitir por medo de você me rejeitar ─ você sempre rejeitava encontros com aquele Amos Diggory, por que seria diferente comigo? Eu gosto do jeito que você, apenas você, consegue me entender; você sempre está comigo em todos os momentos. Eu gosto de te observar, sinto falta de olhar para seus cabelos vermelhos e olhos esverdeados, eu me sentia o garoto mais bobo do mundo por estar sentido aquela coisa. Talvez sejam as famosas borboletas no estomago, mas toda vez que eu te vejo, eu me sinto estranho ─ de um jeito bom ─, como se algo me levasse a ser estupidamente rendido por você. E eu te amo tanto, Lils, te amo mais do que deveria. Sei que não é certo eu te colocar em uma saia justa como essa, mas eu não posso viver com o fardo de saber que nunca me declarei para você.

    Então como você disse, nos meus últimos momentos deitado no chão e sangrando, eu irei pensar em todos que eu amo e irei me arrepender da guerra; mas irei me arrepender mais ainda de não ter falado tudo isso pessoalmente. Então irei pensar em como eu poderia ter ficado ao seu lado, em como você poderia ter se apaixonado ─ ou não ─ por mim, em como eu deveria ter escolhido não ir para a guerra na primeira chamada. Eu daria tudo para estar ao seu lado, mesmo que você jogasse algum jarro em mim; eu só preciso de você. Mas pelo menos eu irei encarar o céu estrelado ou ensolarado, não importará, meus últimos pensamentos serão sobre você. Em como eu amo conversar com você, como eu amo mexer nos seus cabelos, em passar o tempo com você e me sentir como se tudo fosse possível ao seu lado... Eu me sentirei completo por estar preparado para ir embora com as três pessoas que eu mais amo em meu coração: papai, mamãe e você.

    Nunca fui muito bom com mentiras, e mentir sobre o que eu sentia não ia me levar a lugar nenhum. Sei que é errado, mas eu ainda tenho um por cento de esperança de que você poderá sentir o mesmo por mim; caso não sinta, tudo bem, irei tentar engolir essa paixão e estarei ao seu lado para quando você sofrer, amar, se casar, ter seu primeiro filhinho... Ou quando você pelo menos estiver alcançando seus sonhos! eu estarei ao seu lado para te apoiar porquê acredito que não a maior prova de amor do que desejar o bem do outro, mesmo que você seja feliz sem mim. Não pense que estarei ao seu lado para apenas provar o que eu sinto, eu estarei ao seu lado para te fazer feliz como você merece.

    Não sei o que foi, mas algo em você me fez ficar encantado, e não foi só uma única coisinha, foi cada parte de você que causa uma agitação em mim. Espero que eu saia bem dessa, espero que você também fique salva. Nunca se esqueça de ser forte, Lírio. Não se esqueça de lutar pelo justo, e caso eu não esteja com você para vê-la se formar, eu quero que você continue e se torne a grande mulher que sempre fora ─ mesmo que esteja usando aquelas trancinhas que você usava quando era criança.

Com amor e algumas lágrimas no papel, James Potter."













Lily não se sentia bem, era como se algo faltasse em seu dia sem alguma carta de James. Por isso, a ruiva passou o dia inteiro se perguntando se ter enviado aquela simples carta perguntado como ele estava tinha sido algo bom. Talvez ele me odeie, talvez nunca mais olhe na minha cara! Pensava Lily, e por essa sua paranóia, ela passou o jantar com cara emburrada. Viu no jornal que o Exército Britânico precisava de enfermeiras ou médicos em seus batalhões, Lily lamentou mentalmente por não terem o suficiente. Viu que tinha inscrições abertas para o curso de enfermagem básica, mas não deu muita atenção.

Quando o jantar acabou, Lílian se sentia sufocada com os próprios pensamentos, então recorreu a uma pessoa que poderia a ajudar: Benjy Fenwick. O homem era basicamente como um psicólogo para a Evans, ele sempre a ouvia e dava conselhos; o ultimo foi para ela tentar não ocupar sua mente com o Potter.

Lily bateu uma vez na porta do quarto de Benjy, que era no mesmo corredor dos outros quartos. Com certa demora de Fenwick para abrir a porta, Lily bateu três vezes rapidamente.

─ Lily! ─ ele exclamou surpreso enquanto ainda fechava seu roupão. Lily se distraiu um pouco ao ver uma parte do peito desnudo de Benjy, mas logo se focou no que tinha de falar.

─ Eu preciso falar com você ─ ela logo adentrou o quarto do moreno e ficou andando para um lado e para o outro. ─ O James não me enviou nenhuma carta... E ele sempre me escreveu nas semanas passadas, e eu sei que tipo,eu só respondi uma vez e é bem idiota o fato de que eu quero mais vindo dele... Mas eu não consigo ficar longe das cartas dele, e por mais que eu ainda nunca tenha aberto a primeira, eu não me sinto pronta!

Benjy fechou a porta e caminhou de frente para a garota, ela sentia a respiração quente dele, e não foi a primeira vez que aquilo acontecera. Há alguns dias atrás, ele tinha se aproximado perigosamente dela, como se fosse beijar-la, e Lily não havia recuado; além de que ela parecia gostar dos flertes discretos que ele dava durante conversas causiais. Ele era jovem, bonito, atraente, legal... Porém os dois foram atrapalhados por Daisy Evans naquele dia. Entretanto, Lily mentiria se dissesse que não fantasiou beijar um homem que parecia ser tão mais velho e experiente que ela.

─ O que eu fiz de errado, Benjy?

─ Você não fez nada de errado, Lily ─ o coração dela batia cada vez mais forte na médida que o homem se aproximava dela. ─ Acho que você deveria esquecer ele de uma vez por todas, pois se ele não te responde, quer dizer que ele não liga para você... Ou que ele desistiu de você.

Lílian então pensou que James tivesse de fato desistido dela, mas seus pensamentos foram atrapalhados por Fenwick, que colocou suas duas mãos no rosto dela e a puxou para um beijo. Claro que Lily não sentia nada por Benjy além de uma pequena atração, mas ele parecia ser um homem bom, então ela não se culpou ao continuar o beijo. Talvez ele estivesse certo, talvez James não quisesse saber mais dela na cabeça de Lily, e isso a dava um apoio a mais para retribuir o beijo do homem a sua frente.

Ela só queria beijar Benjy para esquecer James... E ela não sabia como o beijo de Fenwick iria a fazer esquecer de Potter, e ela se perguntava  motivo de recorrer aquele instinto.

A ruiva não era tão experiente sobre relacionamentos, ela se deixava levar por seus instintos mesmo só tendo beijado menos de cinco vezes em sua vida. Ao sentir a língua de Benjy adentrar sua boca, ela pensou em hesitar, mas não hesitou; passou seus braços em volta do pescoço dele. Fenwick então segurou a cintura dela e andou com ela para frente, a fim de a sentar em cima da cabeceira. Lily prendeu suas pernas em volta da cintura dele, o moreno então apertou uma de suas coxas, subindo a camisola dela. Ao se separarem para arfar do quente beijo, ela apoiou sua mão na cabeceira, mas ao sentir uma textura de papel, logo reparou nele. Benjy beijava seu pescoço, a perguntava o que estava acontecendo, então não demorou muitos segundos para ela pegar o papel e ver a assinatura de James com a data.

Evans afastou Fenwick dela, então o encarou e depois que ele percebeu do que se tratava, ela voltou a olhar para a carta. O homem tentou se aproximar para pegar a carta, mas Lily se afastou.

─ Por que você escondeu isso, Benjy? Por que você não me mostrou essa carta, Benjy? E ela ainda está aberta! Você leu?

─ Desculpa, Lily... Eu só queria o seu bem.

─ Meu bem? Você nem me conhece direito! Não pode decidir o que é bom para mim, e muito menos olhar coisas que deveriam ser só minhas, como essa carta.

─ Pelos vistos eu não te conheço bem o suficiente para ler uma carta sua, mas você parecia querer que eu conhecesse bem o que tem dentro de suas pernas.

A ruiva se aproximou, e com a mão vazia, deu um tapa estralado na cara de Fenwick.

─ Nunca mais fale comigo desse jeito... Como se me desprezasse por eu estar sendo correta!

─ Eu trato mulheres como você do jeito que elas merecem, Evans.

─ Então que tipo de mulher eu sou, Fenwick? ─ Lílian confrontou o moreno que não esperava aquelas palavras vindo da ruiva, e ao olhar-la, logo se arrependeu dos seus atos e palavras.

─ Ah, Lily, eu não queria falar isso...

─ Vai se foder, Fenwick.










─ Eu quero ir para a guerra.

Petúnia soltou um sorriso debochado enquanto folheava o jornal, achando que aquela era mais uma das brincadeiras de sua irmã mais nova. Daisy olhou a ruiva de sobrancelhas arqueadas, a fim de encarar-la através de seus óculos de armação dourada.

─ O que você falou, filha?

─ Aqui, olhe no jornal ─ Lily Evans se aproximou da poltrona em que sua mãe estava sentada na sala, então mostrou o jornal do dia anterior que carregara. ─ Eles precisam de mais enfermeiras.

Daisy passou o olho rapidamente pelo jornal, mas não deu muita atenção, logo o entregando para a filha.

─ Pare de brincadeiras, Lílian.

─ Não é uma brincadeira, mãe! Eu quero ajudar as pessoas ─ a ruiva disse engolindo o seco.

─ Ajudar as pessoas? Você não é assim, Lily ─ Daisy falou abrindo um sorriso debochado e voltando a ler o livro que estava em suas mãos. Impaciente, a Evans mais nova pegou o livro da mãe e a Senhora Evans exclamou o nome de Lily.

─ Eu quero... Eu quero ir, eu posso ser levada para a mesma base que o papai! E eu quero ajudar meu país, quero ajudar os soldados machucados!

─ Você não vai, Lily. Deixe de inventar coisas!

─ Eu não estou inventando coisas, mãe! ─ a ruiva berrou, chamando a atenção de todos na sala.

Lily deu meia volta e deu de cara com Fenwick, mas revirou os olhos e logo saiu da sala, subindo para seu quarto. A ruiva fechou a sua porta com força, deitou-se na sua cama e xingou tudo e a todos mentalmente.

A ideia de ir para a guerra não surgiu do nada; foi após aquela maldita carta que James escrevera. Era quase surreal ler aquelas palavras que James escreveu, cada uma causava um aperto no coração da Evans. Ele falou que a amava, e ela também o amava, e precisava dele como nunca; mas era tudo tão confuso, eles precisavam conversar pessoalmente. Assim que percebeu que James a amara de outra forma, Evans não sentiu-se estranha, ela se sentiu feliz e surpresa ─ mesmo que a carta entregasse um visível tom de melancolia. Só de pensar que o Potter sentia algo mais do que a amizade por ela... Bem, Lily não sabia muito o que pensar.

Como ela poderia se encontrar com ele? Evans pensou em todos os modos possíveis, mas ao invadir sua cozinha durante a madrugada, ela vira o jornal. Claro que ela sabia que não poderia ir diretamente para a base de James, teria um treinamento antes que demoraria meses! Mas se ela falasse com seu pai, talvez isso pudesse os unir, e ela iria estar unida principalmente a James, que estava na mesma base que seu pai, em Godric Hollow's.

Lily também o amava de outro jeito? Ela não sabia ao certo, era como se todas as memórias que vivera ao lado dele parecessem um borrão, e ela precisaria reviver tudo. Sua primeira reação foi negar os sentimentos, mas depois ela tentou pensar com clareza, e nada se acertou muito, mas ela precisava falar com ele. E talvez no fim disso tudo, eles pudessem estar bem; mas para isso era necessário ter fé. Fé de que iria se encontrar com seu melhor-amigo, e de que o destino seria bondoso em os unir; mas ela tinha principalmente fé de que tudo iria acabar.

Após mais alguns dias de discussão com sua mãe, Lily decidiu mandar uma carta para seu pai explicando toda a situação. E no final de semana, quando a resposta do pai dela chegou não só para ela, mas para a mãe dela. Daisy Evans aceitou tudo aquilo de modo hesitante, pois não queria ter a chance de perder mais uma pessoa que amara, mas Matthew pareceu explicar bem que ela estaria segura na base em Godric Hollow's. Algumas semanas depois, Lily foi matriculada em curso de enfermagem necessário para atuar em alguma base de guerra.

─ Vou sentir saudades, Lily ─ Petúnia falou ao afastar-se da irmã. ─ Se cuida.

─ Eu só estarei a alguns quilômetros de distância, Tuney.

Ao se afastar da irmã, Lily encarou sua mãe e logo deu um abraço apertado na mesma.

─ Tome cuidado, Lílian ─ a mulher mais velha disse se afastando rapidamente da filha. ─ Vá logo, senão irá perder o trem!

Lily sorriu, então olhou para Benjy Fenwick e se aproximou dele, ficando de ponta de pés, chegou até ao pé do ouvido dele e sussurrou:

─ Obrigada por ter sido burro o suficiente ao deixar a minha carta na cabeceira de seu quarto.

Se afastou dele com um sorriso cínico de lado, o homem estava boquiaberto. Evans entrou no trem após mostrar seus documentos para o homem que tomava guarda da entrada do trem. O local do curso de enfermagem era um pouco longe, ficava a quarenta minutos de Londres, basicamente na entrada de uma cidade vizinha. O tratamento em si não era um dos melhores, as mulheres que trabalhavam naquele convento pareciam fuzilar Evans com o olhar toda vez que ela entrava em algum cômodo. Na primeira semana, dividiu o quarto com uma garota norte-americana que morava em Londres desde os dois anos de idade; as aulas também tinham sido apenas mais teóricas, ensinada por uma mulher totalmente rígida que usava acessórios rosas extravagantes e horríveis na visão de Lily. Na outra semana, continuara tendo aula com Umbridge, mas na terceira semana as coisas já estavam para ser mais reais. Lílian já tinha cuidado de alguns machucados leves, mas nada se comparava ao o que ela enfrentaria na ala de enfermaria, ela pelo menos sentia estar sob controle na maioria das situações.

─ Não pensem que vocês serão heroínas ─ a mulher de vestes pretas disse, encarando cada uma das meninas que estavam enfileiradas. Todas pareciam ter um certo medo da severidade de Minerva Mcgonagall. ─ Vocês estão aqui primeiramente, para ajudar alguns soldados feridos... Depois vocês serão levadas para alguma base, e lá vocês irão ver a verdadeira guerra. Então se forem garotinhas mimadas que não gostam de olhar sangue por se sentir enojada, saiam desta sala agora mesmo!

Todas as garotas estavam com a postura ereta, respirando fundo e querendo passar uma boa impressão para Minerva, que as avaliava com um olhar dos pés a cabeça.

─ Alice Longbottom e Lílian Evans ─ a velha disse ao ler uma prancheta. ─ Vão para a maca sete.

Naquele convento, a enorme sala de jantar estava sendo usada como alas de enfermaria para abrigar alguns soldados machucados. Lily achava o cheiro insuportável, alem de ter que ouvir todos aqueles gemidos de dor não era nada agradável. Ao caminharem para a maca sete, viram um homem de perna amputada que precisava ser medicado. Alice tinha as mãos tremulas ao segurar a ficha dele dada por Minerva, e Lily reparou em quanto a morena estava nervosa.

─ Ei, você esta bem? ─ Lílian perguntou ao se aproximar da mulher, Alice a olhou com os olhos marejados.

─ Sim, sim... Vamos medicar-lo logo ─ a morena pegou a seringa apontada, então quase ia cometendo um grande erro, mas Lily logo pegou a seringa da mão da morena.

─ Você tem que esterilizar antes ─ Lily exclamou. ─ Você está chorando, vá lavar seu rosto, querida.

Alice concordou coma cabeça saindo do salão de jantar, Evans respirou fundo enquanto esterilizava a seringa. Lily não conhecia muito Alice, teve apenas algumas aulas com ela, mas a morena parecia ser bastante gentil. Ao olhar para o lado, Evans viu o homem sem uma perna abrir um sorriso nervoso.

─ Esse remédio dói?

─ O que dói é ter que enfiar-lo na minha bunda! ─ Lily tentou prender a risada, mas logo riu baixinho. ─ Mas confiarei em sua mão.

─ Dizem que ela é boa! ─ a Evans brincou enquanto deitava o homem de bruços.

─ Sério? Você pode fazer contagem regressiva?

─ Eu estava brincando, nunca enfiei uma seringa na bunda de ninguém. E eu não vou fazer contagem regressiva.

─ Mas-

Lily logo enfiou a seringa de surpresa no canto que era para enfiar, o homem tentou segurar um gemido de dor ao sentir o líquido da vacina sendo expulsada da seringa.

─ Contar só iria piorar seu nervosismo ─ Lily observa, então joga o material pontudo em um recipiente de cor prata que estava no carrinho de materiais que Alice e Evans levaram. ─ E por que você tem que tomar isso?

Lily pelos vistos atrapalhava as regras de não falar demais com os pacientes.

─ Eu estava doente, peguei enquanto viajava com o exercito.

Um calafrio passou pela coluna de Lily, ela pensava se James poderia estar naquele mesmo estado, e a cada dia ela só se sentia mais ansiosa para o encontrar. Só faltava mais algumas semanas e o treinamento de Lily estaria completo; pelo menos ela tinhas se saído mais bem do que o esperado. Mais tarde, Evans fez questão de falar com Alice, então ao ver a mulher sentada em sua cama no dormitório feminino, Lily logo sentou-se de frente para a morena.

─ Você está bem?

─ S-Sim... Me desculpa por hoje, eu não queria te deixar sozinha com os pacientes e...

─ Tudo bem, Alice ─ a ruiva murmurou de forma compreensiva. ─ Alguma coisa lhe aconteceu? Uma pessoa sempre me dizia que ficar guardando as mágoas para mim não ia me levar a lugar nenhum, então eu sempre me escondia na casa dele ou ficava deitada ao lado da minha irmã. Era como um mundo só meu, então eu sempre falava com eles e isso me ajudava bastante a aceitar os problemas da vida.

─ Se eu te contar você vai me achar uma mulher estúpida ─ a morena comentou bufando logo em seguida.

─ Se algo te faz sofrer não é estúpido, e eu não posso julgar a sua dor por não senti-la.

A Longbottom abriu um pequeno sorriso de lado, pois ela se sentia confortável ao lado da Evans.

─ É meu marido, ele foi para a guerra... Eu tenho tanto medo de entrar naquela sala e ver ele lá, sem perna, sem os braços, sem vida! Claro que eu irei continuar ao lado dele, mas eu não sei como ele irá se sentir e eu não quero que ele seja infeliz.

Alice por si já parecia ser uma garota delicada, seus cabelos castanhos iam até a altura de seu ombro, ela também usava uma franja adorável; bochechas rosadas e um sorriso lindo! Mas naquele momento, Lily reparou que além de ser delicada, ela estava arrasada, e imediatamente se preocupou mais ainda com Alice ao ela revelar seu medo.

─ Isso não é estúpido, Alice ─ Lily disse pegando na mãozinha da Longbottom ao vê-la prestes a chorar. ─ Você só está com medo de perder alguém que ama, e isso é normal em tempos como esse.

Alice soltou uma respiração pesada, como se exalasse todo seu sofrimento.

─ Eu sei como você se sente, quer dizer, não sei ao exato, mas eu compartilho sentimentos parecidos ─ a morena olhou para Lily, interessada no que a ruiva fosse falar. ─ Os dois homens que eu mais amo foram para a guerra; meu pai foi como médico, já o outro...

─ Era seu marido?

Lily abriu um pequeno sorriso e logo ficou avermelhada.

─ Não, nós nunca tivemos nada ─ Longbottom ficou boquiaberta. ─ Na verdade, quero encontrar-me com ele, depois daqui eu irei para a base em que ele e o meu pai estão, aí sim eu saberei o que nós somos.

─ Mas o que vocês são?

─ Antes de perder-lo, melhores-amigos... Agora eu já não sei mais.

─ Vocês se gostam?

Evans riu um tanto envergonhada, ninguém além de seus pensamentos tinham feito essa pergunta.

─ Nem eu sei, Alice. Estou tentando descobrir isso a dias... Mas gostando dele ou não, eu sinto falta dos meus dias ao lado dele.

─ Também sinto falta de meu Frankie.

─ Conte-me mais sobre vocês! Como foi o casamento?

❛ ━━━━━━━ ✪ ━━━━━━━ ❜

oi! estão gostando?

o  que esperam para os próximos caps? pelos vistos a senhorita evans já  está pensando até demais em james...

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