❪ I.❫━ STOLEN CHILDHOOD
jovens as vezes se apaixonam
por pessoas erradas.
alguns erros são cometidos
tá tudo bem, você pode
pensar que está apaixonado
quando está apenas com dor.
━━ MORAL OF THE STORY,
ASHE.
CAPÍTULO UM
A INFÂNCIA ROUBADA.
01 de setembro, 1939
londres, inglaterra
─ VOCÊ SABE QUE EU levarei toda a culpa por estarmos perdendo aula, certo?
─ Por isso mesmo que eu lhe chamei, JayJay.
─ Não me chame de JayJay, Lily! É ridículo.
A ruiva riu enquanto desviava alguns galhos das árvores de baterem em seu rosto. Era primeiro de setembro de 1939, e naquele horário, a Evans e o Potter deveriam estar na escola. Mas graças à ideia da ruiva de cabular o primeiro dia de aula, que de acordo com ela, não tinha nenhum conteúdo, eles estavam caminhando em direção a um lago perto da casa deles. Ao passarem por um caminho de terra cheio de galhos os atrapalhando, eles finalmente chegaram à beira do lago. Lily não quis ficar muito perto, então estendeu sua toalha na pequena descida de terreno que tinha, com a sombra das árvores o cobrindo do Sol que nem estava tão escaldante.
─ Por que você quis que eu viesse, Lils? ─ perguntou James ao se sentar do lado da ruiva, em cima da toalha.
─ Pare de falar, James! Isso me irrita ─ a garota exclamou e o Potter fez uma expressão cabisbaixa um tanto dramática. ─ Estou brincando, seu dramático! Eu te chamei porque gosto de sua presença, e porquê somos melhores amigos.
─ Às vezes esqueço desse último detalhe.
Lily deu um empurrãozinho no ombro do amigo, e então se deitou na toalha, James fez o mesmo. Ela respirou fundo e fechou os olhos, como se aquilo fosse a livrar de todo os problemas que na verdade nem eram tão grandes. A Evans queria apenas ter poder sob suas próprias escolhas, mas seu pai não a deixava opinar nem na própria vida! Isso definitivamente a irritava.
─ Como foi o seu verão em Liverpool? ─ perguntou James, fazendo Lily abrir os olhos.
─ Entediante. E o seu verão em Godric Hollow's? Quando você estava na minha casa semana passada, eu nem perguntei sobre suas férias... Estava falando de meus problemas. — ela sorriu meio tímida.
─ E surtando ─ Lily revirou os olhos ─ Entediante, porém eu conheci uma garota.
─ Ih, a Carmélia não vai gostar disso ─ Potter riu nervoso.
─ Nós não estamos mais juntos.
─ Mas daqui a pouco ela volta para você, sei que não vai resistir ao charme de James Flemont Potter! ─ Lily bagunçou os cabelos cacheados do amigo que estava ao seu lado. ─ Como era a garota que você conheceu?
─ Ela era linda! ─ James suspirou, colocando a mão no peito. Lily estava virada para seu lado, com a mão sustentando a cabeça. A ruiva riu do amigo.
─ E fim?
─ Não! Ela era divertida, tinha um dos sorrisos mais bonitos que eu vi na minha vida.
─ Hm.
─ Ela era alta, cabelos cacheados, pele morena, lábios grossos e olhos pretos. Mas os olhos dela tinham um brilho especial sabe... Sem falar que ela era muito legal de se conversar.
─ E você agiu?
─ Não, ela estava noiva ─ o garoto murmurou decepcionado, fazendo Lily rir alto. ─ O que foi? Pelo menos ela me disse que não queria se casar, que estava em dúvida.
─ E você esperava participar dessa história de amor épica, onde a morena encantadora abandonaria seu marido no altar para alcançar James Potter? ─ a ruiva disse em um tom dramático, como se narrasse um filme.
─ Não... Talvez... Mas e você? Não achou ninguém interessante?
─ Eu não vou participar de uma história de romance épico, então não fico como minha irmã que olha para cada homem disponível no ambiente ─ James soltou uma risada baixa. ─ Até porque amor não existe.
─ Você não me ama? ─ Potter olhou para Evans, ela revirou os olhos enquanto evitava o sorriso de canto.
─ Claro que eu te amo ─ o moreno sorriu, de forma aliviada, mas Lily sabia que ele estava brincando. ─ Mas o amor que tanto falam não existe.
─ Como você pode ter tanta certeza, Evans? Você nunca se apaixonou.
─ Paixão é passageira, todos os casamentos se tornam infelizes.
─ Você está falando tanta besteira, não vejo a hora de ficar velho para esquecer isso!
─ Idiota ─ a ruiva murmurou rindo. ─ Ok, faremos uma aposta. Se eu me apaixonar por alguém e ficar com essa pessoa durante anos e anos, e falar que amo ela verdadeiramente, eu te devo um carro.
Os olhos do menino brilharam, ele logo a olhou, ouvindo atentamente as palavras que sairiam daquela boquinha avermelhada.
─ Qualquer modelo ─ Lily disse lentamente, fazendo James sorrir. ─ Mas se eu não tiver esse amor, você me deve passagens para viajar para a América, com hospedagem e tudo!
─ Caramba, Evans, você sabe fazer uma aposta... ─ o menino comentou e ela abriu um sorriso orgulhoso. ─ Mas como vamos nos lembrar disso?
─ Eu nunca esqueço apostas, Potter.
Lily estendeu sua mão, James logo a apertou.
─ Agora você pode me dizer o motivo de ter terminado com a Carmélia.
─ Por Deus, eu já disse, Lily! ─ o rapaz murmurou impaciente, mas não estressado. ─ Por que está tão obcecada por minha vida amorosa?
─ Eu não estou obcecada! ─ comentou Lily na defensiva.
Na verdade, nem ela sabia o motivo.
─ Só estou curiosa... E eu não acredito na história de Não deu certo...
─ Mas foi isso o que aconteceu! Nós somos amigos agora.
─ Aposto que na sexta-feira vocês já vão estar se pegando nos corredores da escola.
James riu um pouco avermelhado, Lily arregalou os olhos, totalmente alarmada.
─ Vocês já... Que canalha, James!
─ A gente só ficou uma vez desde que eu voltei de Godric Hollow's.
A Evans abriu um pequeno sorriso um tanto forçado, então deitou suas costas na toalha estendida, dava para sentir a grama a furado mesmo com a toalha.
─ Por que ficou tão calada, Lily?
─ Nada.
─ Você já conseguiu falar sobre a faculdade para seu pai?
─ Sim ─ resmungou a ruiva. ─ Ele disse que jornalismo não é coisa de mulher, disse que era melhor eu fazer um curso de enfermagem qualquer e me casar com um homem rico. Quer dizer, ele não disse com essas palavras, mas ele praticamente disse isso.
─ Sinto muito, Lírio ─ o moreno disse sincero. ─ Mas se quiser eu falo com seu pai. Nada vai impedir de ficarmos juntos. Só nós dois.
Evans arregalou os olhos ao ouvir as duas últimas palavrinhas, ficarmos juntos. Mas então se lembrou que James se referia a faculdade. Não era proposital, mas Lily às vezes remetia palavras que significavam uma coisa e ligava a outro sentido... Ela não sabia ao certo como acontecia, mas ao lado de James, parecia acontecer com mais frequência.
─ Nós vamos ficar assim para sempre, né? Fizemos escola juntos, fizemos aula de piano juntos, aprendemos a nadar juntos, vamos fazer nossa faculdade juntos e vamos ser amigos. Até o fim, certo?
─ Até o fim.
─ Promete de dedinho? ─ perguntou a Evans, tentando esconder o sorrisinho no canto do rosto.
─ Sim, Lils ─ o garoto concordou e logo cruzou seu dedo mindinho com o dela.
James não sabia o motivo, mas aquilo parecia como um juramento ou uma promessa que nunca fosse conseguir ser cumprida. Lily se aproximou de seu melhor-amigo, então encostou sua cabeça ao lado do ombro dele e passou seu braço ao redor dele, a fim de abraçar-lo e se aconchegar nele. Potter sempre foi um bom travesseiro.
Lily se lembrava bem da primeira vez em que tinha o abraçado, na verdade, ela se lembrava nitidamente de qualquer lembrança que remetesse o garoto. Potter e Evans nasceram em cidades diferentes, mas aos cinco anos, Lily se mudou para Londres com sua família. Ela morava em uma casa de frente para a de James, eram grandes casas! Os Potter, sendo um casal simpático que sempre foram, se apresentaram para os Evans, e assim eles logo viraram amigos. Menos duas pessoas se tornaram amigos após todos aqueles jantares ou tardes que passavam na casa um do outro.
James era brincalhão, corria para todos os lados, era um garoto maroto! Já Lily também gostava de brincar e correr, mas James parecia tornar tudo inconveniente para ela. Era quase como automático, Potter via Lílian e logo ia correr atrás dela, para a irritar e puxar as tranças de seus cabelos avermelhados. Evans não suportava-o, isso era verídico. Mas com onze anos, eles passaram a estudar na mesma escola, com tantos trabalhos e alguns outros fatores, eles logo viraram amigos. Um dos fatores era Lily não estar indo bem em Matemática, James fez questão de ajudar-la; enquanto ela o ajudava com Filosofia e História.
Mas em meados de dezembro de 1934, quando o inverno morava em Londres, o avô de James morreu, e o inverno passou a ser tenebroso. O pequeno garotinho ficou tão abalado que não quis ver nenhum de seus amigos, nem mesmo seus melhores-amigos! Lílian não queria se importar tanto com o rapaz, ela não queria o considerar um amigo de fato, e ela nem sabia o motivo! Era como se tivesse medo de confiar no garoto levado. Mas ela se importava com ele.
Esperou até janeiro, não viu James nas ruas ou brincando com a neve ─ como costumava a fazer ─, isso de fato assustava a ruivinha. Até que ela decidiu não esperar mais por ele, e ela que foi até seu encontro. Usando um casaco azul que cobria até embaixo de seus joelhos e um vestido rosado por baixo, sem falar nas luvas e meias, ela foi a casa dos Potter logo depois do almoço.
─ Lily! O que faz aqui, querida? ─ perguntou Euphemia ao abrir a porta.
Euphemia era uma mulher muito bonita, alta, morena e de olhos claros. Sempre carregava aquele tom de elegância e usava roupas bonitas.
─ Boa tarde, Senhora Potter ─ a menina disse. ─ Eu vim ver o James.
─ Ah, querida, eu não sei se o James vai querer te ver.
─ Mas eu quero vê-lo, Senhora Potter.
Euphemia não sabia o que falar, abriu a boca várias vezes e pensou no que Daisy Evans ─ mãe de Lily ─ tinha dito a ela enquanto elas tomavam um chá. Lílian um dia irá invadir a sua casa se não ver o James! Ela fica resmungando o dia inteiro que sente saudades dele a irritando.
─ Pode entrar, Lily.
A ruivinha abriu um pequeno sorriso, então entrou. Evans já sabia o caminho para o quarto de James, então cumprimentou Fleamont Potter e subiu as escadas. O carpete era bem confortável, Lily tinha observado isso e estranhava, pois James parecia fazer uma bagunça na casa, inclusive quando corria! Isso indicava que ele não corria mais pela casa, e isso a preocupava mais ainda. Ao bater na porta de James, ela ouviu o menino murmurar algo, então ela bateu de novo, três vezes seguidas.
─ James?
─ Lily?
─ Sim! ─ a ruiva disse, um tanto nervosa.
─ Pode entrar.
Evans abriu a porta, o quarto de James estava um pouco diferente desde que o vira pela última vez. Só tinha uma cortina aberta, o abajur ligado ─ algo que Lily achava desnecessário por ser de dia ─ e James deitado na cama, de costas viradas para ela. A decoração continuava a mesma, mas algo nele tornava o ar mais pesado... Como uma sensação estranha.
─ James, você está bem? ─ perguntou Lily ao se sentar na ponta da cama dele que era encostada na parede.
O moreno se virou, tentou abrir um sorriso, mas aquilo parecia ser um tremendo esforço. Evans subiu mais na cama, então guiou sua mão até a dele, logo a apertou e sentiu algo remexer dentro de si.
─ Sei que a pergunta foi um tanto idiota, mas eu me preocupo com você. Assim como seus pais e seus amigos. Sirius me disse que você não quis vê-lo! ─ James parecia olhar para suas mãos, como se estivesse envergonhado. ─ Você precisa soltar essa mágoa, Jay.
─ Me desculpa ─ foram ás únicas palavras que o moreno conseguiu dizer, seus olhos se encheram de lágrimas.
Ele se sentou na cama, tentando enxugar suas lágrimas que desciam pela maçã de seu rosto. Lily se aproximou mais e o abraçou, ele retribuiu colocando sua cabeça na volta do pescoço dela e a agarrando com força, como se tivesse medo de que ela fosse o sair e o deixar sozinho.
─ Eu sei que estou sendo um péssimo amigo e filho, mas eu não paro de pensar em como a minha avó deve estar! Ela amava o meu avô mais que tudo, e agora que ele a deixou... Eu não quero que ela sofra, Lils.
─ Ela irá sofrer, James, mas ela também terá que superar.
─ E se ela não superar? ─ o menino perguntou se afastando da amiga.
─ Não me faça uma pergunta difícil dessas, Potter! Sei que sou brilhante, mas só tenho doze anos! Não sei muito sobre a vida ─ James abriu um pequeno sorriso de lado, isso aliviou o coração de Lily. ─ Mas acredito que ela consiga superar, pois ele já estava doente e já era esperado, certo?
Evans segurou a mão do seu amigo de novo, então o olhou de maneira singela.
─ Qualquer coisa, conte comigo ─ ela falou olhando no fundo dos olhos claros do rapaz. ─ Eu estarei aqui para você, sempre.
─ Promete de dedinho?
Lily sorriu, achando aquela ação do Potter de levantar seu dedo mindinho extremamente ridícula e adorável.
─ Sim, James... Eu prometo.
Em setembro de 1939, Lily tinha dezessete anos e poderia se cuidar muito bem, mesmo saindo mais que o normal, muitas vezes para encontrar seus amigos no lago durante o final de semana, ela já era acostumada a ficar sozinha. Mas naquele primeiro de setembro de 1939, Daisy Evans abraçou sua filha com força quando ela deveria ter voltado da escola ─ mas estava com Potter, todavia, ninguém precisava saber disso.
─ Mãe, o que aconteceu? ─ perguntou Lílian ao se afastar.
─ A Alemanha invadiu a Polônia ─ a mulher olhou nos olhos de sua filha, sentindo a mente confusa dela. ─ Não demorará muito até o Reino Unido se envolver nisso, assim como outros países.
─ O que você está dizendo, mãe?
Lily tinha ouvido sobre meados de que uma nova guerra iria começar, e isso era de fato uma situação tensa pelo fato da Primeira Guerra Mundial ter deixado vários países em problemas graves ─ como a Alemanha. Mas a guerra não poderia acontecer naquele momento, não poderia simplesmente chegar ao seu estopim com uma simples invasão... Todavia, não era nada simples, era o começo de uma era ─ ou o fim dela.
─ A guerra começou, Lílian.
Para James, Lily era como o ser humano mais independente, criativo, magnífico e bonito que ele já tinha conhecido. Ela era como um lírio no meio de uma fazenda de girassóis; nenhuma garota se comparava a Lílian. Ela o entendia em todos os sentidos, ela conseguia compreender cada momento da vida dele. A Evans tinha cabelos de cor acaju, olhos esverdeados e curvas esbeltas em seu corpo que não era tão magricelo quanto já fora; seu rosto parecia ter sido esculpido por um dos melhores artistas do mundo. Cada pedacinho dela causava um efeito em James, mas ele tentava se recusar a aquela ridícula ideia de nutrir sentimentos por sua melhor amiga ─ que com tantas imperfeições, se tornava perfeita.
Então por isso ele tentava encontrar a paixão em outras garotas, mas ele não encontrava, até conhecer Carmélia Dixon. Também morava no mesmo bairro que o Potter e Evans, tinha cabelos loiros e olhos escuros, era baixinha e magrinha, uma garota bonita. Mas o que tinha de beleza, tinha de chatice e ignorância; James sempre a achava metida demais, parecia querer problematizar tudo, mas quando a conheceu não foi assim. Carmélia era de fato um tanto metidinha, mas também era divertida, tinha um humor peculiar, sem falar de que suas bocas se encaixavam perfeitamente... Ela parecia ser a garota perfeita para James.
Mas ela não era.
Carmélia e James começaram a namorar com quatorze anos, Lily tinha ficado surpresa até demais e parecia evitar o Potter quando ele estava com a Dixon. Depois, com em dezessete anos, em 1938, eles terminaram o relacionamento pela segunda vez. Entretanto, depois de James ter voltado de Godric Hollow's 1939, antes mesmo de ver Lily, ele já estava dormindo com Carmélia de novo; isso não era surpreendente, eles tinham uma relação instável, mas mesmo assim, ele queria continuar tudo o que tinha. Evans nunca aprovou de fato a relação dos dois, nem ela sabia o motivo de não gostar de ver os dois juntos, mas algo puxava seu estômago e ela sempre revirava os olhos.
Era incrível como desde a vez em que Lílian entendeu James pela primeira vez, ele se sentiu encantado por ela, parando de fazer as brincadeiras irritantes que fazia quando era mais novo. Todavia, ele não estava disposto a saber se ela poderia sentir o mesmo por ele, Potter tinha medo da rejeição. Então ele estava em busca de uma nova paixão para esquecer um amor sem comparação. Mas ele via o jeito que ela o tratava, ele tinha certeza de que ela o via como um irmão e não como uma possível paixão.
James também admirava a força de vontade de Lily. Ela sempre gostou de escrever, e ela escrevia muito bem! Mas ela era uma mulher, e tudo isso se tornava mais difícil para ela. Todavia, James sempre torcia para que ela conseguisse alcançar suas metas, e principalmente porquê se o Senhor Evans a deixasse fazer os testes para Oxford, eles iriam estudar juntos. Sendo que não era assim, e Matthew Evans já tinha tido várias brigas com sua filha por conta da faculdade.
─ E eu sinto muito por não ser uma filha que caça um homem para casar!
─ Lily, volte já aqui!
Naquele dia ensolarado do fim de agosto, Lílian estava prestes a subir as escadas, mas foi parada pelas vozes de seu pai, sua mãe e sua irmã. Quando ela se virou, fuzilou cada um deles com seu olhar, em exceção de Petúnia que não mandava em sua vida e que parecia assistir a briga como um espetáculo.
─ Eu não vou me casar, pai ─ gritou Lily, de braços cruzados.
─ Ele nunca falou sobre casamento, Lily! ─ falou Daisy.
─ Mas é isso o que ele pensa ─ a ruiva descruzou os braços e olhou para seu pai. ─ Aposto que pensa: Por que Deus não me deu uma filha que se submetesse a um homem?
Matthew ficou sem palavras, mas antes mesmo de falar, a campainha da casa tinha tocado. Impaciente, Lily desceu os poucos degraus da escada e abriu a porta berrando:
─ O que foi?
─ Que bela recepção, Senhorita Evans.
A ruiva respirou fundo ao ver seu melhor-amigo, então se acalmou e logo se jogou nos braços dele. Ele passou seus braços em volta dela, aproveitando cada segundo daquele abraço.
─ Problemas com a família? ─ ele perguntou sussurrando.
─ Problemas com meu pai ─ o corrigiu e logo bufou. ─ MÃE, PAI, O JAMES ESTÁ AQUI! VOU LEVAR ELE PARA MEU QUARTO.
Lílian puxou seu melhor amigo para dentro de sua casa, o pobre rapaz teve nem tempo de cumprimentar os Evans, já estava subindo as escadas em direção ao quarto de Lily. Naquela tarde, eles conversaram sobre principalmente ela, sobre as dificuldades que teria para convencer ao pai de deixar-la fazer o teste, sobre como a faculdade poderia ser difícil em sim.
No final de setembro, as coisas estavam de fato mais tensas, mas para Lily, nada estava tão fora do normal. Ao sair de sua escola, ela logo ouviu alguém gritar seu nome. James corria até ela com um enorme sorriso no rosto, Sirius Black, melhor amigo de James, andava normalmente até ele. Lílian parou de andar para esperar-lo, mas Potter caiu no chão, causando gargalhadas em Sirius.
─ Oi, Sirius.
─ Olá, Lily ─ o moreno a cumprimentou.
─ Ei, me esperem! ─ James falou ao voltar a correr até seus amigos. Quando chegou perto de Lily, beijou a bochecha dela,a deixando ruborizada. ─ Por que você não me esperou para ir embora comigo, Lily?
─ Você parecia estar ocupado demais com a Carmélia... ─ murmurou a ruiva enquanto eles voltaram a andar.
Sirius lançou um sorriso malicioso para James, que revirou os olhos para o amigo.
─ Eu só estava me despedindo dela, não seja dramática! E aliás, com essa guerra, nós nunca sabemos quando será a ultima vez que veremos alguém.
─ Não é uma guerra, James. Não terá mais guerras, só são pequenos conflitos.
─ Que podem se estender... ─Black contrariou Lílian.
─ O Reino Unido é uma grande potência, nós não seremos atingidos caso tenha uma guerra.
─ Por que você está tão convencida de que não terá guerra, Senhorita Evans? ─ perguntou James.
─ Porque não quero ocupar minha mente com isso, e nem vocês deveriam.
Depois de passarem na rua de Sirius e o deixarem em casa, James e Lily caminhavam em silêncio, até que:
─ Lily, se eu te contar algo, você promete reagir de um bom jeito?
─ Sim ─ afirmou a ruiva, sentindo certa ansiedade pelo o que seu amigo iria falar.
James a parou, segurando seu braço e a virando para sua frente. O moreno pegou uma caixa do bolso de sua casa, então Lily ficou boquiaberta ao mesmo tempo que se sentia a menina mais feliz do mundo. Ela não sabia o que tinha dentro daquela caixinha, mas as alternativas as deixaram eufórica.
─ James, isso é um-
─ Anel? Sim ─ o garoto sorria, então abriu a caixinha de frente para a garota e logo disse ─ Eu sei que somos jovens, vamos fazer dezoito anos ainda! Mas eu não consigo parar de pensar em fazer isso, porque nunca se sabe o dia de amanhã, mas eu pretendo pedir a Carmélia em casamento.
─ A Carmélia? Casamento?
O moreno concordou com a cabeça, a expressão de felicidade de Evans logo sumiu. Ela de fato não sabia no que tinha pensado quando ele lhe mostrou aquele anel, mas Carmélia Dixon não deveria estar envolvida naquilo. Lily se virou, o deixando sozinho, então começou a caminhar em direção a sua rua. James não entendeu nada, mas queria esclarecimentos. Então correu até ela e a virou pelo braço, fazendo Lily ficar de frente para ele.
─Lily, o que foi? Você não gostou da ideia?
─ Obvio que não! ─ a garota exclamou, deixando o Potter confuso. ─ Você tem dezessete anos, Potter! Não pode casar agora, sem falar que vocês já terminaram e voltaram várias vezes, esse casamento não daria certo!
James não esperava abraços e comentários alegres sobre tal proposta, mas também não esperava que Lílian fosse reagir daquele jeito. O fuzilando com o olhar e parecendo querer gritar com ele.
─ Você pediu minha opinião, e eu não aprovo vocês dois! Você é completamente sem noção por pensar em pedi-lá em casamento, e ela será mais ainda se aceitar.
A Evans se afastou, voltou a andar enquanto se arrependia do jeito de que fora grossa. Ela cruzou seus braços e mordeu seus lábios, tentando segurar as lágrimas que se encheram nos seus olhos. Ao fechar sua pálpebra, a sentiu pesada, assim como algo dentro de si que a fazia andar mais lentamente.
─ Você poderia pelo menos me apoiar?
Lílian não respondeu, continuou andando, e aos poucos, James voltou a acompanhar completamente calado. Após oito minutos torturantes, eles chegaram na frente da casa de Lily, mas antes dele se afastar, ela o puxou para um abraço.
─ Desculpa, Jamie ─ ela sussurrou no ouvido de seu melhor amigo enquanto ainda o abraçava. A voz baixa e melosa da garota causou arrepios em Potter. ─ Eu irei te apoiar em qualquer escolha, seja casamento ou não.
Eles se afastaram, mas ele fez questão de segurar a mão dela.
─ Eu reagi bem mal ─ James concordou com a cabeça enquanto encarava seus sapatos para não a olhar. ─ Mas eu só fiquei... surpresa.
James sorriu de lado, mas ainda não olhou para ela, até que Lily afastou suas mãos e levou uma delas ao queixo de seu melhor-amigo, fazendo com que ele a olhasse.
─ Você a ama?
─ Acho que sim...
Evans queria protestar, falando que não daria certo, mas ela se manteve calada e o abraçou. Lily sentia como se tivesse o perdendo, e ela nem sabia o porquê.
─ Meu garotinho está crescendo! ─ Lily bagunçou o cabelo cacheado de James ao se afastar, ele riu sem graça.
─ Minha mãe falou exatamente a mesma coisa!
─ Ah, não é surpresa que eu e Euphemia compartilhamos o mesmo pensamento sobre nosso pequenino Jamie! ─ Lily brincou rindo.
Definitivamente não.
─ Já vou indo para casa, Lils ─ ele se afastou, caminhando para sua casa que era de frente para a de Lily. ─ Sirius me chamou para ir ao lago com o pessoal no final de semana, você vai querer ir?
─ Se a minha mãe deixar...
─ Me avise caso ela não deixar, irei usar meu charme para convencer-la a ir! ─ o moreno soltou umapiscadela e caminhou para sua casa.
─ Você pode parar de reclamar de tudo que o seu pai faz, Lílian?
─ Lá vem você com essa conversa! ─ a ruiva falou ironicamente ao quase fechar a porta de seu quarto na sua mãe, mas Daisy segurou a porta e Lily se virou para sua mãe de braços cruzados. ─ Você é minha mãe, deveria saber que eu não quero vestidos caros!
─ Por Deus, Lily! Deixe de ser ingrata pelo menos uma vez! ─ a mulher mais velha berrou, fazendo Lily calar-se. ─ Seu pai te ama tanto como eu, e você sempre parece criar uma barreira! O que tem de errado, filha? ─ o tom da Evans não estava tão forte como o da outra vez.
─ Não foi o vestido ─ murmurou Lily, sentindo vergonha de como tinha agido. ─ Foi o fato de que ele vive dizendo de que não conseguiria pagar minha faculdade, mas ainda sim tem dinheiro para comprar a droga de um vestido enfeitado de diamantes!
─ Não tem diamantes no vestido, Lily...
─ 'Tá, mas ele deu brincos de diamante para você, mamãe ─ o veneno era detectável na língua da Evans.
Lily saiu de seu quarto, entrou no quarto de Petúnia e se deitou ao lado de sua irmã que lia um livro enquanto estava deitada na cama dela. A ruiva cobriu-se com a coberta grossa da irmã, ela se aproximou e colocou sua cabeça na curva do pescoço de Petúnia. Claro que Lily e Petúnia tinham pensamentos, personalidade, ações, princípios diferentes; mas elas eram irmãs ainda.
─ Brigou com quem?
─ Com a mamãe ─ Lily abraçou sua irmã, que largou o livro.
─ Faculdade? ─ a ruiva concordou com a cabeça, Petúnia respirou fundo. ─ Você sabe que não vai poder se esconder na minha cama ou na casa do James quando arranjar um problema para sempre, certo?
─ Sim...
─ O que vocês discutiram?
─ O fato de que o papai não tem dinheiro para meus estudos, mas tem dinheiro para comprar um vestido caríssimo e brincos de diamantes para a mamãe!
─ Você sabe que não será fácil convencê-lo, certo?
─ Sim, Tuney ─ Lily resmungou. ─ Mas eu ainda tenho uns meses até fazer dezoito, então um ano para convencer aquele cabeça-dura!
─ O sujo falando do mal lavado! ─a morena exclamou, Lily se afastou só para mostrar a língua para a irmã. ─ Você é tão cabeça-dura como ele.
─ É diferente ─ a ruiva falou ao se sentar na cama. ─ Eu quero ser livre, mas ele me tranca como se eu fosse um passarinho.
─ Talvez ele te ache nova demais, ou sem miolos para fazer uma faculdade.
─ Mas não me acha jovem demais para me jogar nos braços de um homem mais velho que vai muito bem tirar minha... você sabe. A questão do papai não é que eu seja nova, Petúnia, você sabe isso.
É pelo simples fato de eu ser uma mulher, ela pensou.
No entanto, as irmãs riram, Lily logo se levantou da cama.
─ Para onde você vai?
─ Irei ver se James está em casa.
─ Sempre o James... ─ Petúnia murmurou com um sorriso malicioso de lado.
─ E sempre o mesmo tom de surpresa!
Lily riu, então desceu as escadas de sua casa e saiu dela sem nem avisar os pais, ela sabia que Petúnia faria isso por ela caso sentissem falta dela. Lily caminhou até a casa dos Potter, que era de frente para sua casa, então bateu na porta uma vez, mas impaciente, bateu rapidamente três vezes seguidas.
─ Lily! O que faz aqui, querida?
─ Boa tarde, Fleamont! ─ Lílian cumprimentou o Senhor Potter. ─ James está?
─ Ele saiu há poucos minutos, acho que estava indo para um encontro com uma loirinha.
O sorriso no rosto de Lily desapareceu aos poucos, mas mesmo tentando controlar sua expressão, ela demonstrava uma clara decepção.
─ Ah, claro... Deve estar com a Carmélia... Enfim, mande beijos para Euphemia.
A garota voltou para sua casa com uma enorme sensação de vazio no peito, só de pensar em James pedindo Carmélia em casamento... Lílian não tinha parado de pensar naquilo desde que o garoto contou seus planos. Mas ela era apenas a melhor-amiga dele, então tinha que apoiar.
─ Lily, onde estava? ─ perguntou Matthew Evans ao ver sua filha adentrar a sua casa.
─ Obrigada pelo vestido, pai ─ a ruiva falou sem emoção, então foi até seu quarto e se jogou na cama.
─ Está com medo de pular, Black? ─ berrou Marlene, e mesmo que estivesse atrás do amigo, ela fez questão de falar aquilo bem alto para que todos ouvissem.
Lily riu, estava sentada ao lado de Regulus Black, irmão mais novo de Sirius. O Black mais velho estava no topo de uma grande pedra, se preparando para pular no mesmo lago que Lily e James estavam no inicio da semana. Ela escutou passos vindo da trilha que sempre faziam para adentrar a área do lago, Evans não se virou, sabia que aquele era James, mas também sabia que ele poderia estar acompanhado. Potter se sentou ao lado de sua melhor amiga, estava sozinho, mas com uma enorme expressão cabisbaixa, o que alertou Evans. Mas antes dela poder perguntar algo, foi interrompida pelo grito de Sirius ao pular da pedra; Marlene pulou logo em seguida.
─ A água está ótima! Vocês não vêm? ─ perguntou Marlene enquanto se esforçava para manter seu pescoço fora d'Água.
─ Prefiro só observar ─ Remus Lupin, que estava ao lado de Dorcas Meadowes a mostrando um livro, berrou.
─ Medroso!
─ Você vem, Lily? ─ perguntou Regulus ao se levantar.
─ Já já vou.
Regulus mal entrou no lago, Sirius e Marlene já tinham o puxado para afogar-lo! Lily riu, mas logo olhou para seu amigo ao lado, James estava sem seus típicos óculos redondos, usava uma regata branca e uma calça escura.
─ O que aconteceu, James?
─ Nada que você não queria que acontecesse ─ o moreno respondeu seco.
Lily logo soube do que se tratava, fez questão de abraçar seu melhor amigo. James a abraçou com força, como se ela fosse a única coisa no mundo.
─ Sinto muito pela Carmélia.
─ Ela me recusou ─ James se afastou com um sorriso fingido no rosto. ─ Eu deveria ter te escutado.
Eu sei disso, Lily queria falar, mas se controlou.
─ Você a ama, Jamie ─ a ruiva consolou o amigo.
─ Eu nunca a amei, Lils ─ James sussurrou. ─ Eu só tinha a ilusão de a amar... Por Deus, eu sou um fracasso!
─ Nunca mais repita isso, James Fleamont Potter! ─ Lílian disse em um tom autoritário, porém ainda consolando o amigo. ─ Ela que foi tola em deixar um garoto como você escapar! Agora vamos nos esquecer da Dixon e vamos nos distrair!
Lily se levantou e estendeu a mão para James que se levantou logo em seguida. Quando James tirou sua regata, ele mostrou seu abdômen não tão definido, mas ainda sim musculoso. Evans não conseguiu tirar os olhos dele, algo nela se alertou, ela só não sabia o quê.
─ Não está de biquíni?
─ Esse vestido é velho mesmo ─ na verdade, ela estava envergonhada de tirar aquele vestido na frente de James. Era como se algo tivesse mudado, como se a inocência dela tivesse ido toda embora ao pensar em tirar seu vestido na frente dele; mas não era nada relacionado a relações sexuais, era só como se ela tivesse mordido a maldita maçã envenenada.
Os dois caminharam até o lago, onde começaram uma série de brincadeiras, todos gargalharam naquela tarde. Por volta das três horas, todos eles estavam mais calmos, e estavam no fundo do lago, apenas conversando.
─ Vocês acham que as coisas podem piorar? ─ perguntou Regulos.
─ Elas sempre pioram ─ respondeu Sirius Black, deixando uma sensação desconfortável no ambiente. ─ Mas não está tão ruim...
─ Bem, se meus pais são capazes de viver na Primeira Grande Guerra, eu sou capaz de sobreviver a Segunda! ─ Marlene brincou, a fim de aliviar o clima que aquela conversa tensa poderia trazer.
Eles riram, mas uma péssima sensação ainda estava em torno deles.
─ Vocês pretendem se alistar ao exército quando completarem idade? ─ perguntou Regulus.
─ Talvez ─ respondeu Sirius.
─ Nós teremos que nos alistar, mas ser convocado por querer entrar urgentemente é outra coisa ─ Potter comentou. ─ Não tenho muito gosto de ir a guerra.
─ Se você for convocado, eu irei te sequestrar e te manter em cativeiro até a guerra terminar! ─ Lílian murmurou, fazendo James sorrir.
─ Tudo isso para eu não ir para a guerra?
─ Tudo isso para não te perder.
Marlene entreolhou Sirius com um sorriso malicioso que foi retribuído pelo Black, os dois já apostavam em um clima romântico entre James e Evans.
─ E se eu quiser batalhar? ─ Potter provocou.
─ Você não vence nem em uma guerra de água, James! Imagine ir para a linha de frente da guerra ─ o grupo riu. ─ Mas se você pensar em ir, eu irei berrar com você, e muito! Ir para a guerra é suicídio.
─ Não achas uma ação de bravura? ─ perguntou Regulus.
─ Optar pela guerra é bravura e burrice, Reg ─ Lily respondeu, sincera. ─ Mas se vocês quiserem ir, podem ir, pois quando eu morrer, irei encontrar as pobres almas de vocês e falar: Eu avisei!
─ Maldosa, Lily! ─ Marlene brincou rindo. ─ Farei o mesmo.
─ Todo mundo sabe que eu deixaria aqueles cuzões de bocas abertas quando eu chegar no campo de batalha ─ Sirius murmurou.
─ Ah, sim... Imaginem Sirius Black indo para a linha de frente da batalha, mas perde tempo ao mexer no seu cabelo, tentando jogar seu charme para os inimigos! Ele falha, porquê morreu antes mesmo de tocar na arma ─ Marlene murmurou como se contasse uma fabula, fazendo o grupo rir.
Não demorou muito para dar a hora deles irem embora. Ao saírem do lago, Lily esperava Marlene juntar suas coisas ─ pois ela iria dormir na casa da Evans ─ e enquanto isso, Regulus Black se aproximou de Lílian. James observava tudo de longe.
─ Oi, Lily ─ o moreno disse ao se aproximar da ruiva. ─ É, bem, eu gostaria de saber se tinha planos para o domingo.
A ruiva abriu a boca para falar algo, mas nada saia, ela olhou para Marlene, suplicando por ajuda para recusar o pedido do Black.
─ Domingo é o aniversário da minha tia, e eu convidei a Lily! ─ exclamou Marlene. ─ Quem sabe na próxima sexta ou domingo... Isso se Lily estiver viva até lá! Haha, ninguém sabe o que nos aguarda! Vamos, Lily.
Marlene logo puxou sua amiga e as duas saíram da área do lago, sem nem se despedirem de seus amigos.
─ Você é ridículo por rir do meu irmãozinho ─ murmurou Black enquanto vestia suas calças.
─ Eu não estou rindo! ─ James se defendeu, tentando ficar em uma postura séria.
─ E essa cara de idiota por quê a Evans recusou ele?
Seria mentira se Potter negasse o sorriso no rosto, ele de fato não achava que Regulus fosse um cara para Lily.
─ Ele não faz o tipo dela...
─ Até porque o tipo dela é você!
─ Não inventa, Sirius, eu e a Lily somos apenas-
─ Amigos ─ completou o Black ao revirar os olhos. ─ Vamos chamar o Remus para irmos embora.
E enquanto os meninos estavam tomando seus caminhos para a casa de Sirius, Marlene e Lily estavam deitadas na cama da ruiva enquanto ouviam um disco de Louis Armstrong. Marlene Mckinnon e Lily Evans se conheceram na escola, quando Lucius Malfoy ─ um garoto metido e cinco anos mais velho que Evans ─ tinha derrubado o sorvete da ruiva, assim a fazendo ficar triste. Ao ver Malfoy tirando sarro da pequena ruivinha, Marlene se aproximou de Lucius e chutou as partes intimas do garoto ─ isso com onze anos de idade. As duas viraram amigas desde o ocorrido, e a amizade delas funcionava perfeitamente!
─ E o James foi rejeitado pela Dixon?
─ Sim, e eu avisei pra ele!
─ Pelo menos agora é sua chance de atacar, Lils!
─ Atacar? ─ Evans riu junto com a Mckinnon. ─ Meu Deus, Lene! Eu não vou atacar ele.
─ Então vai negar a quedinha que sente por ele?
─ Nós somos amigos, apenas isso.
─ Você sabe que a guerra está se espalhando, Lily ─ explicou Daisy Evans.
Não, não, isso não pode ser verdade! Pensou Lílian, mas tudo aquilo era verdade, e ela só reparou quando foi noticiada de que perderia um homem que amava.
─ Você ira morrer, pai! ─ berrou Lily, com uma expressão horrorizada.
─ Eu só ajudarei os feridos, filha. Não irei a linha de frente de fato.
Todos tinham esperado contar aquilo para Lily por ultimo, sabiam que a opinião dela não seria uma das melhores, pois ela amava seu pai ─ mesmo com tantas brigas. A garota se levantou, todos esperavam que ela fosse dar mais um de seus discursos moralistas, mas a ruiva apenas correu até seu pai e o abraçou. Ele estava em pé, encostado no piano da sala, então passou seus braços em volta de sua filha quando ela o surpreendeu.
─ Quando você vai embora? ─ a ruiva perguntou com uma voz melosa.
─ Daqui a uma semana ─ Matthew respondeu. ─ Nós daremos um pequeno jantar para nossos vizinhos mais próximos, será depois de amanhã.
─ Por que um jantar? ─ Lily perguntou ao se afastar de seu pai, mas de mãos dadas. O homem enxugou algumas lágrimas que escorriam pelo rosto da ruiva.
─ Não sabemos quando eu irei voltar ─ a Evans tinha suas pernas bambas, perder seu pai era algo surreal demais para ela. ─ Não me encare como se eu fosse morrer.
─ Você vai morrer. Todos vão. Você não pode ir!
Ela o abraçou de novo, dessa vez se entregando totalmente a companhia da melancolia que preenchia seu coração. Matthew Evans não era o melhor exemplo de homem, mas ele sempre tentava salvar todos ao seu redor, e Lily sempre admirava isso. A relação deles não era perfeita, ele achava que Lily pensava demais para uma mulher. Por isso, ela sempre o rebatia, ela pensava e se expressava, como nunca sua mãe ou irmã fizera. Muitas e muitas brigas, mas os dois se amavam demais para se afastarem, e mesmo com todas as coisas sobre a faculdade, ela continuava sempre querendo ficar ao lado dele.
Aqueles dias passaram rápidos demais, e quando Lily menos esperava, ela estava em seu quarto na companhia de seu melhor amigo. A ruiva colocou um vestido rosa degradê, sem mangas e ondas na médida que o rosa ia ficando mais escuro. Havia um decote em forma de coração, mas nada vulgar demais para uma garota de dezessete anos. Lily não era muito fã de rosa, mas ao se olhar pela metade no espelho de seu banheiro, não poderia negar que se sentia maravilhosa e o rosa tinha ficado perfeito em sua pele! Ao sair do banheiro, James, que folheava uma revista enquanto estava deitado na cama de sua melhor-amiga, ficou boquiaberto ao vê-la. Os cabelos dela estavam soltos, e James nunca pensou que rosa com vermelho fosse combinar muito. Havia uma fenda rosada também acima da cintura dela, o que marcava um pouco do corpo dela; Potter não conseguiu tirar os olhos dela.
─ Fecha meus botões?
─ Sim! ─ o moreno respondeu sem hesitar, então se levantou.
Lily caminhou para frente de seu espelho que ficava em seu quarto, ele era definitivamente maior. Ao ver Potter se aproximar por trás dela, reparou que ele não tinha ficado nem muito perto e nem muito longe; mas ainda sim ela sentia o calor da respiração funda que ele dera ao olhar o pescoço e descer seu olhar até o final das costas nuas de Evans. Lílian pensou em provocá-lo com alguma brincadeirinha, mas ela estava ocupada demais em observar-lo a observar. James tocou os fios finos e nem tão lisos e nem tão ondulados do cabelo dela, então os arrastou para frente da garota e Lily os segurou. James arfou, tendo visão completa das costas dela.
─ Você tem uma pele legal.
Evans riu do comentário aleatório do garoto, mas decidiu não responder, o que fez ele se arrepender do que dissera. Potter começou a abotoar o vestido dela, eram poucos botões, e por isso ele foi o mais lento possível. Quando pronta, Lily virou-se para seu melhor-amigo, eles estavam pertos demais, eles arfaram praticamente ao mesmo tempo.
─ Tem uma coisinha no seu nariz ─ Lily falou tocando no seu próprio nariz para indicar o local onde tinha a coisinha.
─ O que?
─ Parece ser uma espinha... Bem na pontinha de seu nariz!
James correu preocupado até o espelho mais próximo, então respirou aliviado ao ver que não tinha nenhuma espinha. A ruiva gargalhou enquanto fechava a porta de seu banheiro.
─ Você é muito bobinho, Potter ─ comentou Lily ao abrir a porta de seu quarto.
James caminhou até ela, ficando de frente para a ruiva, então sorriu. Os olhos... Ah, ele poderia ficar observando aqueles olhos esverdeados o dia inteiro!
─ Eu não sou bobinho, Evans.
─ Quer mesmo contar mentiras depois de todos esses anos?
O moreno riu, então apertou a pontinha do nariz dela como se aquele gesto significasse: Pare de brincar comigo! Os dois desceram as escadas da casa de Lily, ela achava até mesmo irônico como em tempos de guerra havia famílias como a sua que bancavam jantares. Ao irem para a sala de jantar, Evans observou sua família, os Potter e outro casal que ela nem conhecia direito.
─ Está atrasada. Os dois estão ─ repreendeu Daisy.
─ Eu tive problemas com o vestido! ─ Lily comentou enquanto se aproximava para cumprimentar os Potter.
─ Com o vestido? ─ perguntou Petúnia com um sorriso malicioso de lado. Enquanto beujava as bochechas da Senhora Potter, Lily fuzilou seu olhar para a irmâ. ─ Em tirar ou colocar?
─ Petúnia! ─ repreendeu Matthew enquanto Euphemia e Fleamont Potter tentavam disfarçar a risadinha, igual ao casal que Lily não conhecia.
─ Foi só uma brincadeirinha!
─ James e Lily são só amigos, apenas isso! ─ O Evans se explicou para o casal a sua frente. ─ Bem, conte-me no que o filho de vocês trabalha.
─ Vernon trabalha no escritório do pai ─ explicou a morena enquanto Lily e James se sentavam um ao lado do outro; os dois se entreolharam, sorriram como se tivessem contado uma piada, mas nada tinha acontecido, eles apenas se olharam.
─ Interessante ─ comentou Matthew, mostrando interesse nenhum. ─ E você, James, pretende trabalhar com o que?
Aquela pergunta pegou James de surpresa, Matt já o conhecia a tanto tempo, não era como se uma pergunta sobre o futuro dele fosse esperado.
─ Ah, primeiro a faculdade com Lily.
─ A Senhorita Lily por acaso é o curso da sua faculdade? ─ perguntou o vizinho convidado, com um certo deboche na voz.
─ Eu ainda não decidi o curso, mas talvez seja jornalismo, assim como Lily.
─ Você é péssimo escrevendo, James! ─ exclamou a Evans, os dois se olharam e sorriram.
─ Eu não farei jornalismo só para escrever, eu posso ser um professor
... professor de jornalismo!
─ Você será um péssimo professor, James.
─ Sua esperança em mim se torna inspiradora, Evans.
─ Eu sei, querido ─ a ruiva apertou a cara do seu melhor amigo.
─ Não tenha esperanças de fazer faculdade com minha filha, rapaz... Talvez ela nem vá.
─ E tudo isso depende de uma pessoa ─ Lílian fuzilou o seu pai com seu olhar.
─ Não pretende se juntar ao exército, jovem? ─ perguntou o vizinho Senhor Dursley.
─ Ah, por opção, não... Não tenho interesse em ir para a guerra.
Quando o pai de Lily partiu, uma melancolia se instalara nas Evans, naquele dia foi Petúnia que se meteu nos cobertores de Lily. Elas choraram, mas Petúnia tinha de fato um pensamento melhor do que o de Lily; já a ruiva considerava seu pai um homem morto. A guerra parecia explodir com os pequenos conflitos que surgiam, isso apertava o coração de Lílian toda a vez que ela lia ao jornal. A neve não demorou a chegar em Londres, o Natal dos Evans foram junto com os do Dursley que convidaram as três mulheres da família. Petúnia estava claramente interessada em Vernon, já Lily achou tudo entediante. Em janeiro, Evans comemorou seu aniversario com seus amigos em sua casa, foi reconfortante, mas só de pensar que seu pai estava ajudando homens a beira da morte... Ou que ele poderia ser um daqueles homens! Alguns dias pareciam passar rápido, outros eram lentos, Lily evitava sair de sua casa pois sua mãe ficava muito preocupada toda vez.
Em vinte e sete de março, James fez seus dezoito anos e muita bagunça na casa de seus pais! Ele e seus amigos tinham se embebedado de bebidas alcoólicas pela primeira vez, junto com Fleamont. Euphemia e Lily não eram muito de beber, então ficavam apenas rindo das brincadeiras dos meninos. Com certeza o melhor momento foi quando Fleamont chamou Euphemia para dançar, eles pareciam tão apaixonados mesmo após anos de casados. Lily estava sentada no sofá ao lado de seus amigos que estavam com sorrisos tolos no rosto.
─ Você acha que eu irei olhar assim para alguém algum dia? ─ perguntou Lily sabendo que James estava sentado ao seu lado.
─ Se olhar, você me deverá um carro.
Lily riu, então virou o rosto para encarar seu melhor amigo. Eles se encararam, olho no olho, parecia que ninguém mais estava naquela sala, só eles dois. Um tipo de agitação surgiu na barriga da Evans, era como se borboletas voassem por seu estômago.
─ Você quer dançar?
─ Achava que nunca iria perguntar, Potter.
Os dois dançaram lentamente enquanto o mundo estava explodindo, mas James só ligara para as mãozinhas da ruiva que o tocavam. Quando a música acabou, eles dançaram mais uma, e Lily quis continuar ali para sempre.
Em abril, Matthew Evans foi visitar sua família, como uma espécie de folga. Mas a guerra não tinha folga nunca! A lista de homens mortos só aumentava a cada dia no jornal que Lily lera. Tudo parecia ocorrer bem, seu pai não estava com nenhum arranhão, apenas cansado pelo trabalho; mas ao mesmo tempo, ele aparentava estar relaxado enquanto estava com suas garotas na sala de estar. Petúnia tocava piano, Daisy estava na cozinha ajudando a empregada a terminar a sobremesa, então o Evans se aproximou de sua filha e sentou-se ao lado dela no sofá, a fazendo se desfocar do seu livro.
─ Petúnia e eu estávamos conversando ─ iniciou o homem. ─ Ela disse que não se importaria de dividir a mesada dela com as suas economias.
─ Minhas economias?
─ Para sua faculdade, Lily.
A ruiva encarou seu pai boquiaberta, sem acreditar no que ouvia, então pulou em cima de seu pai e o abraçou. Começou a enche-lo de perguntas sobre quem conseguiu o convenceu a mudar a cabeça dele. Petúnia sorriu ao ver a felicidade da irmã, Lily correu e abraçou sua irmã também.
─ Eu te amo, irmã! ─ Lily beijou a bochecha de sua irmã.
Quando a campainha da casa deles tocou, a Evans nem pensou direito e já correu até a porta, esperando que fosse algum conhecido. Mas ela achou estranho ao ver um homem alto com vestimentas militares, esperava que fosse algo relacionado ao seu pai, mas ficou mais surpresa ainda quando o homem perguntou:
─ James Potter está aqui?
─ O que você quer com James Potter? ─ a ruiva fez uma expressão clara que transbordava sua desconfiança no homem.
─ Sou do Exército Oficial do Reino Unido. Vim entregar a carta de aceitação dele.
─ Aceitação?
─ Me perdoe à grosseria, mas o Senhor Potter está em casa? ─ insistiu o homem.
─ Você errou a casa, a dele é aquela ali ─ Lily apontou para a casa a sua frente, no outro lado da rua.
─ Ah, desculpe pelo erro! Tenha um bom dia, Senhorita.
Quando o homem se afastou da porta da Evans, se aproximou da casa dos Potter e foi James que o recepcionou. O homem entregou um embrulho para James, o que fez o moreno abrir um enorme sorriso. Não, não... Como isso pode ser algo bom? Então o homem de fardamento apontou para a casa da Lily, explicando o mal entendido, e ao ver a sua melhor amiga, o sorriso de James desapareceu. O moreno jogou o embrulho em qualquer lugar da casa, então correu até Lily, mas ela entrou em sua casa e caminhou até a sala, respirando fundo e com as mãos na cabeça.
─ Você está bem, Lily? Parece que viu fantasma ─ perguntou Petúnia ao ver sua irmã que estava com seu comportamento atípico.
Evans escutou os passos de James, então ao se virar, o encarou. A boca dela tremia demais para poder falar algo, ela não conseguia realmente acreditar no que estava acontecendo. Potter tentou ao se aproximar, mas foi uma péssima escolha, pois a ruiva logo acertara em cheio a bochecha rosada do garoto.
─ Por que diabos você ficou feliz ao receber essa merda?
─ Lily, eu posso te explicar...
─ Você deve me explicar!
E lá estava Lily, de braços cruzados e com os olhos pegando fogo de tanto encarar James.
─ Eu sei que disse que por opção eu não iria á guerra, e eu sei que eu poderia muito bem retardar a minha convocação, mas eu não posso... Você não entende, Lily? Eu quero ajudar os homens feridos, eu quero lutar para o mundo ficar melhor e-
─ O mundo ficar melhor? ─ Lily deu uma risada sarcástica e alta. ─ Então você quer lutar para isso? Por grandes líderes políticos que matariam qualquer um sem hesitar?
─ Sei que você acha que eu irei morrer, mas eu não vou! Naquele dia em que eu saí com Peter para o supermercado, nós na verdade fomos nos alistar e-
Lílian tremia, tremia de raiva, medo, e muito medo... Era uma mistura de emoções.
─ Eu sei que está com raiva de mim, mas tente me entender, Lírio...
─ Não me chame assim, Potter! ─ a ruiva disse. ─ Você mentiu para mim, você jurou que iria evitar se envolver nisso tudo... Agora você quer lutar por conta de seu ego!
─ Meu ego? Por Deus, Lily, pare de inventar coisas! ─ James elevou o tom de sua voz. ─ Eu já disse o motivo de querer me juntar ao exercito.
─ Mas você não pode!
─ Eu posso, Lily! Você não manda em mim ─ a expressão de raiva tinha sumido do rosto da ruiva, naquele momento ela estava tão imersa no seu medo de o perder que estava calada.
─Você é o pior... a pior pessoa que eu já conheci, Potter ─ Lily se aproximou do rapaz, encarando os olhos dele, vendo eles se encherem de lagrimas pela ultima frase da ruiva. Já ela tinha algumas lagrimas escorrendo por seu rosto, mas fez questão de as limpar. ─ Mentiroso e preguiçoso! Sempre querendo fugir de alguma coisa por ser covarde... Você não vai ir para a guerra para ajudar a merda da sua nação, mas sim para preencher esse seu ego masculino. E adivinha? O mundo não irá melhorar com você.
James evitou manter contato com Lily, então ela esbarrou no ombro dele e caminhou em direção as escadas. Antes de subi-las, Potter a questionou:
─ Então do que eu estou tentando fugir, Evans?
Lily repousou sua mão no corrimão, pensou em algo para o responder, mas nada vinha. Então ela o olhou pela ultima vez naquele dia e disse:
─ Quando você estiver no seu campo de batalha, quando você estiver morrendo no chão, não se arrependa e lembre-se de que eu avisei que você iria morrer.
Lily sentia-se como se sua infância e joventude fosse roubada com um enorme vazio no peito ao perceber que perderia James Potter.
❛ ━━━━━━━ ✪ ━━━━━━━ ❜
ooi! sei que a reação da evans possa ter sido um tanto dramática, mas imaginem ver que seu melhor amigo quer ir (e vai) para a guerra, e ele tem 60% de chances de morrer?! toda a reação dela foi por ter preocupação com ele.
e o fato de "joventude/infância rouabada" se refere ao fato de que james fez parte da infância e juventude de lily, e que naquele momento ela sentia como se ele estivesse sendo roubado dela.
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