Conto UM - Capítulo 1
Tudo estava obscuro para Suzan que se situava na calçada, mirando o firmamento constelado, não ponderando coisa alguma. Ela não tinha mais para onde ir e, ao contemplar o garoto se divertindo no balanço, chorou amargamente; e memórias se reacenderam em sua mente levando-a a quando tudo teve início. Antes não houvesse embarcado nesse rumo incerto, entretanto Deus estava no manejo de sua humilde vida. Sendo assim, memorou-se de quando retornava para a residência sem um centavo no bolso, visto que as suas últimas economias tinham se findado, e já não sabia como pagaria a faculdade. Ademais, não tinha nenhum parente a quem recorrer até que, ao passar em frente a uma agência de adoção, através de inseminação artificial e barrigas de aluguel, ela contemplou um cartaz no qual dizia: contrata-se barriga de aluguel com garantia de $30.000 dólares no bolso. Seus olhos cintilaram ao visualizar os números, todavia relutou consigo se não destruiria a sua vida e o seu corpo ao sentir um ser dentro de si que não seria seu. Mas, a escassez bradou mais fortemente incentivando-a a adentrar as portas de vidro fumê; e assim se sucedeu. Ela seguiu até a recepção e dialogou com a moça, que lhe explicou como se dava a contratação. Claramente ela teria que fazer inúmeros exames para conseguir ser aceita, no entanto, não tinha como pagar. Entretanto, não desistiu e tentou negociar, sendo, por isso, encaminhada a direção geral do estabelecimento onde ela explicou-lhes toda a sua situação, mas eles, por esperteza, querendo ganhar mais, propôs a ela que o pagamento deveria ser tirado do montante que ela iria receber, porém ela não permitiu que eles tirassem a verba e sim, ela mesma daria desde que não houvesse manipulação dos valores estipulados a serem pagos.
Após toda a burocracia necessária para a sua aceitação, ela conseguiu o lugar e o primeiro casal a participar de sua nova experiência veio a conhecê-la melhor. A mulher se chamava Elizabeth Jordan e o seu esposo nomeava-se Jeremiah Jordan, esse, um homem renomado e bem sucedido, dono de uma empresa de exportação de manufaturados da região. A sua amada esposa Elizabeth, que era também sua irmã de consideração, possuía esterilidade e, por isso, o casal, depois de tanto se esforçar, decidiu investir num filho duma maneira nada convencional, no entanto, nem sempre foi assim por mais que ele a amasse intensamente. Ele se sentia abençoado por Deus por ter sua amada consigo, porém ela queria dar-lhe um filho, e, após descobrirem que ela não podia conceber o que tanto almejava pôs, por muitas vezes, em seu coração adotar uma criança, todavia, ele continuadamente recusou dizendo que ela o bastava. Contudo, ela continuou a importuná-lo, mas ele não quis dar ouvidos, até que lhe surgiu uma ideia: obter uma barriga de aluguel. Portanto, antes de relatar ao seu esposo o que cogitou, resolveu explorar, através da internet, acerca de agências que cuidavam de tais interesses, onde encontrou uma; e assim anotou o endereço da mesma, guardando o papel dentro da bíblia sagrada, que estava sobre a escrivaninha, retrocedendo, em seguida, para apagar o histórico do computador, fechando a aba a fim de esconder de seu amado o seu intento. Logo após fazê-lo, ele apareceu na porta do quarto com uma aparência exaustiva por conta do trabalho, pois nunca foi fácil lidar com a empresa. Naquele dia, ele a mirou rapidamente enquanto ela fingia estar lendo a bíblia com o intuito de disfarçar; e, no mesmo instante, o computador estava finalizando o desligamento, por isso ele franziu o cenho e questionou a sua esposa o que ela fazia, obtendo como resposta: acessando. Ele preferiu não lhe indagar mais e somente deu de ombros, retirando o paletó de si, assim como a gravata, ainda encarando-a duvidoso.
— Ficou a tarde inteira em casa? — perguntou, fazendo-a se desvencilhar da bíblia para fitá-lo; e ela somente balançou a cabeça, assentindo. Elizabeth levantou da poltrona em que estava recostada e disse que iria fazer um lanche enquanto ele tomava banho.
No dia seguinte, Elizabeth pegou o papel e, aproveitando que Jeremiah se encontrava no trabalho, foi até a agência e conversou com a moça que lhe explicara o protocolo para tal coisa. Quando ela contou ao seu esposo, ele ficou furioso por não o consultar antes, mas, por fim, decidiu aceitar já que era o que ela tanto desejava. E ali se encontravam agora, defronte a Suzan: a barriga de aluguel.
— Prazer em conhecê-la, Suzan Phillips. — Elizabeth saudou, risonha, por estar defronte daquela que levaria o seu filho no útero.
— Igualmente, senhora e senhor Jordan — reverenciou-os com a cabeça e apertou a mão de ambos.
Eles dialogaram com ela por um certo período de tempo, até que assinaram o acordo garantindo a quantia que ela necessitava e, de igual maneira, cuidando para que tudo saísse como nos conformes.
Passando-se alguns dias, Jeremiah fez o procedimento necessário para que houvesse a inseminação e, depois de uma curta duração, foi a vez de Suzan se preparar para receber o espermatozoide no útero. Ela ficou em observação por algum tempo, porquanto recebia hormônios para que facilitassem a fertilização e, finalizado esse período, foi introduzido em seu útero os espermatozoides do futuro pai da criança.
Suzan passou, normalmente, por todo o procedimento de uma gestante, desde consultas pré-natal a restrições alimentícias incluindo o não consumo de álcool, fumo, entre outras coisas; para que a criança viesse a nascer saudável em todos os aspectos, pois um bebê com qualquer problema de malformação congênita não fazia parte do acordo, então todo o cuidado era pouco.
Por onde Suzan passava, as pessoas viam-se surpresas à medida que a contemplavam com a barriga cada vez maior, indagando-se como poderia ela ter engravidado, porquanto ela sempre fora uma moça reservada em tudo.
Suzan havia trancado a universidade por um certo tempo; além disso, muitos criticavam-na e perguntavam sobre como ela cuidaria da criança se não conseguia cuidar de si própria, pois eles não sabiam que aquele ser que estava a crescer em seu útero não seria dela.
Toda a vez que ela adentrava as portas de sua pequena moradia, chorava amargamente e clamava a Deus por misericórdia, porque sentia-se só na maior parte do tempo. Poucos móveis haviam nos cômodos da casa, porquanto alguns tinham sido vendidos para pagar as contas, porque ela não tinha recebido metade do pagamento, ainda, e faltava uma semana para ser depositado em sua conta.
Ela encarou o chão e alisou a barriga, que ainda não tinha chegado em seu ápice; e sorriu cogitando como seria bom ter um filho para chamar de família; e por um instante se arrependeu de ter decidido emprestar seu ventre para que crescesse um indivíduo que não poderia chamar de seu, mas era tarde demais.
E, mais uma vez, estava ela junto a Elizabeth para que, juntas, pudessem fazer a nova consulta de pré-natal.
— Como você está? — Elizabeth indagou, abraçando-a.
— Estou bem, obrigada — sorriu.
— Vamos entrar? — disse, Elizabeth, dando os passos para adentrarem na unidade de saúde local e Suzan apenas assentiu, seguindo-a, como sempre. Porém, desta vez, Suzan se exaltou e proferiu palavras que não deviam serem ditas:
— É incrível como eu que não serei a mãe legal da criança estou tendo que levá-la em meu ventre. Questiono-me o que seu marido realmente pensa a respeito disso. Será que ele não questiona em como uma estranha engravida e a própria esposa é incapaz de lhe dar filhos?
De imediato, Elizabeth sentiu um nó na garganta e se irou pelas palavras soberbas da moça, enquanto a mesma deu-se conta do que havia dito instantes depois, tentando se desculpar, mas foi debalde, recebendo uma bofetada como resposta, deixando todos em volta, atônitos pelos ânimos exaltados.
— Nunca mais diga tal coisa! — vociferou, Elizabeth, à medida que Suzan engoliu em seco, ainda de cabeça baixa, sentindo-se humilhada na frente de todos. — Se não fosse por isso você já estaria na porta da rua, sem nada. Ou achas que não sei que és uma pobre coitada necessitada de dinheiro? E, a propósito, meu esposo não queria que eu me preocupasse em termos um filho porque para ele eu já sou o suficiente. Então não, ele não questiona tal coisa, mas você sim acabou de mostrar o quanto é audaciosa e ousada a ponto de me desrespeitar. — Suzan escutou cada palavra proferida, em mutismo, sentindo a face queimar pelo tapa recebido e amaldiçoou, no psiquê, o dia em que entrou naquela agência. — Agora vamos fazer essa bendita consulta. — Relutando consigo por ter sido exposta a tamanha humilhação, decidiu entrar no consultório, ainda enraivecida por dentro, ocasionando, durante a consulta, resultados um pouco diferentes da última inspeção, afinal a criança também ficara agitada.
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E aqui está o primeiro capítulo deste primeiro conto. Irei revelar qual a história bíblica que me baseei apenas no final dele.
Espero que gostem!
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Deus abençoe vcs. Até +
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