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CONTO TRÊS - Capítulo 1

Sentado na varanda de seu enorme quarto, contemplando o pôr do sol, estava Demetrian Gregory analisando os feixes da luz solar que ainda penetravam toda a extensão do cômodo. Ele suspirava entristecido pelo rumo que parte de sua vida havia tomado até então. O divórcio já tinha batido à porta de sua casa e ele tinha dado a bênção ao mesmo, mas nada poderia fazer;  havia tentado de tudo, porém, depois de inúmeras discussões instauradas, falta de um verdadeiro amor entre ele e sua esposa, ou seria agora ex, desistiu de permanecer num casamento que mais lhe trazia constrangimento social até. O nome dela ainda ressoava em sua mente como um grito rancoroso. Emile Yuri era seu nome, uma mulher bastante ambiciosa que apreciava a luxúria e ter seu próprio comando. Poucas foram as vezes em que ela o ouvira e provavelmente nem se importava com ele a não ser nos momentos de prazer. Ah! Esses eram de tirar o fôlego. Parecia que somente naquele instante havia amor, mas era apenas a satisfação carnal e nada mais. O amor é muito mais do que isso.

A gota d'agua havia sido na festa que ele decidira dar em sua casa, convidando vários sócios, juntamente com suas esposas, da corporação e outros amigos. Esses questionaram a ausência de Emile, e Demetrian achou por bem dizer que ela se encontrava com algumas amigas naquele instante. Indagaram entre si, então, se estar com o esposo era menos importante que ficar com meras amigas e isso o constrangeu a ponto de chamar seu mordomo Solomon Galantine para perguntar sobre ela. O mesmo avisou que estava dando uma pequena festa com as outras mulheres e não somente elas, como também com alguns rapazes gays, naquele exato momento. E isso o irou em demasiado. Uma festa era um absurdo e desrespeito a sua pessoa.

— Galantine, chame-a, por favor!

— Irei chamá-la, senhor. — E seguiu para o andar superior.

Entretanto, ao falar com Emile, a mesma refutou e disse que não iria estar junto a um bando de homens safados que se intitulavam amigos e mandou avisar de sua indisposição a ir para baixo. Logo, Galantine entregou o recado a Demetrian que ficou ainda mais furioso pela falta de consideração de sua esposa. Contudo esperou que a festa terminasse no previsto, ademais havia passado a maior parte do tempo distraído nas conversas que tinha com os demais. De repente tudo havia ficado sem graça, sem cor, sem nenhuma virtude. E ainda sim esperou pacientemente pelo término.

Quando todos saíram, ele subiu para o terceiro andar enquanto os empregados limpavam toda possível sujeira e organizavam as coisas, e nem fez questão de bater na porta que levava ao pequeno salão de estar. De imediato, Emile o encarou assustada assim como os demais.

— Saiam todos daqui, agora! — bradou, furioso — E não irei pedir novamente!

Um por um foi pegando os seus pertences e se retirando. Solomon os esperava gentilmente no andar de baixo para levá-los à saída, mas por dentro estava apreciando mandá-los embora, porquanto não gostava quando seu patrão se aborrecia por causa das insensatez de sua patroa.

— O que você pensa que está fazendo? — Emile vociferou, vindo contra ele.

— O que pensas tu que fazias? — Segurou-a e lançou as palavras como se fossem um soco em seu estômago. — Mesmo sabendo do que eu havia planejado em nenhum momento quis dar as caras ao menos para receber junto a mim os convidados. Sempre fizeste questão de me ignorar!

— Um bando de traidores eles são! Acha mesmo que eu iria querer vê-los? E você ainda os têm labendo as barras de suas calças ou talvez seria você que faz isso para não perder parceria? — E suas verbalizações lhe ocasionaram um tapa que a fez cair ao chão.

— Não tens um pingo de respeito pela minha pessoa. És fútil e vive às minhas custas sem se importar com nada. Tudo o que eu fiz até hoje foi por você, eu doei meu coração para você e no fim das contas apenas revelou quem realmente és. Cego fui ao ter mim casado com você. Eu quero o divórcio!

— O quê? Seu miserável! — Levantou-se e tentou socá-lo, mas ele a segurou com lágrimas nos olhos.

— É o que ouvistes. E trate de pegar suas coisas e sair desta casa porque nunca mais quero vê-la na minha frente a não ser para assinar os papéis — dissera.

— Eu te odeio, Demetrian! Te odeio! — bradou, saindo dali enquanto ele caiu de joelhos e se pôs a chorar.

Tais lembranças, tão recentes, fez uma pequena lágrima verter de sua face, então ele tirou o seu olhar da direção do sol que já se ia no horizonte. Em seguida, levantou-se da poltrona, enxugou a lágrima solitária e se retirou para a cozinha a fim de lanchar.

Seu mordomo o olhava e ponderava no psiquê sobre o quanto a cada dia que passava seu patrão se sentia amargurado. Sabia que o mesmo era bem mais jovem que ele, mas ainda sim o via como um filho que precisava de cuidados.

As semanas se iam e Demetrian vagava entre a solidão e o trabalho, mas diante das pessoas alegava estar tudo bem. Contudo não passara despercebido a ninguém e todos tinham ciência do que acontecera em sua vida pessoal, pois saiu estampado nas revistas de fofocas sobre sua separação e as tais mencionavam as prováveis brigas frequentes entre o casal o que, segundo a suposição certeira deles, havia ocasionado o divórcio. Demetrian não falava sobre o mesmo e Emile que buscou sumir literalmente da vida dele, também não.

Solomon, por vê-lo não mais em apenas semanas, mas meses de amargura, decidiu tentar ajudá-lo a conhecer alguém. Uma nova pessoa poderia mudar a sua vida tão monótona e vazia. Demetrian só precisava de alguém que o amasse e que ele também fizesse o mesmo, mas para isso ele precisava conhecer novos rostos.

— senhor, não achas que está na hora de conhecer alguém? — Naquele instante, achegou-se alguém que Galantine não apreciava tanto, mas que era braço direito de Demetrian na empresa: Tommy Goslov. Um homem carrancudo e pouco apreciado pelos colegas, apesar de ser bom com os negócios. Demetrian só o tornou vice-presidente devido a isso e ao seu falecido pai que tanto gostava dele.

— O seu mordomo está certíssimo, Demetrian. Por que não sai, se diverte, conhece alguém? Vai fazer bem a sua pessoa. — Por um instante, Galantine revirou os olhos.

— Vocês todos decidiram cuidar da minha vida pessoal agora?

— Apenas estamos vendo as suas condições atuais e, como presidente, precisas ter uma mente centrada. Sei que és jovem ainda e precisa amadurecer ainda mais os sentimentos. Sou casado e sei quanto perrengue já passei, mas no seu caso, tem que deixar as águas correrem, ora! — Goslov falou e nisso até o mordomo se sentiu obrigado a concordar.

Demetrian suspirou e questionou o que ele deveria fazer então.  Logo, Solomon Galantine deu sua sugestão:

— Encontro às cegas. Se bem que você não as conheceria, mas elas sim saberiam quem é você. Oferecemos uma recompensa até... Digamos que seria um encontro para conhecer um dos mais importantes CEO de Washington D.C.

— Claramente todas iriam querer vir até mim e aí o pouco de paz que ainda me resta estaria acabada. Não, dispenso isto. — Demetrian suspirou.

— Poderíamos selecionar as moças e enviá-las uma carta como um convite — sugeriu, Goslov, afinal gostara da ideia do mordomo.

— E veríamos pessoas de renda média ou baixa, pois não tem lógica recompensar pessoas da alta classe — acrescentou, Solomon.

— Concordo com o mordomo. E ainda acrescento que poderíamos ver entre parentes de pessoas que trabalham na empresa. Não será difícil. — Goslov sorriu confiante de que ele aceitaria o que ambos estavam dizendo.

Demetrian os encarava, pensando em tudo o que haviam dito, mas, depois de tanto relutar consigo, decidiu embarcar nessa loucura, assim considerava. Afinal quem não iria querer conhecê-lo? Achava tudo uma perca de tempo, mas que poderia distraí-lo um pouco além de arrancar-lhe umas boas risadas, cogitou.

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Iniciado mais um conto... :)

Espero que tenham gostado!

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