Capítulo 3 - FINAL
— Olá, moça ajudante! — Chad se dirigia a Kytzia dessa forma sempre que a via no trabalho.
— senhor! — reverenciou-o.
— Como está indo o trabalho?
—Estamos fazendo bem, certamente — disse com um imenso sorriso no rosto, afinal se alegrava por estar empregada e ainda ajudar a sua ex-sogra nas finanças da casa onde moravam. E por um instante ela o questionou: — Sempre és tão bom para mim mesmo eu sendo estrangeira. Por quê isso?
— Talvez seja porque eu soube que você era nora de Tsehai, que é para mim como uma tia devido ter se juntado a Tedros que fora meu tio. E não apenas isso, mas pelo seu esforço em ajudá-la e ter saído de sua pátria para um lugar na qual não conhecias ninguém.
— Bem, eu conhecia a Tsehai que pertence a esse lugar — proferiu, divertida e risonha.
— É, faz sentido — Deu de ombros e riu de suas palavras.
— De qualquer forma, obrigada senhor.
— Não tem de quê. Que tal... almoçar comigo agora já que deu o horário? — sugeriu e ela o olhou espantada, afinal não era todo o dia que um chefe tratava de ser tão amistoso com um simples empregado, no caso uma empregada.
— Mas...
— Não aceito não como resposta.
Então ela não teve escolha a não ser aceitar. Chad a levou em um ótimo restaurante da região, porém, a todo instante, ela se sentia um pouco desconfortável pela maneira que se vestia. Não estava muito suja, mas ainda sim não se encontrava com trajes adequados para a ocasião.
— E então o que vai querer? — questionou, Chad, enquanto ela mirava o cardápio. Boa parte das refeições eram diferentes do que ela comia no habitual, mas depois de tanto pensar preferiu que ele decidisse por ela.
Sendo assim, pela primeira vez ela experimentou um ensopado picante de carnes chamado wot e degustou bastante de tal refeição. Suas expressões era caóticas à vista de Chad e isso o fazia rir enquanto ela só proferia o quanto aquilo era gostoso.
— Se fosse a uns tempos atrás, parte do que compõe esse prato, eu não comeria. — e ele questionou o porquê — Eu era da religião islâmica então, por seguirmos também a Torá, não poderia comer a carne de porco, por exemplo.
— Estás progredindo, então já que segues o mesmo que Tsehai.
— Sim.
— Antes eu era ortodoxo, mas estou no protestantismo agora então não tem muito problema, afinal, como gentio, seguir a Torá não é uma obrigação. Contanto que não comamos coisas sacrificadas a ídolos, nem venhamos a nos prostituir ou comer carne com sangue presente, está tudo bem — proferiu.
Ela viu em sua face um semblante de benevolência e simplicidade. Talvez se fossem outros, poderiam ser rudes com ela e nem a levaria para um almoço assim.
Ao retornarem do almoço, cada um seguiu para seu posto e, no fim do dia, Kytzia terminou seus afazeres agradecendo a Deus. Sim, gratidão por tudo mesmo que tivessem os momentos ruins, de dificuldade. Já aprendera com Tsehai.
Em casa, ela contou a sua ex-sogra tudo o que ocorrera e isso a deixou mui feliz, cogitando que seria hora de ela arranjar um outro esposo e via em seu sobrinho o candidato perfeito. Logo, ela incentivou a se acercar mais dele com cautela. Levou-a num salão a fim de ajeitar os cabelos, as unhas que estavam com sujidade; até mesmo uma limpeza facial foi-se necessária. Kytzia era uma mulher muito linda para estar tão desleixada ultimamente. E o resultado fora incrível: os cabelos negros da moça estavam brilhosos e mais lisos, sem muito frizz aparente. Sua pele clara ajudava a transparecer bem isso. Agora só faltava um banho de loja, apesar que Kytzia possuía roupas egípcias deslumbrantes, mas precisava de um pouco mais de toque da nova cultura e isso soou bem aos seus ouvidos e fora agradável as suas vistas.
No dia seguinte, Chad havia decidido fazer um lazer com seus empregados e entre eles estava Kytzia. Todos vestiam-se bem e Kytzia parecia uma princesa da arábia com a mistura de culturas numa só vestimenta. Quando ele a viu, ficou perplexo e admirou bastante a sua pessoa. Vez ou outra, ele a olhava de longe à medida que conversava com seus parceiros da empresa. Entre eles estava seu primo, um pouco mais velho que ele, que, quando pousou os olhos em Kytzia, questionou sobre ela, mostrando-se parcialmente interessado a seu respeito, pois mais focado estava no antigo terreno que Tsehai colocara a venda e na casa que também se encontrava à venda no Egito. Saber que ela havia sido esposa de um parente seu não soava tão bem a seu ver, afinal ele queria alguém diferente que não tivesse nenhum envolvimento com alguém de sua família. Bom para Chad, na verdade, que a mirava desejoso de chamá-la para dançar, mas se conteve. A diferença de idade entre eles era o de menos aliás. Dez anos era pouca coisa caso um se afeiçoasse ao outro.
Kytzia intentava não encará-lo tanto quanto ele o fazia e, no tardar da noite, ele foi para a varanda a fim de tomar um ar. Parte dos funcionários já tinham ido embora e haviam pouquíssimas pessoas ainda no local. Kytzia, ao vê-lo, dirigiu-se até ele, chamando-o, e ele sorriu ao vê-la.
— O que desejas, Kytzia? — questionou.
— Talvez o mesmo que você neste exato momento. — E lançou as palavras ao ar permitindo várias interpretações. Ele a encarou e sorriu, afinal não cria muito no que ela acabara de proferir, porquanto seu pensamento era de conhecê-la melhor e quem sabe levá-la ao altar. Pela primeira vez em tantos anos, ele ansiava por algo assim. No fim das contas, valeria a sua espera por alguém que fosse especial.
Kytzia o olhava, indagando em seu psiquê se deveria avançar em ter um novo amor. Ainda possuía as lembranças de seu querido Zahur, mas ele já não estava mais presente no mundo fazia um bom tempo. E ela cogitava, ponderava, pensava e se questionava até que ela o mirou, enquanto ainda estava suas mãos entrelaçadas ao seu pescoço, e permitiu-se dizer: Eu te amo, Chad.
Sim, no meio da celebração por seu novo casamento, ela proferiu a ele que sorria como um bobo apaixonado, tomando-a em seus braços, dando-lhe um beijo caloroso de arrancar suspiros aos que se situavam em sua volta.
Tsehai batia palmas, assim como os demais, pensando que a vida não é tão injusta quanto parece e que para tudo há um propósito que podemos não saber o quê, mas que é para nos aperfeiçoar. Ela se alegrava com a alegria de sua quase filha, assim como essa chorou com ela também.
— Felicidade aos noivos! — Todos bradaram e o buquê fora lançado, caindo justamente nas mãos dela, de Tsehai. E ela riu, gargalhou com aquilo. Em seguida, Kytzia se achegou a ela e apalpou suas mãos dizendo:
— A vida só acaba quando a gente deixa de existir. Até lá, todos podemos alcançar a felicidade.
FIM
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CONTO INSPIRADO NA HISTÓRIA DE RUTE E NOEMI. LEIAM O LIVRO DE RUTE.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO! ATÉ O PRÓXIMO CONTO.
QUE DEUS VOS ABENÇOE!
PLAYLIST - CONTO DOIS
● Royal tailor - Start over
● Casting Crowns - praise in the storm
● Royal tailor - Gravity
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