𖤍𖡼↷ 𝐎𝐍𝐄
2018
AGORA
Tinham muitas coisas que Ameiko gostava sobre estar morando em Roma; ela gostava do gelato, as ruas de paralelepípedos, dos teatros histórico e principalmente dos museus e galeiras. Ao se mudar para Roma, deixando a vida que havia construído nos Estados Unidos após se formar na Lee Strasberg, indo atrás de uma oportunidade de estudos, MeiMei jamais imaginou que pudesse ser tão feliz e completa. Quando tantas desilusões atingem uma pessoa, é difícil imaginar um cenário diferente daquele repleto de amargura, mas MeiMei podia dizer tranquilamente que havia encontrado um lugar para chamar de seu. Não no Japão, com sombras do passado que ainda ameaçavam a destruir às vezes, nem nos Estados Unidos onde Alaina havia encontrado seu próprio lar. Mas ali, na Roma, onde ela podia ser aquilo que queria sem precisar se preocupar com ninguém além de si mesma.
Durante aquele um ano em que viveu naquele lugar mágico, parecendo saído de um conto de fadas, MeiMei esqueceu todas as dores que haviam dilacerado seu coração. Esqueceu de suas grandes decepções, focando apenas em aprimorar seus conhecimentos e técnicas como uma grande bailarina. Cada luta, cara treino, cada aula foi essencial para que ela não só desenvolvesse seu lado profissional, mas também para colocar de volta no lugar os caquinhos de seu coração. Roma para ela havia sido o que os Estados Unidos era para Alaina: uma forma de superar um grande amor perdido.
A verdade é que Ameiko havia amado Aran, mesmo que no fundo ele jamais tivesse a amado do mesmo jeito. Ela havia entregado tudo de si mesma ao jogador de vôlei, lhe dando seu coração por completo. Cada toque, beijo e momento havia sido incrivelmente sincero e significativo para MeiMei, mas ela tinha dúvidas se havia significado o mesmo para Aran. E quanto mais o tempo passava, mais MeiMei se dava conta que havia vivido aquele conto de fadas completamente sozinha o tempo inteiro.
Eles deveriam se casar. MeiMei estava tão incrivelmente feliz, pois ele era a pessoa que ela amava e MeiMei nunca teve dúvidas de que poderia fazê-la feliz. Mas em algum momento, isso havia sido perdido; e então, Aran acabara com tudo, levando consigo o coração que MeiMei tão voluntariamente havia lhe entregado quando ainda eram jovens e tolos o suficiente para acreditar que o amor era capaz de superar todas as barreiras. Quando MeiMei ainda era tola o suficiente de acreditar em finais felizes.
Ela odiava aquela sensação de que havia dado tudo e não recebido nada em troca. MeiMei não soube o que sentir ou o como reagir ao ser abandonada por Aran, mas sabia que, caso não ocupasse a própria mente, cairia dentro de um buraco o qual talvez jamais conseguisse sair. Ela sequer hesitou em se mudar de país quando a oportunidade surgiu, se sentiu tão incrivelmente aliviada por poder focar em algo para tirá-la de um momento triste em sua vida. O foco em sua carreira foi o que a manteve viva quando tudo parecia perdido, foi o que deu a sua vida cor novamente.
Ameiko amava a Roma com todo seu coração. Poderia facilmente passar o restante de seus dias naquele lugar incrível, vivendo ao lado das amigas italianas que havia feito durante aquele tempo, andando por aquela cidade encantada e comendo o melhor macarrão do mundo que pertencia a um pequeno restaurante do lado do apartamento que MeiMei dividia com mais três pessoas.
Ela teria feito exatamente isso, mas a vida sempre tivera planos diferentes para MeiMei. Em uma oportunidade imperdível de dançar em uma grande companhia, MeiMei não hesitou em, mais uma vez, mudar de país. Não foi uma escolha difícil, no entanto. Por mais que amasse morar em Roma, jamais seria tão bom quanto morar em seu país natal. Então, quando o convite surgiu, MeiMei não pensou duas vezes antes de escolher voltar ao Japão.
O coração dela estava acelerado enquanto empurrava o carrinho pelos corredores em busca da saída, carregando consigo malas tão lotadas que pareciam prestes a explodirem. Ela não se importava com isso; estava ansiosa demais para ver as pessoas que havia deixado quando se mudou definitivamente de país. A última vez que estivera ao Japão, havia sido quando terminou com Ojiro há praticamente um ano e meio. Havia uma saudades em seu peito quase prestes a explodir, e era nisso que MeiMei se apegara enquanto respondia uma mensagem de seus pais, prometendo ir o mais rápido possível visitá-los.
O tempo longe de seus amigos era a pior parte de se mudar para longe. Ainda assim, diferente de Alaina, MeiMei nunca esteve de fato distante. Por mais que o termino com Aran tivesse a despedaçado de milhares de maneiras possíveis, mesmo que estivessem separados por um oceano, jamais havia deixado de ser apoiada por cada um de seus amigos. E, assim que saiu e finalmente os viu bem ali, esperando ansiosamente por ela, MeiMei não conseguiu evitar o sorriso imenso em surgiu em seu rosto, largando para trás todas as malas enquanto corria para a pessoa mais perto.
-Kiki! - o sorriso de MeiMei era imenso enquanto puxava para um abraço apertado sua amiga mais antiga. Ela conhecia Kimiko desde que se entendia por gente, muito antes de Alaina aparecer e trazer Emma consigo, que consequentemente trouxe Annabeth. Kiki era sua alma gêmea, e MeiMei estava com tantas saudades que poderia esmaga-la naquele abraço. Kiki percebeu isso, pois deixou escapar uma gargalhada enquanto apertava sua amiga de volta.
-Finalmente você voltou, MeiMei. - Kiki disse, se afastando para fita-la por um instante. -E você sabe o que quero dizer, né? - ah, sim, ela sabia muito bem, motivo pelo qual fez uma careta, ainda escutando o discurso de chega de sofrer por homem idiota de Kiki.
-Ah, não enche. - MeiMei resmungou, se virando para ver Emma e Atsumu juntos, o casal de ouro. Com um sorriso sincero, MeiMei puxou os dois para abraços, fazendo com que dessem risada. Ainda era engraçado ver que logo os dois que mais se odiavam na época das escola haviam dado tão certo, mas MeiMei ficava feliz por eles. -Ems, senti a sua falta! De você nem tanto, Tsumu.
-Que piada, você acha que me engana com isso? - Atsumu riu e MeiMei deu um sorrisinho sarcástico para ele, erguendo o dedo do meio.
-Annie! - ela disse de forma animada, se aproximando da mulher e a abraçando com carinho. Annabeth deu a Ameiko um sorriso estranho, mas MeiMei estava tão empolgada de rever uma amiga antiga que sequer notou o como Annabeth estava tensa em sua presença, parecendo querer dizer algo, mas não sendo capaz de fazê-lo. -Você continua incrivelmente gata, isso deveria ser considerado um crime a humanidade. Podia desistir do namorado e ficar comigo, né?
Diferente do que MeiMei esperava, no entanto, Annabeth não riu, fazendo a Suzuki franzir o cenho em confusão. Desde que haviam se tornado amigas, anos atrás, os falsos flertes haviam se tornado uma brincadeira idiota entre elas, mas também algo divertido. Agora, parecia estranho, e Ameiko não entendeu exatamente o motivo. Será que agora que estavam mais velhas, Annabeth achava aquilo infantil demais? Ameiko abriu a boca pars perguntar, mas suas palavras morreram quando olhos amarelo-acinzentados surgiram em seu campo de visão.
Rintarou Suna estava a olhando intensamente e MeiMei se esqueceu de todo o resto enquanto fitava seu melhor amigo. Era impossível para ela não sorrir em finalmente vê-lo depois de tanto tempo, pois Rin era para ela a mesma coisa que Harry era para Hermione. E ela não hesitou antes de soltar Annabeth e permitir que Rintarou a puxasse para uma abraço tão forte que quase a fez chiar.
Ela sentiu o cheiro do perfume forte que ele usava desde a época que eram adolescentes, quase soltando uma risada ao se deparar que ainda lembrava o nome da fragrância enquanto agarrava a camiseta de Rintarou, abraçando ele apertado.
-Oi, Mei. Senti sua falta. - Suna sussurrou contra seu ouvido, fazendo MeiMei sorrir.
Ela se afastou de Rintarou, preparada para lhe dizer o quanto também havia sentido sua falta. Mas suas palavras se perderam no meio do caminho quando MeiMei notou o olhar de Annabeth sobre eles, vendo o como a mulher parecia incrivelmente frustrada. Aquilo fez MeiMei recuar alguns passos; sim, tinha algo errado e ela não sabia dizer exatamente o que era, mas Annabeth era a namorada de Rintarou e claramente estava incomodada com algo. Será que os dois tinham brigado e esse era o motivo pelo qual Annabeth estava incrivelmente estranha? Faria sentido, já que Annabeth nunca tivera ciúmes da amizade de Rintarou e Ameiko. Era a única explicação que MeiMei conseguiu encontrar, principalmente quando notou que Suna evitava olhhar para a mulher parada há poucos metros deles.
-Podemos ir agora? Estou morrendo de fome! - Kiki disse, livrando MeiMei daquela situação, notando o clima estranho. MeiMei a agradeceu silenciosamente por isso.
Mesmo com o desconforto daquela situação, MeiMei prontamente ignorou isso enquanto caminhavam juntos e rindo em direção ao carro de Atsumu. Emma estava dizendo o como era difícil namorar uma pessoa insuportável como Atsumu, fazendo o levantador soltar gritinhos indignados enquanto Kiki zombava de ambos por serem um casal tão irritante. Ameiko não conseguia parar de sorrir; por mais que amasse Roma com todo seu coração, não tinha nada daquilo ali. Não existia uma família melhor do que aquela que havia construído ao lado de seus melhores amigos no mundo inteiro, mesmo que fosse totalmente caótica.
O caminho até a casa de Osamu e Rintarou, no entanto, foi um tanto quanto desconfortável para MeiMei. Kiki tinha dito que tinha ido até lá de moto e foi a primeira a ir embora enquanto Atsumu ainda tentava colocar as malas de Ameiko no porta-malas, soltando xingamentos até Emma cansar de vê-lo agir como tolo e arrumar a bagagem da maneira correta para entrar. O problema era que, quando todos entraram finalmente no carro, de alguma forma, MeiMei fora parar sentada entre Annabeth e Rintarou.
Sim, tinha algo mesmo muito, muito estranho, pois nenhum deles parecia ser capaz de olhar nos olhos um do outro, deixando MeiMei incrivelmente desconfortável. O que diabos sequer estava acontecendo e porque precisava ficar no meio daquele caos entre seus amigos? Se não estivesse bem no meio, Ameiko já teria aberto a porta do carro e saltado para fora, mesmo que estivessem em movimento.
-Você tem falado com a Lala, MeiMei? - Emma perguntou, talvez em uma tentativa de quebrar o gelo. Assunto errado; Atsumu bufou e revirou os olhos, claramente odiando o tópico já que havia começado a odiar Alaina desde o momento em que Osamu e ela haviam terminado, alguns anos atrás, mesmo que claramente ainda fosse uma dor muito recente para ambos. Ainda assim, Alaina ainda era amiga deles, e se até mesmo Osamu ainda mantinha contato com a cantora e dançarina, porque deveriam se importar com o drama sendo feito por Atsumu?
-Mais ou menos. - MeiMei admitiu. -Ela anda meio ocupada com a produção de um novo álbum. Acho que está pensando em fazer algo em conjunto com Aaron River, seria meu sonho!
-Aquele cantorzinho péssimo? Ela ficou toda amiguinha dele desde que virou uma cantora famosa, né. - Atsumu disse, a voz cheia de maldade. Ele soltou um gritinho ao ser beliscado por Emma, que disse um baixo "agora não", mas não baixo o suficiente para que Ameiko não escutasse, a fazendo rir baixinho.
-Você é fã dele, não é, MeiMei? - Annabeth perguntou, se virando para fitar MeiMei. -Alaina e ele são bem próximos, pelo que a mídia mostra. Porque não pede para ela te apresentar para ele? Quem sabe até não rola algo entre vocês, vai saber.
Era estranho escutar Annabeth dizer aquilo, mas MeiMei se contentou em apenas fazer uma careta para Annabeth. Por mais que MeiMei fosse apaixonada pelas músicas de Aaron River e sua fã número um, ela supunha que era bem diferente de querer ter um encontro romântico com ele.
Não tiveram tempo de dizer mais nada, pois logo chegaram a casa de Osamu e Suna. MeiMei estava incrivelmente feliz, aquele assunto e a esquisitice sendo deixada para trás, pois MeiMei só conseguia pensar no almoço que sabia que Osamu tinha feito especialmente para ela. Ah, sim, ela definitivamente tinha sentido falta do Japão.
-Agora você vai conhecer a casa do meu irmão traidor que ao invés de ir morar comigo escolheu o idiota do Rin. - Atsumu resmungou, infeliz, arrancando uma risada de Ameiko.
-Não posso fazer nada se sou claramente melhor que você. - Rin retrucou, dando de ombros como se não fosse nada demais, ignorando a expressão de indignação de Atsumu.
MeiMei ainda estava rindo quando entraram na casa de Suna. Ainda estava rindo quando passaram pela porta, entrando em uma sala incrivelmente aconchegante e bonita. E o sorriso ainda estava em seu rosto quando os olhos caíram nas pessoas ao lado de Osamu no sofá. Mas especificamente naquele que tinha um convite estendido na direção de Osamu, com letras tão grandes que MeiMei era capaz de ler mesmo estando relativamente longe.
Era um convite de casamento, não havia dúvidas quanto aquilo.
E a pessoa a entrega-lo como um convite a Osamu era Aran Ojiro.
Seu ex noivo.
Data: 27/10/24
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