Capítulo 03
Presente
Três anos.
Eu passei maldito três anos procurando por essa garota, para nossa distância estar em quilômetros. Suspiro, tentando relaxar os ombros, fingir ser o tal Nicholas Ford não estava em seus planos, mas o amigo queria abandonar a escola logo e isso caiu como uma luva para Lare.
Já tinha se formado, há muito tempo. Então começar em uma escola onde apenas uma o conhecia foi extremamente fácil.
Lare Harvey, Lare Faythom, Lare Aleksander Harvey Faythom. Eram tantos nomes que impossibilitava o uso de todos, passariam anos apenas decidindo qual escolher para chamá-lo porém existia um que ele adorava, um que o aquecia por dentro.
Lare, o ênfase no "ré", se estiver se perguntando o motivo, ele atravessava a porta com um sorriso para ir para casa, cercado por amigas. Cabelo castanho chocolate, pele pálida e suave, olhos sexy azuis e um sorriso que o deixaria de joelhos em poucos minutos. Não foi a intenção dela estar em Montgomery, estar ali, droga, estava feliz em North West.
Encarou o pequeno motivo correndo para o carro que dirigia. Tão diferente, pensou. As roupas largas e a bagunça que ele adorava em seu cabelo havia desaparecido. Cyrus se apoiou contra a porta do carro dele, a atenção de Lare se voltou para outra cena que tinha certeza de que não veria tão cedo.
Faith entregando uma das famosas rosas violetas para Madison Ledger, que recusou educamente dando a volta por ele sem se importar com a decepção em seu olhar.
─ Ele ataca novamente. ─ Comentou Cyrus de forma casual, Lare procurou entre o mar de pessoas o irmão de Madison, seu amigo também. A lição que a Levent preparou para o time de lacrosse seria realizada naquela noite e imaginou se não se aplicaria a Faith, era impressionante como o outro amigo se mantinha cego.
Lare ainda se sentia dividido entre o que achava que era seu dever e o que o coração insistia em dizer. Três anos. Como o tempo pode parecer tão longo e, ao mesmo tempo, tão rápido? Ele suspirou novamente, tentando afastar as lembranças e focar no presente.
Tentando apagar a lembrança de anos atrás.
Madison Ledger passava por ele sem nem perceber sua presença, seguida por Delilah Forest o que significava que Quinn provavelmente estaria escondida em algum lugar, ou simplesmente ignorando a sua existência como fez por malditos três,quatro anos e isso só aumentava a frustração que ele tentava esconder atrás de uma expressão calma.
── Faith nunca aprende, não é? ── comentou Cyrus, cruzando os braços enquanto observava a cena. Lare não respondeu imediatamente. Estava ocupado demais observando os pequenos detalhes ao seu redor - o jeito que Madison desviava o olhar, a forma como Faith insistia em algo que já estava perdido há muito tempo. Era como observar um reflexo do seu próprio passado. Só que Madison não era Quinn, não era uma garota apaixonada por literatura e rebelde que adorava atormentar sua vida apenas respirando perto de seu pescoço.
── Ele ainda acha que pode mudar as coisas com flores e gestos vazios ─╴, Lare finalmente disse, com um tom levemente ácido. ── Como se uma rosa pudesse apagar a distância e o silêncio.── resmungou amargo.
Cyrus riu, um som curto e sem alegria. ── E você? O que acha que vai apagar os seus três anos? O que acha que ela fará agora que você está de volta? ── o divertimento em seu olhar o irritou.
A pergunta pairou no ar por alguns segundos, pesada e carregada de significados.
── Foi ela que fugiu. ── constatou de forma fria.
── E qual foi o motivo do afastamento de vocês dois?
Lare evitou o olhar de Cyrus, fingindo ajustar o retrovisor do carro. Ele não tinha uma resposta. Pelo menos, não uma que quisesse admitir.
No fundo, ele sabia que a mudança em Quinn não era o que o perturbava. Não eram as roupas, o cabelo ou o novo círculo de amigos. Era a sensação de que ele havia sido deixado para trás, de que tudo havia continuado sem ele. E pior: que talvez Quinn estivesse feliz com essa nova vida.
── Vai me dizer o que está passando pela sua cabeça ou vai continuar fingindo que está tudo bem? ── , Cyrus perguntou, mais sério dessa vez.
── Não há muito o que dizer ── , Lare respondeu, finalmente encarando o amigo. ── Ela mudou. E eu também.
Cyrus levantou uma sobrancelha, incrédulo. ── Isso é tudo? Três anos e é assim que você vai deixar as coisas?
── Não é assim tão simples.──Lare passou a mão pelos cabelos, frustrado. ── Eu não sou mais quem ela conhecia. E, honestamente, talvez isso seja o melhor. Talvez eu deva deixá-la seguir em frente.
Cyrus soltou uma risada curta, sem humor. ──E você acha que vai conseguir seguir em frente? Três anos procurando por ela, e agora que está a poucos metros de distância, vai desistir?── Cyrus o conhecia melhor do que ninguém, pensou. ─ Ela mudou, cara. Se é que isso é uma surpresa. Você também não é mais o mesmo ─ Cyrus observava a cena com uma calma que irritava Lare profundamente. ─ Três anos. Você acha mesmo que as coisas vão voltar a ser como eram? Ou você quer se agarrar a uma ideia de quem ela foi?"
Lare ficou em silêncio, incapaz de responder. A verdade era que ele não sabia o que queria. Parte dele ansiava por recomeçar, por tentar novamente. Mas outra parte - a parte que conhecia a dor do passado - dizia para ele deixar tudo para trás, antes que se machucasse ainda mais.
── Você vai falar com ela?─ , Cyrus perguntou, quebrando o silêncio entre eles.
─ Não hoje ─ , Lare respondeu rapidamente. ── Não agora.
Mas, no fundo, ele sabia que o tempo estava se esgotando. Ele não podia mais adiar o inevitável. E não demoraria muito para que a escola percebesse que ele não era Nicholas Ford.
No entanto, não foi preciso nada.
Foi então, que ao longe, atravessando o estacionamento para a parte mais afastada, olhando ao redor em cada passo que dava, sua pequena estrelinha se aproximou. Antes que as palavras deixassem sua boca, ela já falava, perigosamente perto dele.
── O que pensa que está fazendo aqui? ── a fúria contida em sua voz transpareceu, parecendo carregar ainda mais ao redor deles. Cyrus se afastou brevemente, deixando apenas os dois e a tensão pesada no ar.
── Bom te ver de novo também. ── sussurrou, cruzando os braços, observando as sobrancelhas de Quinn se franzirem, o peito subindo e descendo rapidamente.
── Nicholas Ford. Por favor, como passou de ano ? Ainda me lembro que você era um babaca. ── o desdém pingava em sua pergunta. A encarou sem saber o que fazer, os olhos percorrendo cada detalhe do rosto que desejou ver por três longos malditos anos.
Mas nada daquela garota de três anos atrás restou, o olhar que antes brilhava ao vê-lo agora era furioso, não havia mais sorrisos e por mais que não quisesse demonstrar nada pode fazer.
─ Quando? ─ a voz extremamente baixa e perigosa. ── Ou melhor, como? Seu pai finalmente te expulsou de casa?
Desviei meu olhar incapaz de encará-la. Sentindo a vergonha corroer meus ossos, não admitiria que a procurei por três longos e incansáveis anos, quatro se contasse que completou na semana passada o tempo de seu desaparecimento. E o fato dela acreditar que era Nicholas deixava tudo pior.
Enquanto isso, Faith continuava a observar Madison de longe, o olhar carregado de uma tristeza que ele nunca admitiria. Lare sabia que, para o amigo, aquela rosa não era apenas um símbolo de afeto, mas de algo muito maior - de uma esperança desesperada que ele não conseguia largar. Queria não se sentir assim, a coisinha furiosa que sua antiga melhor amiga tinha se tornado o atormentava.
E o desespero de nunca mais conseguir se libertar dessa sensação de desespero o frustava.
── Não sei do que está falando. ── virei o rosto.
Podia sentir o olhar dela queimar seu peito, como se ela o estivesse tocando, como se estivesse novamente no passado, apenas os dois sozinhos.
O atmosfera ao redor parecia pesar, foi então que notei o uniforme ridículo de torcida nela. A garota de anos atrás nunca usaria algo daquele jeito, uma roupa que mostrasse muito o corpo porque odiava ter que provar algo usando o corpo.
Você não gosta de usar saias? Mas adora as garotas do seus livros, não quer ser igual a elas?
Sim, mas no momento em que ninguém mais me considerar esquisita.
As palavras ecoaram em sua mente, uma memória dolorida de um passado que ele queria de volta, porém um nome falso não faria isso.
Então fixei seu olhar no meu, o azul profundo o analisando como se visse sua alma, algo repuxou dentro dele.
─ Líder de torcida? Não é você. ─ comentou de forma casual tentando quebrar o silêncio entre os dois porém só deve ter aumentado o ódio dela.
Quinn bufou, empurrando o cabelo para o lado. Como se desacreditasse em suas palavras.
── Tatuagens? Não combinam com você Ford . ── ele deu um passo ameaçador para frente.
Era como olhar para uma estranha, uma desconhecida. A garota que ele conhecia, a garota que procurou por um tempo longo, a garota que amava discutir sobre filosofia e literatura havia sumido. Que odiava roupas apertadas, e o conceito do que significava ser popular agora parecia uma versão fria, superficial e distante de tudo que um dia disse odiar. A viu naquela manhã, cumprimentando a todos e agindo como mais uma das garotas que ele detestava encontrar.
O uniforme de torcida, a maquiagem pesada, nada mais fazia sentido. Foi como se a Quinn que um dia conheceu tivesse morrido e sido substituída por algo que ele não conseguia reconhecer. Ou pior, algo que fez algo tremer dentro dele, alguém que ele não tinha mais o direito de conhecer.
── Quem pensa que é? Por que voltou? ── as perguntas eram carregadas de emoção. Quinn avançou, o cheiro que ele adorava nela ainda presente, pelo menos uma coisa não mudou, então as palavras amargas vieram. ── Acha que pode fingir ser outra pessoa, acha que pode ... Eu te conheci Nicholas, eu sei que você é vazio, um valentão.
O ódio manchava cada palavra. Ela me odiava, tinha o direito de me odiar,ou melhor, Nicholas. O amigo tinha feito bullying com ela e mesmo que quisesse bater nele por isso precisava de uma identidade falsa. E nem se pudesse voltar no tempo imaginava que poderia apagar esse ódio. Lare deu mais um passo em direção a ela, seu olhar fixo no dela, desafiando-a a recuar. Mas Quinn não se mexeu, os olhos azuis ardendo de fúria. Havia apenas alguns centímetros entre eles agora, e ele podia sentir o calor que emanava do corpo dela. Um calor que o consumia e ao mesmo tempo o mantinha à distância
── Por que fingir, então? Esse uniforme de torcida é ridículo. ── rebateu sem conseguir se conter.
Aquela garota não era a Quinn Delle Jane, não era a garota que desenhava carinha sorridentes em suas mãos para que conseguisse dormir direito, não era a garota que na primeira guerra de bolas de neve o atingiu na cara e ficou rindo enquanto ele estava no chão.
Tentou perguntar uma vez. Perguntar o porquê dela ter desaparecido. Mas antes que as palavras pudessem sair de sua boca, a frustração e o orgulho o calaram. O que Quinn enfrentou nesses três anos? E por que ela estava tão distante, tão furiosa? Havia algo além do orgulho ferido e das brigas de adolescentes. Algo mais profundo que ele ainda não conseguia entender.
Balançou a cabeça, vendo como o uniforme de torcida se agarrava a cada curva do corpo dela, a tudo ela tentou esconder por anos debaixo de roupas largas.
── E mesmo assim você não para de encarar o meu corpo. ── rebateu quebrando o silêncio. Se aproximando até que o hálito batesse contra seu rosto.
Havia uma noite, em uma tarde chuvosa, em que os dois haviam se abrigado debaixo de uma pequena marquise de uma livraria. Ela falava sobre seus sonhos - escrever um livro, viajar o mundo, provar que podia ser alguém sem seguir as expectativas dos outros. Lare se lembrava do sorriso dela, de como ele acreditou em cada palavra. Agora, olhando para ela, ele não via mais aquele brilho nos olhos. O que tinha acontecido com os sonhos dela? Com a garota que um dia conheceu? Ah, ele sabia, a memória gravada em sua alma como um tipo de tormento especial, somente dele.
As palavras de Quinn ecoavam na minha cabeça, atravessando meu peito como lâminas afiadas. Fiquei ali, parado, observando-a se afastar, cada passo dela abrindo um buraco maior no chão sob meus pés. Não, aquilo não estava acontecendo. Não podia estar. O medo tomou conta de mim.
Minhas mãos tremiam, os músculos dos ombros contraídos de tensão, e o nó na minha garganta era insuportável. Eu queria correr atrás dela, segurá-la, fazê-la entender que nada daquilo era o que parecia. Mas, como explicar algo tão confuso? Como justificar uma traição que nem eu mesmo entendia?
── Quinn por favor. ── supliquei, esperando que algo mudasse.
Vi Quinn correndo em direção à porta, seus movimentos desesperados, os olhos ardendo de dor. E foi naquele momento que senti a certeza esmagadora de que, se eu a deixasse ir, nunca mais teria uma segunda chance. Então, gritei, tentando encontrar qualquer vestígio da conexão que tínhamos:
── Você não pode fugir de mim!
Ela hesitou por um segundo, mas foi o suficiente para que a minha voz afundasse ainda mais dentro dela, como uma semente de algo que eu não conseguia nomear. Eu podia ver o dilema nos olhos dela, a batalha interna entre acreditar no que ouviu e o que sabia sobre mim. Ela realmente podia me perdoar? Algum dia faria?
Mas, a verdade? Eu não sabia como desfazer aquilo. Eu não sabia como consertar o que tinha quebrado. As palavras dela, a raiva, a mágoa... tudo aquilo estava ali porque eu a decepcionei. Porque, de alguma forma, eu me tornei o tipo de pessoa que ela sempre teve medo de se aproximar. O tipo de pessoa que a feria.
Tudo estava acabado, a nossa amizade, o que tinha acontecido noite passada, não haveria palavras para mudar o que Quinn tinha escutado.
O ginásio ficou mais frio e mais vazio quando ela finalmente atravessou a porta, me deixando sozinho com o eco das nossas últimas palavras. Aquele momento, aquela despedida amarga, era como se o mundo tivesse mudado para sempre. Mal sabia que não a veria por um longo tempo depois, que não conseguiria alcançá-la.
Mas havia algo que eu sabia: Quinn podia correr, podia tentar escapar de mim, mas eu nunca a deixaria ir completamente. A intensidade dos meus sentimentos por ela era maior do que qualquer erro que eu pudesse ter cometido. Qualquer coisa que pudesse ter tido, quando enfim o peso caiu sobre mim, foi como se tivesse desaprendido a respirar.
A dor lancinante em meu peito, a atmosfera pesada quase dolorosa, uma tortura ao meu redor. Precisávamos conversar, precisávamos resolver as coisas.
Eu precisava dela.
E aquilo, de alguma forma, me assustava.
Não recuei.
O peso das palavras me atingindo, como se em algum momento o que fosssemos antes tivesse se perdido.
── Você se tornou uma megera.
Seu peito subiu e desceu rapidamente. A respiração ofegante e quase descontrolada quando um sorriso passou por seus lábios.
── Pelo menos não sou mais esquisita. ── as palavras foram como um soco em seu estômago. ── Pelo menos agora sei me defender, de tudo e... De você.
Sentia seu coração acelerar com cada palavra de Quinn. A raiva nos olhos dela o perfurava, e ele mal conseguia respirar sob o peso do ressentimento. Ele sabia que tinha cometido erros no passado, mas vê-la tão diferente, tão cheia de ódio, era como encarar um reflexo distorcido de tudo que ele amava nela.
Quinn não era mais a mesma, e ele também não. O tempo tinha mudado tudo, exceto o desejo incômodo de entender o que realmente tinha acontecido entre eles. Mas ali, naquele estacionamento, com o cheiro familiar e a tensão entre os dois quase palpável, Lare sabia que não seria fácil encontrar respostas.
Ela deu mais um passo em sua direção, os olhos ainda em chamas. A proximidade o fazia lembrar de outros tempos, mas nada disso era confortável agora. Era sufocante.
── Você não tem o direito de voltar assim, Nicholas. ── A voz dela era um sussurro amargo. ── Não depois de tudo.
Lare suspirou, lutando contra o turbilhão de emoções que ameaçava explodir dentro de si. Ele sempre foi bom em esconder o que sentia, mas com Quinn, as barreiras nunca funcionavam direito. Ela o via, mesmo quando ele tentava se esconder. Mas, agora, tudo parecia diferente. Ele não sabia mais como alcançá-la.
── Eu voltei porque... ── ele hesitou, as palavras presas na garganta. ── Porque eu precisava te encontrar.
A expressão de Quinn não suavizou. Na verdade, as palavras dele pareceram deixá-la ainda mais furiosa.
── Precisava? Depois de três anos? ── Ela deu uma risada amarga, passando a mão pelos cabelos com impaciência. ── Sabe, sem você eu vivi os melhores anos da minha vida, não precisei me apegar a personalidade e a aparência como você ditou para mim. Para a moleca que um dia fui por sua causa.
Ela estava certa, claro. E isso o irritava ainda mais. Ela havia desaparecido, sim. Fugido, até. Mas não por falta dele querer estar ao lado dela, e sim porque não sabia como lidar com o que sentia. Pelo o que aconteceu.
── Eu não... ── Ele começou, mas as palavras falharam. Como ele poderia explicar algo que nem ele mesmo entendia completamente?
Quinn o encarou por mais alguns segundos, antes de balançar a cabeça em descrença.
── Eu não sou mais aquela garota que você deixou para baixo Ford. ── Ela disse, a voz um pouco mais baixa, mas ainda carregada de emoção. ── E talvez seja melhor assim.
Ela se virou para sair, mas Lare, sem pensar, estendeu a mão e a segurou pelo pulso.
── Quinn... ── Ele começou, a voz rouca com o peso de tudo que ele queria dizer, mas não conseguia.
Ela parou, mas não olhou para trás. Por um momento, o silêncio entre eles pareceu preencher todo o espaço ao redor, como se o mundo tivesse parado de girar. Então, ela puxou o braço, livrando-se do toque dele, e continuou andando.
Lare ficou parado, observando-a se afastar. Sabia que essa conversa não seria a última. Mas, pela primeira vez, ele não tinha certeza se ainda havia algo que pudesse consertar entre eles. Tudo o que queria estava acabando de passar por seus dedos.
Dessa vez não tinha concerto.
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