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Capítulo 23

    Aquelas eram as memórias que Ella não tinha daquela noite. Esforçara-se durante todos os anos que estivera nas masmorras para se lembrar de qualquer coisa, algo que provasse a sua inocência e fizesse a mãe amá-a novamente mas por mais que tentasse, nada existia. A noite em que Nadika morrera não passava de um vazio na sua mente. A única coisa que se lembrava era do corpo da irmã estendido e ensanguentado deitado naquela maldita árvore e dos seus próprios braços cobertos de manchas negras, fruto da Magia Negra que não se lembrava de usar.

    A memória desenrolava-se de forma natural à sua frente. Lá estava Nadika, o rosto inchado de chorar, ajoelhada junto do Nemeton como se rezasse. E lá estava uma Ella mais nova, com o seu olhar ingénuo e brilhante de perspicácia, aproximando-se devagar da pessoa que mais amava no mundo.

- O que aconteceu, mana?- perguntou a Ella da memória, ajoelhando-se junto da irmã.

- Ell, não devias estar aqui.- respondeu Nadika, afagando o cabelo da irmã- Não é suposto virmos ao reino humano, lembraste?

    Ella encolheu os ombros.

- Eu só te segui.- olhou em volta, analisando a floresta onde estavam com atenção - E não tem aqui nada de diferente do que já vi no reino das fadas. Na verdade, acho que o nosso mundo é mais bonito que este.

    Nadika assentiu, reprimindo as lágrimas que afloraram aos seus olhos assim que a mais nova disse a palavra "nosso".

- Este é o teu mundo, Ell.- disse Nadika, sem se conter- E alguém da tua família acabou de falecer.

    Ella virou o rosto para a mais velha, os olhos assustados.

- Quem?! A mãe está bem, não está? E Alya? Nad, estás doente??!

    A mais velha abanou a cabeça, querendo dizer a verdade à irmã. Infelizmente, não podia. Não era esse o seu papel. Com pesar, abraçou a irmã de lado, balbuciando o que lhe veio à cabeça para  reconfortar. O coração da mais velha doía com a partida da sua melhor amiga e olhar para Ella fazia essa dor aumentar. Ella era tão parecida com Claudia que doía. Como é que Lilith fora capaz de fazer o que fez?

    Passos atrás delas fizeram-nas voltar-se, em sobressalto. Uma mulher dirigia-se para as duas, analisando cuidadosamente o rosto da mais nova. Nadika pôs-se de pé, posicionando-se à frente de Ella, cujo corpo retesou-se com medo. A mulher era horrorosa, com o rosto retorcido como se tivesse queimado, os olhos fitando ambas as fadas sem vida.

- Ella, corre. - disse Nadika, em posição de ataque - Vai!

    Mas Ella não correu. Num piscar de olhos, o monstro tornou-se numa bela mulher de cabelos negros e olhos azuis, cujo movimento foi tão rápido que nenhuma das fadas se apercebeu. Como que em câmara lenta, tanto a Ella da memória como a Ella real observaram o corpo de Nadika cair no chão coberto por erva, o som do impacto abafado pela mesma. A Ella mais nova ajoelhou-se junto da irmã, olhando com pavor para a criatura à sua frente, que sorria maliciosamente.

- Desculpa querida, mas foram ordens superiores.- disse Jennifer Blake - Um dia, vais agradecer-lhe. Nem todas são escolhidas para ser a Rainha dele, boneca. Aproveita.

    A Darach afastou-se, sem qualquer expressão no rosto, deixando uma Ella apavorada junto do corpo da irmã degolada. A fada chorava, abraçando a irmã sem se importar com o sangue que lhe manchava as vestes.

- Por favor, Nad, por favor...- a menina dizia, a voz a tremer de dor e sofrimento- Por favor, volta para mim...

    A fada gritou. A pessoa que mais amava no mundo estava morta, degolada por uma qualquer selvagem que ela nem tinha tido coragem de atacar. Ella não tinha mexido um dedo para proteger a irmã, ao passo que Nadika morrera a protegendo a ela.

    Algo dentro de si morreu. O rugido que lhe escapou da boca era grotesco, demasiado selvagem para uma menina tão nova e inocente.

   A Ella real chorava sem se aperceber. A rainha das fadas também, com os joelhos caídos e lamuriando-se baixinho. Apenas o Rei sorria, sabendo o que vinha a seguir.

    A inocência de Ella fora quebrada antes das torturas. Antes da sua mãe sentir ódio pela filha do meio. Fora antes disso.

    O coração de Ella quebrara quando vira o corpo da irmã tombar no chão, sem ter podido fazer nada. As palavras escaparam-lhe da boca sem se aperceber. Algo dentro dela acordara, uma força que vinha da dor e do sofrimento, algo que invadia o seu corpo como uma cobra, rodeando-a e sufocando-a.

    As palavras não funcionariam, apenas vinham da mente de uma fada adolescente quebrada pela Morte. A Morte nada podia fazer, não trazia almas de volta mas até ela teve pena da fada.

    Manchas negras assolaram o corpo jovem de Ella e as palavras cessaram. A Ella real fitou os olhos cor de carvão da Ella da memória, vendo nada mais nada menos que uma garota que entoara um feitiço de ressurreição sem se aperceber do seu erro ou sequer de como tinha aprendido aquele feitiço. Diante de si, estava uma menina antes pura transformada em algo que não era. Ella não era Má, nunca fora.

    Ninguém acreditara em si, recordou. Lilith renegara-a. Alya recusara-se a visitá-la nas masmorras e a ouvi-la. A autora de todas as torturas que sofrera era a própria mulher que tanto a embalara quando era nova e com quem tantas vezes brincara. Nem o bando acreditara. Stiles, o seu irmão que nem sonhava que tinha, não acreditara. Isaac por vezes não acreditava, tinha a certeza disso.

- Porquê eu?- perguntou a Ella real, vendo a Ella da memória sucumbir inconsciente no chão, o trauma de tal maneira forte que a sua própria mente decidira apagar por completo aquela cena - Porquê me escolheste a mim?

- Pela mesma razão que o teu irmão abriu as portas do Submundo, querida.- disse Lucifer, aproximando-se da fada- Aquela Darach, Jennifer, estava incumbida de matar a tua irmã mas não foi com maldade. Era a única forma de te quebrar, pequena Ella. - o homem encolheu os ombros, olhando de forma desprezível para Lilith, que soluçava - Lilith nunca te amou, então não tinhas uma mãe. A pequena Alya mal te conheceu para te amar.

- Tinha que ser Nadika.- concluiu Ella, fria.

    A fada entendeu. A melhor pessoa para se tornar Má é aquela que é tão Boa que nada a quebra. Ella nunca fora ambiciosa, maldosa ou injusta com ninguém. Embora não fosse amada pela mãe, nunca sentira outra coisa pela mulher que não fosse respeito e carinho, mesmo com o desprezo que esta lhe dava. Ella era uma menina gentil e bondosa, sempre o fora. Era uma alma pura e era isso que Lucifer precisava.

- Quando a tua avó fugiu do reino das fadas, eu sabia que estava na altura de haver uma mudança no mundo. Eu e os meus Abandonados fomos banidos durante muito tempo, sem poder contactar com fadas, humanos ou qualquer outra criatura.- disse Lucifer, afagando-lhe a bochecha - Ao visitar os sonhos de Lilith, algo que faço com frequência...- acrescentou o Rei, com um sorriso malicioso - Descobri o seu desejo de unir os mundos e reinar todos eles. O motivo dela era nobre, não nego, mas não era digna de tal poder. Já eu, sou o Rei ideal para liderar seres imundos como os humanos ou aqueles cachorros com que tu te davas.

    Lucifer fez uma pausa, observando a memória de Ella enquanto a menina era arrastada pelas fadas e torturada durante anos.

- Era necessário algo muito raro para abrir os portões. Quando os fechou, Morgana entregou a sua magia há Mãe Natureza, um sacrifício raro e único que selou a passagem entre reinos de forma eficaz. Eu precisava de algo tão raro quanto e não existe nada mais raro do que o sangue que te corre nas veias, pequena Ella.

    O Rei aproximou-se da sua Rainha, que não se afastou, o rosto sem expressão ainda preso à memória.

- A tua mãe era uma humana pura mas quando deu à luz, tu vieste... Toda tu eras sangue mágico, com as tuas orelhas pontiagudas e o teu brilho na pele. Depois, nasceu o teu irmão, um humano também ele puro mas ainda assim, com alguns vestígios desse brilho que vos torna criaturas únicas.- o homem aproximou-se do ouvido da fada, que parou de respirar - Foi por isso que te escolhi. Tu és única e o teu potencial... É digno da Rainha que eu preciso.

- Era para ser eu...- balbuciou Lilith, caída miseravelmente longe dos dois - NÓS FIZEMOS UM ACORDO! SÓ SOUBESTE DA EXISTÊNCIA DELA PELOS MEUS OLHOS! EU É QUE PROTEGI O IRMÃO DELA PARA QUE ESTE DIA CHEGASSE, EU É QUE A RAPTEI E CRIEI PARA ESTE DIA, EU!!!

    Lucifer ignorou-a com um revirar de olhos, nada incomodado com a gritaria da fada mais velha. Seu único foco era Ella, que nada dizia. O rosto da mulher perdera toda a pouca cor que tinha, os olhos verdes fitando o vazio sem vida. 

    Ella pestanejou, vendo o seu corpo voltar ao mundo real. A sua mente estava enublada com tudo o que vira, a imagem de Nadika a ser assassinada passando pelos seus olhos uma e outra vez. Estava quebrada, percebeu por fim. Destinada a desvanecer-se na Escuridão, vítima de um jogo doentio que alguém podre decidira jogar. Por momentos, sentiu a raiva aflorar-lhe a pele, o sabor da vingança inundando-lhe a boca, os olhos virando-se para Lucifer com fúria...

    Tudo isso se desvaneceu ao sentir dores por todo o corpo. Num sufoco, Ella dobrou-se sobre si mesma, sendo apoiada por uns braços fortes e morenos que a apertaram contra si. A dor era enorme, como se tivesse sido espancada. Ella olhou à sua volta, confusa, pois não estivera em qualquer luta. Um gemido fugiu-lhe dos lábios ao ver o que lhe causava tanta dor, uma sensação de amargura atingindo-aa.

    O bando estava destruído e imobilizado. Enquanto estivera presa na memória, os Abandonados tinham invadido o reino humano e e possuído vários corpos, cada um deles maior e mais forte que o anterior. Tinham sido espertos ao escolherem os corpos, percebeu. Com rancor, Ella olhou para cada um dos membros do bando, todos eles presos pelas gargantas por Abandonados. Os lobisomens já se estavam a curar, embora as suas feridas tivessem sido profundas. Ao tocar nas próprias costelas, Ella sentiu uma dor aguda, sentindo os ossos de Scott irem ao sítio como se fossem os dela. Isaac também estava em mau estado, o desespero de alcançar Ella levando-o a lutar até ter uma lâmina espetada no peito que lhe falhou o coração por poucos centímetros. A dor no olhar de Ella foi o suficiente para os olhos azuis de Isaac passarem de desesperados a suplicantes, num pedido de desculpa silencioso, o qual a fada retorquiu com um olhar de ódio.

    Stiles e Noah eram os únicos que pareciam ilesos, junto com Chris e Lydia. Os humanos foram poupados por serem fracos demais para sequer tentarem fazer frente aos mortos vivos e Lydia tinha uma mão na sua garganta que a apertava com um pouco mais de força se a menina abrisse a boca, algo que ela não se atrevia. A outra rapariga do bando, Malia, rosnava de cada vez que o Abandonado que a segurava lhe passava a mão pelas costas numa sedução doentia, os olhos azuis brillhantes e agressivos da coiote fazendo-o retirar de imediato a mão.

    O bando nunca fora tão dizimado. No entanto, o pior era a expressão de sofrimento de Ella, que absorvia as suas dores injustamente, o seu corpo cobrindo-se de mais e mais cicatrizes que não lhe pertenciam, relembrando-a dos seus tempos nas masmorras e de todas as feridas e cicatrizes que até há bem pouco tempo tinha.

- Lamento que a tua mãe te tenha amaldiçoado dessa forma, querida.- disse Lucifer, os olhos dourados fixos no braço da garota, o desenho da bela árvore negra contrastando com a sua pele branca - Isso não fui eu que lhe disse, eu apenas sugeri que te entregasse à Magia Negra...

- Lilith não é a minha mãe.- rosnou Ella - E eu odeio-a. Odeio-os a todos.

    Noah sentiu o coração partir-se. A mulher que era a sua filha esquecida olhava-o com fúria, a sua alma quebrada tão visível. Ella não o via como pai. Ella não tivera pai nem mãe. Os olhos verdes pousaram nos azuis de Isaac, que tentava libertar-se para chegar a ela.

- Fica quieto.- rosnou-lhe, a voz a tremer - Ou quem sai magoada sou eu. Eu é que sinto todas as vossas dores. Não notam que nem vos dói tanto quanto devia? É A MIM QUE DÓI!

    O seu grito ecoou pela floresta. Ninguém lhe respondeu, as gargantas apertadas e os olhos de todos arregalando-se ao ver Ella se aproximar de Lucifer.

- Faz a dor parar.- a fada ordenou ao Rei, os olhos gélidos encarando o primeiro Abandonado com superioridade - Agora.

    E o Rei obedeceu à sua Rainha num assentir leve. Com um suspiro, Ella sentiu os lábios do homem nos seus e aquela dor que não era sua desaparecer, abandonando o seu corpo devagar. Um formigueiro no braço dizia-lhe que a marca da sua maldição desaparecera mas a fada não ligou. As Sombras saíram de si, unindo-se às Sombras do Rei das Trevas e Ella aprofundou o beijo, saboreando o gosto do Rei e entregando-se à Escuridão que sempre existira dentro de si e que renegara por tanto tempo. Uma sensação prazerosa fez a mulher arrepiar-se, os braços rodeando o pescoço do homem delicioso à sua frente, completamente entregue e ignorando a dor no peito do loiro de olhos azuis cujo coração se partia ao sentir que perdera novamente a mulher que amava.

    O Rei do Submundo sorriu vitorioso, saboreando o gosto da rapariga que se tornara por fim toda ela Má. O jogo chegara ao fim e, mais uma vez, ele era o vencedor.

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