55 - NERVOSISMO
Levante a cabeça para calar as vozes que tentam te silenciar"
Anônimo
Muito se ouve falar da importância dos patrocinadores, mas afinal eles realmente podem intervir a ponto de manipular uma competição?
A resposta gera controvérsias, pois sem os financiamentos dos patrocinadores, é pouco provável que existam tantos esportistas pelo mundo. Ainda mais se tratando de automobilismo, que é um esporte caro, mas muito caro mesmo.
Começando pelo valor de um carro de Fórmula 1, ele custa em média US$ 20 milhões de dólares, distribuídos de forma um tanto quanto curiosa.
Somente o motor não sai por menos de US$ 15 milhões e o restante dos valores distribuídos nas rodas, asas, chassi, sistemas de segurança e comunicação.
Cada carro de F1 é composto por cerca de 14.500 componentes individuais e cada um desses itens são feitos sob medidas por desenhos computadorizados usados para desenvolver as peças.
Ao contrário de muitas categorias, os veículos são completamente únicos para cada equipe, ao contrário da Fórmula 2, que tem um modelo padrão, ou mesmo da Fórmula 3, que tem um chassi definido.
Mas estamos falando apenas de maquinários, se vocês pensam que os gastos acabam por aí estão enganados, não adianta nada ter uma super máquina sem ter um piloto bem hábil a dirigindo.
Então, quanto custa para se tornar um piloto da Fórmula 1?
A carreira de piloto de corrida começa bem cedo, ainda criança e os gastos também.
O custo para manter um piloto dos 8 até os 14 anos gira em torno de 1.8 milhões de reais para conseguir participar de campeonatos nacionais e arcar com as despesas do Kart e de toda a equipe.
Subindo de categoria, temos a Fórmula 4. É o primeiro passo para quem quer sair do Kart e partir para competições internacionais.
Cada temporada da Fórmula 4 tem um custo aproximado de 1.9 milhões de reais por temporada. Partindo do princípio que os pilotos ficam no mínimo duas temporadas para conseguir vitórias significativas para subir de categoria, então serão mais dois anos ao custo de pelo menos R$ 3.8 milhões.
Logo após temos a Fórmula 3, em que são iniciadas as preliminares para a Fórmula 1, existindo contagem de pontos e os famosos olheiros para conseguir descobrir novos talentos. Cada temporada custa cerca de R$ 3.5 milhões e seguindo pelo mesmo princípio os custos serão dobrados, pois serão dois anos na competição, então some aí mais R$ 7 milhões na conta.
Depois temos a Fórmula 2. Aqui, em tese, é a última etapa para partir para a Fórmula 1. É onde o jogo político começa a ficar mais acirrado para conseguir boas pontuações e ter indicações para passar para a categoria acima. O valor de cada temporada fica por nada mais nada menos que R$ 8.2 milhões de reais.
Logo, para estar apto para pelo menos sonhar em entrar na Fórmula 1, o piloto precisaria desembolsar algo em torno de 6 milhões de dólares (cerca de R$ 32 milhões em valores atuais).
Isso tudo contando com que ele inicie no Kart com cerca de 8 anos de idade (ficando até os 14) e depois tenha a sorte de conseguir vitórias e boas pontuações para conseguir subir de categoria em apenas duas temporadas, um feito que poucos conseguem.
Jully, a personagem fictícia dessa obra foi uma exceção à regra.
No fim chegamos à consagrada e almejada Fórmula 1: o sonho de todos os pilotos do automobilismo mundial!
Mas saiba que, mesmo passando pelas vitórias por todas as outras categorias, não é garantia que o piloto será aceito na F1, pois eles precisam da chamada Super Licença (o "Green Card" do automobilismo mundial), que nada mais é que uma espécie de carteira de motorista específica fornecida pela FIA para a categoria o qual deixará o piloto habilitado para o topo do automobilismo a partir de um número mínimo de pontos nas categorias anteriores.
Qual o valor dessa "brincadeira"?
Não se sabe ao certo, mas os boatos são que a Super Licença custa por volta de 10 mil euros por ano!
Isso mesmo, assim como a nossa, a "CNH" do piloto de Fórmula 1 precisa ser renovada com a diferença da deles serem anualmente e num valor bem astronômico.
Assim que conseguirem esse "passaporte", o piloto precisará desembolsar um valor maior do que todo o período anterior de sua carreira. Isso porque uma temporada na Fórmula 1 não sai por menos de 25 milhões de dólares (cerca de R$ 135 milhões), isso em equipes menos vitoriosas.
Porém, a maioria dos pilotos não desembolsam esse valor. Eles geralmente usam sua visibilidade e fama para conseguir patrocínios e custear este valor base, que pode chegar a muito mais visto que ainda estará em aberto questões de logística, peças, salários, entre outros muitos custos de uma temporada da Fórmula 1.
Portanto, o mínimo que um piloto precisará desembolsar para iniciar aos 8 anos no Kart e para competir, depois dos 20 anos, na sua primeira temporada na Fórmula 1 será de mais ou menos 31 milhões de dólares (aproximadamente R$ 168 milhões).
Como conseguir isso sem os patrocinadores?
A resposta é simples: não consegue, só se for filho de um milionário como Nikita Mazepin (ex Escuderia Haas) que comprou sua vaga.
E se acham que agora acabou de vez está enganado novamente, vamos falar brevemente sobre os salários milionários dos pilotos da atualidade.
Essa lista é só uma estimativa de quanto ganham somente os pilotos da Fórmula 1 na temporada de 2022, de acordo com o Spotrac, uma das referências em análises financeiras do mercado esportivo:
•Lewis Hamilton (Mercedes): US$ 40 milhões
•Max Verstappen (Red Bull): US$ 25 milhões
•Fernando Alonso (Alpine): US$ 20 milhões
•Lando Norris (McLaren): US$ 20 milhões
•Sebastian Vettel (Aston Martin): US$ 15 milhões
•Daniel Ricciardo (McLaren): US$ 15 milhões
•Charles Leclerc (Ferrari): US$ 12 milhões
•Valtteri Bottas (Alfa Romeo): US$ 10 milhões
•Lance Stroll (Aston Martin): US$ 10 milhões
•Carlos Sainz (Ferrari): US$ 10 milhões
•Sergio Perez (Red Bull): US$ 8 milhões
•Kevin Magnussen (Haas): US$ 6 milhões
•Pierre Gasly (AlphaTauri): US$ 5 milhões
•Esteban Ocon (Alpine): US$ 5 milhões
•George Russell (Mercedes): US$ 5 milhões
•Alexander Albon (Williams): US$ 2 milhões
•Mick Schumacher (Haas): US$ 1 milhão
•Guanyu Zhou (Alfa Romeo): US$ 1 milhão
•Nicholas Latifi (Williams): US$ 1 milhão
•Yuki Tsunoda (AlphaTauri): US$ 750 mil
Só por curiosidade, Michael Schumacher é o piloto mais rico da atualidade, estima-se que ele acumulou mais de US$ 1 bilhão em sua carreira, sendo o piloto mais bem pago da história da Fórmula 1 e também um dos atletas mais ricos de todos os tempos.
Agora já podem imaginar o tamanho da pressão extrema colocada em cada piloto.
Com todos esses valores revelados, volto a fazer a pergunta lá de cima: até quando um patrocinador pode intervir a ponto de manipular uma competição?
Depois de desembolsar todos esses valores, eles acreditam que podem se meter em tudo e mais um pouco.
Apesar de ser um dos poucos esportes que ambos os gêneros podem disputar juntos com igualdade, o sexismo que envolve todo esse mundo automobilístico reduz para praticamente zero as chances dos patrocinadores escolherem uma mulher para esse esporte, exatamente pelo receio dos altos valores investidos numa pessoa já pré-julgada de "não ser capaz".
Quando Jully e Rick entram no box a atmosfera é totalmente eletrizante e podem sentir no ar a carga de adrenalina envolvendo a todos.
O ritmo era frenético, mas apesar de parecer um formigueiro de pessoas indo para lá e para cá, todos sabiam exatamente suas funções a serem feitas, como se estivessem preparando um grande show...e realmente estavam.
O Personal mal sabia para onde olhar, eram muitas informações chegando ao mesmo tempo o fazendo ter um misto de sensações.
— Heyyyyy Jully! - um trio de rapazes (um segurando uma câmera, outro um rolo de cabo e outro um microfone) cumprimentam animados fazendo um tchauzinho junto.
— Hi Netflix! - a piloto responde com simpatia passando por eles, mas sem parar.
Rick olhou meio assustado para a câmera que filmava ele também, já sabia que todos os anos a gigante em serviço de streaming filma um documentário para nova temporada dos bastidores da F1, ele mesmo sempre foi um telespectador assíduo dessa série, só que jamais imaginou um dia estar dentro dela.
O rapaz tenta disfarçar olhando para outro lado, mas pelo rabo do olho percebeu que a câmera seguia ele onde ia.
"Caramba." - ele nem sabia o que fazer e muito menos como agir.
O casal segue para uma área onde todos os pilotos de todas as equipes se encontravam, pois antes da corrida final existem alguns protocolos a cumprir, entre eles várias fotos oficiais, com as equipes, os pilotos e outras mais, além de entrevistas rápidas.
Rick foi apresentado a todos que foram simpáticos e curiosos com o Personal, que por sua vez tentou disfarçar sua empolgação demonstrando naturalidade em estar nesse ambiente desse esporte que ele foi sempre muito fã.
Apesar do clima descontraído é impossível não sentir uma tensão no ar vindo de todos.
Depois de cumprida as formalidades realizada, Petter volta a se juntar ao casal para acompanhar até ao Grid de Largada onde todos os carros dos pilotos já estavam posicionados, cada um deles rodeado de suas respectivas equipes, alguns fazendo os últimos ajustes.
Todos acompanham Jully até seu carro nesse ambiente surreal.
Karl já estava ao lado e atrás no seu carro, ele sairá na segunda colocação, o piloto olha para Jully e faz um leve afirmativo com a cabeça antes de colocar seu capacete, pela primeira vez o clima era de paz entre os dois.
Jully começa a fazer o mesmo, coloca sua balaclava ficando apenas com região do nariz e seus olhos verde-água de fora olhando para o Personal por um tempo.
Rick se conteve para não abraçar e beijar sua namorada com tantas câmeras apontadas para eles nesse exato momento.
— Vou te apoiar incondicionalmente, estarei aqui quando precisar, eu sempre fui e sempre serei seu maior fã, mas...toda vez que você entrar nesse carro, meu coração vai entrar junto com você. - Rick sente o peso de namorar uma pessoa no esportes de risco.
— Eu sou seu coração agora? - ela pergunta com os olhos sorridentes.
— É...se cuide e estará cuidando bem dele. - o Personal diz baixo só para ela ouvir.
Jully se aproxima do rapaz e levanta as pontas dos pés para ficar mais próxima do rosto dele, ela puxa um pouco o tecido da sua balaclava para baixo e deixa livre momentânea seus lábios para dar um selinho no namorado.
Vários "clics" foram ouvidos das incontáveis câmeras ao redor do casal, só não aconteceu uma chuva de flashes porque é proibido esse acessório na área do boxe.
— Eu sei que estou sendo uma vela aqui, mas está na hora de entrar no carro Julita, ou vamos atrasar a corrida. - Pitty interrompe o momento romântico quando percebeu que a amiga era a única piloto na pista ainda fora do seu veículo.
— Pode deixar e cuide dele até eu voltar. - Jully pede a Petter.
— Esse gato não sairá das minhas vistas...vai lá e arrasa Julita. - Pitty fala de um jeito que tirou risada de todos, aliviando um pouco esse clima tenso.
Jully coloca o capacete, afivela o feixe embaixo do pescoço e entra no carro, também aperta bem seus cintos de segurança, alguns mecânicos dão o volante para ela colocar no lugar dele e logo em seguida ela coloca suas luvas.
A piloto olha rapidamente para o namorado e faz um gesto de continência com a mão antes de abaixar sua viseira.
Rick sorri novamente todo bobo, com certeza seria uma cena que jamais esqueceria em toda sua vida.
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