16 - PREPARANDO
"Se você não arriscar alguma coisa, você acaba arriscando ainda mais."
Erica Jong
A evolução de Jully era nítida com o passar dos dias, sua dedicação total a isso sem desviar do foco somado ao empenho de Rick, estavam acelerando o processo.
Como previsto, a memória muscular dela respondeu rápido e cada vez mais a Piloto mostrava melhoras, é uma aluna muito esforçada, cheia de garra de não se abater fácil. Rick nunca teve nenhum aluno tão apaixonado pelo que faz como a garota é e sua admiração que já era bastante, aumentou significativamente.
A dinâmica da dupla é inegável e desenvolveram um vínculo de confiança, mais até do que esperavam.
Já que ambos estavam disponíveis um para o outro, o Personal usou sua melhor técnica para resultados a curto prazo, aluna e professor criaram uma rotina própria de horários, ficavam praticamente grande parte do dia juntos dividindo sequência de treinos por períodos:
De manhã quando acordamos, o cortisol (hormônio do estresse) está naturalmente elevado, essa substância altamente catabólica participa diretamente no metabolismo do carboidrato, gorduras e proteína inibindo a produção e absorção de insulina para dentro das células, obrigando o organismo a queimar mais gordura como fonte de energia no exercício.
Para quem quer emagrecer, esse seria o melhor horário, mas como para Jully é o contrário, eles usavam a manhã para alongamentos e exercícios de flexibilidade para prevenção de câimbras, muito comum em pilotos que passam horas dentro de um carro na mesma posição.
A tarde, com o corpo devidamente alimentado, fica mais apto ao alto desempenho, os músculos já estão mais irrigados e as articulações lubrificadas, somando com a energia acumulada os exercícios podem ser mais intensos, o que é fundamental para o ganho de massa magra.
No começo da noite é onde se tem maior hipertrofia e redução de estresse, hora de ajudar na reconstrução muscular exercitada ao longo do dia. Como todas as articulações estão aquecidas pelo treino, acaba reduzindo a zero lesões que exercícios de mais impacto possam causar, o que torna perfeito para os aeróbicos.
De caminhadas ao redor do lago passaram a leves corridas, poder inserir isso nos treinos fez toda a diferença.
— Sabia que aquele Filho da p... ops desculpa. - de tão bravo, Rick quase fala um palavrão na frente da garota que soltou uma gargalhada alta meio arfante já que estavam no meio de uma corrida.
O resultado da FIA saiu e a punição foi patética: Karl sair uma fileira atrás da qual ele conseguiu na prova de classificação na próxima corrida.
— Ele é um FDP mesmo. - Jully termina o xingamento.
— O Karl Hills poderia ter te matado, como que ele provoca aquele acidente de propósito e fica praticamente impune?
— Eu meio que já esperava apenas isso. - diante dos fatos, Jully já estava acostumada às injustiças. - — Sempre acobertaram Karl em tudo, não seria diferente agora, jamais tirariam os preciosos pontos dele para correr o risco de não me alcançar na última corrida.
— A simplicidade que você fala até me choca...sua vida ficou em risco que poderia trazer sequelas incalculáveis.
— Você mais do que ninguém sabe que nem sempre no mundo do esporte temos escolhas.
— É...eu sei mesmo. - Rick presenciou inúmeros atletas que dão tudo de si pelo amor à profissão, colocando suas próprias vidas em segundo plano.
Ele para de correr e a garota o acompanha, ela usava com um short largo curto azul Royal do mesmo tom do seu top, com uma regata preto larga bem cavada nas laterais e um boné também preto com seu rabo de cavalo saindo pelo vão do regulador traseiro.
— Vamos alongar. - de regata slim branca justa e shorts Tactel preto, o Personal começa uns movimentos repetidos pela garota.
— Você está livre amanhã...hum...a noite? - Jully pergunta meio sem jeito e quase de ponta cabeça com o alongamento de pernas.
— Estou, porque?
— Eu te prometi um jantar, lembra?
— Lembro, só não achei que você estava falando sério naquele dia. - Rick sorri fazendo um agachamento lateral.
— É muito sério, não posso ficar conhecida pela vizinha chata e barulhenta. - ela repete o mesmo gesto lateral com as pernas.
— Vire de costas. - Rick pega os dois pulsos da garota e força levemente para trás alongando braços e ombros dela. - — Eu nunca te achei chata...só barulhenta. - ele diz em tom de brincadeira.
— Então isso é um sim!!! - a garota empolgada entorta um pouco o tronco querendo ver o rapaz.
— Mantenha a postura para não lesionar a coluna, passe um braço atrás da nuca. - de novo pegando nos pulsos dela o Personal continua os alongamentos. - — Apesar de quebrar uma das minhas principais regras, eu já tinha aceitado desde a primeira vez que você convidou.
— Que regra?
— Não sair com alunos.
— Porque eu sou mulher? - agora é ela que diz em tom de brincadeira debochando.
— Alunos independente do gênero. - o Personal deixa mais explicado e rindo ao mesmo tempo do jeito que ela falou.
— E...porque não? - ela ficou curiosa com essa regra.
— Porque quero que meus alunos tenham confiança em mim pelo meu trabalho como um profissional e não numa "balada".
— Isso é sério?
— Lógico!!! Como vou manter minha pose de "treinador durão" depois que virem o papelão que eu faço quando fico bêbado. - falando de um jeito divertido, o rapaz tirou uma risada alta dela.
— Acho que faz sentido, mas nós não vamos ter um "encontro" propriamente dito e eu também não vou te embebedar.
— Por isso aceitei. - ainda de costas ele pega delicadamente a cabeça dela inclinando lateralmente para alongar os músculos do trapézio central.
— Que sorte a minha então.
Por estar de costas, Jully não viu o belo sorriso formado no rosto do rapaz que por sua vez, não viu o sorriso exuberante que ela também abriu.
— Como dizia na minha terra: viu o passarinho verde? - Liz que estava sentada no sofá, percebeu o sorriso bobo que Jully estampava no rosto quando entrou na sala e fechou a porta atrás de si encostando na mesma.
— Eu chamei o Rick para jantar amanhã! - a piloto solta de uma vez.
— Onde vocês vão? - a assistente se empolga na mesma hora.
— Aqui mesmo! Esqueceu que estava devendo a ele um jantar de boa vizinhança. - a garota desencosta da porta indo em direção da escada.
— Mas aqui não tem um clima romântico que vocês precisam!
Jully para de andar e vira para a assistente de boca entreaberta. - — O que você está pensando que acontecerá nesse jantar?
— O acerto de vocês que estão nesse chove não molha faz tempo. - Liz balança as mãos para o lado por ter que explicar o óbvio.
— Não estamos fazendo isso!
— Ah não? - a assistente cruza os braços e faz uma cara de paisagem encarando a amiga.
— Só estou sendo cautelosa, porque eu ainda não entendi direito as frases de duplo sentido que Rick solta às vezes...ainda não defini se é coisa de um fã emocionado ou algo a mais. - a piloto fala meio pensativa.
— Então é só você que não enxergou isso ainda, porque para mim está claríssimo.
— E para mim não é tão simples assim. - a piloto rebate.
— O que mais impede?
— Você sabe o show de horrores que as mídias sensacionalistas fazem com qualquer pessoa que chegue perto de mim.
— Eu mais do que ninguém sei disso e também sei que você sempre teve jogo de cintura.
— Mas eu não queria isso agora...esse assédio todo pode atrapalhar algo legal que possa acontecer e dessa vez eu queria que fosse diferente. - a piloto diz meio cabisbaixa.
— Você está gostando mesmo dele. - com um leve sorriso nos lábios, a assistente gostou do que ouviu.
— Sim...eu sinto que pode ser especial.
— Então esse jantar precisa se tornar muito importante.
— Eu diria esclarecedor, primeiro quero entender o que ele sente e depois...ainda não pensei o que fazer.
— Eu posso pensar em algumas coisas - Liz diz de um jeito insinuativo.
— Deixa de bobagem, preciso de um banho. - a garota tenta desconversar voltando em direção às escadas.
Liz fica pensativa e pega seu smartphone digitando no google logo em seguida: Lojas de decoração romântica.
A assistente abre um discreto sorriso com as variedades e ideias que está vendo. - "Vou deixar esse jantar mais interessante"
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