11 - O GATO
"Saiba ser resiliente, ambiciosa e saber exatamente o quer."
Madonna
— Porque você escolheu um Personal tão gato assim? - Jully questiona sua assistente assim que ela retorna ao quarto após ter conduzido o rapaz para a saída.
— Ahhhhhhhh até que enfim alguém conseguiu chamar sua atenção. - Liz balança as mãos para o alto como agradecendo algo.
— Você fez de propósito? - a garota aperta os olhos em sinal de repreensão.
— Juro que nem sabia que além de competente, também era tão lindo, inteligente, com um corpo escultural, super 'sexy' e...solteiro, pelo menos acho. - Liz diz olhando para cima com um tom divertido de sarcasmo.
— Liz!!! - a piloto repreende rindo do tom de deboche da amiga.
— Foi uma feliz coincidência, acredite...Richard não foi escolhido apenas por seus gominhos abdominais perfeitos. - a assistente dá uma piscadela rápida com o olho direito.
— Como você sabe disso se ele estava de camiseta? - Jully questiona levantando uma sobrancelha.
— Você nem faz ideia como ele abriu a porta da casa dele para nós agora a pouco. - a assistente finge que está lendo algo muito importante quando folheia a esmo alguns papéis numa planilha em cima do aparador perto da porta.
— Liiiiiizzzz... - falando o nome de forma arrastada, Jully volta a repreendê-la.
— O cara realmente é muito bom, um especialista no que faz, aliás, ele tem um currículo impecável, Richard é o melhor nesse ramo e foi super recomendado, tudo que precisamos.
— E como que ele virou meu vizinho de repente? - Jully levando a mão lateralmente apontando para a casa ao lado pela janela.
— Foi você que virou vizinha dele! Ele chegou aqui primeiro. - a assistente ri da fisionomia indignada da amiga. - — Você poderia ter escolhido morar em qualquer lugar do mundo, mas decidiu que era hora de voltar ao seu país, as suas raízes e escolheu essa cidade para ficar mais próxima de sua família.
— Pois é, a algum tempo já estava revendo alguns valores em minha vida e o acidente acelerou esse processo...mesmo assim é tão inacreditável.
— Para você ver, lembro o quanto estava indecisa onde morar e dos inúmeros imóveis que visitamos, mas quando chegamos aqui e você viu esse lago com o pôr do sol no horizonte foi paixão à primeira vista. - Liz recorda os fatos.
— Foi mesmo, não quis ver mais nada depois que cheguei aqui.
— Louis quase teve uma síncope quando você disse que iria construir ao invés de comprar um imóvel pronto. - a assistente solta uma risada alta relembrando esse episódio.
— Lembro disso. - Jully acompanha no riso. - - Esse mundo é mesmo uma ervilha.
— Minha preocupação agora é com a Team Racing, eles não podem desconfiar que você irá se tratar por conta própria e que pretende voltar ainda esse ano para a temporada. - a assistente diz apreensiva.
— Sr. Müller ficou tão feliz com minha ideia de sumir do mapa que não vai coagitar essa hipótese, para ele o máximo que vou fazer é um tratamento com um "simples fisioterapeuta". - Jully dá de ombros.
— Você acha que o contrato de confidencialidade será o suficiente para seu Personal manter sigilo?
— Ele pareceu ser diferente desde o primeiro instante, não sei explicar o porquê, mas aqueles olhos azuis me passaram confiança. - a piloto diz reflexiva.
Liz dá um leve sorriso torto do jeito da amiga.
— Que foi? - Jully emenda uma pergunta.
— Nada. - a nipônica responde ainda sorrindo tentando despistar.
Quando Rick retorna para sua casa e assim que passa pela porta da sala, fecha encostando a costa na mesma tentando assimilar tudo que aconteceu agora a pouco.
Meio ofegante e com o coração disparado ele abraça apertado próximo ao seu peito os exames e contrato que Eliz te deu a alguns minutos atrás.
— Eu não estou delirando, né? - ele pergunta a si mesmo para ter certeza da sua real situação:
"Personal Trainer da Piloto mais famosa da atualidade e que ele será encarregado pelo retorno dela nas pistas para a corrida mais importante da história automobilística, a qual tornará ela a primeira mulher campeã mundial de Fórmula 1!"
Seu estômago gelou de repente, caindo a ficha da tamanha responsabilidade que pegou, jamais poderia imaginar uma situação dessa na sua vida.
Ele vai até a janela e abre uma fresta na cortina espiando a casa ao lado recém-construída.
— Mds...isso tudo aconteceu de verdade mesmo!
O celular do rapaz toca alto em cima do aparador do hall fazendo ele pular de susto, as folhas do contrato com os exames que segurava a pouco voam para todos os lados espalhando pelo ambiente.
— Alô? - falando um pouco mais alto do que o esperado meio de sopetão, ele atende o celular.
— Calma...primeiramente bom dia! - Ben do outro lado da linha percebe o susto do amigo. - — E segundo, você disse que vinha tomar café hoje aqui no Bistrô.
— Hãnnn...bom dia...eu acho que...esqueci. - pausadamente Rick tenta achar um motivo plausível diante dos acontecimentos, pois a última coisa que ele pensou foi em comer algo.
— A Grace te pegou de jeito dessa vez. - com uma voz divertida, Ben tenta achar uma causa.
— Quem? - o rapaz ainda estava meio atordoado com os fatos.
— Peraí...como "quem"? Você passou a noite com outra?
Não foi bem noite e sim a manhã, porém Rick fica mudo lembrando do contrato de confidencialidade e o tanto que pediram discrição sobre esse assunto, ele não poderia falar nem sob tortura o que aconteceu hoje, até porque ninguém iria acreditar mesmo.
Para dizer a verdade, nem o próprio Rick estava acreditando em tudo que aconteceu e Ben continua.
— Se não quer contar tudo bem, estou ligando para avisar que preciso sair mais cedo daqui hoje, nem adianta vir agora. Perdeu minha panqueca com massa de queijo cottage.
— Tudo bem! Eu preciso ficar por aqui mesmo...tenho muitas coisas a fazer. - responde levando a mão no queixo, já pensando por onde começar seus estudos no trabalho com a piloto de um jeito que não dependa de seus aparelhos da academia.
— Cara você está aéreo, aconteceu alguma coisa? - o nutricionista desconfia de algo.
— Como? Ah não...está tudo...bem. - tentando disfarçar o máximo que pode, o Personal quer colocar um ponto final nesse assunto.
— Se você está dizendo então ok, até amanhã.
Ben desliga antes mesmo de Rick responder algo o que ele agradeceu mentalmente, afinal não tem muito o que dizer, bom até tem sim muito o que dizer, mas não pode.
Ele volta a colocar o celular em cima do aparador ao mesmo tempo que seu estômago ronca avisando que ainda estava em jejum e já eram quase 10:00 da manhã. Recolhe toda a papelada do chão e vai até a cozinha preparar algo rápido para o café da manhã, ovos mexidos, torradas, uma vitamina de whey de morangos com aveia e estava resolvido o problema...pelo menos esse.
Após o desjejum Richard senta na sua poltrona giratória no escritório, em cima da mesa coloca o contrato com os vários exames da piloto que ele pediu, realmente tem muito trabalho pela frente.
Precisava estudar, rever algumas técnicas para melhor adaptar a sua mais nova aluna.
Confessa que com seus aparelhos específicos da academia facilitaria demais o seu trabalho, mas não tem como trazê-los para cá...ele suspira pesado olhando pela janela a casa da nova vizinha. Não tinha reparado o quanto quase todas as suas janelas estavam voltadas para lá, começou a analisar detalhadamente a nova construção.
"Que casa grande...se ao menos tivesse mais tempo para poder comprar alguns equipamentos, ela poderia..." - uma luz de repente faz brilhar uma grande ideia.
— Mas eu posso trazer algumas coisas para formar um estúdio dentro da casa dela! Mais privacidade que isso impossível!!! - ele fala alto com seus botões enquanto pega sua agenda para fazer algumas anotações.
• Dumbbells
• Banco
• Caneleiras
• Bola Suíça
• Faixas Elásticas
• Step
• Colchonetes
• Plyo Box
• Ergométrica?
O ponto de interrogação foi por estar em dúvida se esse seria o aeróbico mais prático sem sair de casa, embora prefira caminhar ou correr ao redor do lago do condomínio, tudo irá depender do desenvolvimento dela.
Dá um leve sorriso satisfeito, já imaginando as várias possibilidades de treinos que fará, de tão animado que ficou montando as séries de exercícios evolutivos que nem viu o domingo passar.
No dia seguinte Rick levantou mais cedo que o normal, queria chegar bem antes da academia abrir às 06:00 hrs.
Saiu de casa ainda estava escuro, assim que chegou no Espaço Home entrou rapidamente assustando o vigia que estava distraído assistindo TV.
— Que susto Rick!!! - John fala colocando a sua mão direita no peito.
Ele é um senhor aposentado que mora ao lado do Espaço, toda vida trabalhou no terceiro turno e se acostumou a isso, desde que parou de trabalhar passava as madrugadas passeando pelo bairro até que um dia viu uma placa de que estava precisando de vigilante noturno na recém área construída Espaço Home Fitness. Na manhã seguinte estava sendo contratado, já que passa mesmo as madrugadas acordado que seja ganhando para complementar seu salário de aposentado.
— Desculpa John, esqueci de te avisar que vinha mais cedo hoje, preciso pegar algumas coisas da academia.
— Coisas como aparelhos? - o senhor estranha a atitude do rapaz.
Rick solta uma risada alta já subindo as escadas. - — Se eu conseguisse, colocaria agora mesmo alguns na caçamba da caminhonete.
Assim que acende as luzes o rapaz vai direto para os fundos onde fica o estoque de equipamentos móveis, afinal não poderia tirar nada em uso para não prejudicar os frequentadores da academia, então preferiu pegar os produtos reservas armazenados e ainda hoje fazer pedidos de novos para repor o que foi tirado.
Ele separa tudo que precisa para o momento.
— Até parece que está de mudança. - o vigilante assobia.
— É quase isso. - ele responde baixo com seus botões.
— Como? - o vigia não entendeu.
— John pode me ajudar a descer alguns dumbbells? - Rick muda de assunto.
— Vamos lá.
Em pouco tempo a caminhonete estava lotada e seguiu de volta ao condomínio parando em frente a sua casa, mas olhando em direção à casa vizinha.
"Será que ela já acordou?" - pensa olhando agora para o relógio do painel do veículo marcando 07:30 am., eles precisavam começar logo.
Apesar de terem conversado ontem, a assistente dela preferiu falar mais sobre o contrato de confidencialidade do que o tratamento propriamente dito, ele precisaria avaliá-la em ação para saber como e com que velocidade poderá ir avançando a musculatura gradualmente.
"Bom...não tem como saber se não indo lá". - sai do carro caminhando em direção da casa da piloto, ainda não caiu totalmente que isso era verdade.
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