𝐏 𝐑 𝐎́ 𝐋 𝐎 𝐆 𝐎
𝐀 𝐂𝐑𝐈𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎
Nos primórdios da criação, antes mesmo que a Terra fosse moldada, o Reino Celestial era o berço dos seres mais puros: os anjos.
Criados à imagem da perfeição divina, eram destinados a servir e obedecer, governados por leis imutáveis e rígidas.
No firmamento, não havia lugar para o caos da vontade humana, para as incertezas do coração. Entre os anjos, não havia espaço para as emoções que percorriam a alma dos mortais.
De suas asas resplandecentes fluía a luz da obediência inquestionável. Cada gesto, cada palavra e cada pensamento eram pautados pelas regras que governavam o céu.
Os sentimentos humanos ━━ amor, desejo, compaixão, inveja ━━ eram tidos como fraquezas, distorções que não deveriam existir em seres feitos de pura essência divina. Para os anjos, tais emoções eram perigosas, capazes de corromper suas naturezas e desviá-los do caminho traçado por Deus.
Havia uma lei suprema, uma proibição que ecoava nos cânticos celestiais: os anjos jamais deveriam experimentar ou se deixar seduzir pelos sentimentos humanos.
O livre-arbítrio, essa centelha de liberdade que fazia os mortais únicos, estava vedado a eles. Em sua perfeição, os anjos não podiam conhecer o que era desejar, amar ou perder.
Seu propósito era servir, e para isso, precisavam permanecer imunes àquilo que pudesse nublar seus julgamentos e corromper suas almas eternas.
Entre os coros celestes, havia aqueles que se destacavam, anjos cujo brilho parecia ofuscar o dos outros.
Leuviah era um desses. Sua pureza era tão intensa que sua presença era quase dolorosa de se contemplar. Ele executava sua função com a graça de quem fora criado para isso, sem nunca questionar.
Mahasiah, seu companheiro e guardião, sempre à sombra, observava com admiração e uma devoção silenciosa.
Mas entre eles, algo começou a surgir, algo proibido.
Em segredo, Leuviah e Mahasiah experimentaram uma fagulha de algo que os anjos nunca deveriam conhecer: um amor profundo e inexplicável, algo que os aproximava das fraquezas humanas. E assim, o firmamento assistiu a uma tragédia iminente.
A lei implacável do céu não admitia exceções, e os que ousassem desafiar suas regras seriam condenados ao esquecimento, a vagar por terras mortais, longe de suas asas e de sua verdadeira essência.
Assim, a história dos anjos se entrelaça com o destino de Leuviah, o anjo que foi condenado a viver como um humano, sem memória de sua natureza celestial, sem lembrar do amor que desafiou o céu. E Mahasiah, o único que guardava todas as lembranças, aguardava pacientemente pela chance de fazer seu amado se lembrar.
Na vasta criação, o amor proibido, que uma vez floresceu entre as estrelas, buscaria sua redenção na Terra, onde as regras não mais podiam mantê-los separados.
O destino de dois anjos se reescreveria, enquanto o céu observaria em silêncio ━━ ou quase ━━, sem a permissão de interferir no que foi quebrado por suas próprias leis.
𝐅 𝐀 𝐋 𝐋 𝐄 𝐍
𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒 ©𝐋𝐘𝐃𝐈𝐀 𝐓𝐀𝐕𝐀𝐑𝐄𝐒
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