𝐎 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐎 𝐒𝐔𝐒𝐒𝐔𝐑𝐑𝐎
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"𝐍𝐨𝐬 𝐬𝐢𝐥𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐨𝐬 𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨, 𝐨𝐧𝐝𝐞 𝐨 𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝐬𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐟𝐚𝐳, 𝐚 𝐚𝐥𝐦𝐚 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐧𝐡𝐞𝐜𝐞 𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐨𝐬 𝐨𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐚𝐢𝐧𝐝𝐚 𝐧𝐚̃𝐨 𝐯𝐢𝐫𝐚𝐦."
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Era fim de tarde quando cheguei à ilha. O vento sussurrava suas histórias enquanto eu descia do pequeno barco, com minhas malas em mãos. A brisa gélida trazia o cheiro do mar misturado com o frescor das flores. Meu destino era um chalé solitário, aconchegante, prometido pelo anúncio da agência de viagens como o retiro perfeito para escritores.
O cottage a beira-mar me aguardava, rodeado por tulipas em tons de vermelho e amarelo que contrastavam com o verde intenso da grama. Não pude deixar de sorrir ao vê-lo, um lugar simples, mas repleto de um charme que parecia saído diretamente de um romance. À frente, uma espécie de lago salgado e profundo se estendia, sua superfície refletindo o céu e as colinas ao redor, imponentes e misteriosas, como se observassem silenciosamente cada passo que eu dava.
Enquanto caminhava em direção à entrada, algo chamou minha atenção ao longe. Um grande castelo de pedras, com torres altas e imponentes, destacava-se entre as colinas. Recôndito, como se guardasse segredos de tempos passados. "Talvez seja esse o lugar que estava procurando", pensei, já imaginando quantas histórias poderiam nascer a partir dali.
Mas naquele momento, tudo o que eu queria era descansar. O chalé parecia me abraçar, com suas janelas amplas, o cheiro de madeira e o som suave das águas do lago. Inspirei fundo e sorri. Era o início da minha jornada, e mal sabia eu que esse lugar tinha muito mais a oferecer do que apenas inspiração.
Depois de uma longa viagem desde Seul, meu corpo estava exausto. Ao entrar no cottage, o que mais me chamou atenção foi o quanto o lugar parecia ter saído das páginas de um romance antigo. As paredes de pedras robustas, o telhado colonial, e os móveis em madeira escura davam ao chalé um toque rústico, mas acolhedor. O piso de linóleo rangia suavemente sob meus pés, e uma lareira dominava a sala, enquanto uma pequena adega, cheia de vinhos com séculos de história, trazia consigo o peso do tempo.
Deslizei os dedos sobre os móveis envelhecidos, sentindo a textura suave do acabamento e o cheiro de lavanda que impregnava o ambiente. Era como se cada detalhe, desde as cortinas até a luz suave que entrava pelas janelas, tivesse sido cuidadosamente planejado para evocar nostalgia e paz. A cozinha conjugada, com sua simplicidade, preservava o charme das casas antigas, e ao passar por ela, o ar de tradição parecia me envolver.
O quarto era diferente de tudo que eu já havia visto. Decorado em tons escuros, havia algo de sombrio e encantador ali. A cama, com seus lençóis de seda preta, travesseiros de plumas macias, parecia me chamar, como uma nuvem pronta para acolher meu corpo cansado. O ambiente irradiava uma energia enigmática, como se guardasse segredos. Era o refúgio perfeito para deixar os pensamentos se perderem em sonhos.
Antes de me entregar ao cansaço, decidi explorar. Ao adentrar o banheiro, a bancada de mármore negro reluzia à luz fraca, e o espelho, que se estendia do teto ao chão, parecia expandir o espaço ao infinito. As torneiras douradas brilhavam, enquanto a banheira escura, quase imponente, estava pronta para oferecer o descanso que meu corpo ansiava.
Sem pensar muito, despi-me e entrei no box. A água quente começou a escorrer sobre minha pele, e imediatamente senti o peso da viagem desaparecer. Cada músculo parecia relaxar à medida que o vapor envolvia o banheiro, criando uma atmosfera de isolamento acolhedor. Era como se o chalé, com todo o seu charme rústico, estivesse me cuidando.
Ao sair do banho, envolvi-me no roupão preto e felpudo que estava pendurado. O toque suave do tecido era quase tão agradável quanto a água quente. Caminhei de volta ao quarto, onde a cama me aguardava.
Os lençóis estavam aquecidos, e, sem pensar em desfazer as malas, deitei-me, deixando que a sensação de conforto tomasse conta. O sono veio rápido, profundo e acolhedor, como se o chalé estivesse sussurrando para mim que eu estava exatamente onde deveria estar.
Vencido pelo cansaço, adormeci rapidamente, mergulhando em um sono profundo e pesado. No entanto, meu descanso logo se transformou em um sonho vívido. Como se estivesse revivendo os últimos momentos, eu me via caminhando novamente até o chalé. Mas, dessa vez, algo era diferente. Em vez do pequeno refúgio acolhedor, parei diante de um imponente castelo que se erguia nas colinas ao sul.
Os portões de ferro negros eram altos e pesados, adornados com intrincados entalhes de rosas e plumas que pareciam quase reais à luz suave do entardecer. Caminhei por um jardim repleto de tulipas, as mesmas flores que cercavam o chalé, mas aqui elas pareciam ainda mais vibrantes, quase sobrenaturais. Ao chegar à porta de madeira escura, notei as asas angelicais esculpidas na madeira envelhecida, entrelaçadas com ramos espinhosos que levavam a um trinco de ouro desgastado pelo tempo.
Hesitei por um momento, mas algo me impelia a continuar. Estendi a mão e girei a maçaneta. Assim que o trinco se abriu, uma luz incandescente me envolveu, como se o castelo tivesse me puxado para dentro de si. O brilho cegante dissipou-se, revelando um cômodo vazio e sombrio. Foi então que ouvi uma voz grave e rouca ecoar pelas paredes.
"Enfim você chegou, meu anjo. Aguardei ansiosamente por seu retorno."
Meu coração disparou, acelerado e descompassado. Aquele tom profundo e familiar, como se já o tivesse ouvido em outro tempo ou vida. Sem entender, perguntei com a voz trêmula:
"Quem está aí?"
Do fundo da penumbra, uma figura surgiu. Um homem alto, com feições marcantes e cabelo negro como a noite. Seus passos eram lentos e deliberados, e a luz fraca realçava os contornos de seu rosto. Havia algo nele que me atraía, uma presença arrebatadora. Mas o que realmente me chamou atenção foram seus olhos. Eles brilhavam em um escarlate profundo e magnético, como duas brasas vivas em meio à escuridão.
"Em breve nos encontraremos, meu pequeno", ele disse suavemente, com um sorriso enigmático.
Senti meu corpo congelar, fascinado pela beleza daquele homem e, ao mesmo tempo, tomado por uma estranha inquietação. E então, de repente, tudo se dissolveu. Acordei ofegante, o corpo suado e trêmulo. A lua já se insinuava pelas frestas das cortinas, lançando sombras suaves pelo quarto. Levei a mão ao peito, tentando acalmar os batimentos acelerados enquanto soltava um suspiro profundo.
"Que sonho interessante", pensei, levantando-me com cuidado. O sono ainda pesava sobre mim, mas havia algo naquele sonho que não conseguia ignorar.
Caminhei até a cozinha e preparei uma refeição simples - uma massa pronta acompanhada de uma taça de vinho. Depois de me servir, peguei meu notebook e fui até a varanda. A lua era minha única companheira naquela noite, refletindo sua luz prateada no lago que brilhava à minha frente.
Enquanto o vento frio acariciava meu rosto, comecei a digitar, descrevendo cada detalhe do sonho. O castelo, o jardim, o homem de olhos escarlates... tudo parecia ser o cenário perfeito para uma nova história.
A noite estava mais fria agora, e após escrever todos os detalhes do meu sonho, voltei para a sala. A taça de vinho repousava sobre a mesa enquanto uma música suave preenchia o ambiente, me embalando em uma tranquilidade que há muito tempo eu não sentia. Deitei-me no sofá, aconchegado pelo calor que ainda restava da lareira, e sem perceber, o sono me envolveu outra vez.
Dessa vez, fui transportado para um lugar completamente diferente. Estava em um vasto jardim, mas não um jardim qualquer ━━ era repleto de rosas negras. As pétalas brilhavam de um jeito quase sobrenatural, sob uma luz que eu não conseguia identificar de onde vinha. No centro do jardim, havia um coreto, como aqueles antigos, com detalhes finos esculpidos em madeira branca. E lá, no meio dele, estava o homem do meu sonho anterior. Ele parecia esperar por mim, sua presença era ao mesmo tempo imponente e reconfortante.
Caminhei até ele, o coração acelerado e cheio de perguntas. E então, sem hesitar, perguntei:
━━ Vais me dizer quem és agora?
Ele sorriu - um sorriso que carregava algo mais profundo, uma mistura de saudade e tristeza.
━━ Tão curioso, meu pequeno anjo. ━━ sua voz era suave, mas carregava um peso que eu não compreendia. ━━ Mas muito me entristece saber que não recordas de mim... logo tu, que juraste me amar por toda a eternidade, Leuviah.
Eu o encarei, confuso. Aquilo não fazia sentido.
━━ Acho que se enganou... esse não é o meu nome. Eu me chamo Pa...
━━ Park Jimin! ━━ Ele me interrompeu, com um toque de diversão em sua voz. ━━ Eu sei, querido. Eu conheço todos os seus passos, meu amor. ━━ Ele começou a se aproximar, seu olhar me prendia, seus movimentos lentos e calculados. ━━ Mas, respondendo à sua pergunta anterior, puxe por suas memórias mais profundas e lembre-se do seu Maha... é hora de acordar, meu anjo... até breve.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, tudo começou a se desvanecer. O jardim, as rosas, o coreto - tudo começou a desaparecer como se estivesse sendo levado pelo vento.
Despertei de repente, ofegante, com o corpo suado e o coração batendo tão rápido que quase me causava dor. Me sentei no sofá, tentando me situar. A sala estava escura, iluminada apenas pelo brilho fraco da lua que entrava pelas janelas. A música ainda tocava baixinho ao fundo, me lembrando de que eu havia adormecido ali.
Levei a mão ao peito, tentando acalmar os batimentos acelerados. Aquilo não foi apenas um sonho qualquer, parecia algo mais... profundo, como se estivesse acontecendo em outro lugar, em outro tempo. As palavras dele ainda ecoavam em minha mente: "Leuviah", "Maha"... O que significava tudo isso? E por que, ao pensar nele, eu sentia um vazio profundo no peito, como se houvesse algo que eu precisava desesperadamente lembrar?
Levantei-me devagar, os pensamentos se atropelando na minha mente. Aquele castelo nas colinas... será que ele tinha algo a ver com isso? Havia algo de misterioso ali, algo que parecia chamar por mim, como se aquele homem... estivesse me esperando desde sempre.
𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎 𝐄𝐌: 𝟐7/𝟎𝟗/𝟐𝟎𝟐𝟒
𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐀𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑: 𝐌𝐀𝐈𝐑𝐀 𝐋𝐈𝐌𝐀
𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒
©𝐋𝐘𝐃𝐈𝐀 𝐓𝐀𝐕𝐀𝐑𝐄𝐒
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