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𝐀 𝐅𝐑𝐀𝐆𝐈𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐎 𝐏𝐄𝐂𝐀𝐃𝐎

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"𝑬𝒎 𝒄𝒂𝒅𝒂 𝒔𝒖𝒔𝒑𝒊𝒓𝒐, 𝒂 𝒅𝒐𝒓 𝒅𝒆 𝒖𝒎 𝒂𝒎𝒐𝒓 𝒄𝒐𝒏𝒅𝒆𝒏𝒂𝒅𝒐 𝒔𝒆 𝒆𝒏𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒄̧𝒂 𝒄𝒐𝒎 𝒂 𝒆𝒔𝒔𝒆̂𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝒎𝒊𝒏𝒉𝒂 𝒂𝒍𝒎𝒂, 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒇𝒍𝒐𝒓𝒆𝒔 𝒎𝒖𝒓𝒄𝒉𝒂𝒔 𝒆𝒎 𝒖𝒎 𝒋𝒂𝒓𝒅𝒊𝒎 𝒑𝒓𝒐𝒊𝒃𝒊𝒅𝒐, 𝒐𝒏𝒅𝒆 𝒂 𝒃𝒆𝒍𝒆𝒛𝒂 𝒆́ 𝒐𝒇𝒖𝒔𝒄𝒂𝒅𝒂 𝒑𝒆𝒍𝒂 𝒔𝒐𝒎𝒃𝒓𝒂 𝒅𝒐 𝒑𝒆𝒄𝒂𝒅𝒐."
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Assim que cruzei a porta do jardim, senti meu mundo desmoronar. Minhas memórias ainda eram fragmentadas, sombras de um passado distorcido; mas o peso que apertava meu peito era tão concreto quanto o ar que respirava.

A única certeza que eu tinha era a identidade de Jeon. Ele não ousou negar ━━ e não havia como. Perguntei-me como pude não perceber antes; ou, melhor dizendo, eu sabia, sempre soube. Mas escolhi ignorar. Era irracional pensar que ele poderia ser o mesmo... mas o que há de racional em minha vida?

Pela primeira vez, percebi o quão pouco sabia sobre mim. Meu passado nunca me interessara; nunca senti a falta de um pai, uma mãe... de uma família. Aceitei o vazio de ser órfão com uma estranha serenidade, convencido de que aquilo era tudo. Afinal, como poderia sentir saudades do que jamais conheci? Agora, porém, entendo... Compreendo que não criei laços, que o amor me é alheio. Fui moldado para não amar, e o único ser que já despertou em mim esse sentimento foi cruelmente arrancado de minha memória.

Enquanto esses pensamentos queimavam em minha mente, eu corria pelos corredores sombrios do castelo de Jungkook. Ao alcançar a saída, o vento gélido açoitou minha pele, abraçando meu corpo cansado e arfante. Nem mesmo a chuva fina, que deslizava fria pelo meu rosto, seria capaz de conter minha determinação.

Ultrapassei os jardins sob o olhar fixo dos querubins de pedra. Naquele instante, as palavras de Jeon, que ecoaram mais cedo ao passarmos por ali, finalmente se revelaram em toda a sua pungência: "Eles podem nos julgar." Sim, eles nos julgaram, condenando-nos a carregar a dor.

Cheguei ao carro como se tivesse corrido uma maratona. Estava encharcado, exaurido, mas decidido. Sair daquele lugar era meu único desejo, minha única âncora.

Quis tanto conhecer aquele pedaço de paraíso... e nele encontrei meu inferno.

O caminho para o chalé tornou-se um borrão entre as lágrimas, que escorriam quentes, ardendo minha pele como brasas. A figura de Jeon e a de Mahasiah se sobrepunham em minha mente - seus olhos cheios de carinho e dor, a voz, grave e suave, que agora parecia um lamento vindo de algum lugar remoto do passado, uma lembrança esquecida, mas que nunca deixara de existir dentro de mim.

Lá fora, a chuva se intensificava, espelhando o caos e o peso dentro do meu peito. Desviei o olhar por um instante, apenas para encontrar, através da janela do carro, o campo de tulipas. E então, uma memória antiga me envolveu, tão vívida que eu quase podia sentir o aroma das flores novamente.

"Eu gosto delas... são as minhas preferidas," eu dizia sorrindo, levando uma das flores ao nariz, sentindo o perfume doce e suave das pétalas.

"Vou fazer um jardim para você, repleto de tulipas de todas as cores, só para você... meu pequeno." Virei-me para ele, um sorriso largo estampado no rosto, e ele estava ali - Mahasiah, resplandecente. Suas asas, imensas e etéreas, roçavam o chão, e seus cabelos longos dançavam ao vento, como se o próprio universo respirasse através dele.

Meu peito parecia prestes a explodir de felicidade pura, aquela alegria que ilumina cada canto escuro do ser, que transcende qualquer limite.

"Mas por que a Irlanda? Por que Kilmore?" ele perguntou, franzindo o cenho de leve, com uma curiosidade tão genuína que me desarmou.

"Porque exala paz. Olhe à sua volta! Parece um lugar perdido no tempo, uma ilha à parte do resto do mundo... tem a natureza em sua forma mais pura. Céu, terra e mar, todos unidos em harmonia." Eu o respondia com o olhar radiante, e ele me observava como se cada palavra minha fosse algo precioso. Seu dedo mindinho se entrelaçou ao meu, e ao invés de soltá-lo, eu apenas sorri mais, sentindo que nada, nem o tempo, nem o destino, poderiam nos separar.

A lembrança, que antes jazia como um segredo adormecido, despertou trazendo consigo uma dor cortante, como se meu peito fosse atravessado por uma lâmina invisível. Gritar foi meu único alívio.

Um grito rouco, profundo, cheio de desespero e frustração, como se pudesse arrancar de mim o sofrimento. Perdi o controle do carro por um instante, e tudo ao meu redor girou.

Talvez este fosse o meu destino: lembrar, e pagar o preço por recordar. Talvez, em outras vidas, o mesmo ciclo se repetisse, sempre desfeito pela lembrança tardia e dolorosa. Fechei os olhos, soltei o volante e, resignado, entreguei-me ao julgamento dos céus, aceitando o que quer que viesse.

Senti o impacto do carro e, com a respiração pesada, temi abrir os olhos. Mas, ao finalmente fazê-lo, lá estava ele.

Os mesmos cabelos negros como a noite, a pele marcada por runas antigas, como um livro sagrado. As asas... antes alvas como a mais pura nuvem, agora negras como o ébano, como se carregassem em cada pena o peso de uma eternidade de dor e arrependimento.

Ele estava ali, suas mãos pressionando o capô do carro, impedindo-o de colidir com a árvore, os olhos brilhando como brasas vivas, uma chama que nunca se apaga. De seus lábios escapavam palavras em um sussurro que eu não conseguia compreender, como uma prece em uma língua perdida, exceto por uma palavra... uma única palavra que ressoou como um eco, atravessando a escuridão em mim.

"Anjo..."

E então, a escuridão me tomou, e tudo desapareceu.

Mahasiah

Assim que me afastei para atender o celular, um pressentimento sombrio percorreu minha espinha, como o presságio de uma tormenta. O nome de Grainne surgiu na tela, e o coração acelerou. Sua voz, envolta em tons graves e misteriosos, invadiu-me como um oráculo antigo. Ela nunca ligaria a essa hora sem motivo. Grainne, a vidente, trazia algo mais que meras palavras.

"Fallen," ela começou, a voz sussurrada como uma prece, "sinto uma sombra densa... ela cerca angel bach . Um perigo antigo e ardiloso. Não o deixe sozinho. Esteja ao seu lado."

Cada sílaba foi gravada em mim como ferro em brasa. Fechei os olhos por um instante, tentando absorver o sentido oculto daquela advertência, mas a inquietação já serpenteava pela mente. Assim que abri os olhos, busquei Jimin ao redor, esperando encontrá-lo, sua presença sempre tão vívida. Mas ele não estava mais ali. Ele, a quem eu jamais deveria perder de vista, havia desaparecido como um suspiro fugaz.

Um temor profundo, o tipo que raramente sinto, começou a enraizar-se em mim. Dei os primeiros passos, chamando seu nome, embora minha voz mal fosse mais que um sussurro. Sentia o castelo imenso e vazio ao meu redor, cada cômodo, cada sombra vazia. O eco de meus próprios passos me parecia quase zombeteiro. Ele não estava em lugar algum.

E então, uma ideia, fria e desconfortável, se alojou em meu peito: a ala secreta.

Uma parte de mim recusava a ideia, mas outra, mais antiga e ancestral, já sabia que ele havia atravessado aqueles limites. A ala secreta, selada por camadas de encantamentos tão antigos quanto eu mesmo, um lugar ao qual nenhum mortal jamais teria acesso. Como ele teria chegado lá? Era possível que algo tivesse quebrado aquele véu entre nós?

Tomado por um temor crescente, corri pelos corredores, o pânico avançando por meu corpo como uma onda, impiedoso e avassalador. Cada passo era uma batalha contra a distância, um esforço de vontade para vencer o tempo. Podia sentir o ar à minha volta tornar- se denso, pesado, como se até o próprio castelo soubesse do erro cometido.

Ao chegar ao jardim secreto, minhas suspeitas se confirmaram. Lá estava ele, envolto em uma aura de lembranças e dor, os olhos fixos em algo que eu não podia ver, e ainda assim, senti que me era dolorosamente familiar. Vi seu semblante marcado pelo choque e pela angústia, e soube, então, que ele tocara o abismo de suas memórias.

Nesse instante, meu coração apertou-se. Ao vê-lo assim, vulnerável e quebrado, senti todo o peso da eternidade em mim. Eu sabia que era tarde demais; ele havia lembrado.

Assim que me aproximei, ele recuou, sua mão afastando-se da minha estendida. Havia confusão e sofrimento em cada gesto seu, uma dor latente que parecia consumir o ar entre nós. E quando ouvi meu nome sair de seus lábios, "Mahasiah," foi como se o mundo congelasse ao meu redor. Não era assim que eu desejava revelar minha verdadeira identidade. Este não era o pacto feito com os céus.

Havia um acordo: eu não interferiria em suas memórias, e os céus não o conduziriam de volta a mim até que ele estivesse pronto para lembrar. Mas me iludiram. A barreira que deveria protegê-lo de acessar esses segredos foi rompida. Ele jamais a ultrapassaria como humano, não sem suas memórias completamente vívidas.

E agora, mais uma vez, queriam tirá-lo de mim.

O coração que carreguei endurecido por eras pareceu desmoronar quando ele me olhou nos olhos, sua expressão dura e resoluta, pedindo-me distância. Não consegui responder. Como poderia afastar-me agora? Não depois de milênios suportando uma dor sem fim, esperando pacientemente por seu retorno. Fui resiliente em sua primeira vida; suportei em silêncio as passagens da segunda e terceira, e chorei calado ao vê-lo partir uma quarta vez. Foi então que jurei que não esperaria mais. Mas mesmo essa promessa eu quebrei, e esperei mais três milênios, cada segundo pesando como mil sóis, até que ele renascesse novamente.

Agora, ele está aqui - tão perto - e a ideia de afastar-me não é uma possibilidade.

Ele exigiu respostas, mas as palavras ficaram presas em minha garganta. Como poderia eu explicá-lo sem desafiar o destino? O pacto era claro: se eu impusesse minha vontade, ele pagaria com sua vida. Fui obrigado a calar-me para preservá-lo, ainda que cada silêncio arrancasse um pedaço de minha alma.

Observá-lo ultrapassar o jardim foi como experimentar o corte cruel de uma asa. O tipo de dor que eu nunca esqueceria. Eu fui o responsável por essa dor - fui quem o transformou em humano. Arranquei dele seu direito à eternidade, à imortalidade. Tive de despir meu amor de sua essência divina, tornando-o vulnerável, mortal, tudo em nome de um destino que agora me parece uma prisão.

O salão celestial estava envolto por um silêncio devastador, quebrado apenas pelo som abafado de soluços. Mahasiah encontrava-se diante de Leuviah, o ser radiante que, ainda acorrentado, mantinha uma expressão de serenidade e resignação. A beleza angelical de Leuviah, com seus traços joviais e delicados, parecia ainda mais pungente sob a luz dourada que caía sobre eles, realçando a pureza que emanava do anjo. Aquele era o anjo guardião das escrituras sagradas, símbolo de acolhimento e caridade, o coração compassivo que, por eras, havia ajudado almas a se reconectar com a essência divina, libertando-as das trevas e dos grilhões de desilusão e sofrimento.

Mas ali estava ele, ajoelhado, seus braços acorrentados pesadamente aos lados. Seus olhos brilhavam com uma mistura de dor e aceitação, embora a sombra de um sorriso ainda repousasse em seus lábios. À sua frente, Mahasiah estava em pé, com o coração dilacerado, incapaz de conter as lágrimas que deslizavam por seu rosto. Seus punhos tremiam ao ver seu amado naquela posição, sabendo o que o destino cruel lhe exigia. Leuviah, que sempre fora a alegria e o consolo dos céus, agora aguardava o peso da sentença, sem hesitar, sem um lamento.

"Eu... não posso," Mahasiah balbuciou, a voz embargada, enquanto baixava o olhar para as próprias mãos, como se aquelas mesmas mãos que sempre o haviam acariciado agora fossem instrumentos do próprio sofrimento.

Leuviah, com gentileza infinita, ergueu a cabeça e olhou diretamente nos olhos de Mahasiah. "Mahasiah, meu amor, não pode hesitar por mim. O céu ordenou. Este é o preço pelo nosso amor."

Mahasiah balançou a cabeça violentamente, os olhos cheios de dor e repulsa. "Eu não aceito! Não posso fazer isso com você. Não quero ser aquele que rouba sua essência... que tira de você suas asas."

Leuviah, sorrindo com uma suavidade que refletia sua própria natureza divina, levou uma mão trêmula ao rosto de Mahasiah, limpando as lágrimas com o polegar. "Querido, eu aceito o castigo. Se esse é o preço por te amar, então é um preço que pago com gratidão. Farei isso mil vezes, em todas as vidas, e esperarei por você, mesmo sem memórias, em cada uma delas."

Com esse juramento eterno, Leuviah fechou os olhos e, em meio ao silêncio angustiante, as correntes em seus braços brilhavam como se estivessem cravadas na própria carne de sua alma. O anjo sussurrou uma última oração aos céus, pedindo força para suportar o vazio que se aproximava. Mahasiah, ao ouvir aquele sussurro, sentiu seu peito explodir em dor. E, mesmo enquanto resistia, seus dedos se moveram por ordem divina, deslizando sobre as asas de Leuviah com a suavidade de quem não quer machucar.

Quando o toque alcançou as bases alvas e puras das asas, Leuviah soltou um suspiro trêmulo, e as plumas começaram a se desprender, uma a uma, tornando-se pó diante da dor compartilhada entre eles. A cada pena que caía, Mahasiah chorava como uma criança, sentindo o peso da eternidade em suas mãos. O silêncio envolveu o salão como um manto, e tudo o que restava era o som abafado dos soluços de Mahasiah e o brilho esmaecido de Leuviah, agora quase sem forças, mas ainda firme.

Ao final, com as asas transformadas em nada além de cinzas, Leuviah ergueu o olhar, ainda com um leve sorriso, e declarou em um último sussurro: "Meu amor por você é eterno, Mahasiah, mesmo que em outra vida eu não me lembre. Mesmo que o céu me prive de tudo, o sentimento permanecerá... latente, eterno."

Ajoelhado, com as mãos sujas das penas que desvaneceram, Mahasiah caiu aos pés de Leuviah, que, sem mais forças, pendeu a cabeça para trás, o olhar perdido em uma vastidão que jamais teria resposta para a pureza daquele amor.

Ver sua figura distante, tão ferida e confusa, dilacerava meu ser. E mesmo que meu silêncio fosse seu escudo, ele também era minha sentença.

Ajoelhei-me à beira da fonte, como se pudesse encontrar ali alguma resposta, alguma voz compassiva que aliviasse a tempestade em minha alma. Mas o céu permaneceu imutável, impassível a meus apelos. Gritei, clamando por justiça, indignado pela traição dos próprios céus. Não houve eco de resposta, nem mesmo o canto dos pássaros; o mundo ao meu redor parecia ter sucumbido a um silêncio sombrio, partilhando do meu pesar.

Minhas lágrimas caíam, misturando-se com a chuva que descia em torrentes, uma torrente que refletia meu desespero. Então, o som do celular cortou o ar, insistente. Era Grainne, outra vez. O coração apertou-se em antecipação, e uma sensação amarga de inevitabilidade surgiu ao lembrar da premonição dela. Com mãos trêmulas, atendi.

Sua voz, sempre tão enigmática e solene, trouxe consigo uma nova profecia, pesada como o destino que eu temia:

"O castigo para eternidade é vagar sem a verdade. Um pecador desamparado terá seu destino selado. A dor de uma memória esquecida será o preço da sua vida."

As palavras ecoaram, afiadas como lâminas, e com uma clareza cruel compreendi o significado oculto. Os céus não apenas nos negavam a paz; eles se deleitavam em transformar nosso amor em um castigo, em um jogo infindável onde a dor seria a única certeza. Não, jamais aceitariam nosso amor como uma benção.

E então, percebi a verdade em sua plenitude. Enfim, aceitei a minha essência, a realidade que há muito havia negado. Eu era, de fato, um Caído.

Senti um calor insuportável atravessar-me, como se meu ser fosse consumido por um fogo antigo e implacável. Meus olhos ardiam, tornando-se como brasas vivas, e vi refletido nas águas da fonte o olhar rubro e intenso de um anjo em sua forma mais brutal. As runas negras começaram a cobrir minha pele, surgindo uma a uma, revelando o código ancestral dos Caídos, uma marca gravada em minha alma, registrando cada pecado, cada paixão e cada rebeldia.

Minhas asas, antes tão alvas e etéreas, queimavam como a pena de um corvo ao tocar o fogo. O branco deu lugar a um negro profundo, resplandecente como o ébano, cada pluma uma lembrança do paraíso perdido, cada sombra um lembrete da condenação que eu aceitava, não por submissão, mas por amor. Um amor que os céus não poderiam apagar.

Levantei-me, sentindo o peso das asas negras sobre minhas costas, o fogo das runas pulsando como meu próprio coração. Eu era um Caído, sim, mas era também um anjo determinado a lutar. E, se o preço fosse a eternidade, eu pagaria - pois ele, o meu amor, era tudo que eu jamais desistiria de ter.

Rasguei os céus com uma pressa insana, atravessando a densa cortina de chuva que banhava Kilmore. A água pesava sobre minhas asas, mas nem o peso do mundo me deteria. Eu buscaria Leuviah nos confins mais sombrios do inferno, se preciso fosse.

Então, avistei o carro. Ele girava pela estrada molhada, desgovernado, e no assento do motorista, seu rosto estava sereno demais para quem estava tão próximo do abismo. Seus olhos permaneciam fechados, como se aceitasse, em silenciosa resignação, o desígnio implacável dos céus. Um arrepio de desespero me atravessou; não permitira que ele se perdesse assim, não outra vez. Num voo cego e decidido, me lancei à frente de seu destino, pousando entre ele e o choque iminente.

Com um gesto, parei a colisão a tempo, sustentando o carro com mãos trêmulas e envoltas de uma força que nem eu sabia possuir. Em meio ao caos, ele abriu os olhos, vagarosamente, como quem retorna de um sonho distante. Seus olhos, antes vibrantes, estavam opacos, desprovidos de seu brilho habitual, e por um instante temi que ele estivesse cruzando a linha tênue entre a vida e a morte.

Chamei seu nome com a voz embargada, um grito desesperado que reverberava entre as gotas da chuva e o vento uivante. Suplicava para que ele me visse, para que encontrasse em mim um motivo para retornar. Quando pronunciei a palavra "anjo", um leve sorriso se formou em seus lábios, tênue e quase invisível, mas real. Ele reconheceu meu chamado, mesmo que por um instante, antes de sucumbir à escuridão, perdendo-se em um sono profundo e exausto.

E ali, no meio da tempestade, com as gotas de chuva se misturando às lágrimas que silenciosamente desciam pelo meu rosto, soube que daria até minha última essência para trazê-lo de volta à luz.

𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎 𝐄𝐌: 𝟐5/10/𝟐𝟎𝟐𝟒
𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒 ©𝐋𝐘𝐃𝐈𝐀 𝐓𝐀𝐕𝐀𝐑𝐄𝐒

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