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“𝑪𝒐𝒎𝒐 𝒑𝒐𝒔𝒔𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒓 𝒔𝒂𝒖𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒅𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒖𝒏𝒄𝒂 𝒗𝒊𝒗𝒊? 𝑨𝒐 𝒐𝒍𝒉𝒂𝒓 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐 𝒉𝒐𝒓𝒊𝒛𝒐𝒏𝒕𝒆, 𝒐 𝒗𝒂𝒛𝒊𝒐 𝒆𝒎 𝒎𝒆𝒖 𝒑𝒆𝒊𝒕𝒐 𝒔𝒐́ 𝒂𝒖𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂𝒗𝒂, 𝒄𝒐𝒎𝒐 𝒔𝒆 𝒂𝒍𝒈𝒐 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒊𝒅𝒐, 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒖 𝒏𝒆𝒎 𝒔𝒂𝒃𝒊𝒂 𝒆𝒙𝒊𝒔𝒕𝒊𝒓, 𝒆𝒔𝒕𝒊𝒗𝒆𝒔𝒔𝒆 𝒎𝒆 𝒄𝒉𝒂𝒎𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒂.”
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Depois do encontro com Jeon, caminho pelas ruas de Kilmore em direção ao píer. Atravesso o canal e me perco na paisagem da cidade, mas são as lembranças do sorriso dele que não me deixam em paz. Como posso ter sonhado tão vividamente com alguém que acabei de conhecer?

Quem era Maha e quem era Jeon? Por que a Irlanda, de todos os países do mundo? E, principalmente, quem sou eu?

Essas perguntas ricocheteiam na minha mente o tempo todo, me deixando cada vez mais confuso. Quando finalmente chego ao chalé, me sento no deque, abraçando as pernas. Então, sem aviso, um choro doloroso se inicia. Eu não entendo o motivo das lágrimas; apenas sinto uma imensa vontade de chorar. A dor que vem com elas é como uma saudade... uma saudade latente de algo desconhecido.

Aperto as pernas contra o peito, tentando controlar o soluço que ameaça escapar. O vento gelado da tarde sopra do mar, bagunçando meu cabelo e trazendo o cheiro salgado das ondas. O chalé à minha frente é o único ponto fixo, mas eu me sinto à deriva.

O sorriso de Jungkook… não consigo tirá-lo da cabeça. Parece tão familiar, mas ao mesmo tempo, distante, como se eu o conhecesse de um lugar que não consigo lembrar. "Maha..." sussurro, o nome ecoando em minha mente mais uma vez. Quem é essa pessoa que aparece nos meus sonhos? E por que eu sinto que Jungkook está de alguma forma ligado a ela?

É como se, de alguma forma, nossas almas já tivessem se cruzado antes. A cada pensamento, meu peito aperta mais. Choro sem nem saber o motivo, apenas sinto que algo dentro de mim está partido, algo que eu não consigo entender.

Por que a Irlanda? Eu me pergunto mais uma vez, olhando para o horizonte acinzentado. De todos os lugares no mundo, por que aqui? O que há nesse lugar que me faz sentir como se eu estivesse onde sempre deveria estar, e, ao mesmo tempo, completamente perdido?

As lágrimas continuam descendo, quentes contra o frio do vento. Tento entender, mas não consigo. Fecho os olhos, tentando acalmar a mente, mas a presença de Jungkook, de Maha, de algo maior, parece estar ao meu redor, como se me cercasse.

O mar à frente me embala, suas ondas são a única constante, a única testemunha silenciosa dessa confusão. O passado e o presente se misturam em minha cabeça, e eu não sei mais o que é real. A saudade de algo que não vivi me sufoca.

Aos poucos, o choro vai diminuindo, mas o vazio permanece. Me sinto esgotado, mas as perguntas não vão embora. Quem sou eu, afinal?

Eu não sei. E isso me assusta mais do que qualquer coisa.

Minutos infindáveis se passam até que me acalme completamente. O crepúsculo já tingia os céus em tons escuros, contrastando com meu coração assombrado. O vento que antes trazia o cheiro do mar agora parecia mais frio, mais distante, e, por um momento, me senti completamente isolado do mundo.

Sem fome, decidi tomar um banho e deitar. Talvez, no sono, Maha pudesse me explicar o que estava acontecendo. Essa ideia parece absurda, eu sei. Devo estar louco, pensei. Como minha mente chegou a esse ponto de acreditar que meus sonhos estão se confundindo com a realidade? Quanto mais tento entender, mais perdido fico.

Caminhei descalço pela grama fria, sentindo a terra úmida sob meus pés, um dos poucos contatos que ainda me parecia real. As tulipas ao redor brilhavam sob a luz suave do fim de tarde, um contraste com a tormenta que habitava meu peito. Apreciá-las, por um breve segundo, trouxe um respiro de paz antes que eu voltasse ao chalé.

Dentro, a promessa de um banho quente me acolheu, e por um instante, a água escorrendo sobre minha pele pareceu lavar, não apenas o frio do corpo, mas também a confusão que me assombrava. Eu queria acreditar que, debaixo daquele vapor, algo em mim seria renovado. Mas a verdade é que, assim que o banho acabou, o vazio voltou.

Os lençóis de seda chamavam por mim, e eu me entreguei ao cansaço. Meu corpo necessitava descansar. Eu precisava focar em meu e-book, no trabalho que me trouxe até aqui. Porém, mesmo com a mente exausta e o corpo ansiando por repouso, um desejo silencioso ecoava em mim.

No fundo, eu queria sonhar com ele de novo.

E como se o universo conspirasse a meu favor, eu sonhei. Dessa vez, no mesmo deque onde estava momentos – ou horas – atrás, eu não sei… O cenário era quase idêntico, mas havia algo mágico no ar, algo que me fazia sentir que estava em outro plano.

Ele estava ali, tão lindo quanto sempre. Os cabelos negros esvoaçavam sob a brisa noturna, e a luz suave da lua fazia sua figura brilhar de um jeito quase irreal. Seus olhos vermelhos me encaravam, intensos e profundos, enquanto o sorriso... ah, aquele sorriso me tirava o fôlego.

━━ Maha? ━━ Chamei-o, com a voz trêmula. Algo entre nós parecia incrivelmente frágil, como se qualquer palavra pudesse quebrar a conexão.

━━ Oi, meu anjo! ━━ Ele respondeu suave, sua voz como uma carícia, envolvendo-me em um manto de segurança que eu mal entendia.

━━ Me diga a verdade, por favor. Estou louco em pensar que você é ele? ━━ Perguntei, minha confusão aumentando a cada segundo.

Maha inclinou a cabeça, e por um momento o silêncio se alongou, pesado e carregado de perguntas não ditas.

━━ Você quer que eu seja ele? ━━ Maha perguntou de volta, seus olhos prendendo os meus, esperando pela resposta que nem eu sabia dar.

━━ Eu... eu quero descobrir quem sou. Estou tão confuso agora. ━━ Confessei, minha voz falhando com o peso da dúvida.

Sentei-me no deque, mantendo uma certa distância entre nós. Abracei minhas pernas e repousei a cabeça sobre os joelhos, buscando algum conforto na familiaridade desse gesto. Foi então que senti o suave toque de suas mãos nos meus cabelos, o mesmo toque que Jeon havia feito antes. Aquele toque parecia carregar tanto significado que eu mal conseguia compreender.

━━ Leuviah… ━━ Ele me chamou, a palavra saindo de seus lábios como se fosse um segredo que só nós dois sabíamos.

Meu coração parou por um momento. Como uma reação instintiva, respondi antes de sequer entender por quê.

━━ Oi, Mahasiah… ━━ Disse, a palavra escapando sem que eu pensasse. Então, num impulso, levantei meu rosto para encará-lo. ━━ Mahasiah… esse é o seu nome? ━━ Perguntei, agora com os olhos arregalados.

Ele sorriu novamente, e seu sorriso tinha algo de triste, como se carregasse o peso de muitas histórias não contadas.

━━ Sim, meu pequeno… esse é o meu nome. ━━ Ele limpou uma lágrima que havia escapado dos meus olhos, o toque suave, mas carregado de uma intimidade que fazia meu coração bater mais forte.

Tudo estava começando a fazer sentido e, ao mesmo tempo, criando ainda mais perguntas. Quem eu era nesse jogo de sonhos e memórias? E por que cada resposta parecia me levar mais fundo nesse mistério?

Mahasiah me abraçou, acolhendo-me em seus braços enquanto afagava meus cabelos por longos minutos. A sensação de estar ali, envolto em seu calor, era como voltar para casa.

━━ Preciso que você lembre, meu amor. Preciso que tenha força para lembrar de nós. Pelo menos nesta vida, quero estar ao seu lado ━━ Ele pedia em um tom baixo, quase suplicante. A urgência em sua voz fazia meu coração apertar.

O encarei e, pela primeira vez, notei seus olhos escarlates opacos, como se um véu de dor e tristeza tivesse se instalado ali. Era quase palpável. Eu sentia a sua dor, uma conexão inexplicável que me deixava ainda mais angustiado.

━━ Farei o possível ━━ Prometi, a determinação começando a brotar em meu interior. ━━ Só não sei como ━━ Encolhi os ombros, frustrado por não ter as respostas que ele precisava.

━━ Você sabe, meu pequeno sabido... você sempre sabe ━━ Ele disse, sua voz suave e reconfortante. Então, depositou um beijo sobre minha cabeça, um gesto que parecia conter uma eternidade de amor.

━━ Entre, vá descansar. Você precisa dormir. Em breve será dia ━━ Disse ele, e, de alguma forma, suas palavras trouxeram um conforto indescritível.

Estranhamente, levantei-me sem hesitar e comecei a obedecê-lo. Mas antes de entrar, uma onda de necessidade me tomou de assalto. Corri até ele e o abracei com força. Eu precisava daquele abraço tanto quanto ele precisava de mim.

━━ Eu prometo que vou lembrar de nós, Mahasiah... eu prometo ━━ Declarei, a sinceridade nas minhas palavras me dando coragem. A conexão entre nós era mais do que apenas um sonho; era uma chama que eu estava determinado a manter acesa.

Enquanto nos afastávamos, percebi que a escuridão da noite não poderia apagar a luz que havia surgido entre nós. E, mesmo sem saber como, eu sabia que encontraria um caminho de volta para ele.

𝐏𝐔𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀𝐃𝐎 𝐄𝐌: 𝟑𝟎/𝟎𝟗/𝟐𝟎𝟐𝟒
𝐑𝐄𝐕𝐈𝐒𝐀𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑: 𝐌𝐀𝐈𝐑𝐀 𝐋𝐈𝐌𝐀 & 𝐕𝐀𝐋𝐐𝐔𝐈́𝐑𝐈𝐀 𝐒𝐀́𝐕𝐈𝐎
𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒 ©𝐋𝐘𝐃𝐈𝐀 𝐓𝐀𝐕𝐀𝐑𝐄𝐒