Thinking out loud
Ele me recebeu com um sorriso enorme, o que me deixou constrangida pois eu não demonstrava sentimento algum no meu rosto, então sem graça, eu dei um sorriso.
- Sim, na verdade eu queria perguntar algo para você.- Disse diretamente e seu sorriso se desmanchou, seu olhar focou em mim com máxima atenção, se eu me impressionasse rápido provavelmente estaria vermelha como um tomate.
- Mas você vai querer o frapuccino?- Ele direcionou o canudo e bebeu um pouco.
- Ah... Sim.- Percebi que tinha sido um pouco rude com ele, pois fiquei surpresa com sua resposta para situação, fez sentido ele pagar com a mesma moeda, mas me segurei, ele era mais velho que eu, deveria respeitá-lo.
- Sobre seu pé? Medicina que não é, seu pai vive resmungando sobre os filhos deles serem ingratos e que não querem seguir o caminho dele.- Ele deu uma risada pegando o copo e sugando mais um pouco do líquido.
- Na verdade esse aí é meu irmão, ele é bem... Hum, não sei descrever, mas é algo como meus pais chamam de vagabundo, mas ele não é um vagabundo, ele só está seguindo os sonhos dele.- Disse e Christopher ergueu uma sombrancelha, ele deu uma pausa de segundos e depois voltou dos seus pensamentos como se tivesse entendido algo.
- Entendo, entendo. Eu sempre quis fazer parte da área da medicina, quis ser psicólogo. Meus pais diziam que não traria lucro então acabei chegando aqui e com certeza não foi por causa deles. - Um silêncio se instalou entre nós. Eu não gostava de falar sobre minha carreira, eu não tinha escolha própria, mesmo se tivesse, eu ainda não havia pensado em algo.
Finalmente um quebra gelo chegou e a garçonete entregou meu frapuccino.
Ela deu um sorriso para Christopher e se curvou levemente.
- Bom ver você novamente senhorita Kang.- Ela disse e se movimentou de volta ao balcão como um robô.
- Você deixa as pessoas nervosas.- Ele disse rindo e eu analisei a situação, sequer lembrava da garçonete, talvez tivesse mudado.
- Eu não deixo as pessoas nervosas, é o medo que elas criam na cabeça que as deixam assim.- Disse e decidi provar o frapuccino, estava com um gosto formidável, fazia uma década que eu não tomava um desses, acabei por sentir nostalgia, o primeiro frapuccino que eu tomei foi a única e última vez que viajamos em família.
- As pessoas fazem um pré conceito de nós e fazem disso uma verdade. Talvez essa verdade delas é uma mentira para você, mas quase todas são iguais.- Christopher disse e eu não sabia como reagir, estava muito fundo nos meus devaneios familiares para entender o que ele havia dito, decidi deixar para lá.
- Quando será minha consulta? Com o traumatologista?- Perguntei e ele piscou mais uma vez fazendo um sinal para esperar.
- Sem pressa, existem pessoas sem certas partes do corpo que vivem, por que você não pode?- Eu o observei atentamente tentando entender se ele estava falando sério ou não, pois eu estava prestes a perder minha paciência com ele.- Termine o seu frapuccino e iremos lá.- Ele se levantou mexendo em seu bolso e deixando algumas moedas. Seus movimentos eram contínuos; ele pegou seu jaleco, botou o copo no lixo, se despediu da garçonete e saiu se despedindo de todo mundo ali.
Sem entender nada corri atrás dele com dificuldade esperando ele me guiar até o traumatologista mas parecia que ele me ignorava.
- Senhor Bang, preciso que me leve ao traumatologista. Eu fico perdida aqui e já que está comigo poderia usar da sua ajuda.- Disse firmando minha voz andando em passos rápidos igualmente ao seu ritmo.
- Uh, pelo visto não terminou seu frapuccino, vou resolver umas coisas e daqui a dez minutos eu volto. Quero que você tenha terminado até lá.- Ele mexeu em algo no seu bolso e jogou em minha direção.- É bala. Termine isso também.
Ele saiu dando um sorriso brincalhão me deixando sentada no corredor de espera do hospital. Eu estava perdendo a paciência com ele, removi a tampa do frapuccino e tomei o restante em um gole, a bala joguei no lixo por irritação. Me levantei e fui sozinha até o traumatologista.
(...)
- Por sorte você não quebrou osso algum senhorita Kang, seus ossos são saudáveis e o inchaço está diminuindo, continue tomando o remédio, não faça esforço com este pé, todo cuidado é pouco, em pelo menos de uma semana o inchaço desaparecerá.
Eu prestava atenção no que o médico falava, quando de repente é quebrada quando ouvi uma batida duas vezes na porta e alguém abriu. Era Christopher.
- Olá Bang, já está de saída?- O médico disse olhando para Christopher e ele sorriu me olhando.
- Só vim checar a jovem, tenho um trabalho a cumprir. Vamos?- Ele disse abrindo mais a porta e eu olhei ambos não entendendo nada.- Seu pai pediu para fazer um último check-up.
- Ele não me avisou nada.- Suspeitei, papai sequer gostava de psicólogos. Mas não queria criar boatos na frente de outros médicos, apesar de provavelmente já estar fazendo isso desmentindo Christopher.- Obrigada doutor, tenha um bom dia.
- Não tem porquê agradecer, meu dever é esse.- Ele disse e eu saí fechando a porta.
Finalmente eu Christopher saímos mas estávamos indo em direção a garagem, percebi que ele já não estava com seu jaleco e vestia um sobretudo preto.
- Pode me chamar de Chris fora do hospital, e eu levarei você para casa.- Ele disse removendo chaves do seu bolso e eu parei em meus passos antes de entrarmos na garagem.
- O que? Por quê? Eu nunca concordei com isso. Não pedi carona.- Encarei Christopher e ele riu.
- Seu pai pediu. Não se preocupe.
- Não, espere um momento.- Comecei a mandar mensagens desesperadamente para minha mãe e finalmente ela respondeu:
"Seu pai realmente pediu, o motorista está comigo e seu pai está ocupado."
Achei estranho pois minha mãe sabia dirigir, mas eu não tinha outra escolha.
- Se tentar algo eu mato você.- Disse tentando entrar no carro mas ele estava travado, ele riu e destravou carro.
- Vamos, vamos.- O carro fez o barulho de destravamento e finalmente saímos do hospital, em direção a minha casa.
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