Já fazia um tempo que gostaria de visitar uma biblioteca próxima da minha casa, e eu decidi ir depois das aulas, era final de semana e eu estaria livre.

Mas durante a aula eu sequer conseguia me concentrar, alguém me deixava desconcertada e estava me dando nos nervos. Nem pensava mais na biblioteca.

Achar o menino que mais me irritava da sala o mais bonito era algo que me deixava decepcionada. Nunca imaginei isso vindo de mim: Não gostava de sentir atração por ele, Lee Minho.

Existem excessões obviamente, tipo o Hyunjin da 2-A ou o Seungmin da...
2-A. Ugh porque as excessões só estão na 2-A? E eu estou presa com ele aqui, não é uma péssima opção, mas Hyunjin certeza vence em todas!

Acordo para realidade quando percebo uma movimentação do meu alvo, sim, meu alvo pois eu nem percebi que estava encarando ele como uma maníaca e ele piscou para mim e mandou um beijo.

Não entendi, obviamente, não sabia se ele estava fazendo isso para mim, então olhei para os lados vendo se havia alguém e ele apenas riu. Envergonhada decidi ficar paralisada olhando para o professor.

Seus amigos riam de mim e ele também, sim então ele vai começar uma briga comigo?

- O trabalho é em dupla, você quer fazer comigo?- Minha amiga Minhye diz batendo com a caneta na minha mesa e eu sorrio sem graça.

- Sim...- Digo esperando ela arrastar sua cadeira próxima a minha mas ela permanece imóvel.- Você não vem?

- Vem você.- Ela se desmancha na cadeira e eu apenas olho para ela e faço o mesmo.

- Ok, vou fazer só então.- Eu digo arrumando minhas coisas e ela põe seu pé sobre minha coxa me sujando.

- Nah... Preciso de pontos ou fico de recuperação.- Ela dá de ombros.

- E o que eu tenho a ver com isso?- Digo séria. Provavelmente ela queria se aproveitar das minhas respostas mas eu nunca deixo fácil para ela.

- Tudo, você é inteligente, precisa me ajudar a passar.- Ela disse colocando os dois pés sobre mim e eu apenas empurrei irritada.

- Se quer isso é você quem deve correr atrás, não eu.- Mostro a língua.- Professor 'tá aí.

Sei que disse que Minhye é minha amiga, e ela é, porquê? Bom, ela me aguenta e sabe como me fazer rir, acho que é o suficiente, apesar de eu brigar bastante com ela, nenhuma de nós duas consegue mais fazer amigos por sermos acomodadas uma com a outra.

- Estamos durante aula, se eu gritar vou ser expulsa da sala como se a culpa fosse só minha. E nunca foi só minha, você me provoca.- Minhye me apontou a caneta irritada e eu decidi ignorar.

Apenas assenti com a cabeça e ela arrastou sua cadeira próxima a minha. Não conversamos até o fim da aula e passávamos as respostas uma para outra sem falar uma sequer palavra, acho que tínhamos esse talento depois que brigávamos.

(...)

- Escuta aqui, você tem que parar de dar esses surtos do nada. Você está ficando muito chata.- Minhye diz impaciente e isso me acertou, senti uma pontada no meu coração, não era um insulto, estava acostumada a ouvir, mas não a lidar. Eu assenti sem coragem alguma de falar.- Desculpa... Eu não sei o que você tá passando para falar desse jeito comigo ou me tratar com grosseria, mas mesmo assim, a gente não desconta desse jeito nos outros. Sabe que não faço por querer.

- Eu vou comer, obrigada pelo conselho.- Minha voz falha e meu coração acelera e eu só pensei em sumir naquele momento, sentia que estava sumindo e minha garganta deu um nó, tentava descer a escada mas perdi a força na perna.

Merda.

Eu caí em um degrau sentada e acabei torcendo meu pé. Não sabia que dor estava sentindo, e estava sem coragem de me levantar e encarar as pessoas lá embaixo com essa feição chorosa. Meus sentimentos estavam todos misturados e eu estava muito confusa. Tudo isso porque minha amiga me chamou de chata, quem diria que um dia isso viraria gatilho pra mim.

Eu também não podia voltar, estava no meio de uma corda bamba, mas se eu ficasse ali não iria dar em nada, eu precisava escolher, mas para mim, fazer qualquer uma das duas ações não seria positivo para mim.

Eu ouvia vozes histéricas se aproximando cada vez mais e por algum motivo eu ficava cada vez mais desesperada, eu não queria que me vissem, prefiro que Minhye me veja chorando.

Me levantei com toda força possível que ainda existia nas minhas pernas e tentei descer os degraus, mas sentia meu tornozelo doer a cada movimento, então me apoiei na parede usando apenas um pé para descer, mas já estava perdendo o fôlego. E eu nem havia chegado no terceiro degrau.

Aquela situação toda estava me deixando estressada, provavelmente eu poderia desmaiar só de raiva ou qualquer coisa que estava sentindo.

- Está tudo bem?- Ouvi uma voz conhecida e meu coração acelerou, era o fim da linha, pelo visto teria de lidar com desconhecidos que nunca me viram chorar ou talvez até mesmo um conhecido que nunca me viu chorar.

Sim, o meu desespero era a possibilidade de me verem chorando.

E não, não está tudo bem.

Eu não conseguia responder nada, minha voz estava fraca, quanta idiotice.

- É você? Você caiu da escada?- Ele se abaixou ao meu nível e eu só escondi meu rosto com o cabelo abaixando a cabeça.

- Sim, mas... Acho que vai ficar tudo bem...?- Digo sem conseguir ouvir minha voz de tão baixa e eu senti ele entrar em desespero.

- Você consegue me ver não é? Bateu o rosto?- Ele disse envergonhado e eu consegui ver sua feição por trás dos meus fios de cabelo. Eu só me encolhi, não queria mais sair dali, ver sua feição preocupada aquecia meu coração, não esperava esse lado de Minho.

- Ei, consegue andar?- Ele disse e sua voz falhava também, não entendi o porquê dele estar desse jeito, mas me aliviava ele sentir o mesmo que eu.

- Um pé eu acho.- Disse respirando fundo e limpando meu rosto para tentar encará-lo, mas deixei só meus olhos a mostra e escondi meu rosto inchado do choro.

- Está tudo bem... Eu também teria chorado, hehehe.- Ele disse algo tão idiota que me fez rir. Eu estava rindo de nervosismo provavelmente.- Eu nunca te vi sorrindo.

Ele diz e meu coração acelera, talvez Lee Minho não seja uma pessoa tão irritante assim. Percebi minha consciência com meu rosto e cobri de novo.

- Sabe... Eu nunca gostei de você.- Disse olhando para o lado e ele ri. E isso claramente não era verdade.

- Eu meio que percebi, mas se eu fiz algo para você, acho que agora é hora de pedir desculpas? Vou levar você até a enfermaria.- Ele estava me tratando como uma criança, se é que eu não estava agindo como uma.

Eu estava tão envergonhada, eu sempre fui tão infantil com todo mundo e nunca tinha percebido. Julguei alguém sem nem ao menos conhecer. Talvez seria a hora de largar esse meu eu de alguns anos atrás e tentar encontrar algo diferente, sem mais brigas, sem mais preconceitos, sem mais reclamações. Era a hora de eu me resolver com Minho.

Mas não seria tão fácil mudar.
Neste caso, meu eu de alguns minutos atrás não aceitaria a proposta de Minho para me levar até a enfermaria. Mas eu estava tão vulnerável, se Minho procurava perdão, ele me encontrou no momento certo.

- Eu aceito.

Tô editando a fic que eu amo odeio! Tô apagando muita coisa mas nesse capítulo em específico eu só acrescentei. Novos leitores, olá! Que bom que vieram na versão 1.1 de Eye Candy e leitores antigos, desculpa o susto, se quiserem ler leiam 300 vezes porque dessa vez eu não vou ficar com uma vergonha mortal. Aproveitem e não esqueçam de votar 🌈