Com certeza depois de eu conversar com Minhye, nós adquirimos um novo nível de intimidade.

Passamos a conversar todas as noites antes de dormir, algo sempre acontecia com Minhye, ela tinha a vida agitada e eu não sabia, me sentia uma idiota.

A mãe de Minhye percebia que eu ficava encarando, e ela sempre vinha perguntar se eu precisava de alguma coisa, eu apenas dava um sorriso sem graça dizendo que não precisava de nada. Talvez estivesse pensando demais.

Então regularmente me encontrava encarando a senhora Kim pensando como a Minhye tinha uma ótima mãe.

No outro dia na escola eu estava disposta a arrancar mais informações de Minhye.

- Bom dia Seolhee...Ugh... Dormiu bem?- Minhye apareceu sem fôlego com o rosto úmido se encostando no armário.

- Sim... Obrigada, o que houve com você?- Disse oferecendo meu lenço para ela.

- Perdi o ônibus então corri atrás dele. Obrigada.- Ela se seca e respira fundo.

Abri meu armário e mais uma vez pedaços de papéis coloridos caíram de lá.

- Oh...- Eu e Minhye abrimos a boca juntas.

Com expectativas altas, eu e Minhye começamos a ler.

"Você deu um sorriso bonito ontem, acho que fiz bem."

"Isso é constrangedor, não mostre a mais ninguém além de Minhye."

"Eu posso te ver? Acho que você queria me ver também."

"Ei, sorria mais, essa é sua maior arma, seu sorriso. Mas também estou com medo de que alguém se apaixone por você quando ver seu sorriso."

- Isso é horrível Minhye, foi você não é? É tão horrível que eu quero chorar.- Eu ri fazendo careta para ela e Minhye me olhava com desgosto.

- Claro que não, e se realmente for alguém mandando isso pra você e passar pelo corredor e ouvir você falando isso?- Eu e ela olhamos as pessoas passando no corredor e nosso olhar pousou em Minho que nos encarou de volta desconfortável, segurando um grande trambolho que parecia ser o trabalho de biologia.

E Lee Minho derrubou seu trabalho no chão.

- Oh, eu ajudo.- Minhye rapidamente se voluntariou, e eu fiquei lá imóvel, eu não sabia o que fazer. Eu só segurei minha risada acumulada.- Seolhee, você já entregou o seu né?- Minhye disse com um sorriso suspeito no rosto e o meu logo se desmanchou.

- Não, não, eu cuido é que eu sou pateta, obrigado pela ajuda.- Ele me olha e depois olha os papéis em minha mão.- Está treinando suas falas para o conselho?

- Conselho? É? É! Conselho...- Botei os papéis no bolso do meu uniforme e sinto outros papéis lá.- Oh, as flores.

Eram os papéis que estavam nas flores do hospital. Rapidamente os guardei juntos. Provavelmente iria esquecê-los lá de novo.

- Ei Seolhee, guarde suas coisas e venha comigo.- Minhye disse e recolheu as coisas de Minho do chão.

- Hum? O quê?- Encarei minha amiga no chão ajudando Minho.

- Pare de patetar e me ajude.- Ela jogou uma pasta na minha mão e levou o restante das coisas de Minho em direção ao laboratório.

Estávamos no laboratório e Minho parecia visivelmente desconfortável, e não era só ele. Eu queria correr dali, depois do pé na bunda que eu levei de Minho eu não conseguia ficar nem um metro perto dele.

- Então...?- Disse olhando a hora no meu celular.

- Você é ótima em montar maquetes. Me ajude e ajude Minho.- Ela me puxou me fazendo encarar o desastre que estava a maquete.

- Eu sou?- Olhei para Minhye que sorria pra mim.- E porque isto ajudaria você?

- Você é perfeccionista. Você diz os defeitos e como fazer para nós podermos consertar. Não é Minho?

- E se eu não quiser? A gente vai se atrasar para a aula. E você não respondeu a outra pergunta.- Minho finalmente se aproximou dando um sorriso para mim e encarando a maquete.

- Pelo amor de Deus me ajuda.- Eu vi o desespero no seus olhos.

Minho era ótimo em fingir que nada aconteceu.

- Está mal pintado, esse isopor é horrível, muito fino, não use esse tipo de tecido e a cola para ser usada é especificamente a... I-so-por. Você queimou a tinta com a cola errada.- Estressada, respirei fundo pegando minha mochila.- Tenho que--

- Você não tem nada, faltam meia hora antes das aulas começarem, deixe de ser egoísta e ajude minho.- Minhye me encarou querendo me passar alguma mensagem pelo olhar mas eu não entendia.

- Ei. Não precisa, eu me viro.- Minho disse me encarando com raiva e Minhye me olhou surpresa, eu havia voltado a ficar com raiva de Minho.

Depois da palhaçada que ele havia feito eu simplesmente reprimi o sentimento idiota que eu estava sentindo.

Minhye veio em minha direção e me puxou para um canto.

- Ei, o que é isso? E tudo aquilo que conversamos??

- Nem vem, você também não me contou quase nada.- Disse e soltei meu pulso da mão de Minhye.- Ele está me fazendo de palhaça.

Saí do laboratório e ignorei Minhye pelo restante das aulas, minha amiga estava tomando o lado do garoto que eu estava gostando e odiando ao mesmo tempo. Achei que ela soubesse me ler muito bem. Revirei meu livro de história em busca de entretenimento da aula chata, até que achei mais um papel colorido.

"Não se preocupe, não roubei nada seu, só pretendo roubar seu coração.

Brincadeiras a parte. Você parecia uma pessoa difícil de falar antes, por que não tenta conversar com alguém além da sua amiga? Sei lá... Eu talvez?
Sei que vou ser deixado na Friendzone, mas queria pelo menos me aproximar de você. Mas você sempre parece afastar as pessoas.

Não seja insegura ok? Você é um dos tesouros que eu mais quero você é valiosa, e isso é incrível, minha prima queria ser sua amiga, e ela disse que não iria ser fácil. Mas isso é passado, será que ela deixou uma mensagem positiva em você? Espero que sim.

Tem algo que veio me incomodando faz um tempinho... Você chegou com um moço bonitão e um carro bonitão, mas você saiu com um rosto triste do carro e o moço parecia te ignorar, ele era seu motorista? Nunca tinha visto um motorista tão bonito assim, sinto inveja... E ciúmes.

Ok, de seu admirador secreto. Seu futuro motorista bonitão."

Eu ri durante a aula de história com a carta ridícula, não imaginava como esse "admirador secreto" me observava, eu sentia vergonha, mas também me sentia feliz. É legal saber que alguém se importa, mas a parte do tesouro quase me fez vomitar.

O motorista bonitão... Christopher, precisava falar com ele.

Tirei meu celular do bolso e os outros papéis também caíram, botei eles sobre a mesa e observei que a caligrafia do cartão das flores eram quase parecidas.

- Será que...?- Logo bolei um plano e mandei mensagem para Christopher.

Estava sem paciência para esperar o stalker se revelar. Não sei como ele esperava eu me atrair por ele me analisando e escrevendo coisas bestas.

Christopher Bang: Ok, te pego depois das suas aulas.

...

A campa bateu e a última aula acabou, guardei calmamente meu material até que ouvi duas pessoas se aproximando.

- Seolhee.- Minhye disse e eu levantei minha sombrancelha observando as duas figuras na minha frente: Minho e minhye.- Viemos pedir desculpas e agradecer... Não, na verdade o Minho veio agradecer.

Os dois estavam tão envergonhados e desajeitados, pareciam duas crianças.

- Obrigado, consegui um 8 na minha maquete, poderia ter conseguido mais se não tivesse feito em cima da hora. O professor reclamou do isopor e o tecido, eu sinto muito, estraguei seus conselhos vossa majestade.- Ele se curvou e Minhye rapidamente puxou o colarinho de sua blusa para cima.

Não sabia que os dois tinham tanta intimidade. A não ser que...

- E eu sinto muito por não ser uma ótima amiga. Eu pago um milkshake para você hoje.- Ela disse e deu um sorriso esperançoso.

- Desculpa eu tenho que sair agora, mas desculpas aceitas.- Disse e saí rapidamente da sala de aula, estava muito envergonhada.

Cheguei na saída da escola e lá estava ele e seu carro, mas dessa vez sem o óculos escuro.- Christopher. Boa tarde.

- Senhorita Kang.- Ele sorriu e estendeu sua mão para mim.

- O que é isto?- Eu ri olhando sua mão.

- Queria ser um cavalheiro.- Ele pegou minha mão e beijou.

- Ei!- Disse tirando minha mão.- Nem sei se você escovou o dente hoje.

- Desculpa, mas eu realmente escovei.- Ele disse e voltou o olhar para frente.- Nosso destino é o parque.