02. Manual de Como Ser Simpático e Legal
— Eu pensei que o Kyung estivesse proibido de pisar aqui.
Baekhyun vez ou outra ia assistir os treinos da equipe de futebol da qual seu namorado fazia parte, e em quase 90% das vezes ele ia sozinho ou em poucos casos com Lu Han, a questão era que Kyungsoo quase nunca ia, sempre com a justificativa de que os companheiros de time de Chanyeol eram decepcionantes e não havia nada de interessante para se comtemplar ali. Mas claro que essa parte da história só passou a existir depois do boato de que o Do havia sido permanentemente proibido pelo treinador de estar ali, boato este que ele vivia negando.
Todavia, agora ele estava ali, e não havia ninguém capaz de expulsá-lo, não depois de seu novo estímulo, pois o verdadeiro motivo de sua aparição seria para ver se conseguia descobrir algo mais a respeito do tal calouro que não saía de sua cabeça. Pelo menos, não da cintura para baixo.
Pensara bastante em novas formas de se aproximar, mas até então havia encontrando uma forma que fosse bastante eficaz e à prova de falhas. Pensava em o encurralar, todavia ainda existia o fato de ele ser muito maior que ele e acabar perdendo a paciência e o quebrando em dois. Kyungsoo era o tipo de pessoa que sempre pensava na pior possibilidade possível antes de arriscar.
E alguém daquele tamanho não era bom ficar batendo de frente direto.
— Não estou proibido de pisar em lugar nenhum. — ele se defendeu — São apenas boatos contra a minha pessoa, posso vir aqui tanto quanto os outros.
Uma das questões principais era de que o Do assustava os jogadores, especialmente por sua língua afiada e seus olhos fixos que mal piscavam enquanto os observava. No começo, para eles, tudo era um mar de rosa, e a maioria imaginava que Do Kyungsoo seria uma foda boa para uma noite ou uma semana, mas não era bem assim que a banda tocava, pois o baixinho era mais grosso que parede de igreja, e conseguia quebrar qualquer coração ao atacar exatamente na ferida de quem não lhe interessava.
E no fim, era como se não pudessem ser bons o bastante.
— Todos os caras do time têm medo do Kyungsoo. — Lu Han refletiu com um ar de riso — Você se lembra daquele fora tão terrível que ele deu no goleiro do ano passado? Eu me senti péssimo, e nem era comigo, se fosse comigo eu teria chorado.
— Rosto mediano, cabelo seboso e pau mais mediano ainda. — era tudo o que o Do tinha a dizer sobre este cara, o qual sequer lembrava do nome — Sinceramente, se isso é tudo o que esse time de faculdades mistas tem a oferecer, eu deveria ir procurar em outro lugar.
— Ei! — Baekhyun interferiu — Meu namorado está nesse time.
— Chanyeol é seu namorado, Baek, ele não interessa pra mim. — e ouvir isso era mesmo um alívio — Além disso, vocês não toparam o ménage que eu educadamente convidei.
— E que você estava apenas brincando, como o grande brincalhão que você é. — o Byun continuou tentando de alguma forma se justificar pelo Do — E que assim será visto pelo bem de nossa amizade, claro.
Mas Lu Han tinha certeza absoluta de que Kyungsoo não estava brincando quando disse aquilo, 1 ano e meio atrás, quando Baekhyun e Chanyeol começaram a namorar. Porém, de todas as formas aquela era a realidade em que estavam, Baekhyun parecia ter encontrado o único cara decente daquele lugar, e isso acabou reduzindo e muito as expectativas de Kyungsoo de encontrar alguém no mesmo nível, pois afinal, dois raios não caem no mesmo lugar.
Isto é, até o Kim Alguma Coisa aparecer.
E agora podia ficar o observando de longe durante o treino, e sem vergonha nenhuma sacou o binóculo que carregava na mochila para enfim poder admirar mais de perto os detalhes. Era uma pena que ele não fosse adepto aos que treinam sem cueca, pois aquilo estava atrapalhando o movimento que queria tanto ver. De todas as formas estava tão concentrado, que demorou a perceber que o treinador havia caminhado até ele, e que agora estava bem ao seu lado e com uma cara nada boa.
— Do Kyungsoo! — ele precisou gritar para ter alguma atenção — O que eu falei sobre trazer binóculos para os treinos do time?
Kyungsoo o olhou com a sua melhor expressão de inocente, era mais cínico que uma raposa ao ser pega segurando a galinha na boca. Piscou os olhos lentamente ganhando tempo para pensar em uma resposta que adiantasse de alguma coisa, e após puxar toda a sua vocação para ser advogado de si mesmo, ele disse:
— O senhor disse que as garotas não podiam, e eu não sou uma garota, portanto, posso. — era a sua melhor resposta para o momento — E se me permite, eu estava no meio de uma observação acadêmica, isso vai para o meu TCC.
O treinador riu e puxou o binóculo de suas mãos.
— Mais uma gracinha dessas e você nunca mais bota os pés aqui.
O boato de que ele havia sido banido antes era mentira, na verdade, um exagero. Uns seis meses antes o treinador havia lhe dado uma bronca a respeito de seu comportamento, mas não tinha nada a ver com assédio. Na verdade, o que realmente havia acontecido foi apenas uma discussão acalorada entre o Do e um dos jogadores — que havia se formado e caído fora ano passado —, e no calor do momento ele havia jogado uma garrafinha de metal na cabeça do cara, que acabou fazendo com que ele desmaiasse. E foi só por causa disso que passou a evitar andar muito por ali.
Mas agora que aquele ser já não vagava por lá, podia voltar a frequentar os treinos em paz.
E depois disso ele voltou para onde os meninos estavam. Kyungsoo ainda olhou frustrado por uns cinco segundos, mas já estava pensando em um plano B. Pegou seu celular na mochila e abriu a câmera no zoom máximo, pois nada poderia impedi-lo de seguir com a sua pesquisa, que de acordo com ele, era super acadêmica.
— Você realmente é um caso sério. — Lu Han comentou.
Se não podia ver bem o tão afamado pau do Kim Alguma Coisa, ele podia ao menor admirar suas outras curvas tão belas quanto. Claro que intimamente ainda procurava algum defeito monstruoso nele, afinal, algum ele tinha que ter, pois ninguém era perfeito. Podia ver bem suas pernas bem torneadas, seu cabelo brilhoso e as gotinhas de suor assustadoramente sexys descendo pela curvatura do pescoço, e para completar havia aquela pele com um bronzeado divino.
Aquele homem valia o esforço até então.
Lu Han foi embora mais cedo, mas Kyungsoo ficou ali com Baekhyun até o fim do treino, e teria entrado no vestiário se o Byun não tivesse jogado em sua cara que aquilo era assédio puro e estaria ultrapassando todos os limites da decência, algo que acabou tocando na ferida e nos sentimentos — que não eram muitos — do Do. Isso e o treinador que apareceu com uma carranca feia e mais um aviso de que ele estava a ponto de ser banido de vez dali.
— Vamos ficar sentados aqui e esperar. — Baekhyun disso voltando para as arquibancadas — Aliás, Kyung, o que vai fazer depois daqui?
— Nada, mas com certeza não vou sair com você, seu namorado e os amigos esquisitos dele.
Baekhyun recolheu toda aquela ofensa e transformou ela em nada, pois se fosse ficar irritado todas as vezes que Kyungsoo soltava uma dessas, sua vida seria um eterno rancor. Às vezes se perguntava o motivo de serem tão amigos, deveria ter se librado do Do ainda no ensino primário, pois quem sabe assim pudesse atrair energias mais positivas para sua vida.
— Já te disseram que você é bem desagradável?
— Já. — respondeu quase como se tivesse orgulho disso, ou que simplesmente não fosse algo que o incomodasse — Muitas vezes, hoje mesmo.
— Ótimo!
Chanyeol só apareceu uns 20min. Depois, com o cabelo molhado e cheirosinho para que ninguém reclamasse de nada, e quando se referia a reclamar, era sempre Kyungsoo quem reclamava, não seu namorado. Baekhyun só era bonzinho demais no fim das contas, mas ninguém comentava muito sobre isso.
— Chamei alguns amigos pra tomarem uma cerveja no meu apartamento. — ele comentou com um sorriso no rosto, como na maioria das vezes que falava, Chanyeol tinha uma estranha mania de sempre parecer estar muito feliz — Você vem conosco, Kyungsoo?
— Claro que não.
— Jongin vai estar lá.
— Quem é Jongin? — se tocou que nunca havia ouvido esse nome, e logo após isso acabou tendo uma epifania e seus olhos, que já eram arregalados por si só, quase saltaram pra fora da cara — Espera, Jongin é o cara do pau enorme? Puta que pariu, é ele mesmo?
Chanyeol sorriu vitorioso.
— É ele mesmo.
Kyungsoo apertou o braço de Baekhyun como se tivesse acabado de receber a notícia de que havia ganhado um sorteio, estava com a boca aberta e quase em choque com aquilo, era meio assustador de ver, ao mesmo tempo em que era engraçado. Do Kyungsoo tinha seu jeito particular de reagir as coisas, além de muitos comportamentos intitulados como estranhos, e talvez fosse isso que mantivesse os seus amigos por perto, pois independentemente do quanto ele fosse um cara assustador, ainda era o pequeno e engraçado Kyungsoo, com seus óculos redondos e seus macacões de jardinagem que tanto ficavam fofos nele.
— Eu vou com vocês!
— Mas você acabou de dizer que não suportava os amigos esquisitos do Chanyeol! — Baekhyun fez questão de protestar e passar isso em sua cara.
Kyungsoo deu de ombros.
— Pelo Jeongin vale a pena!
— É Jongin!
— Tanto faz.
O Do fez questão de ir em casa primeiro para tomar um banho e vestir uma roupa mais apropriada para chamar atenção de seu alvo. Estava agindo exatamente como um pavão macho eriçando suas penas bonitas para exibir. Passou quase 1 litro de perfume e arrumou seu cabelo o deixando com a franja caída para frente, pois estava pronto para fazer de inofensivo e quem sabe parar de assustar tanto sua presa.
Kyungsoo era o exato tipo de pessoa que facilmente se camufla e faz as pessoas pensarem ser o serzinho mais inocente do mundo, alguém que os outros facilmente diriam querer proteger e guardar e um potinho. Às vezes era bom ser assim, pois era como ter uma espécie de super poder, tipo a Mística dos X Man.
Praticamente obrigou Chanyeol a ir busca-lo um pouco mais cedo, para que pudesse estudar o ambiente e encontrar um lugar onde ficasse sentado bem à mostra, exibindo para Kim Jongin seu corpinho fenomenal e exalando seu cheirinho de perfume caro que roubou de sua na última vez que foi em casa. E depois de muito estudar o ambiente, encontrou a almofada perfeita, onde se acomodou e esperou até que os outros começassem a chegar.
Era tipo um zoológico.
— Os amigos do seu namorado são muito feios, Baek. — ele comentou em algum momento, pois estava terrivelmente entediado depois de quase meia hora sem ofender alguém — E tô começando a achar que o Hongin não vem.
— É Jongin!
— Tô achando que ele não vem, independente do nome. — prosseguiu — Aliás, Chanyeol me tapeou, nem deve tê-lo convidado.
— Eu convidei sim. — Chanyeol surgiu atrás deles no sofá — Mas acho que ele deve ter sentido o seu cheiro atrás da porta e fugido.
Kyungsoo teria afogado Chanyeol dentro do balde de gelo derretido se não tivesse tantas testemunhas no local. E por que Jongin fugiria? De todas as formas não dava pra sentir seu cheiro do outro lado da porta, eles não estavam em uma fanfic omegaverse onde o alfa fareja o ômega intrometido nos ambientes antes de entrar. De todas as formas não tinha como o Kim ter adivinhado que ele estava ali dentro.
Uns 10min depois ele apareceu. E apareceu como se estivesse com vergonha de entrar ali, mas incrivelmente lindo, o suficiente para que quando entrasse ofuscasse todos os outros e fizesse Kyungsoo ter um motivo a mais para tamanha obsessão por ele. E olhar para alguém assim era abrir um sorriso bem idiota automaticamente, até segurou no braço de Baekhyun com força como havia feito mais cedo.
— Toda vez que você vê esse homem, você entra em trabalho de parto. — o Byun comentou tentando soltar seu braço — E eu que pago o pato.
— É uma coisa que eu não consigo explicar.
E era mesmo, era quase uma paixão, mas ao mesmo tempo uma grande curiosidade. Do Kyungsoo absorvia os detalhes de Kim Jongin mesmo antes de decorar seu nome. Havia literalmente separado um cantinho em seu caderno para listar suas qualidades e defeitos, além de ter outro espaço, com setas apontando em marca texto amarelo, para quando finalmente descobrisse quantos centímetros ele escondia dentro da calça. Era como se sua vida só tivesse o direito de se normalizar depois de obter essa informação valiosa.
Seu mundo agora girava em torno disso, esperando o momento de quando seu corpinho poderia girar em torno daquela rola sagrada.
— O que eu faço, Baekhyun? — não era sempre que ele perguntava isso — A abordagem direta não funcionou.
Baekhyun suspirou dramaticamente, pelo jeito, ele estava prestes a se meter naquilo, algo que só esperava esperando o momento, mas que iria fingir que não queria, e que estava sendo forçado a exercer sua opinião. O Byun cruzou as pernas pronto para dar uma de Will Smith em Hitch – Conselheiro Amoroso.
— Oh, Pequeno Gafanhoto. — e já começou com o filme errado — Talvez esteja na hora de você entender que algumas pessoas tem sentimentos e não se sentem confortáveis em se abrir sexualmente com estranhos. Você constrangeu Jongin, praticamente o colocou contra a parede e isso o intimidou, e nesse momento você precisa consertar isso, fazer com que ele se sinta confortável em sua presença, e assim pare de te ver como uma ameaça.
Estava orgulhoso de seu discurso.
— Tá, e como eu faço isso?
— Só seja legal e simpático com ele.
O Do balançou os ombros e fez uma careta estranha. Que dificuldade existia em ser legal e simpático com alguém? Ele era assim em seu dia a dia, e se Baekhyun estava querendo lhe dar o melhor conselho do mundo, não seria agora que isso iria acontecer, até porque ele podia ter pensado nisso sozinho. Ser legal e simpático estava em seu sangue, era praticamente seu sobrenome.
— Tá bem, isso vai ser fácil. — e nisso observou quando Jongin entrou pela cozinha e imaginou que esse seria o momento certo em que poderia abordá-lo sem muitas pessoas por perto, havia chegado o seu momento de brilhar — E lá vou eu, vou ser legal e simpático.
Mas só bastou que ele tomasse distância o suficiente para Chanyeol rir disso.
— Isso vai ser um desastre. — comentou com seu namorado.
— Pode apostar que vai.
Kyungsoo seguiu Jongin até a cozinha e conseguiu o encurralar sozinho. os segundos seguintes se resumiram em observar o ecossistema, onde a presa se encontrava sozinha bebericando alguma coisa, igualzinho a um pobre cervo bebendo água em paz enquanto um crocodilo perigoso observava de longe. E era bastante engraçado pensar assim, já que um crocodilo ultrapassava fácil o tamanho de Kyungsoo, nem vocação pra predador ele tinha, na real.
Mas o lance estava em se aproximar com cautela para não o assustar, pois a porta estava livre e ele podia passar por ela facilmente assim que percebesse sua presença. Andou bem devagarzinho, porém foi visto, e assim que seus olhos entraram em contato um com o outro, Jongin já se virou de esquina para ir embora dali.
O Do praticamente correu para o impedir.
— Espera, espera. — ia implorando enquanto chegava até ele — Eu quero me redimir, não vou ser invasivo, prometo.
Era uma promessa de dedinho cruzado, só pra ficarem sabendo.
— O que é que você quer?
Afirmar que seria simpático e legal obviamente não era uma regra especifica para que Jongin também fosse obrigado a ser simpático e legal com ele. E no fim das contas, ele nem tinha motivo pra ser, afinal, o primeiro e o segundo encontro entre eles dois não havia sido lá os encontros mais agradáveis do mundo, especialmente pela parte de Kyungsoo, que era a pessoa mais invasiva que ele já havia conhecido em toda a sua vida.
Chegava a ser engraçado em alguns momentos, pois Jongin no alto de seus 186cm estava fugindo de um nanico que não chegava nem a 160cm direito. Era como se estivesse vivendo no mundo invertido do Stranger Things. Mas lá estava ele de novo, quase correndo para se ver livre daquele tampinha de óculos redondos e calças de lavagem claro, que tinha uma aparência tão inofensiva quanto um ursinho de pelúcia, mas que quando abria a boca botava tudo a perder.
— Acredito que nós começamos com um pé errado. — e era muito difícil ter que admitir isso, chegava a doer em sua garganta — E que o maior culpado disso tudo sou eu, e você também, já que não quis compartilhar um simples nude comigo.
— Se você tá tentando pedir desculpas, começou do jeito errado.
Pedir desculpas? Não era bem isso o seu plano principal, pedir desculpas era ir longe demais, até porque não se achava completamente errado. Mas o que não faria para conquistar a confiança daquele homem? De perto ele era ainda mais bonito e podia ficar vendo as pintinhas espalhadas por seu corpo e contemplar cada uma delas como se fosse um monumento.
Ele suspirou, aquilo era mais difícil do que imaginava.
— Bom, a questão de onde eu quero chegar é que... — ele ainda estava pensando — Eu não fui muito educado, e talvez tenha ofendido você ou sugerir que você baixasse suas calças e me mostrasse o seu pau, acho que isso foi meio indelicado da minha parte.
— Com certeza você foi muito indelicado.
— E eu queria saber se poderíamos começar de novo? — ficou feliz por ter conseguido pensar em algo assim, quase orgulhoso de si mesmo, tentaria resolver seus problemas assim mais vezes — Acho que você nem sabe o meu nome ainda.
— É Do Kyungsoo, Chanyeol-hyung me falou. — ele disse, ainda parecia meio desconfiado e conferia todos os movimentos do baixinho com o canto do olho — Na verdade, ele me falou muito sobre você, me ajudou a montar um esquema onde eu podia andar pela universidade sem topar com você em nenhum momento.
Ouvir aquilo despertou todos os instintos animalescos de Kyungsoo, seu olho tremelicou em um tique nervoso pela raiva que sentiu e precisou segurar o impulso de ir até a sala e voar no pescoço do namorado de Baekhyun, aproveitaria o momento em que ele estivesse sentado para fazer isso. Como assim um esquema para se esconder dele? Do Kyungsoo sentiu-se o ser mais perigoso do mundo, como se fosse o mal encarnado. E teria refletido mais sobre isso se não estivesse ocupado em sentir uma imensa raiva de Chanyeol naquele momento.
— Chanyeol o quê?
— Mas você não vai ficar chateado com ele por causa disso, não é? — o outro perguntou muito cínico, pois estava estampado na cara de Kyungsoo que ele já estava puto com aquilo — Não quero que Chanyeol-hyung tenha problemas com você por causa disso, soube que são bons amigos.
— Claro, somos bons amigos.
E seriam bons amigos, mas isso só depois que Kyungsoo esfaqueasse algum móvel da casa do Park para liberar toda a energia negativa que estava se formando por dentro. Ah como aquele Park era mesmo um cínico! E se fazendo de bom moço a história toda, enquanto por trás estava ajudando sua presa a escapar por entre suas garras. E amigo não fazia essas coisas não!
Mas tudo isso era na visão distorcida sobre suas amizades que o Do tinha, talvez devesse ter pensado pelo lado positivo. Chanyeol havia se tornado amigo de Jongin e estava apenas o ajudando a se livrar de um pequeno incômodo que havia se deparado na faculdade. Todavia, o problema estava em não ter compartilhado isso com ele, e sim o esfaqueado pelas costas.
Um ultrage!
— Você está com uma expressão péssima. — Jongin comentou, aliás, parecia estar o desafiando a explodir de vez — Ficou com raiva, não foi?
Kyungsoo se sacudiu de um lado para o outro igualzinho como se estivesse tentando tirar a poeira de si mesmo. Respirou fundo e juntou todas as forças do além a seu favor. É claro que ele podia ser legal e simpático, aquilo não era algo impossível para ele, e poderia sim perdoar aquele errinho bobo que Chanyeol havia cometido com ele.
— Claro que não, eu sou legal. — pessoas legais nunca falavam que eram legais, o erro já começava aí — E já que agora não temos mais problemas entre nós, que tal sairmos para comer alguma coisa amanhã à noite? Eu tenho a noite toda livre.
Claro que Jongin não deveria dar tanta confiança assim logo de cara, pois estaria pulando sem paraquedas em um abismo perigoso, não conhecia Kyungsoo e o melhor mesmo era se manter em segurança. Fez uma cara de quem estava tentando se recordar de algo, mas na verdade estava tentando pensar em uma desculpa que fosse no mínimo crível.
— Não posso, tenho compromisso.
Kyungsoo fez um bico.
— E no dia seguinte?
— Vou estudar.
— E no dia seguinte?
— Tenho dentista.
— Ok, eu já entendi. — ele desistiu — Você continua querendo me evitar, mas isso não significa que eu entreguei os pontos. — Kyungsoo perambulou os dedos sobre o balcão até poder ficar com os dedinhos bem perto do Kim, mas sem encostar nele — Quando, do nada, você quiser sair comigo, nem que seja pra ficar jogando farelo pros pombos, é só entrar em contato comigo através do traíra duas caras, quer dizer, do Chanyeol.
E logo em seguida foi obrigado a arrastar seu pequeno corpinho com todo o restante de sua dignidade para fora da cozinha e enfim voltar para sala.
Mas voltar para sala com fumaça saindo pelos seus ouvidos, olhava para Chanyeol com uma expressão mortal e só queria arrancar a cabeça dele e depois jogar o corpo pela janela. Sorte do mundo os deuses terem lhe dado beleza ao invés de tamanho e força, pois teria feito um estrago caso fosse ao contrário. Sentou-se no sofá bastante inquieto e quase fazendo um escândalo.
Lu Han havia chegado e observava Kyungsoo com uma certa curiosidade.
— E então, vocês conversaram? — o chinês perguntou já sem paciência para esperar que o Do contasse por conta própria — Como foi?
— Acho que agora estamos em paz. — ele disse em meio a um longo suspiro bem exagerado — É, meio que estamos em uma paz momentânea.
— E por que você não parece feliz?
— Porque eu não quero paz! — e nisso se agarrou em uma almofada e quase rasgou ela pela forma em que a apertou — Eu quero ver o pau dele, e não sei como vou chegar nesse resultado com essa história de tentar ser amiguinho. Argh! Não sei lidar com pessoas que são assim!
— Assim, como? Normais? — Baekhyun perguntou só para implicar — Porque se o assunto fosse comigo, eu teria fugido de você assim como Diabo foge da cruz.
Kyungsoo se recostou no sofá e suspirou, tudo estava indo bem mal para o seu lado e seus amigos não estavam lhe dando apoio nenhum, e o pior de tudo era não ter muitos argumentos para se usar a seu favor, pois agora precisava admitir para si mesmo que havia o abordado da pior forma possível, e estabelecer confiança naquele meio seria uma tarefa muito difícil.
Especialmente se Chanyeol continuasse interferindo em segredo.
— Nunca tinha tomado um fora em toda a minha vida, tá bem? — ele confessou baixinho — Está sendo uma coisa difícil pra mim, vocês entendem isso?
Lu Han coçou a nuca e tentou ver pelo lado de Kyungsoo, e que no fundo ele tinha alguns sentimentos, mesmo que fossem bem pouquinhos. Os dois se agarraram ao amigo em um abraço triplo, e o fato de Kyungsoo ter aceitado aquilo — que muitas vezes ele chamou de palhaçada — já deixava bem claro o quanto ele estava abalado por dentro, quase todo despedaçado.
— Calma, amigo, você vai sentar naquela rola. — Baekhyun disse.
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