Capítulo 6
Meus amigos estão tão deprimidos
Sinto o porquê da sua solidão
Confie, porque estarei ao seu lado
Você sabe que estarei
Red Hot Chili Peppers - My Friends
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Nos dias seguintes, eu fiquei tranquila, saía com bastante frequência do meu quarto. Lucy continuava vendo tudo o que conseguia na cidade e eu estudei atentamente o livro de alquimia que tinha na biblioteca. Não achei nada de novo e isso me frustrava, mas acabei ficando um pouco mais próxima do Rafael, já que ele estava sempre na biblioteca também.
Treinamos algumas vezes e pude ver que os vampiros eram muitos bons com espadas e outras armas.
Lucy ensinou o Elon a hackear e invadir servidores para que eles pudessem apagar os próprios rastros. Eu aprendi ataques de espada com o Aruna e passei a me divertir enquanto bebia com Bae, ele continuava jogando cantadas inúteis, mas sempre conversávamos sobre outras coisas também.
Voltei na balada Stormdance. Dessa vez foram todos, menos o Rafael, que continuava segurando a fome. Eu havia aprendido a conviver um pouco melhor com aquela sensação, mas preferia que ela sumisse. Apesar dele não ter ido, fiquei aliviada quando ele me deu autorização para isso.
Não me sentia à vontade sabendo que eles estavam ali na cidade para se alimentarem, mas eu tentava esquecer.
O Bae estava sempre rodeado de mulheres, o Elon passou a maior parte do tempo com a Lucy e comigo no bar, mas teve que se despedir por um tempo, provavelmente tinha encontrado uma presa. Pude ver o quanto a Lucy se sentiu desconfortável ao ver ele chegar perto de uma menina jovem e a chamou para dançar.
O Aruna era bem calmo. Ficou bastante tempo no bar e saiu apenas por pouco tempo. Ele parecia bem tranquilo com tudo e falava de poucas coisas, mas em geral era sempre gentil.
Eu não conseguia ficar em paz, a cada dez minutos vinham dois rapazes para chamar eu e Lucy para dançar. Continuamos usando nossa tática de sempre.
– Desculpa, mas não tenho olhos a não ser para ela – nossa resposta espantava alguns que acreditavam na nossa verdadeira relação e outros que pareciam ser atiçados por essa descoberta e com isso tínhamos que partir para arrogância, mas teve uma hora em específica que eu não pude recusar dar minha total atenção.
– Hannah, quanto tempo – a voz sedutora e conhecida atrás de mim e o sorriso acolhedor que eu vi da Lucy fizeram meu coração disparar – O que as duas fazem em uma cidade pequena como essa?
Eu fiquei sem fala por um longo tempo. Aquele sorriso maravilhoso, a felicidade por nos ver. Cabelos pretos e curtos, barba por fazer. Um jeito encantador. Se tinha alguém que podia ser mais bonito que qualquer vampiro, esse alguém era ele.
– Matteo! – gritei e pulei no braço dele. A felicidade era imensa.
Meu coração estava disparado enquanto ele ria e retribuía o abraço.
– Lucy, e meu abraço? – ele chamou Lucy, que correu para o abraço dele também.
Não demorou muito para os nossos companheiros chegassem até onde estávamos.
– Mmm, desculpa interromper a reunião – Bae disse mais sério do que o normal.
– Lucy, não vai me apresentar seu amigo? – senti o imenso ciúme na voz do Elon. O que fez Lucy voltar a se sentar rapidamente.
Eu particularmente não estava nem ligando para o que iam achar.
– Desculpa meninas, não sabia que vocês tinham companhia. Eu cheguei agora na cidade. Vou deixar vocês – ele disse começando a se afastar.
– Não Matteo, espera, por favor – eu falei segurando o braço dele.
– Tudo bem Hannah, a gente se vê pela cidade qualquer dia.
– Matteo, para com isso. Faz muito tempo que não nos vemos. Tenho certeza de que os meninos não vão se importar de voltarem sem mim hoje. Por favor, temos tanto que falar.
Notei que eles me lançavam olhares mortais enquanto eu pedia isso ao Matteo.
– Quem sabe na próxima Hannah. Foi muito bom te ver. Pena que a Sophi não está com vocês. Manda um beijo para ela quando puder – ele disse sorrindo.
– Matteo, a Sophi... ela... – eu disse abaixando a cabeça.
Ele primeiro fez uma expressão séria e depois mostrou um sorriso triste.
– Entendo... Sinto muito. Nos vemos logo. Adeus Hannah... Ei Lucy, juízo.
Vi que ele se afastava para a saída do salão e depois olhei com tristeza pra Lucy.
– Hannah, vai atrás dele. Depois volte logo para casa, está bem? – Lucy falou me encorajando a segui-lo. Sei que os outros não gostaram, mas não podia perder essa oportunidade.
Saí em disparada, encontrei ele a poucos metros da saída encostado em uma parede, pensativo.
– Matteo! – eu gritei, ele olhou com a expressão triste – Matteo, porque você saiu daquele jeito!
– Ela foi morta por um vampiro, você sabia?
– Eu sei – disse abaixando a cabeça.
– E mesmo assim você está acompanhada de 3 deles – ele parecia triste, mas sabia que ele não estava zangado.
Olhei para a saída da balada e vi que Lucy saía junto com os três. Provavelmente estavam indo embora.
– Eles estão morando no antigo orfanato. Eles me salvaram.
– Entendo. E agora você acha que tem uma dívida com eles? Você teve sorte de não ser morta. Vampiros que não matam são raridades e você sabe.
– Entendo a sua frustração Matteo, mas estou ligada a um deles agora. Eu iria morrer e ele me salvou.
– Hannah, consegui te achar aqui, o último lugar que eu acharia que te encontraria. Não esperava companhias assim. Não vou confiar neles por nada no mundo. Mas você é crescida o suficiente para saber se cuidar... Vim buscar ajuda.
– O que aconteceu?
– Levaram a Erica...
– Erica? A súcubo que o Apollyon quer salvar?
– Sim, ela é muito importante para o Apollyon e principalmente... ela é minha irmã.
– O que? Como eu nunca soube disso.
– Hannah, ela era muito protegida. Falar dela não era permitido porque poderia colocar a vida dela em risco. Eu não posso fazer nada se não fizerem um pacto comigo. Portanto eu estou de mãos atadas. Entrei em contato com o Apollyon e pedi que te achasse. Ele me deu a sua localização. Por favor, considera me ajudar e conta com a minha força. Sei que sou de pouca ajuda sem um pacto, mas quero salvar a minha irmã.
– Está bem. Eu já tinha feito um acordo com o Apollyon sobre isso, mas não pensaria duas vezes antes de te ajudar, você sabe disso.
– Obrigado Hannah. Acho melhor você voltar ao orfanato. Eu preciso ir também.
– Onde você está hospedado?
– Em um hotel aqui próximo. Não quero voltar a Himura (submundo) até ter a minha irmã de volta. Vamos, vou te levar uma parte do caminho.
Eu agradeci e deixei que ele me acompanhasse. O caminho foi tranquilo, desde que eu descobri que havia um caminho muito mais curto do que eu fiz a primeira vez, eu sentia como se nunca estivesse longe de casa. Ele me deixou bem próximo a entrada do orfanato e se despediu com um abraço.
– Obrigado, Hannah.
Vi ele se afastar a passos largos, sem olhar para trás. Me perguntava o porquê o Apollyon não mencionou o detalhe do Matteo, mas ficar me perguntando não resolveria. Entrei em silêncio na mansão e dei de cara com o Rafael.
– Rafael, que susto você me deu!
– Não era minha intenção te assustar. Me desculpa.
– O que você está fazendo essa hora aqui? O Sol daqui a pouco nasce.
– Onde você estava? – ele perguntou sem responder a minha pergunta.
– Estava no Stormdance – respondi tentando entender o porquê ele estava tão incomodado.
– Mas você não voltou com os outros. Aconteceu alguma coisa?
– Eu encontrei um amigo, só isso.
– Um amigo? Era só um amigo? Você me deixou preocupado. Não faça mais isso – disse isso e saiu andando sentido as escadas.
– Ei, por que você está tão incomodado com isso? – perguntei mesmo sabendo que ele não pararia para falar comigo.
– Não estou – ele disse enquanto seguia seu caminho.
"O que foi isso? Uma crise de ciúmes? Mas por quê? Ele aparentemente só me suporta." Pensei enquanto ia para o meu quarto. Claro que nossa relação havia melhorado e havíamos nos aproximado, mas será que ao ponto dele se sentir incômodo? Aquilo fez meu coração acelerar, nem eu mesma entendia esse sentimento de amor/ódio por ele. Mas sabia que apesar dessa distância eu estava começando a me importar.
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