Capítulo 25
Segurar o que se sente na hora é sempre um desafio grande, mas o Aruna tinha razão, não podíamos perder tempo. Guardei todas as minhas dúvidas, me soltei do abraço do Rafael e o levei pela mão em direção a porta. Fomos até a proa do navio para ver se enxergávamos alguma coisa. Eu sabia que havia muitos vampiros ali, mas realmente me impressionei com a quantidade deles. Eu mal conseguia passar.
Muitos me olhavam enquanto eu passava e isso fez com que o Rafael me segurasse com força pelo braço. Tive a sensação, ou talvez realmente tenha sido assim, de que o Bae e o Aruna se mantinham alertas para o caso de que fosse necessário tirar eu e a Lucy dali.
Felizmente chegamos bem até a proa, onde novamente encontrei o Apollyon. Não havia visto mais o Matteo nesses dois últimos dias e me perguntei o que ele estaria fazendo, mas como a Agnes estava junto, talvez ele estivesse com ela agora, ela seria útil para nos dizer sobre a base e claro que, com tantos vampiros perto, o ideal seria protegê-la.
A Costa da Ilha quase não tinha movimentação e a pouca movimentação que tinha, eu sabia que eram seres que estavam do nosso lado. Nenhuma presença de alguma alquimista além de nós.
Fomos até a areia em pequenos barcos. O Rafael ainda se mantinha ao meu lado, mas a minha atenção agora estava voltada para a Lucy. Ela podia não ter o mesmo sangue que eu, mas ela era muito mais do que a minha irmã. Ela estava séria, não mantinha a pose brincalhona. Estava centrada e tinha um certo medo nos olhos.
Ela havia ficado muito mais forte desde que nos aliamos aos vampiros e mantinha uma tática para sair de um lugar e aparecer em outro extremamente assombrosa, o que dava muita vantagem para todos caso fosse necessário uma fuga.
Na areia encontramos o capitão Terrin que dava ordens para um grupo de ninfas e logo escutava o reporte de baixas de um outro elfo.
Olhei ao meu redor e vi muitos mortos. Vi claramente também muitas mulheres com uma capa e o brasão da minha família. Estremeci por dentro e seguimos para falar com o capitão.
O Matteo que havia saído antes de nós aparentemente, apareceu de um outro lado também para falar com o capitão e encolhida atrás dele estava a Agnes. Com os olhos horrorizados e com lágrimas. A situação para ela devia ser terrível, ela possivelmente conhecia algumas das alquimistas mortas na areia.
– Boa noite, Terrin – Apollyon fez uma leve reverência com a cabeça ao cumprimentá-lo.
– Boa noite – ele respondeu já indicando que continuaria falando – Já pedi para reunirem alguns dos meus homens para que possam acompanhá-los até a entrada da base.
– A base não está longe daqui – Matteo seguiu – Apenas uns 15 minutos de caminhada, mas esse é o tempo suficiente para um possível emboscada, acredito que o ideal seria ir com quem temos disponível agora.
Ouvi que a Agnes gemia atrás do Matteo, tinha certeza de que ele a havia forçado a mostrar o caminho.
– Os prisioneiros para experimentos estão no segundo subsolo, então Hannah – ele disse se virando para mim – Vocês seguirão direto para lá, enquanto nós – Disse apontando para os outros três que iria com ele – Vamos seguir para o fundo da ilha que de acordo com a Agnes é onde o Sr. Geber costuma estar. Vou falar novamente, evitem brigas desnecessárias.
– Vem Hannah, deixa eu colocar o chip em você – Lucy falou já me puxando.
Sentia as mãos dela tremerem atrás da minha orelha, mas conseguiu instalá-lo sem problemas. Depois deixou pousar a mão no lugar onde antes estava o símbolo triquetra tia Shao e agora aparecia somente dois pequenos furos.
– Toma cuidado, Hannah – ela falou olhando para mim – não ouse se ferir.
– Ah! Lucy – eu disse abraçando-a – Fiz uma promessa para você. Enquanto isso não acabar minha promessa não estará cumprida. Ei, meninos – agora eu me dirigia para Elon, Aruna, Matteo e Apollyon – Cuidem dela, ok?
A partir dali nos separamos. O Matteo ordenou que a Agnes obedecesse a qualquer ordem nossa e com essa vantagem, fizemos com que ela nos mostrasse o caminho até a entrada da base para irmos ao subsolo e eles foram rumo ao fundo da ilha. Uma parte dos vampiros vieram com a gente e outra parte com o grupo da Lucy. A ideia continuava a mesma, encontrar algo e um grupo ir até o outro para apoio.
Os elfos iriam continuar explorando a ilha e matando qualquer inimigo que encontrassem junto com as ninfas. Os seres aquáticos ficariam ao redor da ilha atacando qualquer embarcação desconhecida e evitando que qualquer um fugisse como já havia sido feito durante o dia.
O caminho parecia deserto, mas de repente eu senti uma presença... eu parei e fiquei olhando ao redor. Eu não conseguia sentir com clareza pois tinham muitos seres pela ilha, mas sabia que tínhamos companhia e sabia que eram inimigos porque de repente a dor que eu sentia aumentou.
– Hannah, o que foi? – o Rafael me perguntou e vi que o Bae também começava a olhar em volta.
– Temos companhia – eu disse baixinho – parece que estamos cercados.
– Realmente estou sentindo um cheiro delicioso de comida – um dos vampiros que nos acompanhavam disse – acho que teremos um bom banquete rapazes – ele concluiu olhando para um grupo de vampiros que nos seguiam.
Eu senti um arrepio na espinha, mas evitei tocar nesse assunto. Talvez o fato de que o Rafael e o Bae tivessem se alimentado fizesse com que fosse mais difícil deles sentirem o cheiro das pessoas, mas não tinha certeza se era isso mesmo.
De repente eu senti algo perfurando meu ombro. Eu cambaleei para trás e vi que se tratava de uma lança feita de gelo.
Não existia tempo para pensar... Ativei o selo Mjollnir para trazer a energia dos raios. Vi que o tempo se fechou na mesma hora.
– Saiam de perto – eu gritei para que todos pudessem ouvir. Muitos raios vieram na minha direção fazendo um círculo sobre mim. Eu havia treinado muito e sabia que aquilo era muito além do que eu já havia conseguido antes. Ativei também o selo da águia (nome que eu havia dado para não usar a palavra "vampiro") para que me desse rapidez – "Ivan, me perdoa por usar da sua vida para isso, mas me ajude".
A velocidade que eu havia alcançado juntando os dois selos era muito superior que a dos vampiros, eu sabia disso, mas era por isso que muitas vezes eu tinha grandes dificuldades de controlar. Mantive a eletricidade dos raios nas mãos para que não atingisse nenhum aliado meu. Eu sabia que lançar o raio seria muito arriscado naquele momento.
Em poucos segundos eu já havia passado por 8 árvores e derrubado 11 alquimistas.
Voltei para o lugar e escutei um dos vampiros perguntando o porquê eram só mulheres... Talvez alguém respondesse para ele que o objetivo do exército do meu pai era ser um exército só de mulheres... Eu não tinha tempo para isso.
– Droga... Se preparem, sinto muitas presenças agora. Vou me afastar e dar apoio para vocês – disse seguindo o que inicialmente havia sido planejado.
Eu não estava errada, apareceram em torno de 200 alquimistas. Nós éramos em torno de 50 somente.
Fiquei olhando de uma certa distância e antes que chegassem fiz a minhas estacas de terra na primeira fileira. Depois disso foi a vez deles. A velocidade com que atacavam as alquimistas era incrível, muitas caíras em pouco tempo. Fiquei procurando possíveis problemas para eles na luta e foi quando eu vi uma usuária do selo de fogo queimando 3 ou 4 dos nossos com um único golpe.
"É isso, ela é minha!" – foi meu primeiro pensamento.
Cheguei rapidamente onde ela estava enquanto ativava o selo do ferro alquímico, que eu havia dominado havia pouco tempo. Montei uma lança de ferro antes que eu chegasse nela, mas ela desviou. Ela era extremamente rápida também.
Nossa luta foi acirrada, usava todos os meus recursos e ela sempre desviava. Ela me acertou com golpes diretos algumas vezes, mas isso não me tirou da luta.
Ficar frente a frente com ela era algo perigoso, então optei por ataques de lado e de costas para evitar os ataques de fogo dela. Não adiantava usar fogo com a minha adversária, ela conhecia as técnicas desse selo tão bem como eu e sabia como anulá-lo. Fingi que iria atacar pela frente e rapidamente fui para as costas dela ativando sem que ela tivesse tempo de reação o selo kolovrat, dominado através da pedra do ceifeiro que eu tinha dentro de mim. Esse selo dava uma marca de morte para a pessoa que recebia meu ataque, matava pessoas normais instantaneamente, mas pelo que eu havia entendido, não era capaz de matar uma alquimista, apenas drenaria o poder dela por um tempo.
Com o selo ativo, consegui dar um golpe com a mão nas costas dela.
Ela caiu de quatro no chão se sentindo fraca.
– O que você fez comigo? – ela perguntou ofegante.
– Apenas drenei seus poderes – disse olhando o cenário a minha volta, a batalha já havia terminado e eles estava se aproveitando de um bom banquete.
Apenas o Bae e o Rafael estavam junto da Agnes que havia sido deixada em um canto fora da luta. Acho que nenhuma inimiga pensou em atacá-la porque usava a roupa de uniforme das alquimistas.
Arrastei a menina na qual eu havia lutado pela gola da roupa até onde os dois estavam, quando eu cheguei percebi que os dois estavam cobertos de sangue que escorria pela boca e descia até a roupa de cada um. Eles não tentaram esconder nada... bom, acho que nem deveriam.
Joguei a alquimista perto de onde a Agnes estava. Ela parecia confusa ainda. Me sentei perto deles, de costas para o "grande banquete". Eu não queria ver aquilo, na verdade mal conseguia olhar para o Rafael e para o Bae. Acho que nunca me acostumaria com essa situação. Eu sabia que o sangue os deixava mais fortes e no fim tomei uma decisão fria em relação a vida da minha rival. Me levantei, olhei para ela.
– Acho que vocês deveriam fazer o mesmo – minha frase estava dirigida aos dois, eles sabiam disso, apesar de eu não ter tirado os olhos da alquimista que estava caída à minha frente – Ela com o tempo vai recuperar os poderes e isso vai ser um problema.
Eu sabia que seria um problema porque ela era forte e rápida, havia me dado trabalho.
Vi que eles me olhavam espantados com o que eu disse. Eu evitei encarar os dois.
– Sei que quanto mais sangue vocês tiverem, mais rápidos e fortes vão ficar. Então acho que isso não é exatamente um pedido, vocês devem ficar mais fortes. Se mandaram ela para cá significa que ela não é uma das mais fortes e acreditem, eu teria perdido se tivesse usado somente os meus elementos básicos. Vou esperar em cima daquela árvore – concluí enquanto levantava a Agnes que continuava com um olhar assustado.
Em um piscar de olhos eu estava no local que eu havia indicado junto com a Agnes. Era uma árvore alta, eu conseguia ver o mar dali. O mar parecia calmo visto de longe. O céu estava bem estrelado e era uma vista fantástica.
Escutei os gritos da alquimista que havia lutado comigo, mas não olhei para baixo, sabia que ela estaria morta em pouco tempo. Mesmo sabendo o motivo, senti aquele aperto na barriga. Aquela pontada de ciúmes por saber que o Rafael estava ali. Repassei na cabeça os olhos dele cheios de lágrimas antes de retirar a marca do meu pescoço. Senti um aperto de tristeza, mas espantei com rapidez esse sentimento. Olhei de canto para a Agnes que continuava assustada.
– Por que você defende meu pai? – fiz essa pergunta para espantar os sons que vinham do chão e também por uma certa curiosidade.
Ela me olhou um tempo pensando se respondia ou não.
– Não vou te ordenar que me responda – continuei – Apenas tenho curiosidade. Eu o detesto e queria saber o que uma pessoa como você realmente viu a ponto de segui-lo cegamente.
– Ele é uma pessoa fantástica – ela respondeu de uma maneira muito mais tranquila do que eu esperava. Esperava que ela fosse gritar, mas ela apenas respondeu – Ele é um homem brilhante que quer fazer das mulheres seres mais fortes. Ele disse que se eu conseguisse te levar eu poderia servir diretamente a ele.
Vi que os olhos dela brilhavam quando falava dele e tinha uma certa emoção mesclada com tristeza.
Lembrei da imagem do meu pai. Vendo-o você não dava mais que 30 anos para ele, branco, cabelos e olhos escuros, o cabelo quase preto dava um contraste grande na pele branca dele. Barba muitas vezes por fazer e um ar de superioridade.
– Você o ama? – foi a pergunta mais lógica que eu encontrei.
Ela deu de ombros inicialmente, mas respondeu.
– Não tenho o direito de amá-lo. Mas queria ser uma das que ele quer... eu... sim, eu o amo. Não me importaria em dividi-lo com as outras 12 que o servem diretamente.
Tentei não imaginar o que ela realmente queria dizer...
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