Capítulo 23
Assim que escureceu, fizemos uma rota para podermos chegar até a Ilha Niihau de uma maneira que ao dia não fosse problema para nós. Voar até a ilha estava fora de questão, seria muito arriscado, então, com o dinheiro que eu e a Lucy tínhamos, conseguimos um pequeno navio de viagem, se é que podíamos chamar um navio de pequeno. Tivemos que pagar uma tripulação para nos levar e pagamos a mais para manterem silêncio sobre o nosso destino. Eles teriam que ficar na embarcação até voltarmos. Seria o mais seguro.
Não preciso dizer que eu e o Rafael aproveitávamos qualquer brecha para estarmos juntos, no começo ele apenas visitava a minha cabine em horários específicos e outras eu ia até a dele, mas como eu seguia tendo os mesmos pesadelos, ele passou a ficar comigo enquanto eu dormia também, o que fez com que todos começaram a desconfiar. Lucy sempre me jogava alguma pergunta de maneira indireta, mas eu sempre me fazia de desentendida.
Os vampiros pareciam estar com fome, no fim não tínhamos pensado nisso antes. Muitas vezes eles se alimentavam das moças que estavam trabalhando e logo depois apagavam a memória recente delas. De uma maneira que muitas acreditavam estarem doentes ou algo do tipo, mas além da alimentação eu notei que o Bae aumentou muito as suas companhias. Estava sempre com uma mulher diferente e elas pareciam gostar da atenção dele. O Aruna costumava ficar sozinho e vi poucas vezes ele com uma moça que trabalhava em um pequeno bar do navio, ele ainda falava pouco comigo, mas era sempre educado. A Lucy e o Elon estavam sempre juntos. O Matteo e o Apollyon passavam as noites jogando e evitando os vampiros.
Uma bela noite eu fui até o Convés. Eu tinha acabado de sair da minha cabine e o Rafael havia ficado lá por mais um tempo.
Encontrei o Bae que milagrosamente estava bebendo sozinho.
– Pensei que você não bebesse sozinho – foi o meu modo de cumprimentá-lo.
– Olá, gracinha – ele me cumprimentou sem muito entusiasmo – Espero que esteja bem.
– Estou bem, mas você parece um pouco solitário hoje. Você está bem?
– Acontece, meu doce, que eu estou satisfeito.
– E isso te impede de ter alguma companhia?
– Talvez a companhia que eu queira não esteja disponível para mim.
– Quem? O Rafael? – eu perguntei rindo.
Ele deu uma risada baixa, me olhou e seguiu.
– Ou talvez a acompanhante dele...
– Bae, pensei que vampiros não ficavam bêbados... – eu tentei brincar, mas senti uma pontada de tristeza com essa revelação.
– Eu entendo o porquê ele se apaixonou por você – ele disse olhando para a escuridão do mar – Você é uma garota incrível apesar de tudo o que passou. Acho que qualquer um consegue enxergar isso... O Rafael anda tão feliz ultimamente. Nunca imaginei que o veria assim de novo.
Eu não respondi. Nunca havíamos ditos que estávamos juntos, mas também já não adiantava negar.
– Te ver, me faz lembrar de outra pessoa – ele realmente parecia melancólico enquanto tirava uma presilha de cabelo de um dos bolsos – Ficamos por 5 meses juntos e depois ela precisou ir embora. Eu deveria estar feliz, em comparação aos problemas dela, isso tudo até que parece pequeno. Você sabia que existem outros universos além do nosso?
– Eu não duvido disso – respondi olhando-o. Não lembrava de algum dia ter tido esse tipo de conversa com ele.
– Ela agora deve estar em uma espécie de China antiga, sendo cortejada por um imperador que sem dúvidas não a merece.
– Por que ela precisou ir embora? O que aconteceu com ela? – perguntei tentando manter a conversa.
– Estamos indo para uma luta, mas enquanto isso estamos aqui, bebendo e nos divertindo, isso está parecendo umas boas férias... – ele não respondeu a minha pergunta mas continuava olhando para o além, provavelmente pensando na mulher misteriosa – Acho que já falei demais. Pode me acompanhar em uma bebida, gracinha? – ele disse me oferecendo um copo extra que estava perto dele.
– Bom... por que não? – disse aceitando, e a partir daí conversamos sobre trivialidades, sobre como eram as pessoas que estavam trabalhando no navio e de todas as fofocas com as mais diversas teorias sobre nós.
Ficamos um total de 12 dias no navio até chegarmos na Ilha Niihau.
Foram dias bons para mim, mas toda a preocupação voltou assim que estávamos chegando à costa da ilha. Saber o que estava para chegar não era fácil, a preocupação com todos era grande.
Fui até a proa do Navio para ver melhor a ilha. Apollyon e o Matteo estavam conversando com alguém que eu não conhecia. Escutava vozes vindo da água e olhei para o mar que estava um pouco agitado, foi quando eu vi muitos seres do mar. Fiquei olhando para eles fascinada, nunca havia visto de perto nenhum deles. Sereias, cecaélias e ondinas, cercando toda a costa da ilha.
– Hannah, que bom que você está aqui – Apollyon me chamou com uma certa excitação na voz – Esse é o Capitão que está conduzindo um navio com alguns elfos e ninfas.
– Muito prazer Hannah, meu nome é Terrin, estamos com o navio ancorado do outro lado da ilha e está chegando mais alguns para a retaguarda de vocês. Espero que possamos acabar com isso logo.
Era um homem muito diferente do que eu imaginava que seria. Tinha a pele mais morena, como se estivesse queimada do sol. O cabelo era curto, escuro e fazia alguns cachinhos. Tinha os olhos escuros e mantinha uma barba mal feita, muito diferente dos seres que eram descritos em livros. Isso me deu uma certa curiosidade para ver os outros. Pareciam homens normais, mas pela presença dele eu sabia que não era assim.
Eu estava sentindo várias presenças ao mesmo tempo, mas não era de uma maneira sofrida como foi na experiência com as pedras. Talvez por que estivessem vivos? Será que quando eu estivesse no laboratório voltaria a sentir aquela aflição e agonia que eu senti? Era algo que eu não poderia saber naquela hora.
Observei com atenção a movimentação na costa da ilha.
– Apollyon, está tendo movimentação na costa da ilha – eu comentei apontando para uma parte da ilha onde eu via algumas fogueiras acessas.
– Sim, já sabem que estamos aqui e estão montando uma barreira de defesa – ele respondeu muito calmamente.
– E os moradores da ilha? – continuei.
– Foram evacuados antes que chegássemos aqui pelos Ents da própria ilha.
– Fico melhor sabendo disso.
– Não se preocupe, gatinha – ouvi a voz tão conhecida do Bae atrás de mim – Seu amigo aí pensa em tudo pelo visto. Ele é um verdadeiro deus da guerra – ele disse rindo.
– Bae, que bom que está de bom humor – Apollyon disse sério – Não gosto do que eu vou falar, mas vocês precisam estar bem alimentados para a hora que atacarmos, mas que fique o alerta, não quero trabalhar antes da hora.
Senti um clima estranho entre os dois. Também senti a falta de cortesia entre o capitão Terrin e Bae.
– Espero que vocês façam um bom trabalho no turno de vocês – o capitão disse entredentes – Hannah, lutaremos durante o dia para que o caminho fique livre.
– Obrigada Capitão Terrin. Vamos conseguir.
– Estou seguro de que você dará o seu melhor moça, mas a frase não estava sendo dirigida a você – ele respondeu dando um olhar frio para o Bae.
– Se vocês me derem licença, eu vou indo – disse sorrindo e depois puxando o Bae pelo braço – Vamos Bae, vocês precisam se preparar.
Eu não tinha tempo para esses preconceitos raciais agora. Estávamos todos lutando juntos, não? Eu conhecia essa rinha entre as raças consideradas assassinas ou das trevas e as raças que preservavam a vida, ou seres considerados da luz, mas infelizmente para os elfos, a maioria dos seres ali eram seres assassinos. Dei uma última olhada para o mar e vi que os grupos também estavam bem formados e separados por raças. Suspirei e torci para que isso não atrapalhasse na hora da luta. Eu não queria uma guerra entre eles.
– Bae, todos sabemos que eu também não gosto muito dessa parte, mas como vocês vão fazer com a parte da alimentação de vocês? – eu perguntei preocupada olhando para alguns trabalhadores que agora pareciam hipnotizados.
– Digamos que temos isso sobre controle. Chegou um outro navio agora pouco perto do nosso com mais vampiros e um deles tem um poder de hipnose, comum em alguns vampiros, mas não em todos. Hipnotizaram todos, mas deixamos claros que não queremos ninguém daqui morto. Foi algo que os incomodou um pouco, mas acho que pela situação eles entenderam.
– Eles vão servir de alimento para mais? – eu disse preocupada com a tripulação.
– Não se preocupe gracinha, eles trouxeram para eles – aquele jeito de falar das pessoas como algo a ser conquistado me incomodava, mas essa era a realidade deles – Mas deixando esse assunto de lado... De agora em diante tanto você como a Lucy não podem deixar de estar do lado de um de nós, por favor. O Rafael está louco atrás de você.
– Eu estava na proa o tempo todo – respondi – Mas por que não podemos sair de perto? Você não disse que combinaram de não matar ninguém.
– Bom, meu anjo – ele disse chegando muito mais próximo do meu rosto do que deveria – Digamos que vocês alquimistas, tem um cheiro particularmente tentador, você não imagina o quanto é difícil estar do seu lado sem estar saciado – vi um sorriso malicioso surgindo enquanto ele continuou chegando perto como se fosse me beijar.
– Entendi – disse empurrando-o de leve para longe – Mas acho que sei me cuidar.
– Não tenha tanta certeza... são muitos e eles não respeitam outros seres normalmente. Estão aqui apenas a pedido do Apollyon.
– Não sabia que o Apollyon tinha tanta influência – respondi com uma certa admiração – Sempre fomos amigos e inimigos ao mesmo tempo. Na verdade, eu sou o trabalho dele, o trabalho que ele não consegue concluir – eu dei risada da situação – Mas sempre gostei dele.
– Digamos que ninguém conhecia a existência de ceifeiros minha querida, bom, ninguém tirando você que é capaz de vê-los mesmo quando estão ocultos, o que é bem curioso. Eles impõem um certo respeito. No fim das contas, ninguém pode matar a própria morte, não é mesmo.
– É, no fundo todos temos medo da morte certo? – eu completei.
– Sim, no fundo todos temos medo da morte – ele parou e ficou um tempo quieto me olhando – Mas, apesar de você querer ser independente, são ordens do Rafael e você, felizmente para nós, não tem outra escolha a não ser obedecer.
Dessa vez foi a vez dele me puxar pelo braço e me levar para a cabine dele onde curiosamente estava o Rafael, a Lucy e o Elon.
– Hannah! Eu estava preocupado, onde você estava!?
– Não faça uma cena Rafael, ela estava no proa com o capitão Terrin – Bae respondeu no meu lugar.
– O que ele está fazendo aqui? – Elon perguntou de uma maneira grave.
– Acho que ele faz parte da briga já que estava com o Apollyon – o Bae respondeu.
– Pelo visto vocês se conhecem, será que posso saber da história? – eu disse soltando meu braço da mão apertada do Bae e encostando no batente da porta.
– Não temos nada contra ele, mas digamos que as nossas raças não se batem. Já houve muitas brigas entre elfos e vampiros e tivemos a chance de conhecê-lo em uma dessas brigas. Nada de importante eu diria – Rafael respondeu.
– Se não foi nada de importante, seria bom tanto vocês como ele e os elfos colocarem as diferenças de lado agora. Não é hora para isso – eu respondi seca.
– Você está certa, e para a nossa sorte a luta deles é durante o dia – Bae disse dando de ombros.
– Só deles não! Eu vou dar um apoio de longe, não posso ficar parada – eu disse firme.
– Não, você não vai – Rafael parecia sério e seco, da mesma maneira que era quando nos conhecemos – Você precisa estar viva para seguirmos o plano, e lutar tanto durante o dia como durante a noite não é uma opção agora.
– Você está querendo dizer que eu vou só ficar olhando eles lutarem? Você ficou maluco?
– Não disse isso, mas se você quiser entender dessa forma está bem. Na verdade, você está proibida de sair da sua cabine se não for com um de nós a partir de agora.
– O que? Você só pode estar brincando! – eu estava furiosa, não acreditava que ele ainda estava usando aquela ligação maldita para fazer o que ele bem entendia.
– Eu sei o quanto você é imprudente Hannah, não vou correr o risco de te perder assim! – ele gritou.
– Você não pode mandar em mim, Rafael!
– Ah, você está muito enganada quanto a isso. Eu posso sim e para que você fique o máximo de tempo segura eu vou fazer isso.
Eu estava tensa e muito nervosa, eu não tinha ido ali apenas para ver. Eu tinha que ajudar! Saí da cabine do Bae e em poucos passos meu corpo ficou muito pesado, o ar não me chegava nos pulmões, mas eu tentei andar mesmo assim. Caí na frente da porta sem conseguir respirar direito. Estava furiosa porque a Lucy não tinha nem tentado conversar. Ela estava aceitando essa situação normalmente? Eu já sabia que ela também estava proibida de sair sozinha e ela simplesmente aceitou?
Senti que um deles chegava perto de mim e tive a certeza de que era o Rafael, mas antes dele me ajudar ele apenas sussurrou:
– Eu sinto muito Hannah, eu sabia que você iria querer lutar, mas além de essa parte não estar nos planos que fizemos, ainda tem muitos outros vampiros aqui agora, e eu não confio em nenhum deles. Não posso te perder.
Eu entendia o medo que ele sentia, eu acho que teria feito a mesma coisa no lugar dele, mas ainda assim aquilo me frustrava. Eu era imprudente e sabia disso, queria fazer as coisas sozinha, mas ele tinha razão, tínhamos que seguir o plano. Mesmo assim, saber disso não diminuía a raiva que eu estava por ele ter me ordenado ficar na cabine.
Ele se abaixou e me pegou no colo, ele tinha uma certa facilidade em fazer isso, parecia que eu não pesava nada para ele. Eu já conseguia respirar direito por ele estar perto, mas por algum motivo meu corpo continuava pesado.
– Desculpa por deixar o seu corpo pesado. A sensação vai passar logo, é que você ficou algum tempo em um lugar onde não estava permitido – ele continuou.
Eu podia falar, mas não queria e apesar de estar no colo dele eu não o olhava.
RAFAEL
Eu sei que ela está chateada, sei que está com raiva e sei que se pudesse me deixaria agora. Eu me sinto dilacerado por fazer isso com ela, mas eu conheço a minha raça e a conheço também. Ela tem essa pose de heroína que quer sempre fazer tudo por todos, sei o quanto ela quer ajudar nessa luta, mas no momento precisamos seguir com o plano.
Não me importo se ela vai ter raiva de mim, contanto que ela viva o máximo possível. Sei que o que vamos fazer é perigoso e não vou poder mantê-la segura para sempre, mas enquanto eu puder, quero fazer isso por ela.
Preciso me alimentar, não posso esperar que ela esteja disponível para mim como das últimas vezes.
Estou parado na porta da cabine dela, ela está sentada olhando para o outro lado, ela não quer nem me olhar e isso machuca. Queria dizer que eu sinto muito e que me dói vê-la desse jeito, mas isso seria fraqueza da minha parte.
– Hannah, eu preciso me alimentar – falo com uma pontada de tristeza, ela não me olha. Ela não é um depósito de comida para mim, mas queria que fosse o dela... queria que fosse o sangue dela.
Me viro com pesar e quando estou prestes a ir embora ela me chama. Ela fala meu nome de uma maneira triste e quando me viro de novo ela está com o braço estendido na minha direção, me oferecendo o sangue dela.
Não posso aceitar, ou posso? Quero falar para ela que não a vejo como uma dispensa particular, mas não consigo falar nada. Ela continua sem olhar para mim.
Eu não devia ter cedido às minhas emoções com ela. Seria muito mais fácil se eu não sentisse nada, mas agora eu não consigo suprimir o que sinto.
Vou até onde ela está sentada e pego o braço dela. A tentação é grande, o cheiro do sangue dela me deixa completamente louco, mas consigo afastar o desejo e apenas beijo o pulso dela. Olhando-a agora ela parece mais com uma criança birrenta que com uma mulher adulta, por um lado isso me faz rir, mas o clima está tão tenso que isso dura apenas alguns segundos.
– Não posso fazer isso com você. Você agora não quer que isso aconteça e eu entendo. Você não tem obrigações comigo – eu falo mais para mim mesmo do que para ela.
Ela finalmente está me olhando, vejo que esteve chorando. Ela continua quieta, mas me sinto melhor sabendo que ela pelo menos se virou.
Noto que ela está com a adaga na outra mão e me assusto, mas ela não me ameaça, ela faz algo um pouco mais improvável. Ela puxa o braço de volta para ela e faz um corte.
Sinto meu coração saltar e meu instinto descontrolando. Não vejo mais nada além do sangue dela. Preciso me segurar, ela está com raiva. Está fazendo isso por raiva.
Tento respirar com calma, mas também é difícil.
Escuto barulhos no corredor e alguns vampiros falando que estão sentindo o cheiro do sangue dela. Ela sabe que estão aqui? Com certeza sabe, mas ainda assim continua com o braço cortado estendido para mim. Eu tento me afastar um pouco, mas ela me segura com a outra mão e finalmente escuto a voz dela de novo. Ela não parece mais estar com raiva, mas parece mais triste que nunca e isso me parte o coração.
– Por favor Rafael, não suportaria estar presa aqui sozinha – ela começa a falar, parece que vai falar mais coisas, mas fica quieta por um tempo, eu mantenho meu olhar no rosto triste dela, tentando expulsar o cheiro forte do seu sangue. Ela parece estar pensando no que vai dizer, mas parece mudar de ideia e apenas conclui dizendo quase como em um sussurro – não vá com outra pessoa.
Eu não entendo como ela ainda quer isso, mas gosto.
– Por que, Hannah? – eu pergunto já sabendo a resposta.
– Eu dei a minha vida para você, do mesmo jeito que você me deu uma parte da sua nesse colar – ela fala de cabeça baixa segurando o colar que eu havia dado a ela quando ainda estávamos no orfanato.
Vejo mais lágrimas escorrendo por seu rosto. Ela nunca havia sido presa depois que fugiu do pai e agora ela era obrigada a obedecer às minhas restrições, mas eu não podia deixar que ela se ferisse. Meu mundo não poderia continuar existindo sem ela. Seria diferente se ela apenas quisesse me deixar, me doeria, mas seria mais suportável sabendo que ela estaria bem. Não posso deixar que ela morra.
"Hannah, isso vai acabar logo, eu prometo que vai", penso com o coração dolorido.
Pego o braço dela, que já não escorre mais tanto sangue apesar da profundidade do corte que ela fez. Beijo onde está o corte e sinto o sabor do sangue de leve nos lábios. Seguro a vontade um pouco mais. Eu não quero que seja assim.
Me levanto e me aproximando do rosto dela que ainda parece um pouco vazio e com a minha proximidade ela vai se deitando.
Escuto alguém próximo da porta, devem ser os vampiros que eu escutei agora a pouco, mas a porta está trancada e não me preocupo com isso.
Ela agora está completamente deitada olhando para mim, os olhos ainda estão molhados pelas lágrimas. Eu não estou deitado em cima dela, mas estou inclinado o suficiente para sentir seu hálito quente.
– Me perdoa – eu falo no ouvido dela e ela apenas vira o rosto deixando o pescoço amostra.
Levanto um pouco o tronco dela com o braço que não está me apoiando e sinto o pescoço dela com a boca antes de mordê-la. Seu corpo se tenciona por conta da dor e a aperto ainda mais para junto de mim.
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