
Capítulo 16: O ressurgimento da Fênix Imortal
Assim que teve autorização para adentrar a sala do trono, Argo se aproximou e se ajoelhou diante de Edwin, que sinalizou para que o capitão da Primeira Divisão da Guarda Real se levantasse. Ao lado do monarca, estava Dimitri, o mago.
― Majestade – Argo mostrou a bolsa de tecido que trazia consigo. – Aqui está o que nos encarregou de buscar.
A bolsa de tecido flutuou das mãos do cavaleiro até chegar à mão do rei. Ele a abriu e mostrou ao mago da Ordem dos Dragões Cinzentos:
― Essa é a planta? – indagou.
― Sim – atestou Dimitri após uma rápida olhadela. – Essa é a papoula-vermelha-dos-quatro-ventos.
― Meus homens estão trazendo mais três bolsas com a papoula.
― Perfeito. – Edwin deu um discreto meio-sorriso. – Mande entregá-las a Dimitri, ele saberá o que fazer. Já pode se retirar.
― Como Vossa Majestade quiser.
Assim que Argo saiu, Edwin se levantou e desceu o tablado, para depois se dirigir à porta da sala do trono, aberta pelos cavaleiros da Guarda. Antes de sair também, perguntou a Dimitri:
― Tem certeza de que essa planta me ajudará em meu objetivo?
― Absoluta. Vossa Graça não precisa se preocupar, tudo dará certo.
― Perfeito. Preciso garantir minha descendência. Dependendo dos relatórios a serem apresentados na reunião do Conselho, talvez minha presença seja necessária no campo de batalha. Sei que a Ordem dos Dragões Cinzentos está do meu lado, mas os zordarianos têm o reino de Mornend como aliado e eles não podem ser subestimados.
― Vossa Graça está agindo sabiamente. O campo de batalha é onde o deus da morte manda mais ceifadores...
― ... Para fazer a colheita das almas dos guerreiros, como diz a lenda.
― Exatamente. Por isso o rei deve deixar descendência, para que o principal pilar do reino não venha a ruir.
― A Casa Turner não ruirá. – Edwin disse ao passar pela porta. – Eu não permitirei.
*
Calvin encontrou os demais à frente da caverna ao sul do lago, antes da cachoeira. Junto a Ambrose e Leon, o Mago Negro seguiu para dentro da caverna. Passaram por trás da cachoeira, sentindo um cheiro bastante forte de mofo nas paredes de pedra, devido à grande umidade. Foi à frente, guiando-se pela presença de Maximilien e iluminando o caminho com a tocha acesa. Passaram por uma bifurcação, mas seguiram pelo corredor à esquerda. Nem Leon e nem Ambrose questionaram a escolha de Calvin, pois sabiam que o mago os conduzia pelo caminho correto e encontrariam o príncipe exilado.
Deixavam a cachoeira para trás com o seu som e, à medida que avançavam, ouviam o som de pingos ininterruptos caindo em um local quase vazio. Também viam que se aproximavam de uma luz dourada, que era a tocha acesa de Maximilien.
― Onde está a espada, Alteza? – Calvin indagou.
― Está ali. – ele apontou para o chão, a alguns passos de onde estava, enquanto o anel reagia.
O local onde estavam equivalia a um grande salão, repleto de estalactites e estalagmites, que eram feitas pelo trabalho paciente do tempo e da água, que pingava ininterruptamente em vários pontos. Algumas estalactites até se encontravam com as estalagmites, formando colunas bastante sólidas, como resultado de um trabalho milenar da natureza. E, dentre várias estalagmites no chão, algo incomum estava fincado no chão. Não fosse pelo fato de Maximilien já ter começado a limpar a empunhadura da espada, achariam "incomum" aquele objeto encravado na terra dura até o cabo.
Não havia dúvidas de que aquela espada encravada era a Fênix Imortal. O anel de Maximilien não parava de reagir com um brilho forte diante dela. Com a ponta da capa, o príncipe voltou a trabalhar na limpeza da empunhadura. Pouco a pouco, era revelado o esmero com que aquela empunhadura fora feita. Era muito bem trabalhada, com uma asa esculpida em cada lado da pedra azul, que brilhava enquanto era revelada pelo desbaste feito por Maximilien.
Ao fim dessa tarefa o príncipe se levantou, percebendo que anel e espada continuavam a brilhar, um reagindo à presença do outro.
― Está bem difícil de liberar essa espada. – Maximilien passou a mão pela testa suada.
― Poderia tentar puxá-la. – Leon disse. – Não creio que essa estalagmite esteja grudada na lâmina.
― Vou tentar.
Maximilien abaixou-se e segurou com as duas mãos a empunhadura da espada, sentindo-a bastante áspera de ferrugem e o resto de couro que a envolvia estava podre, esfarelando-se ao contato de seu agarre. Entretanto, isso não o abatia. Pelo contrário, fazia com que ele se sentisse desafiado a tirar a Fênix Imortal de seu repouso de duzentos anos.
Ao segurá-la com mais firmeza, Maximilien percebeu o anel emitindo uma luz ainda mais forte, tal como a espada. Num único impulso, puxou a espada, que não cedeu muito. Flexionou um pouco as pernas e deu um puxão mais forte. Sentiu a lâmina sair raspando e, por fim, a Fênix Imortal ser libertada de sua prisão em forma de estalagmite.
Entretanto, a espada saía com a lâmina totalmente enferrujada.
― Parece que o tempo não foi muito generoso com a espada. – Leon observou.
― Não é para menos – Maximilien disse encarando a espada, cuja pedra continuava a reagir. – Ela esteve aqui durante os últimos duzentos anos.
Logo que terminou de dizer isso, sua visão foi ofuscada por um clarão emitido ao mesmo tempo pela espada e pelo anel. Assim que o clarão cessou, nas mãos de Maximilien parecia estar outra espada. A empunhadura continuava toda trabalhada, porém o couro que a revestia estava novo e sua lâmina parecia recém-forjada, reluzindo agora à luz das tochas. Passou o polegar bem de leve no fio de corte, o que fez com que o dedo sangrasse imediatamente.
― Quinhentos anos atrás – ecoou a voz de Calvin,enquanto as pedras da espada e do anel do príncipe paravam de brilhar. – Ummago colocou uma magia na Fênix Imortal, fazendo com que somente quem tenha olegítimo sangue da Casa Real Turner consiga empunhá-la, tal como apenas overdadeiro herdeiro pode usar o anel. E Vossa Alteza é o único herdeirolegítimo ao trono de Ekhbart, que ressurge tal como a Fênix Imortal!
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