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▪Capítulo 32 - O Homem e o Corvo

"O céu é o ventre e ela a lua"
Flume - Bon Iver

As provocações de Spencer estavam me levando à loucura, chegará um momento em que não medirei minhas forças para esmurrá-lo até a morte, vê-lo engasgar com o próprio sangue, sem conseguir respirar, pois, eu terei afundado seus pulmões com meus punhos.

— Ele é insuportável... — digo entrando no laboratório com passos apressados e impacientes, minha respiração estava pesada.

— Quem? — Dr. Kim parou o que estava fazendo naquele momento e virou-se para mim com uma expressão vagarosa. Era óbvio que ele sabia muito bem e quem eu estava falando

— Você sabe muito bem de quem estou falando... — Inquieto, passei a mão no cabelo e respirei fundo para me controlar.

— General Russell? — perguntou finoriamente. Parece que todos estavam querendo me irritar naquele dia.

— Spencer! Voltou com suas provocações. — desviei o olhar e iniciei passos de um lado para o outro pelo laboratório.

— Acredito que agora é oficial... Não há como protegê-la, pelo menos não aqui. — cansado de andar, paro e apoio meu corpo em um dos balcões.

— Ele ameaçou contar tudo? — Perguntou ele.

— Não necessariamente. Mas eu não confio nele. Sei que ele e o general Russell estão juntos, ele me disse isso. — lembrar de suas palavras só ocasionou no aumento do meu ódio por ele.

— Spencer pode ser sagaz, mas não é tão corajoso para isso. — alegou ele — Além disso, Alexa deve ficar aqui, é mais seguro.

— É um lugar muito óbvio para o general. — franzi a testa, estava tentando descobrir o porquê de uma pessoa tão inteligente sugerir um lugar tão óbvio.

— Por que ele procuraria em um lugar tão óbvio? — Ele levantou as sobrancelhas, e mais uma vez ele estava certo. Escondê-la ali podia fazer realmente sentido, às vezes o lugar mais óbvio é o mais seguro para esconder algo.

— Ninguém vai para a ala subterrânea, apenas eu — ele me olhou — e agora você — complementou.

— Você tem razão... — concordo com ele — mas não sei se consigo ficar tão longe dela.

— Há sacrifícios que valem por bens maiores. — parafraseou ele. Eu sabia que ele estava certo, mas iria sofrer com aquilo, estava ficando cada vez mais arriscado mantê-la lá, no meio dos homens.
— Onde está Alex? — Perguntei.

— Eu a escondi lá em baixo. Pode ir vê-la, se quiser. — disse ele, afastando-se de mim para encerrar nossa conversa, pois sabia muito bem o que eu queria.

Saí da sala principal até o elevador, era necessário fazer uma pequena combinação de números para chegar na ala subterrânea, onde estava Alexa e onde Kim guardava todas as suas engenhocas desabonadas, algo que sempre despertou uma curiosidade incessante em mim. Ninguém sabia que ele tinha essas invenções, com exceção de mim, era algo desconhecido para todos que habitavam naquele lugar, inclusive para o general Russell.

Alexa se encontrava em uma sala quase no final do corredor, estava alimentando atenciosamente àquela ave misteriosa. Com as pontas dos dedos, retirava um anelídeo vivo de dentro de um recipiente de vidro e trazia cuidadosamente ao bico pontudo do pássaro negro.

"E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra." — Alexa virou rapidamente ao ouvir a minha voz. Quando percebeu se tratar de mim, sorriu e voltou a alimentar o corvo.

— O que é isso? — perguntou ela enquanto olhava para baixo, acariciando a moleira da ave.

— São conjecturas judaicas de um povo muito antigo. — respondo enquanto me aproximo detidamente.

— Povo antigo? Então você andou fazendo algumas leituras proibidas? — ela perguntou em um tom de escárnio, solto um riso tênue remexendo a cabeça de um lado para outro em um sinal de negatividade.

— Apenas os que restaram e depois escondidos. — Coloquei as mãos nos bolsos do jaleco, sabia que viria mais perguntas.

— As conjecturas falavam sobre corvos? — elevou o corvo nas costas da sua mão direita e levou-o serenamente até e seu ombro. E lá o corvo permaneceu, como se já fizesse parte dela.

— Não exatamente. — respiro fundo e tento buscar em minha memória toda informação que já li. — o mundo inteiro estava submerso em águas e, de todas as pessoas, sobraram apenas uma família e muitos animais protegidos em uma arca colossal. Uma espécie de embarcação.

— Isso aconteceu mesmo? — perguntou ela, curiosa com a história.

— Queria que tivéssemos essa informação do passado. Com o tempo, a história de nossos antepassados foram sendo apagadas. Tudo que temos são apenas conhecimentos e descobertas, como a eletricidade, não sabemos como aconteceu... — respondo e reflito por alguns segundos. Tudo diferiria se tivéssemos todas as informações de como as pessoas viviam antigamente. Será que pudera um dia sentir amor e não ser obrigado a esconder isso?

Às vezes tudo que eu queria era atravessar as barreiras do tempo, desacatar todas as leis da física e fazer uma visita fugaz ao passado, e assim, descobrir todos os grandes mistérios, aquilo que de longe assombrava meus devaneios, a resposta para o que nos trouxe a esse lar mortal. Calado por alguns segundos, retorno a realidade e volto a concluir a história que comecei.

— Quando as águas da inundação começaram a diminuir, os textos diziam que o homem envia um corvo para verificar se era viável a saída da arca. Ocorre um diálogo curioso entre o homem e o corvo. O corvo fica indignado de ter sido escolhido para tal missão e o homem decide explica-lhe porque o escolheu: "Escolhi você porque os corvos não são aptos nem para comer e nem para o sacrifício" — cessei a minha fala assim que Alexa me interrompe com uma indagação.

— O que exatamente isso quis dizer? — confusa, ela frisa o cenho e faz um gesto de incompreensão com a cabeça.

Aquela história havia gravado em minha memória, conseguia lembrar as explicações com detalhes, embora muita coisa fosse realmente difícil de decifrar.

— O corvo é uma das três únicas criaturas que se dão bem com os da sua própria espécie. Os seres humanos entre outras criaturas viviam competindo com os de sua própria espécie, mas a empatia dos corvos com seus semelhantes era única... Mesmo que um corvo não seja ritualmente comestível e ritualmente adequado para o sacrifício, a sua bondade e empatia para com os seres de sua espécie o torna inerentemente valioso. — olhei para o corvo, perdido em meus pensamentos abstratos. Alexa também permaneceu calada por algum tempo.

— Eles são um exemplo daquilo que não somos. — apontou ela, por mais que ainda continuasse a parecer confusa com história. — O que aconteceu depois? Eles conseguiram sair do barco? — continuou a perguntar.— Havia um ser supremo, poderoso, aquele que chamavam de Deus. Ele falou para o homem que a ele recai a responsabilidade de reconstruir um novo mundo, mas que o amor e a harmonia entre os povos deviam ser priorizadas. — concluí a história, pensativo com aquele desfecho confuso e irreal, não era possível saber se era uma metáfora ou realidade de um povo antigo.

— É uma verdadeira história de utopia. O homem não conseguiu realizar as suas pretensões. —disse ela com um suspirou pesado, levantou-se e andou em direção a uma vidraria, um protótipo de terrário, uma simulação em um tamanho considerável para um corvo viver e voar tranquilamente. Gradualmente, a ave se desprendeu de seu ombro e pairou até um galho definhado, desidratado e sem cor, onde repousou.

— Corvos podem conversar? — Perguntou ela ao fechar o terrário e virar-se para mim.

A pergunta me pegou de surpresa, nunca havíamos estudados sobre a linguagem dos pássaros ou sobre qualquer animal de espécie diferente da nossa. Também não tínhamos nenhuma experiência com outros animais, já que todos chegaram a uma condição de extinção, inclusive os corvos.

— Eu não sei... Não estudei muito sobre pássaros. — o silencio tomou conta novamente daquela sala, era possível apenas ouvir o barulho das asas do corvo abrindo e fechando. Refleti sobre a hipótese da comunicação por alguns segundos. Aquele pássaro funesto exteriorizava levar segredos profundos consigo, tinha a sensação de que ele podia carregar todas as respostas para as dúvidas mais profunda que assolava nossos devaneios. Não seria ruim se ele pudesse conversar em nossa linguagem.

— Você terá que ficar aqui... — mudei de assunto abruptamente. Alexa me olhou confusa, com a testa frisada ela me encarou, esperando que eu continuasse.

— Spencer sabe sobre nós — complementei, desviando meu olhar do seu.

— O que ele sabe sobre nós? — ela dirigiu-se falando até mim. Com intrepidez, continuei com o olhar desviado do seu rosto. Não queria que a minha decepção fulgurasse.

— Tudo, ele sabe tudo. — Alexa permaneceu em silêncio, como se não tivesse argumentos para debater.— Não vou desistir. Você só ficará por aqui até que a nossa situação pacifique. — sentia seu olhar fixado em mim, também sentia a transpiração em minhas mãos que por mais que estivessem frígidas pelo externo, abrangia um queimor interno ininterruptamente.

— Por que está me evitando? — ela infelizmente percebeu minha relutância em encarar sua face.

— Não estou. — falo solenemente e me afasto. Senti a minha boca seca, meus nervos estavam borbulhando. Era como mergulhar em um imenso caldeirão de ácido efervescente.

— Acredito que seria melhor se nos afastássemos por um tempo. — Não pude ver a expressão em seu rosto, pois evitei olha-la o tempo todo. Algo me diz que ela estava inconformada com a notícia.

O sentimento de culpa tomava conta da minha mente, não queria que ela descobrisse as coisas que fiz, por mais que tivesse sido obrigado a fazer aquilo. Eu não conseguia entender tudo que aconteceu, como poderia esperar sua compreensão? Vê-la sofrer com a decepção de ter confiado em mim, seria muito pior que um simples afastamento entre nós.

— E isso não é desistir? — seu tom de voz estava consternado. Era doloroso ouvir aquela pergunta e não ter certeza do que eu estava fazendo de verdade.

— Chegamos até aqui, por que eu desistiria? — Respondo com uma pergunta retórica.

— Eu amo você. — Alexa pronunciou àquelas palavras de maneira súbita. Gradativamente, virei o rosto em sua direção e o silêncio se instalou por todo aquele lugar.

Ela permanecia com o olhar vidrado em mim, esperando uma resposta, por mais que fosse em vão.Aquilo tomou todas minhas palavras, me deixou sem reação alguma. Alex não iria me amar se soubesse que matei sua mãe e torturei o resto das outras.

— John? — depois de um tempo sendo atormentado por meus pensamentos, ouço a voz intensa, porém doce, me chamando ao lado.

Algo me impedia de responder a mesma coisa, ou qualquer outra coisa. As palavras foram arrancadas de mim. Fitei seus olhos pela última vez antes de sair da sala às pressas.

Achei melhor que Dr. Kim continuasse com a conversa sobre ela permanecer ali. Eu não conseguia olhar em seus olhos sem que sentisse o mínimo de culpa possível.

Por que me envolvi nessa situação toda? É bem mais fácil não sentir, não se preocupar, viver apenas por viver. Eu não estava vivendo por mim, estava vivendo por ela. A culpa era minha, porque tudo seria diferente se eu não tivesse decidido abordá-la há quatro anos. Talvez o sofrimento não estivesse tão devastador agora...

Agora que sei que não posso mantê-la protegida para sempre, porque eu a amo.

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