único
Muitos poderiam dizer que felix estava estragando sua adolescência trancado em seu quarto, mas sem sombras de dúvidas ele preferia ficar daquele jeito do que socializar com outras pessoas da sua idade, só de imaginar em ter que sair do conforto da sua casa e conversar com alguém pessoalmente, a força das suas pernas desapareciam e ele se via sem saída.
Conformado com sua ideia de passar as férias do colégio em casa e longe de qualquer interação social com outro ser humano, o garoto mantinha sua rotina a mais simples possível para alguém de dezessete anos e uma provável escoliose aparecendo em suas costas. Ele almoçava com seu irmão mais velho, Bang Chan, e tentava ao máximo acompanhar os picos de entusiasmo que o namorado do maior tinha toda manhã. Felix nunca entenderia como alguém podia ser tão feliz e alegre às nove da manhã, mas lá estava changbin tagarelando como uma matraca sem parar, e chan era apaixonado demais para notar o quão estranho aquilo podia ser.
Felix nunca entenderia o amor.
Era muito confuso para o garoto entender como alguém pode amar outra incondicionalmente, quer dizer, felix amava seus pais e seu irmão, e gostava bastante de changbin, mas não conseguia sentir mais nada do que isso em relação a outra pessoa. Amor, carinho, demonstração de afeto, essas coisas eram mais do que ele podia aguentar, apesar de que antes, quando era mais novo, fora alguém muito amável, no entanto, amadureceu e percebeu que era apenas uma fachada para seus reais sentimentos. Ele não conseguia lidar bem com as pessoas, e estava bem sendo apenas ele em seu mundinho feliz de jogos e muito refrigerante.
Depois de tomar café da manhã com o casal, o loirinho se recolhia, e assim passava o restante do dia. Chan não o incomodava, apenas aparecia vez o outro batendo na porta para chamá-lo para comer ou apenas checar se ele ainda estava vivo, nem ele e nem o seo violavam o aviso gigantesco que tinha na porta para ninguém entrar, sabiam o quanto o garoto prezava por sua privacidade e os dois rapazes não seriam invasivos com ele.
Após a separação dos seus pais, foi praticamente escorraçado por eles e mandado para morar com seu meio irmão em outra cidade. Chan sempre o tratou bem desde que aquilo aconteceu, e quando Felix apareceu em frente a sua porta com suas malas em mãos e o rosto úmido de tanto chorar, o bang o acolheu e fez o possível para fazê-lo se sentir confortável consigo e com changbin, o rapaz baixinho e simpático que morava com ele.
Fora difícil no início, ele não conseguia se adaptar direito com a nova rotina e com o novo ambiente, mas depois que todas as suas coisas foram mandadas para casa do australiano, Felix se tornou recluso em relação a seus sentimentos e se isolou quase por completo. Estava bem sozinho, era o que dizia pra si mesmo todos os dias.
Estava quase terminando de zerar um jogo de terror que tinha comprado por um precinho bacana na Steam, sua mesada que era dada por seus pais e o trabalho de meio período que tinha pego no começo do ano para comprar mangás finalmente sendo úteis. Tinha perdido o almoço e o jantar, uma vez que estava tão entretido na jogatina que apenas esqueceu do mundo ao redor, mas bastou o barulho de alguém abrindo a porta do quarto para ele tirar o headset e se virar.
Lá estava ele, carregando um prato fundo de vidro com alguma coisa dentro e em sua outra mão um copo de suco, Han jisung invadiu seu quarto com um dos seus vários sorrisos calorosos, vestia uma jaqueta de flanela xadrez com uma camisa amarela chamativa por dentro e calça jeans com correntes presas na lateral, seu cabelo azul brilhava em contraste a penumbra do quarto. Ele parecia ser feito de luz, e felix era a vespa estúpida que era atraída até ele.
— chan hyung me deixou entrar, e pediu para trazer seu jantar. — ele depositou o prato e o copo em cima da mesinha do computador do lee, numa distância segura dos equipamentos elétricos. Jisung voltou até a porta apenas para fechá-la devidamente e se enfiou no colo do garoto, se encolhendo em cima de felix, suas pernas caindo pelas laterais da cadeira inclinável que ele usava. — senti saudade. — admitiu, esfregando a cabeça de leve no ombro do maior como um gatinho carente.
O loiro sabia dizer bem o que ele e jisung mantinham, eles não tinham nenhum tipo de rótulo ou algo assim, apenas se viam quando dava e acima de tudo tinham uma boa amizade. O garoto de fios azulados e roupas largas era o único que podia entrar no quarto do lee sem ser tratado com frieza ou mau humor, porque ele não era capaz de ser maldoso consigo nem se tentasse. O han era puro como uma criança ingênua, ele era gentil e bondoso, ao contrário de tudo que Felix é atualmente, mas de alguma forma eles fizeram amizade na escola e agora supriam a carência um do outro quando bem entendiam.
Ele deixou um pouco o jogo de lado para comer, finalmente se dando conta do quão faminto estava. Ainda com jisung em seu colo, felix degustou do jantar feito por chan em silêncio, o azulado brincava com os cordões do moletom que o maior usava, pouco se importando das claras reclamações do sardento em relação ao seu costume de ficar puxando e mordendo os cordões do seu casaco. Jisung era como uma criança indisciplina, e felix estava em uma linha tênue entre amar o comportamento irritante do garoto e odiar. Era impossível ficar com raiva dele quando seus grandes olhos de obsidiana eram mirados em sua direção, ele inflava as bochechas e fazia bico quando era repreendido. O loiro era capaz de derreter com aquilo, porque jisung era adorável e abusava daquilo por saber que tinha poder sobre o lee.
— você tomou banho hoje? — ergueu o rostinho bonito para encarar Felix.
— tomei.
— escovou os dentes?
— sim, jisung.
— passou fio dental?
— virou o chan agora? — encarou o menino com a sobrancelha franzida, o jeitinho que ele enrugava o nariz quando estava ficando irritado era adorável aos olhos do han. Jisung riu, deixando um beijinho terno na testa do maior antes de se encolher em seu colo novamente.
— eu me preocupo com você, bobão. — esse era o maior xingamento que o han conhecia, e felix gostava de zombar dele às vezes por isso. Jisung sem dúvidas era inocente demais para ele.
— eu sei, bobão. — caçoou, escutando o baixinho bufar e bater de levinho em seu peito.
— vou dormir aqui hoje, só pra ter certeza que você terá um sono decente.
— e por acaso eu deixei?
— o chan e o bin deixaram, sua opinião não vale de nada.
— com quem você tá aprendendo a ser tão malcriado?
— adivinha. — Jisung tomou postura assim que felix terminou seu suco, ele segurou nos ombros do garoto e esfregou sutilmente seu nariz no dele, arrancando uma risadinha baixa do loiro.
Felix vagou seus dígitos pelo corpinho bonito e cheio de curvas, firmando as mãos nas costas do han, trazendo ele mais para perto, suas bocas se encostaram com lentidão, apenas as carnes se friccionando sem fundamentos. Dava para sentir a textura dos lábios ásperos de jisung, e sua mania em arrancar as pelinhas mortas do lábio inferior, e era tão bom aos olhos de Felix. Eles não aprofundaram o ósculo, no entanto, o Lee distribuiu selinhos por cada centímetro da boca do outro, o fazendo rir às vezes e ficar rubro.
Jisung se aconchegou no peito do maior quando este voltou a jogar, sem reclamar sobre seu vício preocupante ou qualquer outra coisa, apenas ficando lá quietinho e observando, vez ou outra fazendo comentários divertidos para aliviar a tensão que abrangia o loiro quando ele ficava nervoso.
Felix nunca entenderia o amor, mas ele estava bem com jisung invadindo seu quarto no meio da noite e principalmente invadindo seu coração e fazendo morada.
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