Capítulo XIII - Desperdício de ódio
Mochila rasgada nas costas? Certo, porta barrada? Certo também, arma carregada? Sim, mas não por muito tempo.
E com esse nível de preparação que daria inveja a qualquer um, Amy abre a janela do consultório, colocando a cabeça para fora e inspecionando o que estava prestes a fazer. Não era uma queda tão alta, provavelmente quebraria uma perna no pior dos casos, se ela fosse bem desastrada. O verdadeiro problema? Infectados, montes e montes dele logo abaixo, e dessa situação ela não sairia só com uma perna quebrada.
Analisando a estrutura da parede de fora, ela percebe que poderia se esgueirar caso usasse as mãos, apoiando seus pés em alguns buracos que via por aí. Isso era péssimo, escalar nessa situação era a pior coisa que poderia fazer, o risco de cair era alto demais. Porém, ainda tinha uma chance, e a alternativa de enfrentar diretamente as criaturas na porta era simplesmente impossível. Entre o ruim e o pior, ela sabia o que escolher.
E por fim, mesmo tendo a certeza de que estava sozinha naquele cômodo — mesmo que não por muito tempo caso continuasse parada — ela não conseguia deixar de lado a sensação passada pela criatura que estava lá apenas alguns instantes antes. Ela parecia ter ido embora do mesmo jeito que chegou; de surpresa e silenciosamente, porém o medo que ela trouxe permaneceu com Amy, assim como as perguntas que ela havia criado em uma única menção de Vega.
TUUM
Um impacto na porta lembra ela de que o tempo era curto, e caso ela quisesse ter o luxo de se preocupar com Vega, ela teria que sair dali agora. Entendendo isso, a garota se aproxima da janela e cuidadosamente se apoia nela do jeito que imaginava, se movendo um pouco a cada vez que tirava uma das mãos do apoio e rapidamente colocava mais longe, sempre buscando firmeza nos pés antes de se movimentar.
Quando estava longe de onde saiu, ela consegue ouvir a porta sendo derrubada, e passos rápidos até onde estava quase fizeram a garota decidir pular de vez, esquecendo dos infectados abaixo. Acelerando para sair do campo de visão das criaturas, ela sente a firmeza em sua mão caindo quando um perseguidor coloca a cabeça para fora da janela.
Naquele curto momento, Amy jurou que a criatura estava sorrindo, deleitada pela situação que estava vendo a sua presa. Aqueles olhos vermelhos ensanguentados passavam uma sensação diferente de uma besta faminta, ela viu crueldade. Aquele perseguidor não queria só devorá-la e ir para a sua toca pelo resto da semana, ele queria aproveitar a caçada, dar esperança a ela e a devorar lentamente quando ela estivesse quase acreditando que poderia fugir.
Quantas vezes eles poderiam ter matado Amy durante esses dias? Nenhuma? Várias? Não importava, independentemente de ser proposital ou não, o terror imposto na cabeça dela era real, e ela não se sentiria segura tão cedo. Percebendo o quão assustada ela estava, o perseguidor lentamente retirou a cabeça da janela, voltando para dentro do edifício, e o silêncio logo depois foi o que quebrou totalmente a confiança da garota.
Eles já estavam se mobilizando para interceptar ela, nenhuma saída era segura, todos os caminhos levavam a morte certa. Ela sabia disso, não precisava ser uma criatura inteligente e naturalmente predadora para garantir que ela não poderia sair de lá sem ser pega. E mesmo sabendo disso, por que Amy não conseguia só desistir? Esse ódio intenso pelo mundo que ela estava sentindo conseguia, sozinho, movê-la por tanto tempo assim? Ou existia outra coisa desconhecida até para ela?
Amy concluiu que ela poderia acabar morrendo sem descobrir.
Finalmente chegando a um local de descanso em frente a uma janela, a garota para por um instante para verificar o que poderia fazer com o que tinha, e uma garrafa de álcool que estava aguardando uso na sua mochila parecia ser bem tentadora. Considerando que uma matilha daquelas criaturas tem em torno de meia dúzia de perseguidores, ela poderia fazer um bom estrago com isso. Eles tinham pele grossa e demoravam para morrer apenas com tiros? Sim, mas nada que ela viu até agora era imune a fogo.
Infelizmente ela não tinha nenhum outro pequeno milagre escondido no fundo da mochila, mas um só poderia ser bastante. Ela precisava fazer valer. Decidida a seguir mais um plano estúpido, Amy volta a se esgueirar pelas beiradas e começa a traçar uma rota para o chão, onde certamente seria caçada até inevitavelmente ser pega ou encurralada. Era simples, ela precisava arrodear o prédio por fora até finalmente chegar em um lugar onde não seja lotado por infectados, então ela desceria e-
Passos, vidro quebrando, dor aguda.
Essas três coisas foram processadas por sua mente tão rápido que ela mal entendeu o que aconteceu, instintivamente reagindo ao pegar sua faca em mãos e enfiar a lâmina no olho do perseguidor que havia destruído a janela para atacá-la. O grito de dor da garota só foi silenciado pelo grunhido da criatura atacada, que recua instintivamente. Ao perceber que o alvo da mordida tinha sido seu braço, ela novamente reage rápido ao se estabilizar e acelerar sua escalada, alcançando outro ponto onde poderia descansar, dessa vez em cima de um daqueles blocos que as pessoas colocavam a parte exterior do ar condicionado.
Quando seu corpo finalmente percebe que não estava em risco imediato, aí sim que a verdadeira dor começa. Em vez de uma agonia, ela percebe que seu braço estava prestes a ser estraçalhado, e por sorte ela tinha impedido isso com sua facada. Mesmo assim, o estrago não poderia ser desfeito, e agora Amy tinha que se segurar para não ficar nervosa com a quantidade de sangue que vê.
A garota não tinha um conhecimento médico além do básico, mas até ela sabia que morreria caso não parasse o sangramento, e mais imediato ainda: não conseguiria usar esse braço por um bom tempo. Em menos de um segundo, um breve instante de desatenção, causou a ruína do seu plano, e agora ela estava na estaca zero de esperança. Muito para a sua frustração, ela tinha outra opção.
Pegando a garrafa de álcool de antes, rasgando um pedaço de pano da sua camisa e criando uma molotov, ela acende o pano com um dos fósforos da caixa que sempre levava. Em vez de jogar dentro do prédio para acertar o perseguidor de antes, no entanto, ela estende a garrafa para frente.
— VEGA! — ela grita o nome que mais odiava, o motivo de tudo ter dado errado na sua vida e na vida de milhares de pessoas durante todo esse incidente. — Eu tô na merda, eu vou sangrar até a morte, e eu tô com muita raiva de você agora. Vamos fazer o seguinte, eu vou descer, você vai travar seus soldadinhos até eu sair de perto, ou então vai todo mundo virar churrasco.
Essa foi possivelmente a jogada mais desesperada que ela poderia ter feito. As chances de Vega estar controlando os infectados eram mínimas, visto que eles estavam quase inertes desde que Peter... bem, desde que tudo aconteceu. Ainda assim, agora ele estava de volta, então não era necessariamente impossível. Talvez a pior parte do seu plano seja o suspense de ter que descer tudo para descobrir se havia funcionado ou não.
E com muito cuidado para não estourar a garrafa na sua mão, ela escala para baixo após amarrar sua arma improvisada e sua maior garantia na mochila. No momento em que ela chega no chão, o coração da garota estava palpitando tanto que poderia ser audível em toda a região. Esperando a inevitabilidade de um ataque daquela multidão e sua subsequente infecção, Amy quase esboça um sorriso quando percebe que seu plano havia funcionado, nenhum infectado estava atacando.
Pegando de novo a garrafa em mãos, ela troca o pano para "reiniciar" o tempo da explosão. Após isso, foi uma questão de não abusar de sua sorte e tentar sair daquela multidão o mais cedo possível. Se por fora era assustador, dentro era pior ainda. Todos estavam com a cabeça abaixada, encarando o chão como se fossem robôs desligados, e nenhum deles emitia qualquer tipo de barulho. Além disso, o cheiro lá era horrível, e o calor insuportável. Vez ou outra alguém parecia fazer um esforço para encará-la, mas ela tomou isso como o único meio que Vega tinha para ameaçá-la.
Quando finalmente se viu livre do mar de infectados, a garota anda mais alguns passos para garantir a sua segurança e faz a coisa mais idiota do seu ano: ela pega o pano flamejante e joga fora, logo depois levantando o dedo do meio com seu braço funcional e a apontando para todos os servos de Vega. Talvez tenha sido uma forma de expressar a raiva que sentia, talvez fosse a adrenalina de estar viva agindo em seu corpo nesse momento, porém a certeza que tinha era de ter feito algo bem impulsivo.
Decidindo aproveitar a sua vitória e não forçar mais a sua sorte, Amy começa a correr em direção a um mercado próximo ao edifício que havia acabado de escapar. Não era uma distância tão intimidadora, talvez duzentos metros. Mesmo assim a garota sentia que corria e corria e não se aproximava, ficando cada vez mais ansiosa, eventualmente olhando para trás mais do que olha para frente.
Só quando ela vê a matilha de lobos sanguinários saindo do edifício comercial que Amy finalmente acelera até o seu limite. Infelizmente para ela, seu limite era aproximadamente metade da velocidade "andando rápido" dos perseguidores, o que daria a eles amplo tempo para alcançar a garota. Considerando que ela conseguiu tempo extra porque eles não esperavam ela sair pelo meio da multidão de infectados, era bem possível que seu plano não fosse tão desastroso.
Quando finalmente consegue entrar no mercado, ela percebe que tinha poucos segundos até ser pega pelos monstros, então se ela errasse o caminho, morreria. Amy passa pelas alas e por cima de prateleiras derrubadas, quase voando em direção ao banheiro. Ela sente algo atrás dela cortar o ar quando ela pula por cima de uma fileira desligada de freezers. Quando ela finalmente passa pela porta que poderia ser sua salvação, seu primeiro instinto é barrar ela com o máximo de coisas que havia encontrado.
Aquilo não duraria mais do que um minuto, porém ela não precisava de tanto.
Abrindo uma pequena janela que ela lembrava de ter ali, pois era uma rota de fuga frequente dela durante sua fase mais difícil, Amy quase grita de dor quando coloca força para pular e escalar. Olhando para a fonte da dor, ela vê que agora tinha um corte no seu calcanhar, e a garota começa a se questionar como não poderia ter sentido isso antes. Porém, decidiu aproveitar enquanto ainda conseguia se manter de pé, visto que seu braço também estava em uma péssima condição.
Colocando apoio no pé bom e no braço bom, ela tem mais dificuldade do que esperava para fazer algo que fazia quase automaticamente a esse ponto. Era esperado ser difícil assim? Com certeza, considerando a sua condição, mas ainda passava uma sensação ruim, pois ela sentia seu corpo lentamente deixando de funcionar como ela gostaria. Se ela demorasse mais, morreria sozinha e sem cumprir nada, vítima de uma impulsividade estúpida. E o que Peter pensaria disso? Amy se sentiu bem temporariamente, entretendo a ideia de que pelo menos uma pessoa nesse mundo sentiria a sua falta, porém essa pequena felicidade se esvaiu quando ela lembra do porquê ela estava nessa missão para começo de conversa.
Peter não se lembrava dela, ele não sentiria a sua falta, ninguém a sentiria.
Quase se dando um tapa por esse tipo de pensamento deprimente quando ela não poderia se dar esse luxo, Amy consegue finalmente chegar ao beco onde havia se encontrado tantas vezes, geralmente com comida na mochila, não armas. Extraindo energia que não sabia ter de seu corpo, ela dá a volta e entra novamente no mercado, parando um breve momento para destampar o álcool e refazer a molotov, agora com intenções de usar. Equilibrando furtividade e agilidade, Amy solta um suspiro de alívio quando percebe que havia chegado bem a tempo, pois a matilha ainda estava reunida enquanto destroem a porta.
Segurando a garrafa com seu braço bom, ela toma um instante para segurar a respiração e mirar perfeitamente, esvaziando a sua mente e restando um único pensamento: acertar. Fazendo força e arremessando o objeto, o tempo parece desacelerar com o arco da trajetória, dando tempo para Amy ver desde o momento em que parecia que cairia longe demais até o momento que parecia que cairia bem antes. Para o seu alívio, no entanto, ela acertou exatamente onde gostaria.
O som das chamas se espalhando e os grunhidos de dor dos perseguidores parecem trazer ela de volta à realidade, pois os próximos instantes foram caóticos. Embora ela adoraria ver aqueles demônios queimando, ela preferiu garantir que não seria vítima de uma vingança suicida, deitando em meio a fresta entre os freezers e aproveitando o show de uma forma sonora.
Os gritos eram ensurdecedores, e por um instante ela se sentiu compelida a ficar com pena, porém imediatamente uma memória de um dos lobos sorrindo maliciosamente para ela fez com que ela fortaleça o seu ódio. A garota passa os próximos momentos impedindo o seu corpo de desligar, ouvindo as criaturas se batendo com vários objetos, eventualmente os gritos foram cessando, e quando finalmente percebeu, não havia mais nenhum.
Levantando-se sem olhar para o rastro de destruição das chamas, ela anda para fora do mercado lentamente, sem se forçar mais do que já estava. Ela adoraria parar ali mesmo e cuidar dos seus ferimentos, mas não tinha a coragem de se sentir segura no meio das ruas da cidade, não após todo o barulho feito. Caminhando sem pressa nenhuma e focando mais em manter o equilíbrio, Amy vê novamente a multidão de infectados na distância, porém algo parece incomodá-la.
Poderia ser um truque da sua mente, visões de uma pessoa prestes a morrer, mas ela não acreditava que fosse isso. A realidade era bem pior: os infectados, sempre imóveis e desligados, estavam todos olhando em sua direção. Enquanto ela criava um lembrete mental para acelerar o processo de matar Vega, a garota ouve um som que quebra completamente suas expectativas para o futuro.
Do outro lado da rua, a uma distância não muito segura, estava o último perseguidor vivo. E ele parecia extremamente irritado, pois não só tinha visto seus aliados queimando — e também tinha sentido as chamas, evidenciado por mostrar metade do seu corpo incinerado — como tinha sido a vítima da facada no olho. Com essas criaturas a caçada era por esporte e por alimentação ao mesmo tempo, com esse em específico, era completamente pessoal.
Amy e o lobo se encararam por alguns segundos, um esperando o movimento do outro, embora ambos sabiam quem ganharia em um confronto naquele estado. E quase como se tivessem combinado aquilo, os dois atacam ao mesmo tempo. Amy puxa a sua pistola e começa a disparar, enquanto a criatura corre em direção a ela, lento por seus ferimentos. Uma, duas, quatro, oito balas, onze balas, a garota conta enquanto descarregava o pente.
Com isso, só restava uma, e quando ela percebe que todos os acertos até então não pareciam ter feito muita diferença para a investida daquele monstro imparável, ela tem um momento que só conseguiria sentir novamente anos depois. A inevitabilidade da sua morte parecia ter acordado algo em Amy, que aponta a sua arma mais uma vez, foca completamente na situação e, inexplicavelmente, sente todo o seu corpo. O fluxo do seu sangue, do coração as suas extremidades e então o caminho contrário, o caminho que seu ar fez do seu pulmão para fora, os seus músculos contraindo e relaxando minuciosamente.
Naquele momento, Amy conseguiu sentir o mundo inteiro na palma da sua mão esquerda, e o mundo sorriu para ela. O seu último disparo foi preciso e letal, atingindo o último olho bom da criatura, que tropeça com o impacto e cai de lado, deslizando por alguns metros. Confusa com tudo aquilo, a garota tem dificuldade em lembrar o que tinha acabado de acontecer, como tinha acontecido e o porquê. Ela só sabia que tinha acabado de tocar a superfície de uma sensação que ela poderia buscar o resto de sua vida e talvez nunca reencontrar, não dessa forma.
Se afastando lentamente da criatura que estava se debatendo, provavelmente se adaptando a sua falta de visão, Amy se vê encostada na parede, e fraca demais para correr para longe. O perseguidor lentamente parece aceitar a sua nova condição, audivelmente cheirando o ar e, certamente, sentindo o cheiro forte de sangue. Ele chega perigosamente próximo, o suficiente para o ar quente da sua boca incomodar Amy mais do que a fileira de dentes afiados como facas que em breve encontrariam o seu corpo.
Ela gostaria de pensar algo otimista como "se esse fosse o seu fim, então ela teria ido com honra, lutando até o final!" ou coisa parecida, mas tudo que preenchia o seu coração nesse momento era uma fúria incontrolável. Se ela tivesse o mínimo de força nesse momento, ela enfiaria a faca naquela criatura mesmo sendo mastigada até a morte, e se ela pudesse, jogaria não uma molotov, mas uma bomba naquela cidade maldita. Essas coisas, os infectados, as pessoas que criaram isso, eles tiraram tudo dela, e ela pagaria com a alma para tirar tudo deles também.
— VEM! VEM SEU BOSTINHA!
Amy grita enquanto pega a sua faca e se prepara para dar o máximo de facadas possível até cair, e seu corpo inteiro fica rígido ao se preparar para ser mordida. Felizmente para ela — e muito para sua confusão — esse momento nunca chega. O perseguidor cheira ela por mais alguns instantes, faz um som semelhante a de um cachorro machucado e sai correndo para longe, se esbarrando em algumas coisas até finalmente sair do seu campo de visão.
E assim, sem cerimônias e sem motivo nenhum, o perseguidor fugiu. Essa foi a primeira vez que Amy sequer ouviu falar desse tipo de comportamento, ainda mais quando ele tinha a presa em mãos. Bem, ela não estava afim de reclamar, mas depois de tanta determinação parecia até anticlimático.
Tudo que ela havia pensado sobre não descansar no meio da rua e tratar de seus ferimentos? Não importava mais, não quando todo tempo que tinha para fazer isso parecia ter ido embora junto com o lobo. Sentando-se no chão e lutando contra o desequilíbrio que estava sentindo, a garota parecia estar cada vez menos consciente dos seus arredores. Sua visão estava escurecendo, os sons pareciam abafados, a dor em seu corpo não conseguia mais mantê-la acordada.
E por fim, lutando contra a fúria que estava mantendo Amy viva, uma sensação agradável parecia tomar o ambiente. A garota não diria isso em voz alta, mas se fosse um anjo vindo buscá-la, ela pretendia lutar até um dos dois desistir. Assim que pensa isso e segura a sua faca mais uma vez, ela vê uma pessoa se aproximando. Um rapaz de estatura média, com uma pele reluzente, impecável — pelo menos com o que ela conseguia ver — e cabelos loiros que iam até seu queixo. Ele parecia estar sorrindo, um sorriso tão genuíno que fez com que Amy momentaneamente desistisse de lutar contra seu ceifador.
— Vejo que você é tudo que ouvi falar e muito, muito mais, Amy Hill.
— Você... — ela ignora o rapaz e começa a falar, buscando confirmar o que estava pensando. — você é um anjo?
— Hahaha, não, infelizmente não. Sou apenas um servo do senhor como qualquer outro, porém agradeço a comparação.
Ok, com toda a situação angelical fora de questão, ela estava considerando se deveria deixar ele se aproximar ou não. As piores coisas que ela viu em Ark foram feitas por humanos, não pelas criaturas, e ela certamente não gostaria de ser uma vítima disso. Mesmo assim, algo nele passava uma sensação de segurança, fazendo com que Amy sinta que estaria tudo bem.
— O que você... quer?
— Ajudar você. É o caminho que o Senhor me mostrou, logo esse é meu dever. — ele se aproxima e examina os ferimentos dela, logo depois encarando-a com um olhar de simpatia. Estranhamente, não parecia tão ruim receber pena de alguém nesse momento, e geralmente ela odiava isso. — E além do mais, uma pessoa muito importante para nós dois está em perigo, e você não quer morrer antes de ajudá-lo, não?
— Q-quê? Quem que...
Amy sente mais suor frio descendo pelo seu corpo, agora tanto pelo nervoso quanto por sua condição péssima. Ela imaginava de quem esse rapaz estava falando, porém ela não sabia como ele sabia que era importante para ela.
— Ah, perdão, pulei as formalidades básicas. Senhorita Hill, meu nome dado por Deus é Dantalian, e eu estou aqui para ajudar você a salvar Peter Walker.
— Dan...talian... eu não conheço... — ela se esforça para lembrar esse nome, porém nada vem, talvez lembrasse se não estivesse quase desmaiando. — O que aconteceu... Peter...?
— Como eu disse, ele está em perigo, e eu pretendo ajudá-la a voltar até ele, o que me diz?
Não, eu não acredito em você. Ou então: não, eu tenho algo a fazer aqui. As duas opções pareciam mais lógicas do que aceitar a ajuda de alguém tão estranho, que apareceu do nada e sabendo mais do que deveria. Amy estava certa de que se arrependeria do que decidiu, no entanto, mesmo sabendo que tinha ótimas justificativas. Afinal, com Peter em perigo e ela na porta da morte, o que a garota tinha a perder?
— Eu... aceito.
E com isso, mais uma vez Dantalian estava prestes a mudar o rumo de uma história.
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