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Capítulo IX - Asa branca

— Cara... eu sou incrível.

A voz de uma garota ecoa pela sala, seguida de um impacto grande em uma superfície acolchoada. Como de costume, Kimiko estava se vangloriando e se deitando no sofá que ela usava como cama desde que chegou. Muito para sua felicidade, ela parecia estar sozinha, o que significava horas ininterruptas de sono, logo era mais uma vitória para o seu nome.

De qualquer forma não é como se alguém fosse interromper o sono dela com barulho ou algo assim, visto que a única outra pessoa que entraria ali era Dantalian, e ele era respeitoso nessa questão. O problema era que ela simplesmente não conseguia abaixar a guarda com ele por perto, a mera presença dele era o suficiente para ela sentir como se estivesse lutando pela própria vida. Portanto, com certeza não era a melhor condição para dormir. Independente disso, ela estava extremamente empolgada.

Você não me encontra, eu te encontro. — ela imita o próprio tom de voz de horas atrás, abrindo um grande sorriso logo depois. — E aquela cara dele depois, com certeza ele ficou intimidado.

Ela fala sozinha e após ouvir o eco do cômodo repetindo a sua voz de volta para ela, a garota fecha a sua expressão, sentindo uma estranheza com isso. Algo sobre o seu tom de voz e a forma que estava conversando consigo mesma fez com que, mesmo que por um instante, Kimiko tenha se sentido estranha.

— Bem, ele não estava muito bem na cabeça, isso pode ser ruim pra mim. — ela continua falando sozinha, mas dessa vez com um tom sério, como se estivesse analisando precisamente a situação. — Nah, se ele não aceitar esse acordo é livramento, ninguém idiota assim seria útil. É, é isso, não tem outra opção lógica.

Kimiko chega a essa conclusão e se prepara para dormir por várias horas seguidas, porém enquanto pensava no que comer quando acordar, um arrepio sobe por sua espinha e deixa todos os fios de cabelo do seu corpo de pé. Infelizmente para ela, o que aconteceria a seguir era péssimo.

— Estou interrompendo algo? — aquela voz serena e mesmo assim incômoda se faz presente após três toques na porta, abrindo-a e entrando no cômodo sem esperar uma resposta. — Senti que você estava conversando com outra pessoa.

— Não, você tá ficando maluco, eu tô tentando dormir.

A garota responde enquanto observa Dantalian, vestido com o mesmo tipo de roupa de sempre, com o mesmo sorriso horripilante de sempre, e agora infelizmente os seus olhos brilhantes. Assim como o resto, aquilo também era terrível. Ela não sentia isso com mais nada nesse mundo, e Kimiko acreditava já ter visto coisas bem grotescas.

— E então, madame, como foi?

— Não me chama de madame. — Kimiko ordena e pensa em não responder a pergunta dele, mas quando o rapaz fica vários segundos parado encarando-a aguardando, ela cede por pura irritação. — Foi normal, é isso, é um moleque reclamão e paranoico com uma cara de acabado, só chamei ele por conta das informações que você me passou, se não nem perderia meu tempo.

O jovem padre abre a sua boca para falar algo e levanta a sobrancelha, porém desiste no último segundo, suspirando e soltando uma risada de leve.

— Se é o que pensa então deve ter motivos. Embora eu gostaria de falar tudo sobre ele, minha visita hoje foi por outro motivo, um bem relacionado, na verdade.

— Seja rápido, eu queria dormir antes de ter que sair de novo.

Vendo ele se aproximar da porta e acenar com a cabeça para alguém que não estava no campo de visão dela, Kimiko fica furiosa com a forma que Dantalian bagunçava seus sentidos. Ela conseguiria ouvir facilmente duas pessoas entrando no abrigo de longe, mas sempre que ele estava próximo de alguém essa pessoa parecia ficar "camuflada" para ela, o que poderia se provar perigoso caso ela não prestasse atenção.

Se levantando do sofá no caso de uma luta, ela começa a traçar seu plano antes mesmo de saber se algo realmente aconteceria: correr até a porta enquanto atrapalha a mira de um adversário — caso ele esteja empunhando uma arma de fogo — se posicionando atrás de Dantalian, correndo até o mesmo e quebrando o pescoço dos dois o mais rápido que pudesse. Geralmente esse seria um plano idiota, mas Kimiko estava confiante que conseguiria fazer isso em um segundo. Talvez menos.

— Kimiko... gostaria que você conhecesse uma amiga minha.

Vendo uma pessoa entrar no cômodo, a garota percebe que ela não estava armada e nem parecia perigosa, muito pelo contrário: ela parecia patética. Era uma mulher com seus vinte e poucos anos, alta e com um cabelo ruivo brilhante. Ela estava cheia de faixas e curativos por todo o seu corpo e estava com um rosto quase tão exausto quanto o que viu em Peter. O seu olhar era de apreensão e nervoso, no entanto, assim que seus olhares se cruzaram, a mulher parece ter ficado surpresa.

— Ela é uma criança. — a mulher se aproxima do rapaz e sussurra em seu ouvido, ignorante do fato de que Kimiko conseguia ouvir ela claramente, mesmo ela falando extremamente baixo. — Você tem certeza disso?

Levantando uma mão como sinal de "não se preocupe", Dantalian sorri e dá um passo para frente, introduzindo as duas.

— Kimiko, essa é Leah, Leah, essa é Kimiko. Eu creio que vocês duas se darão muito bem, afinal, tem um objetivo em comum.

Mesmo se a mulher não tivesse dito nada, ela provavelmente estaria sentindo a mesma coisa que está sentindo agora: raiva. Não só Dantalian tem a coragem de ficar chamando pessoas aleatórias até seu lugar de repouso, como havia chamado uma pessoa fraca e ousada. Uma criança? Era isso que ela pensava?

— Ela parece fraca, não tenho interesse.

— H-ha! Fraca? Tá, Dantalian, eu vim nisso porque achei que você tava falando sério, mas tu me diz que uma criança abusada dessas é a chave para algo?

— Ei, escutem, eu sei que as duas não estão muito interessadas uma na outra, mas eu tenho certeza que se darão bem. — ele diz enquanto alterna entre olhar para cada uma. — Kimiko, se lembra do ataque na cidade um tempo atrás? Pois bem, Leah não só sobreviveu ao ataque como caçou os soldados da Hyperion, e ela eliminou pelo menos dois grupos sozinha. Eu sei que para os seus padrões isso é pouco, mas considere que ela era uma cidadã normal antes disso tudo.

Ok, ela realmente não parecia grande coisa, e dois grupos não eram considerados nem mesmo um aquecimento. Porém ele estava certo, para uma cidadã normal aquilo era não só impressionante como admirável. Não só pelos números quanto pela garra, afinal, o ataque parecia ter sido brutal, então para sair daquilo lutando e levando tantas pessoas juntos... Bem, a pessoa precisava no mínimo ter uma força de vontade incomum.

— É, ela não é tão deprimente quanto eu pensava, e daí? O que você quer que eu faça com isso?

— Garota, você tem muita marra, quem disse que eu queria algo com você? — ela responde o comentário de Kimiko e cruza os braços, não percebendo a feição preocupada de Dantalian após ela dizer isso. — Eu vim aqui procurando um jeito de dar o troco naqueles cuzões da Hyperion, não brincar de casinha.

Mesmo acreditando que a tensão no ar não poderia ficar pior, esse comentário de Leah definitivamente muda as coisas. Imediatamente Dantalian se retira, afirmando que as duas deveriam se resolver sozinhas. E por um bom momento Kimiko só fica encarando a mulher, aparentemente analisando ela. De início Leah só ficou incomodada, afinal, uma criança encarando por tanto tempo era assombroso, "coisa de filme de terror" em sua cabeça.

Eventualmente ela percebeu o porquê da estranheza que tinha ao olhar para essa garota: ela era a encarnação da inocência infantil, suas feições ainda pareciam ter certa gordura de criança, ela era pequena demais e não parecia ter nenhum defeito de idade, nenhum. Além disso, mesmo que contraste com seu jeito irritante de falar, a pior parte eram os olhos da garota. Essas semanas fugindo da Hyperion, matando e passando perto da morte, vendo os corpos de seus amigos, tudo isso ensinou a ela como uma pessoa morta se parecia.

Muito para o seu desconforto, os olhos de Kimiko eram tão mortos quanto os cadáveres deixados para trás no massacre.

— Você realmente tá me subestimando, né?

— Garota, olha, eu não quero ofender você, mas a situação é séria. Eu não deveria ter vindo aqui, é perda de tempo.

— Certo, você é esse tipo de pessoa, só aprendem na força. — Kimiko se alonga e suspira, logo depois soltando um desafio que mexe com Leah. — Eu contra você, mas já que você não tá muito bem eu vou fazer umas regras pra mim. Primeiro, por você 'tar toda acabada eu vou usar só meu braço esquerdo, segundo, por você me subestimar eu vou estar de olhos fechados, terceiro, por você ser uma desculpa patética de pessoa, só vou usar meu dedo indicador.

Logo após isso ela faz exatamente o que disse, colocando a mão direita nas costas e estendendo o seu braço esquerdo, apontando seu indicador para Leah. Para finalizar, ela vira o rosto para o lado e fecha os olhos, adotando uma pose de luta no mínimo inconvencional. A mulher fica embasbacada com isso, porém de uma forma boa: ela acha hilário o quão convencida essa garota era, e por alguns instantes até cogitou socá-la para acabar com isso.

Mas, como ela mesma disse, a situação era séria demais para perder tempo.

— É, eu realmente só perdi tempo com isso, se cuida menina.

— Você que sabe.

Antes que Leah pudesse se virar ou até mesmo questionar a frase dela, Kimiko avança em um único passo, fechando a distância entre as duas. A mulher não tem nem tempo de entender o que ocorreu até finalmente sentir uma dor extrema em sua barriga. Enquanto seu cérebro ainda estava tentando entender tudo, ela sente seu ar fugindo de seus pulmões e qualquer matéria em seu estômago ameaçando sair por sua boca de vez, mas ela consegue se conter. Mesmo assim, foi o suficiente para fazê-la cair de joelhos.

— Se você não lutar, você vai morrer, se você fugir, você morre também.

Se antes o tom de voz de Kimiko era uma seriedade forçada irritante, agora ela entendia o peso das palavras da garota: ela sentiu a morte iminente. Seu instinto das últimas semanas pareceu ter tomado conta de seu corpo, agora nem considerando que estava tentando socar uma criança, ela só estava indo socar um inimigo.

Levantando o mais rápido que pôde tentando encaixar um soco, a mulher vê seu alvo desviar para o lado e se movimentar para trás dela, e enquanto não a tinha em seu campo de vista sentiu outro golpe, dessa vez em sua nuca. Pela área de contato pequena, ela assumiu que a garota usou novamente seu indicador para cutucá-la, algo que não deveria ter doído tanto. Então por que diabos ela estava sentindo sua consciência se esvair enquanto cai no chão?

Ficando de joelhos mais uma vez, Leah força seu corpo a aguentar a tontura e a dor e tenta mais um golpe, buscando agarrar a garota de alguma forma. O que ela não esperava, no entanto, é que Kimiko tinha desaparecido completamente. Atrás dela, na sua frente, até mesmo no teto: Leah olhou para todos os lugares possíveis na sala, mas a menina não estava em lugar nenhum.

— Lenta. Fraca.

Leah ouve a voz daquela pessoa logo atrás dela, sussurrando em seu ouvido. Girando com uma cotovelada, ela se surpreende mais ainda ao perceber que novamente não havia ninguém atrás dela. Rapidamente ela percebeu o estado em que estava: tonta, enjoada, respirando com muita dificuldade e com o coração acelerado, porém a pior parte era o medo. Ela sentiu isso várias vezes ao se deparar com uma arma apontada para ela, só que nunca nesse nível.

— Desista.

Dessa vez a voz dela parecia vir de todos os lados, como se estivesse tentando invadir a sua mente. Leah range os dentes e começa a socar o ar, procurando a garota em qualquer lugar. Quando seu corpo finalmente estava se cansando, ela sentiu sua mão fazer contato com algo, e quando percebeu o que era seu coração pulou uma batida. Kimiko havia parado seu soco, e mesmo mais fraco ainda era consideravelmente forte, com um único dedo. A garota parecia ter se materializado na sua frente a partir do nada, ainda com uma mão nas costas e os olhos fechados, e naquele momento ela sentiu alívio.

Por alguma razão, ela estava aterrorizada com a ideia de ver aqueles olhos novamente.

— Eu vou... eu vou matar você...

Leah solta uma ameaça com muita dificuldade, tanto de falar quanto de acreditar no que estava dizendo. Ela gostaria de só desistir e aceitar o seu destino, independente qual fosse, mas algo movia ela para frente. Talvez seja o fardo que seus amigos deixaram para trás após suas mortes, talvez seja sua própria vontade de viver falando mais alto, ainda presa naquela cidade maldita. Quando a mulher se prepara para tentar mais um soco, ela vê Kimiko abrindo um sutil, quase imperceptível sorriso.

E isso foi o bastante para fazê-la hesitar, abrindo uma janela ainda maior para ela ser golpeada novamente. Ela nem chegou a ver como Kimiko havia atacado, não conseguiu processar a dor que sentiu e muito menos o que aconteceu, somente sentiu que precisava se levantar. Sim, mais uma vez ela havia sido jogada no chão, porém não chegou a ter a oportunidade de se pôr de pé.

Acima dela e encarando com desdém, Kimiko parecia uma criatura imparável de ódio e carnificina, com sua expressão de arrogância e aqueles olhos já abertos, parecendo encarar diretamente a sua alma. O espírito de Leah resiste, ainda se debatendo para se levantar, sendo segurada pelo pé da garota em seu tórax. Não, garota não, ela agora tinha a certeza do que pensava dela.

Kimiko era o diabo em pessoa.

— Você tá sentindo medo agora?

A garota pergunta como se tivesse dito a coisa mais normal do mundo, parecendo estar curiosa com a resposta. Vendo isso, Leah só cospe no chão, pensando "se eu morrer, vai ser sem desistir".

— É, você tá desesperada, e mesmo assim ainda tá lutando, eu respeito isso.

Retirando seu pé de cima de Leah e recuando até o sofá, Kimiko se senta e cruza as pernas, esperando a mulher falar alguma coisa. E por muito tempo o ambiente ficou silencioso, visto que Leah não tinha capacidade nem palavras para se expressar. Agora que a luta havia terminado, ela começa a processar todos os eventos. Primeiramente, a força descomunal, a velocidade e a "invisibilidade" da garota, nada disso tinha uma explicação lógica, exceto algo que ouviu de Dantalian.

Segundo, o medo que ela estava sentindo não era normal também, ela deveria sentir raiva de apanhar para uma criança, não o desespero que sentiu. Isso se comprova pela sensação que tem agora, visto que Kimiko havia voltado a parecer uma criança comum, e não o monstro de antes. Por fim, o que ela faria agora? Claro, ela estava completamente errada, mas isso era realmente o suficiente para derrubar a Hyperion? Do jeito que Dantalian os descreveu, provavelmente não.

— Você... você tem um contrato?

Ela pensa que essa era a pergunta mais adequada a se fazer, sendo a única que explicaria os movimentos sobrenaturais da menina. Adquirindo força para questionar isso, a ruiva se surpreende com a calma que a garota estava ao ouvir aquilo. Embora, isso faria sentido caso a resposta fosse "sim".

— Alguns. Por que, o padre te falou sobre?

— Não, ele falou que se eu quisesse saber mais eu teria que perguntar a você.

Ouvindo Kimiko soltar um "tsc" e um suspiro, ela percebe que a garota não gostava mesmo de Dantalian, e ela se pergunta o motivo disso, afinal, ele não tinha sido nada além de gentil e prestativo com ela.

— Eu não tô afim de falar muito, então vou resumir. — a garota pondera um pouco as suas palavras, eventualmente decidindo o jeito mais rápido de explicar aquilo. — Contratos são poderes. Eles podem ser qualquer coisa desde "saber como criar um monstro" até "mover objetos com a mente", e é impossível ter mais de um. Bem, eu sou a exceção, mas por via de regra você só pode ter um.

— E por que vocês chamam de contrato?

— Porque são contratos, você se torna parte dos planos, em troca você recebe poder.

Os planos? Leah se questiona, lembrando de que frequentemente Dantalian mencionava os planos de Deus ou algo parecido, mas ela não tinha certeza se isso tinha alguma correlação com obter poder. Além disso, sempre ouviu falar de pessoas mais religiosas que todos faziam parte do plano.

— Chega de perguntas! — Kimiko afirma repentinamente, tirando Leah de seus pensamentos. A mulher estava confusa, dolorida e irritada, mas crente que esses "contratos" poderiam torná-la mais forte, talvez até desse a chance dela derrubar essa garota. — Agora é minha vez. Você, o que você quer?

— O que eu quero?

— Isso. Você lutou pela sua vida duas vezes, você não desistiu e agora está aqui, então eu quero saber o que você quer.

Essa pergunta pega Leah de surpresa, porém não era a questão mais difícil nesse momento, ela sabia exatamente o que queria. Imediatamente as memórias de seus amigos, seus colegas e sua comunidade vem a sua mente, todos eles mortos em tão pouco tempo, alguns de forma tão cruel que ela sente o enjoo em seu estômago piorar só de lembrar.

— Eu quero... eu quero vingança. Eu preciso matar todos eles, destruir até o último filho da puta dessa Hyperion. — Leah se levanta e sente o seu ódio crescendo e crescendo, seu corpo esquentando e seus dentes rangendo, segurando um impulso assassino que ela nunca imaginava ter só de falar sobre algo. — Eles tiraram tudo de mim, TUDO! E eu vou fazer de tudo pra tirar tudo deles também, custa o que custar.

Mais uma vez ela vê a garota abrindo um sorriso de canto de boca, aparentemente gostando da resposta que recebeu. Ela pula do sofá e vai até Leah, que por sua vez se prepara para qualquer outro golpe que vá receber.

— Não se preocupa, a luta acabou. — Kimiko tenta abaixar a guarda da mulher, que não acredita completamente nela. A garota se aproxima e continua a falar. — Coincidentemente, eu também quero acabar com eles, e eu tô começando a achar que você até tem utilidade.

Ela fala isso com um tom de voz sincero, provavelmente nem estava tentando provocá-la, mas Leah definitivamente se sentiu atingida.

— E você vai derrubar eles?

— Leah, você ainda acha que sou eu quem precisa provar algo?

A mulher não poderia explicar nem se tentasse por mil anos, convencida de que algo no tom de voz da garota havia mudado completamente em uma única frase. Ela parecia ter séculos de firmeza naquele jeito de se expressar, como se estivesse lutando e matando desde o começo dos tempos. Mesmo não acreditando nesse tipo de coisa, essa era a única forma que Leah havia achado agora para racionalizar o que estava sentindo.

— Vou fazer o seguinte. Um acordo: você vem comigo, eu te ensino a ser forte, te entrego a cabeça dos líderes da Hyperion em um prato, você vai viver a vida no topo do mundo, me seguindo. — Kimiko estende sua mão e Leah percebe apenas agora uma tatuagem dourada no pulso da garota, como um bracelete desenhado em sua pele. As linhas formavam vários símbolos e parecia brilhar, como se a tinta estivesse acesa. — Em troca, eu quero a sua lealdade absoluta, não é um acordo ruim, né?

Não, definitivamente não era um acordo ruim, e em qualquer outra situação Leah suspeitaria disso. Só que Kimiko estava operando exatamente como ela, em uma base de "faça algo por mim e eu farei algo por você". Lealdade absoluta em troca da força para ter a vingança que ela queria? Era exatamente o que ela queria.

A mulher aperta a mão de Kimiko e ela sente um desconforto repentino, percebendo que a mão da garota estava extremamente gelada, como se ela estivesse mergulhada no gelo por vários dias. Era tão gelado que chegava a doer, mas a parte mais estranha não era isso. Mesmo duvidando dela, naquele momento ela sentia que Kimiko poderia tomar o mundo inteiro, e que se ela seguisse a garota ela veria todos os seus objetivos se concluindo.

Ela queria fazer parte disso, ela queria ver o quanto essa pessoa na sua frente cresceria e a faria crescer também. Do jeito que as coisas estavam, ela estava certa de que ela era mais forte do que os soldados que matou. Não era o suficiente para apagar todas as suas dúvidas, que obviamente continuariam ali por um bom tempo, porém era o bastante para ela começar a sentir certa admiração. E ao aceitar aquele acordo e terminar seu aperto de mão, a garota faz uma promessa final.

— Bem-vinda à Mão Morta, Leah, a gente vai criar o inferno na Hyperion.

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